14/04/2010 - CLIPPING EDUCACIONAL

 

NOTÍCIAS – FIQUE POR DENTRO

FOLHA DE SÃO PAULO – 14/04/2010
Promotoria critica rede estadual de SP por mudar alunos de série

FÁBIO TAKAHASHI
TALITA BEDINELLI

O Ministério Público de São Paulo negou ontem (13) que tenha pedido à Secretaria de Estado da Educação que passasse crianças do primeiro para o segundo ano do ensino fundamental após o início das aulas.

Anteontem, em entrevista à Folha, a secretaria afirmou que a mudança de série de 13 mil alunos ocorreu por pressão da Promotoria depois de muitas reclamações de pais.

O órgão diz, porém, que é contra a medida, que considera "prejudicial" às crianças. A Promotoria afirma que fez apenas um alerta ao Estado sobre a "inconveniência" de crianças de seis anos, que já cursaram o primeiro ano, terem de assistir de novo a aulas muito parecidas.

O Estado decidiu permitir o salto de parte dos alunos do primeiro ano (antiga pré-escola) para o segundo (antiga primeira série) devido a uma confusão na data de limite para ingresso no 1º ano do ensino fundamental com nove anos. Lei aprovada em 2005 mudou o fundamental de oito para nove anos. As escolas do país tinham até este ano para se adaptar.

A Secretaria da Educação havia estipulado que crianças nascidas até fevereiro de 2003 deveriam estar no primeiro ano na capital. Mas, em anos anteriores, parte das escolas havia estipulado junho como limite. Por isso, pais de crianças de sete anos que nasceram entre março e junho tiveram que matricular seus filhos no primeiro ano e não no segundo.

O secretário-adjunto da Educação de São Paulo, Guilherme Bueno, disse que a pasta enviou um comunicado às escolas estaduais falando sobre a possibilidade da mudança, que só pode englobar crianças nascidas até 30 de junho de 2003 e que tenham feito ensino infantil, desde que tanto os pais quanto a escola aprovem o avanço.

O governo afirma, contudo, que as alterações só deveriam ser feitas para crianças cujas famílias haviam recorrido ao Ministério Público ou a algum órgão oficial sobre a alteração, mas que, por má redação do comunicado, o entendimento foi de que a transferência é mais abrangente.

Ontem de manhã, o governo repetiu o que dissera antes. Já a Promotoria afirmou em nota que "jamais postulou à Secretaria Estadual de Educação tal transferência, notadamente por considerá-la prejudicial ao processo pedagógico e à autoestima das crianças".

Ontem, o secretário-adjunto disse que a secretaria recebeu reclamações de várias frentes, não só do Ministério Público, mas disse não saber quantas foram as reclamações.

Ele informou à reportagem, por telefone, que tinha em mãos um mandado de segurança de um promotor do Tatuapé solicitando a matrícula de um aluno e que há um inquérito do Ministério Público sobre o assunto. O Ministério Público disse que pode haver casos isolados, mas que isso não pode ser considerado uma "pressão".

Falta de material

A Folha apurou que a transferência de série está relacionada com a falta de material didático para alunos do primeiro ano. Como essa série não era oferecida nos anos anteriores pelo Estado, ainda não há material suficiente para esses alunos. Mas há para o segundo ano, que é equivalente à antiga primeira série.

A secretaria estadual disse que a informação não é verdadeira, já que o primeiro ano não tem material.

Gargalo tecnológico

Liderança do Estado de São Paulo na produção de pesquisa científica esbarra em deficiências do ensino médio

SÃO PAULO responde por cerca de 21% da população brasileira e 31% do PIB nacional, mas produz mais de 50% da pesquisa científica no país. Há razões históricas para tal desempenho -desde a fundação da USP, em 1934, à adoção, décadas depois, de parcelas fixas da arrecadação para financiar as três universidades estaduais e uma fundação de amparo à pesquisa (Fapesp).

A receita estável contribui para o Estado manter um nível de dispêndios em pesquisa e desenvolvimento (P&D) de 1,52% de seu PIB, superior à média brasileira de 1,2%, segundo dados de 2008.

Em paralelo, vem diminuindo a dependência de verbas públicas -inclusive das parcelas decrescentes dos fundos federais- para sustentar esse investimento, estratégico do ponto de vista da competitividade econômica. Em 2008, 62% dos R$ 13,5 bilhões investidos vieram de empresas privadas.

Apesar das boas novas, há um gargalo à vista. Não será trivial superá-lo, mesmo elevando a despesa com P&D para 2,3% até 2020 -meta estabelecida para conduzir o Estado à média de investimento dos países da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico). O diagnóstico partiu de Carlos Henrique de Brito Cruz, diretor científico da Fapesp, na abertura da Conferência Paulista de Ciência, Tecnologia e Inovação.

O brilho relativo da pesquisa paulista no contexto nacional e latino-americano -o Estado encontra-se à frente de México, Argentina e Chile em produção científica- empalidece quando os termos da comparação são globais. Países de população similar à paulista, como Coreia do Sul e Espanha, produzem três vezes mais P&D que São Paulo.

O problema não está na produtividade, pois cada pesquisador do Estado publica, na média, um número de estudos comparável ao dos pares espanhóis e sul-coreanos. É de quantidade, mesmo, que se trata: conta-se apenas 0,8 cientista para cada grupo de mil habitantes no Estado (o que fica dentro da média latino-americana). Seria necessário, portanto, triplicar o número de pesquisadores -nos próximos 15 anos, como defende Brito Cruz.

