20/04/2010 – CLIPPING EDUCACIONAL

NOTÍCIAS – FIQUE POR DENTRO

FOLHA DE SÃO PAULO – 20/04/2010
Políticas públicas no ensino superior
 

O ensino superior público poderia ser pago, deixando de privilegiar os que não precisam, gerando com isso um fundo de bolsas 

ELLIS WAYNE BROWN 

A PRIMEIRA lição que tive do meu antigo professor de políticas públicas foi a de que a maior parte delas, e suas regulações subsequentes, deixa de reconhecer e contemplar efeitos colaterais nocivos e restritivos em outras frentes. Na educação superior brasileira não tem sido diferente. Com base no discurso isolado da qualidade, tem-se adotado o ideário da universidade pública como hegemônico, sem considerar seus efeitos colaterais em termos de acessibilidade, ascensão social e desenvolvimento socioeconômico. Naturalmente, a qualidade é uma variável fundamental, mas precisa ser compatibilizada com as demais. O modelo vigente é por natureza corporativo e elitista, contemplando mais os pressupostos dos meios do que os fins a serem atingidos. Isso onera os custos e prejudica sensivelmente a acessibilidade financeira da esmagadora maioria da população jovem, excluída da rede superior pública por limitação de vagas e de formação de base. Não é por acaso que a meta de contemplar 30% da população entre 18 e 24 anos cursando o ensino superior até 2010 não foi atingida, ficando em apenas 13,7%, ou seja, menos da metade do esperado. Alguns desses pontos foram discutidos em dois artigos anteriores publicados neste espaço de debate. Agora, vamos a um breve enunciado de ações de política educacional que consideramos prioritárias para o ensino superior. 

O primeiro ponto é a forma de custeio da pesquisa acadêmica. Hoje, ela representa um custo elevado e desproporcional, que não deveria ser incorporado e camuflado no orçamento da educação e subsidiado com as mensalidades dos alunos da       graduação, muito menos afetar os resultados de sua avaliação. A verba pública poderia ser concentrada em fundos de fomento e disponibilizada para programas e projetos de pesquisa em razão da justificativa e da qualidade das propostas, independente de origens institucionais. Em segundo lugar, pensemos na ampliação de recursos didáticos. Recursos de apoio didático, como laboratórios e acervos bibliográficos, poderiam ser custeados pelo Estado não só para a rede pública mas também entregues em comodato à rede privada, na forma de parcerias público-privadas (PPPs), a fim de alavancar a qualidade e reduzir o ônus desses investimentos sobre os valores das mensalidades. 

O terceiro ponto corresponde a dotações públicas para bolsas de estudos. O ProUni (programa do governo federal que dá bolsas a alunos carentes em instituições particulares) é excelente iniciativa, mas ainda limitado em função da demanda. O ensino superior público poderia ser pago, como na maioria dos países, deixando de privilegiar os que não precisam, gerando com esses recursos um fundo de bolsas para os que carecem de meios de custear estudos. O quarto enunciado refere-se ao sistema de avaliação da qualidade educacional. Estes deveriam focar os resultados da formação profissional, e não se concentrar nos meios. Apenas 30% do CPC - Conceito Preliminar do Curso, fartamente explorado pela mídia como nota do Enade (Exame Nacional de Desempenho de Estudantes) contempla a real qualificação do egresso para o exercício da profissão, o que distorce e penaliza injustamente os alunos e as instituições formadoras. A linha de corte entre a           graduação e a pós-graduação é o nosso quinto tópico. Com o avanço do conhecimento e das especialidades, os cursos de graduação e suas cargas horárias estão excessivamente carregados e fragmentados, em prejuízo da qualidade. 

A graduação deveria ficar dedicada a formações profissionais básicas, transferindo-se as especialidades para a pós-graduação, como já vem ocorrendo na Europa. O sexto item refere-se à educação continuada. É de se estranhar que, com tanta intervenção regulatória em nome da qualidade do ensino da graduação, não haja qualquer obrigatoriedade de atualização para que se mantenha a validade dos diplomas, sendo cada vez mais curtos os ciclos de obsolescência do conhecimento. Nesse caso, a iniciativa fica por conta do profissional, e a regulação das competências, pelo mercado. Por fim, uma consideração sobre a qualificação docente. O atual critério de qualificação do corpo docente resume-se à titulação acadêmica. Por importante que seja, esse critério indica apenas o conhecimento dos conteúdos, e não a capacidade didática. Muitos docentes titulados nunca exerceram a profissão, o que prejudica a qualificação dos conteúdos nas disciplinas aplicadas e sugere cautela no regime de dedicação integral. Em conclusão, existem questões e alternativas a serem debatidas, se as paixões corporativas puderem ser contidas e prevalecer uma visão mais inclusiva, que promova o desenvolvimento sustentável do país.ELLIS WAYNE BROWN, formado em ciências sociais e mestre em comunicação social, é vice-reitor da Uniban Brasil. 

