21/08/2020 - Pesquisa indica que retorno precoce das atividades escolares presenciais pode resultar na contaminação de até 46% da comunidade escolar
A pandemia da Covid-19 tem mobilizado cientistas e pesquisadores, que têm se debruçado em estudos para entender todos os aspectos que envolvem a doença e suas consequências.
O grupo Ação Covid-19 e a Rede Escola Pública e Universidade desenvolveram um simulador de dispersão do coronavírus em ambientes escolares e o aplicaram na análise do plano de reabertura progressiva divulgado pelo governo de São Paulo. Os resultados indicam que a volta precoce às aulas presenciais pode ter resultados drásticos para toda a comunidade escolar, comprovando que o adiamento do retorno das aulas presenciais na rede municipal de ensino de São Paulo, anunciada pelo prefeito no início desta semana, com base em inquérito sorológico realizado pela Prefeitura, foi assertivo.
O inquérito sorológico realizado pela Prefeitura, que indicou que 16,1% dos seis mil estudantes testados já foram infectados pelo coronavírus e que 25,9% convivem com pessoas maiores de 60 anos. Além disso, que 64,4% dos alunos são assintomáticos, dificultando a eficácia de qualquer medida de segurança tanto, na entrada da escola, como na hora do intervalo e da saída.
Segundo o estudo do grupo interdisciplinar Ação Covid-19 e da Rede Escola Pública e Universidade -- que reúne especialistas da Universidade Federal do ABC (UFABC), Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo (IFSP), Escola de Aviação do Exército (Colômbia) e Universidade de Bristol (Inglaterra) --, mesmo com o cumprimento de todos os protocolos de segurança, como distanciamento, medição de temperatura e higiene, uma única pessoa infectada no ambiente escolar poderia levar à contaminação entre 11% e 46% dos alunos e profissionais de educação em apenas dois meses, de acordo com as condições e tamanho das escolas. Desse total, 0,3% poderia ir a óbito.
A pesquisa indica, ainda, que seria necessário um limite de presença de 6,86% dos estudantes para garantir a segurança nas escolas, tornando a retomada das aulas presenciais inviável.
O simulador é público e está à disposição das escolas para que avaliem a situação, de acordo com as especificidades de cada unidade.
Outro estudo, da Universidade de Harvard (USA), indica que as crianças, mesmo assintomáticas, têm alta carga viral e podem ser mais contagiosas que os adultos.
A situação da pandemia ainda é crítica, com a curva de contaminação em ascensão. E com os resultados dos estudos os especialistas afirmam que não há condições que garantam segurança para a volta às aulas, conforme defendido sistematicamente pelo SINPEEM.
Também defendemos o retorno somente em 2021, quando for possível, e esperamos que a Prefeitura utilize o segundo semestre deste ano para garantir às escolas condições de sanitização, higienização e de infraestrutura, em defesa da vida.
EDUCAÇÃO SEMPRE
A DIRETORIA