O fator limitante, segundo o diretor da Fapesp, não se encontra no sistema de educação superior, pois a quantidade de vagas por ele oferecida no Estado já seria maior que a de egressos do ensino médio. Este é o gargalo real: faltam formandos do segundo grau, e formandos com boa formação, para sustentar o aumento paulatino do contingente de pesquisadores, que dobrou de 25 mil para 50 mil de 1995 a 2008.

Segundo dados de 2007, só dois terços dos alunos paulistas concluíram o ensino médio até os 19 anos, a idade recomendada. A "nota" desse nível de ensino na rede estadual pública paulista, registrada no Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação), está em 3,4, abaixo da média do Sudeste (3,7) e até da nacional (3,5).

Não é a primeira vez que se identifica o ensino médio como calcanhar de aquiles da educação brasileira e paulista. Agora fica mais evidente que ele também ameaça a ciência, a tecnologia e a capacidade de inovar do Estado e, por extensão, do país.

Oportunidades iguais na educação inclusiva

FLORIANO PESARO

As pessoas com deficiência chegam à rede de ensino regular, mas têm tido nela oportunidades reais de desenvolvimento?

PAIS DE CRIANÇAS com deficiência têm grandes dilemas na educação de seus filhos: de que forma proporcionar a melhor educação, quais os melhores caminhos e como buscá-los.

Esses são desafios que vêm pautando os profissionais da educação e estão no centro das políticas públicas de governos comprometidos com a inclusão social em todo o mundo.

Exemplos de aceitação ou não de alunos com deficiência em escolas regulares surgem aos borbotões e nos fazem refletir sobre as diversas possibilidades de aprendizagem e desenvolvimento que uma educação inclusiva pode proporcionar.

No Brasil, de acordo com dados do Censo Escolar da Educação Básica de 2008, existem mais de 53 milhões de matrículas em quase 200 mil estabelecimentos educacionais. Nas salas comuns, o censo aponta a presença de cerca de 385 mil alunos com deficiência matriculados.

São milhares de alunos cegos, surdos, deficientes físicos e intelectuais ou com deficiências múltiplas estudando em escolas regulares. Em São Paulo, são 111 mil alunos com deficiência, segundo o censo de 2008.

Mas a pergunta que perpassa todos esses números é: as pessoas com deficiência chegam à rede de ensino regular, mas têm tido oportunidades reais de desenvolvimento? E quantos ainda estão fora?

Essa indagação coloca o desafio de encarar a inclusão da pessoa com deficiência a partir de um novo paradigma, na perspectiva da Convenção Internacional dos Direitos das Pessoas com Deficiência, da qual o Brasil é signatário, cujo propósito é assegurar o desfrute pleno e equitativo de todos os seus direitos.

É garantir cidadania e dignidade a essas pessoas, visto que impedimentos de natureza física, intelectual ou sensorial podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade.

Para isso, é preciso construir uma nova visão, colocando a deficiência na lógica da cidadania e dos direitos.

Respeitar a diferença, mas proporcionar igualdade de oportunidades, sem discriminação ou preconceitos.

Cada um de nós tem habilidades e potencialidades a serem descobertas. Cabe ao poder público e à sociedade em geral abrir portas para os múltiplos talentos. O ser humano apresenta multidemandas.

E é esse olhar que poderá modificar os modelos de gestão da política pública, por meio não de ações únicas, mas de ações intersetoriais, em prol da inclusão de fato.A educação inclusiva está inserida nessa lógica, uma busca permanente e contínua da garantia de oportunidades de aprendizagem e de desenvolvimento da pessoa com deficiência, assegurando não só o seu acesso mas também (e mais importante) articulando a rede para atender o indivíduo na sua integralidade.Ou seja, é garantir educação básica, educação complementar com o pós-escola, formação cidadã e até o ensino profissionalizante.

Mas as políticas públicas estão focadas nessa educação integral? A rede regular está preparada para atender o aluno com deficiência? São perguntas que devem direcionar o debate.Pesquisas recentes mostram que, na prática, estamos longe de atingir esse objetivo, apesar dos inúmeros casos com êxito.O preconceito ainda grassa na sociedade e, pasmem, no meio educacional. Pesquisa do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais, realizada pela Fipe, sobre atitudes preconceituosas e práticas discriminatórias, apontou que 96,5% dos participantes afirmam ter preconceito ou apresentam algum distanciamento social em relação às pessoas deficientes. E sabem quem são os participantes dessa pesquisa? São professores, diretores, profissionais de educação, pais e também alunos.

Dia 14 de abril é o dia em defesa da educação inclusiva. Comemorado neste ano pela primeira vez na cidade de São Paulo, pretende pautar um debate para a efetivação da inclusão nas classes comuns do ensino regular dos alunos com deficiência, aqueles com transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação e as vítimas de preconceito e outros grupos excluídos da estrutura educacional vigente no país.É imprescindível que as escolas considerem em sua organização pedagógica as diferenças entre alunos, contribuindo assim para a superação de preconceitos, para a valorização das diversidades e para a construção de uma sociedade mais equânime.Assim, é notória a estrita relação entre a educação inclusiva e a melhora na qualidade do ensino.