REVISTA GESTÃO UNIVERSITÁRIA – 20/04/2010
Novo alerta juvenil: AS PULSEIRINHAS

CLAUDIA MENEZES NUNES 

Há pouco tempo, eu e uma amiga (que tem um filho de 10 anos) estávamos passeando no Méier quando, de repente, observamos algumas pulseirinhas coloridas no chão. Minha amiga riu e disse: ‘Tá vendo estas pulseiras coloridas? Meu filho me disse que elas têm significado agora. Dependendo da cor, meninos e meninas se informam se querem um simples abraço a algo mais arrojado’. Eu sorri e me lembrei dos tempos da ‘salada mista’ e também que, a bem pouco tempo, este código de cores referia-se às camisetas com as quais os meninos e meninas compareciam às festas. Pensamentos à parte, hoje, domingo, me deparo com uma grande reportagem sobre as benditas pulseirinhas e suas representações, e percebo que, de novo, a criatividade dos jovens quanto à realização ou não das suas primeiras curiosidades sexuais / amorosas é tachada de preocupante, imatura, perigosa e/ou inconseqüente. E isto desde o meu maravilhoso ‘salada mista’ é muito triste. Perde-se a oportunidade de se criar mais aproximações, diálogos e compreensões deste momento mais excitante na vida dos mais jovens, a partir de uma brincadeira conhecida no mundo desde 2006, quando os 'adultos experientes' assumem posições ‘ignorantes’, quanto ao real sentido da criação constante desses códigos lingüísticos. 

A notícia do jornal ‘O Dia’, do dia 27/03, começa assim “Escolas do Rio estão fechando o cerco contra as ‘pulseiras do sexo’ (...) febre entre crianças e adolescentes.” Como assim ‘cerco’? São marginais? São fugitivos? Como assim ‘cerco’? Pais com filhos nestas fases devem ter atenção a este momento como outro momento qualquer cuja experiência gerará (ou gere) novo aprendizado aos filhos, seja menino ou menina. E o jornal segue dizendo, “As instituições começaram a alertar os pais, que estão sendo convocados como aliados na ‘quebra de braço’ contra o que consideram uma perigosa brincadeira.” Como assim ‘quebra de braço’? Sabe o que eu penso? Os núcleos familiares estão nulos de sentidos e as escolas estão se arvorando a serem ‘paladinos da justiça’ na vida afetiva das crianças e dos adolescentes. É o que me parece quando leio estas e outras notícias ou observo certos comportamentos da mídia e da escola com relação às atitudes dos mais jovens para ultrapassar suas fases ou faixas etárias mais pungentes e complexas. E para (me) assustar ainda mais, o jornal anuncia que, por causa das representações das pulseiras, ‘moradores de rua podem atacar as meninas na saída da escola; pedófilos podem se sentir à vontade para aliciar menores; e pode haver aumento nos crimes virtuais ligados ao sexo’. É correto? É correto sim! Mas também, invoca-se nestas afirmativas, a ‘teoria da conspiração’ tal a carga emocional expressa. As conseqüências elencadas acima devem ser discutidas por causa tanto das pulseirinhas e seu código, como também do uso excessivo da Internet, da crescente falta de limites em casa, da desvalorização da figura do professor, das mudanças no conceito de liberdade, do aumento do uso das drogas etc. O que de pronto me vem à mente ao ler a reportagem é que, ao se criar a teoria da conspiração, disfarça-se a existência de uma completa separação entre escola e família na formação dos sujeitos sociais. Ou não?

