16/12/2020 - SINPEEM repudia ataques do jornalista Augusto Nunes, que chamou os professores de vagabundos

        Recentemente, num comentário sobre a revogação da portaria do MEC que previa o retorno das aulas do ensino superior em janeiro de 2021 -- após pressão das universidades, que exigem a garantia de segurança sanitária para os alunos e professores --, o jornalista Augusto Nunes não poupou críticas e ofensas aos professores, a quem denominou de “vagabundos”.

        Para justificar seu comentário ofensivo, afirmou “estar em casa” para falar sobre o assunto, tendo em vista que é filho de professores e que a profissão é predominante em sua família. De forma dissimulada e arrogante, Nunes afirmou que sua mãe teria vergonha de ser professora nos dias atuais, porque, segundo ele, os docentes em geral “estão infectados por uma estranha forma de exaustão, provocada por excesso de vagabundagem. Ficam tanto tempo sem trabalhar que estão exaustos e têm de descansar.”

        Além dos docentes, o jornalista atacou em outras frentes, atribuindo a continuidade do fechamento das escolas também aos pais e a alguns pediatras, que ele diz ter cinco neurônios. Acrescenta que o ano letivo teve apenas três semanas, nas quais os professores tentaram ensinar somente bobagens aos alunos da educação básica, bem como do ensino superior. “Coisa de vadios”, afirmou Nunes.

        O SINPEEM REPUDIA todos os comentários de Augusto Nunes, que atestam que este jornalista, apesar de afirmar que vem de uma família diretamente ligada ao processo de ensino/aprendizagem, desconhece a realidade da educação no país e atinge a todos os profissionais de educação.

        Ignora que estes profissionais, via de regra, se dedicam ao magistério num país onde a educação e os seus trabalhadores não têm o reconhecimento necessário e merecido. Ignora que a maioria absoluta destes profissionais não é valorizada. Ignora que o poder público, em todas as esferas, vem tentando, de forma recorrente, tirar recursos destinados à educação, que deveria ser prioridade, para investir em outras áreas. Ignora que estamos vivendo um momento atípico em todo o mundo, provocado pela pandemia da Covid-19. Ignora que o que mais importa, neste momento, é a preservação da vida, porque as aulas presenciais perdidas poderão ser repostas, mas as vidas não. Ignora que, para enfrentar a pandemia, os profissionais de educação tiveram de se adaptar a uma nova realidade, a um novo normal, para os quais não foram preparados. Desconhece e ignora que, mesmo com todas as dificuldades enfrentadas, os profissionais de educação continuam trabalhando sim, mesmo que remotamente, inclusive utilizando equipamentos próprios e em horários além de suas jornadas para atender, da melhor forma possível, a todos os alunos da rede municipal de ensino.

        É muito fácil usar um microfone para fazer críticas descabidas, com tantas afirmações mentirosas e extremamente ofensivas. Difícil é se colocar no lugar do outro, é trabalhar com a empatia na busca de soluções que possam preservar a vida e ao mesmo tempo garantir o ensino.

        Portanto, sr. Augusto Nunes, não somos vagabundos, somos trabalhadores responsáveis e defendemos os direitos conquistados por nossa categoria ao longo dos anos com muita luta, da qual provavelmente os seus familiares também devem ter participado. Trabalhamos muito durante todo este ano e temos direito às férias sim, conforme previsto em lei.

        Não somos contra o retorno das aulas. Defendemos a escola pública, os seus trabalhadores e o ensino presencial. Somos contra a retomada das aulas presenciais com a curva de contaminação da Covid-19 em ascensão e enquanto não forem garantidas pelos governos todas as condições sanitárias necessárias para a segurança dos profissionais de educação, dos alunos e das famílias. 


A DIRETORIA

CLAUDIO FONSECA
Presidente
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