Mudança sem a estrutura necessária

BIANCA CORREA

A aprovação da legislação federal que tornou obrigatório o ingresso aos seis anos no ensino fundamental e a ampliação de sua duração, passando de oito para nove anos, teve como justificativa aumentar oportunidades educacionais da maioria da população infantil e, com isso, garantir melhoras na aprendizagem. Mas não é isso o que temos observado.

Os sistemas municipais e estaduais de educação parecem ter ampliado em um ano a sua oferta sem garantir o que está preconizado em documentos de orientação do MEC e em normas do CNE. Assim, observamos que as escolas não foram reestruturadas, professores não foram devidamente orientados e os projetos pedagógicos não sofreram as reformulações necessárias para atender ao novo público que chega ao ensino fundamental: crianças de seis anos, cujas necessidades de aprendizagem e desenvolvimento são bastante peculiares.

O que temos constatado são professores sem saber como proceder, já que, em tese, não devem mais atuar como atuavam com as antigas primeiras séries, mas tampouco têm condições de atender à demanda pelo brincar expressa pelas crianças. Além disso, esses professores continuam sendo cobrados por resultados em avaliações ao final do primeiro ano do ensino fundamental.

As crianças, por sua vez, forçadas a permanecer sentadas escrevendo ou fazendo exercícios de matemática -ainda que sem compreender o que parecem só reproduzir mecanicamente-, resistem. Resistem e brincam. Com esse comportamento, entretanto, provocam reações de professores que, em geral, são de contrariedade, já que não receberam formação para compreender por que brincar é tão importante para essa faixa etária.Os sistemas nem sequer conseguem definir a idade de corte adequada para matrícula.

Exemplo disso é a rede estadual paulista e as confusões que tem promovido. A prosseguirmos assim, continuaremos com aumento nos índices de reprovação e com a aberração dessa ocorrência entre crianças ainda tão novas, ou, pior, seguiremos com um modelo de escola que, mesmo quando não reprova, não consegue garantir o direito à ampliação de conhecimento.

Mudanças formais na lei não garantem melhora do ensino, e o que temos constatado é que essas mudanças têm sido efetuadas de maneira imprudente.

Então, resta a pergunta: quem responderá pelos resultados de tantas mudanças impostas de forma desarticulada e sem a estrutura necessária? 

AGÊNCIA BRASIL – 14/04/2010
Municípios terão de assinar termo com MEC para receber livro didático em 2011

A partir deste ano, secretarias municipais e estaduais que quiserem receber as obras que são distribuídas pelo PNLD (Programa Nacional do Livro Didático), do MEC (Ministério da Educação), terão que firmar um termo de adesão. O prazo termina em 31 de maio e até ontem (13) 2.237 secretarias tinham enviado o pedido ao ministério --pouco menos de 50% do total. Quem não formalizar o pedido não recebe os livros didáticos em 2011.

Até o ano passado, todas as escolas da rede pública recebiam o material, que era comprado pelo FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação). Em alguns casos, as redes de ensino podem optar por adquirir os livros didáticos de sua preferência. Segundo o diretor de Ações Educacionais do fundo, Rafael Torino, o objetivo da mudança é evitar o desperdício.

"Não havia um arranjo formal adequado do recebimento do material por Estados e municípios. Nós adquirimos o livro, entregamos direto na escolas, mas em nenhum momento havia uma solicitação formal por parte dos secretários de Educação ou prefeitos. Isso acabou trazendo algumas situações complicadas de casos em que havia mau uso do material", explica Torino.

Todos os anos, cada escola precisa escolher, entre uma lista de obras selecionadas pelo FNDE, os livros que pretende adotar. O processo é feito pela internet, a partir de uma senha que é enviada a cada unidade de ensino. A escola que não fizesse essa seleção recebia os livros que tinham sido mais pedidos em seu município. De acrdo com Torino, cerca de 14% das escolas não escolhiam seus livros.

"E a gente não sabe se ela não escolheu porque não queria receber o livro ou se não conseguiu escolher a tempo, por exemplo. Mas a gente pode acabar mandando livros indesejados. Quando a escola recebe a carta do FNDE com a senha para selecionar as obras, muitas vezes se ela não tem interesse ela deixa de responder, mas continua recebendo o livro", afirma.

A expectativa do FNDE é de que todos os municípios interessados irão enviar seus termos de adesão. Por dia, o fundo tem recebido em média 100 pedidos. O apelo é para que as secretarias de Educação fiquem atentas ao prazo. Quem não formalizar o termo de adesão fica sem os livros em 2011.

"A adesão ficará sempre aberta, mas depois do prazo as secretarias só receberão as obras das próximas edições do PNLD [a partir de 2012]. A gente precisa de um prazo para poder fazer o processamento e a aquisição do material. É necessário um tempo para a gente poder fechar quantas escolas, quantos alunos e quantos livros vamos comprar", afirma.

As informações sobre as novas regras do PNLD e a lista dos municípios que já formalizaram a adesão estão disponíveis no site do FNDE www.fnde.gov.br.

O GLOBO – 14/04/2010
União investirá R$ 1,4 bilhão em projetos para educação básica

RIO - O governo federal vai transferir R$ 1,4 bilhão para investimentos em obras de infraestrutura nas escolas municipais e estaduais de educação básica. O aumento em relação a 2009 é R$ 300 milhões. As verbas serão liberadas através do Programa Dinheiro Direto da Escola (PDDE) deste ano, do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).