Em uma sociedade, o núcleo familiar é o eixo das primeiras redes sociais; é o ponto de onde as crianças e os adolescentes obtêm suas primeiras surpresas e descobertas da vida e da convivência; e é o espaço de onde começam a assimilar o que é certo, o que é errado e, graças a Zeus, o que é possível ser e fazer na realidade. Nele (e depois no núcleo escolar) estão vinculados conceitos e valores com as quais todos se relacionarão / relacionam na construção de seus próprios      núcleos afetivos. E destes núcleos, outros farão parceria em favor do desenvolvimento de suas personalidades, autonomias, criatividades e afetos, elementos importantes para determinação da confiabilidade e da convivência em comunidade. Em meio a este mundo de ‘exigências’ e aprendizados, pulularão / pululam vários pontos de rebeldia, transgressão e certa agressividade, muito relacionados aos desentendimentos dos mais jovens sobre ‘viver a realidade’ e, porque, em crescimento, em formação, em muitos casos, observam o mundo olhando para o próprio umbigo. Ou seja, crianças e adolescentes estão na fase de estranhar o mundo dos pais ou responsáveis (adultos) e escolhem viver por si ou pelo seu grupo, intensamente. Lembro muito do conceito de ‘aprender a aprender’, conhecem? Crianças e adolescentes são sujeitos, em sua maioria, ainda fora do campo de trabalho ou ainda dando os primeiros passos no mercado, e cujas mentes funcionam dentro das seguintes responsabilidades: os amigos, as diversões e os estudos. São sujeitos em fase de exposição visceral do corpo, dos desejos e dos sonhos. E, por isso, vivem a vida num forte vórtice do ‘experimentar’ ou do ‘se jogar’ no agora das oportunidades, principalmente, do prazer. ‘Amor está no ar’! Crianças e adolescentes, se os pais não sabem, saibam, são apaixonados pela vida porque a vida ainda não lhes pregou peças decepcionantes; porque a vida é conduzida nos riscos e em suas superações com heroicidade; e porque a vida é um jogo de emoções fortes ou de conquistas tão intensas quanto desejarem. Logo suas ‘rebeldias’ só acontecem quando podadas ou negadas estão suas necessidades mais prementes, mesmo as mais pueris, à toa ou sem diálogo. Para eles, é ‘tudo ao mesmo tempo agora’ cujo ‘depois’ ou ‘para depois’ ou ‘esperar um pouco’ não têm sentido, mas precisam ser respeitados pelos assumidos ‘adultos experientes’. 

Crianças e adolescentes, de 09 a 16 anos, estão despertados para os jogos dos amores porque sentem no corpo excitações diferentes diante dos outros. Em contrapartida, no mundo como o de hoje, em princípio, o que eles sentem é um certo tolhimento das suas condutas e de suas formas de pensar. Depois da fase infantil, a sensação deles é que tudo ‘não pode’, ou ‘não é certo’. Estão ‘crescidinhos’ e devem ter atitudes mais centradas, ter objetivos de vida e pensar no futuro. É certo? É certo, mas tudo isso leva tempo e só acontecerá com o compromisso dos tais ‘adultos experientes’ com grande cuidado e um bom respeito. Ou não? Mas cá entre nós, como você conheceu o amor, o sexo, a aventura, a paixão? Lembra-se de sua primeira vez na paixão, no sexo, no amor e na aventura? Ah, lembra sim e quase tenho certeza, foi um momento de transgressão forte dos valores passados pelos 'adultos experientes'. Lembra da sensação? Mesmo quando deu errado, lembra da sensação? Pois é, crianças, adolescentes e o sentido das suas pulseirinhas estão neste processo, estão potencializando criatividades, construindo novos códigos e representações, e deixando os 'adultos experientes completamente sem chão em suas certezas e opiniões. Que bom! Eu acho ótimo uma boa sacudida nas minhas formas de pensar e agir! E você, não? 