O programa existe desde 1995 focado em pequenos reparos e aquisição de bens de consumo, como geladeiras e fogões. Atualmente, o dinheiro pode ser usado em obras de acessibilidade, funcionamento em tempo integral e nos fins de semana.

JORNAL DA TARDE – 14/04/2010
Professora de CEU é assassinada

Ela foi atingida por um tiro na cabeça após ser abordada por dois assaltantes

LEANDRO CALIXTO

Após comprar um presente de aniversário em um shopping da região central de São Bernardo, no Grande ABC, a professora Luciana Pompemayer, de 32 anos, foi assassinada durante uma tentativa de assalto na noite de anteontem. A mulher, que dava aula no Centro de Educação Unificado (CEU) do Parque Bristol, zona sul de São Paulo, foi rendida por dois criminosos e obrigada a entrar com eles em seu carro. Um dos bandidos atirou na cabeça dela, que morreu na hora. Um suspeito foi preso.

Eram 20 horas quando a professora deixou uma loja na Rua Barão do Rio Branco, região central da cidade. Ela caminhava em direção de seu carro, um Gol vermelho, quando foi interceptada pelos suspeitos. Armado, um deles teria exigido que a mulher entrasse no carro com eles. Em seguida, ela teria esboçado reação. Um dos ladrões, que estava no banco de trás, atirou contra a vítima, que estava na carona.

Após o disparo, a dupla tentou fugir com o carro. Mas, como não conseguiram ligar o veículo, fugiram correndo. Uma testemunha ligou para a polícia.

“Em poucos minutos, a Polícia Militar prendeu um suspeito. Esse ladrão assumiu que participou do assalto, mas negou que tenha atirado contra a vítima”, explicou o delegado do 1º Distrito Policial de São Bernardo do Campo, Victor Lutti.

O desempregado Jorge Maicon Pereira, de 18 anos, foi preso em flagrante e indiciado por latrocínio (roubo seguido de morte). Segundo a polícia, ele teria apontado Francisco Carlos Teixeira, de 25 anos, como comparsa e responsável pelo disparo contra a vítima. “Já estamos com três equipes nas ruas para prender esse segundo suspeito. Ele não deve ter fugido para muito longe”, acredita o delegado. O acusado seria morador da favela do Montanhão, comunidade de São Bernardo.

Para a polícia, os ladrões agiram de forma covarde e não deram possibilidade de defesa para a vítima. “Mataram sem piedade. De forma banal”, enfatizou o delegado. Jorge Maicon teria dito para a polícia que o objetivo da dupla era roubar um supermercado da região central de São Bernardo. Mas, como o comércio estava fechado, resolveram roubar a mulher, que estava sozinha. “Isso é bobagem. Eles queriam pegar mesmo uma pessoa indefesa, como essa professora que passava no local”, acredita o delegado.

Casada havia cinco anos, a professora deixou um filho de 1 ano e meio. Ela trabalhava na unidade do CEU do Parque Bristol, zona sul, mas morava no ABC. De família religiosa, foi enterrada no início da tarde de ontem, no cemitério do Jardim Colina, também em São Bernardo. Ela também havia perdido dois irmãos de maneira violenta. Os familiares da vítimas estavam em estado de choque.

O ESTADO DE SÃO PAULO – 13/04/2010
Se eleito, Serra quer continuar dando aula para crianças

ANGELA LACERDA E CAROLINA FREITAS

O pré-candidato à presidência da República, José Serra (PSDB), disse hoje, em entrevista por telefone à Rádio Jornal, do Recife, que, se eleito presidente, irá manter um hábito que adotou quando estava à frente do executivo: dar aula em escola pública. "Tempo tem, e vou fazer", disse.

Serra cultiva o hábito de dar aulas-surpresa a crianças. O costume começou em 2004, quando ele era prefeito de São Paulo. Desde então, também como governador, o tucano reserva ao menos um dia no mês para dar lições aos estudantes. Economista, Serra gosta de tomar a tabuada e ensinar a meninada a fazer tabelas e gráficos. Em geral, ele vai a salas da 4ª ou 5ª série do Ensino Fundamental.

Para o tucano, é uma forma de fiscalizar como anda a educação na prática. Hoje, ele afirmou que esta experiência o levou a fazer mudanças em relação ao material para o aluno, guia para o professor, incentivo para o professor e maior presença na sala de aula. Destacou que o maior problema na educação é a qualidade do ensino, o aprendizado na sala de aula. "Isso é fundamental".

Programa de governo

Serra afirmou que a família e a educação serão o centro do programa social do seu governo. Por isso, irá manter o Bolsa Família e buscar maneiras de abrir oportunidades de futuro para os jovens das famílias que recebem o benefício, por meio da oferta de ensino técnico e profissionalizante.

Ele voltou a lembrar que, em média, 20% dos jovens estão desempregados no Brasil, uma situação que deve ser enfrentada. Afirmou também ter recebido o governo de São Paulo com 70 mil jovens no ensino técnico e deixou o cargo com 170 mil. "Temos que ter um olhar positivo. O Brasil pode mais", frisou. "Avançou bastante, mas pode avançar mais, vamos trabalhar para isso".

Indagado se tinha vergonha da presença do ex-presidente Fernando Henrique na sua campanha, foi direto: "Como poderia rejeitá-lo?" indagou, ao lembrar que, como ministro da Saúde, no seu governo, teve total apoio do então presidente para enfrentar multinacionais na quebra de patentes, a fim de implantar o programa de genéricos. "Avançamos muito na época", avaliou. "Hoje a saúde não está bem".

O ESTADO DE SÃO PAULO – 13/04/2010
MEC quer fundo para substituir fiador em financiamento

O Ministério da Educação (MEC) pretende acabar com o pedido de fiador para o Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior (Fies). O governo quer criar uma espécie de fundo para o programa. A intenção do ministro Fernando Haddad é que as mudanças sejam implementadas até o fim deste ano. As informações foram confirmadas pela assessoria de imprensa do MEC.

Criado em 1999, o Fies é um programa do governo federal que financia a graduação de quem não tem condições de pagar o curso. Os contemplados começam a pagar pela faculdade só depois da formatura. Para participar, as instituições devem ter avaliações positivas pelo MEC.

As medidas devem ser anunciadas até o dia 21 deste mês, junto com a abertura do período de inscrições. Um dos objetivos da pasta é acabar com as dificuldades que os estudantes - especialmente os de baixa renda - têm para conseguir um fiador. A princípio, a nova poupança receberia incentivos do governo federal. 

FOLHA DE SÃO PAULO – 13/04/2010
SP muda aluno de série durante o ano letivo

Com nova regra do governo, cerca de 13 mil crianças que cursavam o primeiro ano já foram transferidas para o segundo. Governo diz que incentivou mudança por pressão do Ministério Público; secretário municipal da Educação criticou medida

FÁBIO TAKAHASHI DA REPORTAGEM LOCAL

Cerca de 13 mil alunos da rede estadual de São Paulo que cursavam o primeiro ano do ensino fundamental foram transferidos para o segundo ano semanas depois do início das aulas. As escolas têm consultado os pais para saber se eles querem que o filho mude de série. O governo permitiu a mudança alegando estar pressionado pelo Ministério Público, devido à alteração em 2010 no ensino fundamental, que passou de oito para nove anos. Segundo o Executivo, diversas famílias procuraram a Promotoria reclamando que o filho na casa dos sete anos deveria estar no atual segundo ano (considerado equivalente à primeira série no antigo fundamental) em vez de frequentar o primeiro ano (equivalente à antiga pré-escola). O imbróglio ocorreu devido à polêmica sobre a data de aniversário usada para definir em qual série cada criança deveria ser matriculada na capital paulista.        Determinou-se, inicialmente, que aquelas nascidas até fevereiro de 2003 deveriam estar no primeiro ano.

Nos anos anteriores, porém, escolas haviam estipulado junho como o mês de corte. Ou seja, uma criança de sete anos, nascida em março de 2003, pela regra adotada em 2010 está no primeiro ano. Mas, pela lógica anterior, estaria no segundo ano (antiga primeira série). Segundo o governo, muitas famílias recorreram ao Ministério Público pedindo que a rede adotasse a lógica antiga. Ainda na gestão José Serra (PSDB), em 25 de março, a Secretaria de Estado da Educação divulgou comunicado dizendo que poderia pular de ano a criança que já tenha cursado o ensino infantil e tenha nascido até 30 de junho de 2003, desde que os pais concordem e que a escola avalie que ela está apta para a transferência. Cerca de 28 mil estudantes estão      na faixa dos que, em tese, podem mudar de ano, mas as escolas já vetaram parte dos pedidos de mudança.

Críticas - "É um remendo pretendido por aqueles que não tomaram providências em prazo adequado", diz o presidente da Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação, Cesar Callegari. A lei de ampliação do ensino fundamental foi aprovada em 2005, com validade para todo o país. Este ano foi o prazo limite para que os Estados se adaptassem às novas regras. "Imagine a criança que está começando a frequentar escola neste ano e já ser jogada, no meio do ano, para uma outra turma, com um outro currículo, que traumas pode sofrer." O presidente do Conselho Estadual da Educação, Arthur Fonseca Filho, disse que, "ao se encontrar um problema, é preferível que ele seja corrigido."

Comunicado foi mal redigido, afirma secretário-adjunto

Segundo Guilherme Bueno, texto deveria tratar apenas de "casos específicos". De acordo com ele, a intenção da Secretaria da Educação era padronizar o procedimento exigido pelo Ministério Público

DA REPORTAGEM LOCAL

O secretário-adjunto da Educação de São Paulo, Guilherme Bueno, afirmou ontem em entrevista à Folha que o comunicado enviado às direções de escolas sobre a possibilidade de alunos da rede estadual pularem uma série no meio do ano letivo deveria tratar apenas de casos específicos, "de pais que procuraram algum    órgão público". Ele admitiu, no entanto, que o texto foi mal redigido e deu a entender que a data de corte para definir as matrículas havia mudado. Bueno disse que a intenção da Secretaria da Educação era padronizar o procedimento que estava sendo exigido pelo Ministério Público. "Não achamos essa mudança          boa. Mas tem sido a posição do Ministério Público", disse o representante da pasta. Guilherme Bueno negou que tenha havido atraso na implementação do novo ensino fundamental. "Em todo o Estado, isso já vem acontecendo há anos", afirmou. (FÁBIO TAKAHASHI)

FOLHA - Por que a secretaria divulgou o comunicado?

GUILHERME BUENO - Por ser uma regra nova, tivemos muitas consultas, ofícios e pedidos de pais no Ministério Público para mudar a série dos filhos. Quisemos organizar os procedimentos. Em qualquer lugar do mundo, é preciso estabelecer um corte. Isso causa discussões como essa. Mas a redação do comunicado não ficou boa. Deu a entender que havíamos mudado toda a regra. Era para tratar apenas de casos específicos, de pais que procuraram algum órgão público.

FOLHA - O sr. não conhecia o texto do comunicado?

BUENO - Não. Foi feito pela Cogsp (coordenadoria da Grande São Paulo) e pelo CIE (centro de informações, ambos órgãos da Secretaria da Educação). Hoje [ontem] conversei com eles, e faremos uma nova redação.

FOLHA - Mas diversas escolas já completaram a mudança.

BUENO - É verdade.

FOLHA - Não é prejudicial ao aluno mudar de série durante o ano letivo?

BUENO - Pior seria ele ficar numa série inadequada. Veja, não achamos essa mudança boa. Mas tem sido a posição do Ministério Público.

FOLHA - O governo demorou para implementar a ampliação do ensino fundamental?

BUENO - Discordo. Em todo o Estado, isso já vem acontecendo há anos. Na capital, por ser um caso específico [as redes estadual e municipal têm quase o mesmo tamanho], demorou mais.

Prefeitura da Capital critica medida estadual

DA REPORTAGEM LOCAL

A Prefeitura de São Paulo criticou a flexibilização feita pelo governo do Estado na data de corte para definir a distribuição dos alunos entre as séries da rede de ensino. Município e Estado têm um sistema integrado de matrículas na capital paulista. A gestão do prefeito Gilberto Kassab (DEM) manteve rígido o corte em fevereiro, enquanto a gestão do ex-governador José Serra (PSDB), que acaba de passar o cargo para o vice, Alberto Goldman (PSDB), para disputar a Presidência da República, esticou para junho em alguns casos. "O perfil dos alunos nas séries será diferente, o que não é nada bom. Vai atrapalhar as matrículas conjuntas no ano que vem", afirmou o secretário municipal de Educação, Alexandre Schneider. "E como vamos explicar aos pais que, dependendo da rede pública, o filho dele vai estar em        uma série diferente? Eles não entenderão os critérios diferentes", complementou Schneider. Antes da entrevista do representante da prefeitura à Folha, o secretário-adjunto estadual da Educação, Guilherme Bueno, disse que o critério conjunto estava mantido. "O comunicado serve para exceções, não como regra. Estamos acordados com a prefeitura." (FT)

FOLHA DE SÃO PAULO – 13/04/2010
PF investiga golpe do falso prêmio que usa nome do MEC

Instituto de Guarulhos cobrava até R$ 2.000 por certificado de qualidade de ensino. Ministério pediu abertura de inquérito para apurar eventuais crimes de formação de quadrilha e falsidade ideológica

RICARDO GALLO DA REPORTAGEM LOCAL

A Polícia Federal vai abrir um inquérito para investigar a atuação do Instituto Gomes Pimentel, que usava o nome do Ministério da Educação para vender um certificado de qualidade a instituições de ensino. O instituto, de Guarulhos (Grande SP), cobrava cerca de R$ 2.000 pelo "Prêmio Nacional de Qualidade no Ensino", que dizia se basear em dados do MEC. O ranking é inexistente, como revelou a Folha ontem. Anualmente, 150 escolas, cursinhos, supletivos, centros universitários e faculdades eram "premiadas" -entre eles instituições sem expressão, reprovadas e/ou mal avaliadas pelo MEC. O último evento foi em novembro, em bufê no Tatuapé (zona leste de SP), e teve até discurso de um falso representante do ministério. Só recebia o prêmio quem pagasse. Foi o MEC que pediu a abertura de inquérito à direção-geral da PF. O ministério solicitou a apuração de eventuais crimes de formação de         quadrilha e falsidade ideológica, segundo Mauro Chaves, consultor jurídico do MEC.

O ministério irá ainda processar o Instituto Gomes Pimentel e pedir, na Justiça, a devolução do dinheiro pago pelas escolas. Segundo o MEC, o objetivo é defender o interesse de alunos e famílias prejudicadas.

A ação deve ser ajuizada nos próximos dias. O ministério pedirá à Justiça também que as instituições devolvam os certificados do Instituto Gomes Pimentel -onde se lê "um reconhecimento do MEC, Inep, Saeb" ao lado do brasão da República e do logotipo do governo federal ("Brasil, um País de Todos"). Nem MEC nem Inep (órgão do ministério) reconhecem o prêmio; o Saeb é avaliação, não instituto.

Esquema - O esquema funcionava assim: o instituto enviava carta às instituições e as    apontava como vencedoras do prêmio. O dinheiro pago seria para cobrir despesas, dizia a empresa, que funciona em um sobrado. Entre as "vencedoras" está a Faculdade de Computação e Informática da Faap, de SP, bem avaliada pelo MEC -teve nota 4 no Índice Geral de Cursos, que vai de 1 a 5. A instituição disse ter pensado se tratar de um prêmio idôneo. Além dela, escolas como a Qui-Mimo, de Guanambi (BA), e o supletivo Supla, de Timbó (SC), foram "eleitos" os melhores do país. Ontem, Luís Nogueira, dono do Instituto Gomes Pimentel, disse que, por conta da reportagem da Folha, cancelou a edição 2010 do prêmio. O preço neste ano subiu: chegou a superar R$ 3.000. O sindicato das escolas particulares do Estado criticou os colégios que aderem a prêmios do tipo. "Escola séria não precisa disso", disse o presidente Benjamin Ribeiro da Silva.

Em 2005, instituto fez evento na sede do governo do Estado

DA REPORTAGEM LOCAL

O Instituto Gomes Pimentel usou o Palácio dos Bandeirantes, sede oficial do governo de São Paulo, para entregar um "prêmio" em 2005. Um decreto diz que a realização de eventos no local só deve ocorrer em caso excepcional. A assessoria de imprensa do palácio não soube informar a excepcionalidade do caso. O custo do aluguel do local, à época, foi de R$ 13.300. O governador era Geraldo Alckmin (PSDB). O "Quality of Business" foi destinado a empresários que haviam feito "a            diferença" no ano anterior, disse o presidente do instituto, Luís Nogueira, em um vídeo no YouTube.

Um dos premiados na ocasião foi o advogado Jeferson Camillo, o mesmo que, no "Prêmio Nacional de Qualidade no Ensino", se fez passar por representante do ministro Fernando Haddad (Educação). Camillo recebeu o título de "advogado mais eclético de 2004". Entre as premiadas estavam a Fors Refrigerantes, de       Franca (interior de SP), fabricante do Fors Guaraná e do Fors Cola e cujo garoto-propaganda é o veterano jogador Elivélton. Também foram lembradas a Ford e a Alshop (Associação Brasileira de Lojistas de Shopping). Na sexta, Luís Nogueira disse à Folha que o evento no palácio foi um exemplo de que seu instituto era sério. A empresa também fez evento na Assembleia. A Folha contatou ontem um assessor de Alckmin, que disse que não o localizou.

CORREIO BRAZILIENSE – 13/04/2010
Ensino médio poderá incluir estudo sobre direitos do cidadão

Sugestão foi apresentada pela Associação Brasil Legal e será transformada em projeto de lei

AGÊNCIA CÂMARA

A Comissão de Legislação Participativa aprovou uma sugestão para incluir, entre as finalidades do ensino médio, a educação para a cidadania e o conhecimento da legislação básica sobre os direitos e deveres dos cidadãos e dos governos e sobre o funcionamento da administração pública. A sugestão, apresentada pela Associação Brasil Legal, foi aprovada na última quarta-feira (7) e vai tramitar na Câmara como projeto de lei. Na opinião da relatora, deputada Fátima Bezerra (PT-RN), a proposta vai              "preparar a juventude brasileira para o pleno exercício de uma cidadania autônoma". A proposta inclui dispositivo na Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) - Lei 9.394/96.

“Entendemos que essa é uma contribuição efetiva ao aperfeiçoamento da legislação educacional em um momento em que a Nação clama por maior rigor no combate à corrupção e em defesa da ética e da correta utilização dos recursos públicos”, diz a relatora. A Associação         Brasil Legal, sediada em Belo Horizonte, foi constituída para combater a corrupção. A deputada rejeitou, no entanto, a parte da sugestão que incluía os estudos sobre cidadania como disciplina obrigatória no ensino médio. Fátima Bezerra ressaltou que há uma súmula da Comissão de Educação e Cultura recomendando a rejeição de qualquer proposta que trate de assunto curricular. Tramitação - O projeto ainda não recebeu numeração e aguarda distribuição às comissões que vão analisá-lo.

GAZETA DO POVO - 13/04/2010
Matemática mais atraente

Aprendizagem na disciplina ocorre a longo prazo. Levar o aluno a entender o contexto, usar jogos e tecnologia podem tornar processo mais agradável

TATIANA DUARTE

A tecnologia aliada à criatividade dos professores tem ajudado a tornar a matemática mais atraente para os estudantes. Avaliações de desempenho mostram que dominar a disciplina não é o forte dos brasileiros. O Sistema Nacional da Avaliação da Educação Básica (Saeb) de 2007, último resultado disponível, mostra que estudantes brasileiros da 8.ª série do ensino fundamental, que deveriam ser capazes, por exemplo, de calcular o valor de uma expressão algébrica, incluindo potenciação, conseguem realizar apenas operações como multiplicação e divisão com dois algarismos, conteúdo que deveriam ter dominado na 4.ª série do ensino fundamental. E a dificuldade com a disciplina se arrasta desde as séries iniciais. Na 4.ª série, de acordo com dados do Saeb, os alunos dominam habilidades que deveriam ter vencido na 2.ª série (veja tabela). O Saeb é um dos exames que integra a avaliação da educação básica no Brasil. É feito a cada dois anos e avalia uma amostra dos alunos matriculados nas 4.ª e 8.ª séries do ensino fundamental e 3.º ano do ensino médio, de escolas públicas e privadas, localizadas em área urbana ou rural.O que a avaliação mostra, na opinião de especialistas, é que boa parte da relação de ódio com números e operações, muito comum em crianças e adolescentes em idade escolar, tem origem no ensino fundamental. Para o professor da Universidade Paris Gerard Vergnaud referência mundial em educação matemática, autor do livro A criança, a matemática e a realidade, que acaba de ganhar versão em português, uma das razões que explicam esse  conflito é que o aprendizado em matemática ocorre ao longo dos anos. Vergnaud é criador da Teoria dos Campos Concei­tuais, que ajuda a entender como as crianças constroem os conhecimentos matemáticos. Para ele, os professores precisam usar mais desta teoria. “Os professores têm que se aliar aos pesquisadores e realizar um estudo empírico para acompanhar e dizer o que cada criança é capaz de aprender em cada idade. Os professores não têm conhecimento desta diversidade. E menos ainda os pais”, diz. O professor francês esteve em Curitiba no mês passado para ministrar palestra aos docentes do Grupo Positivo.

Para Vergnaud é possível, mas difícil, tornar o ensino da matemática mais atraente, devido à seriedade que permeia a disciplina. “Ao mesmo tempo em que há situações que se aproximam das vividas pelos jovens e crianças, a matemática é uma coisa muito séria. E por isso, a maior parte das crianças se enche. O uso de atividades lúdicas com a seriedade da matemática é um equilíbrio difícil de achar”, diz.

Atratividade - Trabalhar com o lúdico e a contextualização da matemática foi a solução encontrada pela professora do Colégio Novo Ateneu Juliana de Moraes Campos, que leciona a disciplina para crianças e adolescentes há 12 anos. A professora envolveu seus alunos da 5.ª série do ensino fundamental com a história da matemática. Depois de ter pesquisado sobre o assunto, cada estudante criou seu próprio sistema de numeração. “Temos de mostrar para a criança que a matemática não surge do nada          na vida dela. Dá para vincular os conteúdos com o dia a dia usando novas metodologias”, diz. Há 12 anos, os alunos do pré à 4.ª série do ensino fundamental do Centro Municipal de Educação Infantil David Carneiro, no Xaxim, usam mesas com blocos desenvolvidas exclusivamente para o ensino da matemática. As aulas com as mesas ocorrem uma vez por semana. Antes e depois os conteúdos são abordados em sala de aula. De acordo com a professora Cristiane Inês Bassa, a tecnologia permite uma melhor visualização de situações matemáticas. “Serve como um complemento da aprendizagem”, diz.

A mesa tem blocos coloridos e é integrada a um computador que permite o uso por até seis crianças simultaneamente. Contém jogos e exercícios que dão noções de lateralidade, direção, medidas e lógica. Para a estudante do 3.ª ano Bianca Ferreira Fidelis, 8 anos, dispensar a escrita dos números é um dos pontos positivos do uso da tecnologia. “Sem contar que aqui é muito mais divertido”, diz. Para uma das desenvolvedoras da tecnologia, a matemática Vanessa Moraes, as novidades tecnológicas servem para facilitar, mas sozinhas não garantem o sucesso do aprendizado. No caso das mesas, a matemática acredita que um dos principais ganhos é que o software não obriga os alunos a acertar os exercícios. “A criança se sente mais à vontade para treinar no computador. Sabe que pode retornar e tentar de novo. A observação ocorre de maneira mais lúdica. Já com a presença do professor o sentimento é de que está sendo repreendida”, diz.

GAZETA DO POVO – 13/04/2010
As crianças sabem, mas não conseguem se expressar

TATIANA DUARTE

Aos 76 anos, o professor da Universidade Paris Gerard Vergnaud já orientou mais de 80 teses de mestrado e doutorado. Formado em Psicologia, é diretor do Centro Nacional de Pesquisas Científicas (CNRS, na sigla em francês), em Paris. Fez a própria tese de doutorado com ninguém menos que Jean Piaget, um dos teóricos mais estudados no campo da Pedagogia. O professor francês esteve em Curitiba no mês passado, quando concedeu a seguinte entrevista à Gazeta do Povo:

Os professores usam bem a didática da matemática em sala de aula?

Ainda não muito. O processo de mudança das pessoas é muito lento. Os professores por sua própria experiência na atividade deixam de usar os resultados das pesquisas em didática de matemática. O processo da construção do conhecimento é muito lento numa criança. Mas quando se quer mudar os hábitos dos profissionais, especificamente dos professores, é ainda mais lento.

Como o senhor define a Teoria dos Campos Conceituais de maneira bem objetiva?

A ideia da teoria é começar um acompanhamento desde o início da aprendizagem da criança, quando ela entende e como se dá este raciocínio, até chegar aos raciocínios mais complexos. Tudo isso não é muito compreendido ainda, mesmo pelos pesquisadores em didática da matemática. Ou seja, as crianças sabem sobre matemática mas não conseguem se expressar.

Como trazer a teoria para a prática em sala de aula?

Olhando as coisas. Provocando situações. Quando se coloca um jogo de tênis no computador, por exemplo, inicia um movimento da física. O aluno pode observar e fazer uma teoria deste movimento. O professor deve ser um ator e colocar as teorias como se estivesse entrando num palco.

Como foi desenvolver uma tese com Jean Piaget?

Houve um mal-entendido. Eu era mímico naquela época e tinha uma teoria sobre a estética da mímica. E o Piaget me recebeu achando que eu teria uma teoria Piagetiana sobre a mímica. Mas descobri um algoritmo importante e mostrei a Piaget. Ele ficou impressionado porque perdeu um mímico. Dali surgiu o que no futuro seria o grupo de estudos em didática da matemática.

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CLAUDIO FONSECA
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