Não se esqueça disso! Lembre-se de seu tempo de adolescente! E analise a presença das pulseirinhas e seus filhos. Seu uso não está discutido, mas sim sua POSSÍVEL consequência. Segundo o jornal, ‘quando o menino arrebenta a pulseirinha, a menina precisa pagar a prenda, ou seja, consumar a ação correspondente’. Será que pagam mesmo? Será que suas conotações se efetivam mesmo? Será que isso precisa de tanto alarde? Na reportagem, o presidente do sindicato das escolas particulares      do Rio (Sinepe), Victor Notrica, é a luz no fim do túnel porque diz ‘cada escola, de acordo com sua metodologia, deve conversar com pais e alunos’. Ou seja, é a oportunidade de tecer mais diálogo entre escolas, responsáveis e ALUNOS; é a oportunidade de entender que os alunos (crianças e adolescentes) estão chamando atenção, provavelmente, para a falta de pontos de contato entre escola e família, e/ou na escola e na família; e é a oportunidade de professores mesclarem suas práticas de ensino com os interesses do aluno ou referendadas em seus cotidianos. Em suma, é a oportunidade da promoção do diálogo entre todas as partes interessadas! As crianças e os jovens, hoje em dia, dominam a linguagem de forma diferente e a driblam com muita facilidade, principalmente e a partir da forte presença e uso das ferramentas virtuais. Com isso criam contextos onde podem realizar suas fantasias e propalar novas formas de agir ou de demonstrar suas necessidades. É importante lembrar que as conseqüências e/ou dimensões de certos atos não são arquitetadas e nem mensuradas com muita antecipação; porém nem tudo é uma ‘tragédia grega’. O alarde pode alimentar a vontade de ‘contrariar’ e de realmente ‘partir para o abraço’! 

Muitas crianças ou adolescentes conhecem o sentido das pulseiras, mas as usam apenas como enfeite, por exemplo. É o que se lê no depoimento de alguns alunos, de 16 anos, do Pedro II, no mesmo jornal: eles gostam das cores, acham que ficam legais no braço, outras pessoas nunca tentaram arrancar suas pulseiras e acham que realizar a ‘prenda’ vai da ‘cabeça’ de cada um. Interessante é que até os pré-adolescentes observam as pulseiras como brincadeiras. E com certeza, muitos deles usam as pulseirinhas por influência dos outros ou para se sentirem aceitos no grupo. O que está se fazendo então? Aguçando a             curiosidade! Aguçando a vontade de experimentar! Aguçando a certas práticas escondidas ou conversadas / preparadas pelos ‘amigos’. Escola e família, de novo, podem não fazer parte deste movimento. Leitor, o que penso é o seguinte: crianças e adolescentes chamam a atenção da sociedade para solidão, para falta de atenção, para falta de diálogo, para falta de afetos crescentes em todos os setores nos quais estão imersos ou precisam se contatar. Levanta-se assim outra posição: a ascensão de certas violências nas escolas / na família, da presença de pedófilos, de tipos de bullying, da violência doméstica etc., ocorre porque, surpreendidos e sem saber o que fazer, os responsáveis agem abruptamente e demarcam o seu poder com proibições radicais. Ou seja, os responsáveis criam proibições ignorantes dos argumentos dos filhos. Por conseguinte, talvez, só o que façam é desenvolver desvios de conduta mais complicados e sujeitos menos conscientes de suas posturas na relação com o outro. Ou não?

Não há nada melhor do que observar, conversar, estar próximo, se fazer importante para um filho, com poucos gritos e imposições. É estar atento às suas mudanças, às vivências de situações estranhas e às suas dúvidas. É tentar esclarecer da melhor forma possível suas questões e estar presente quando procurado. Seu filho ou sua filha está usando pulseirinhas, piercings, cabelo estranho, roupa chocante? Seu filho ou filha tem amigos novos, atitudes novas, desejos novos? Seu filho ou sua filha passa muito tempo na internet, parou de brincar, usa muito o telefone, quer passar noites na casa de amigos/amigas? Relaxa! É fase. Atenção! É a fase. Aproxime-se e converse. Tenha (ou crie) sensibilidade para escutar. Seja invisível e verifique roupas, lugares, pessoas. Rotineiramente, torne-se exemplo. E seja feliz sem dramas! 

FOLHA DE LONDRINA – 20/04/2010
Conae: a educação na ordem do dia
 

Tive a oportunidade de participar recentemente (28 de março a 1º de abril), em Brasília, da Conferência Nacional de Educação (Conae). A etapa nacional da Conferência contou com a participação de aproximadamente 2.500 delegados e delegadas eleitos nas centenas de conferências municipais e estaduais de educação realizadas pelo País. Eles representaram vários segmentos da sociedade brasileira. Entre eles, o poder público, os gestores e educadores das redes públicas e privadas, pais e mães, estudantes, Ministério Público, o Legislativo e movimentos sociais. Os presentes participaram de um profícuo debate sobre a política educacional e prepararam as bases para a construção do Plano Nacional da Educação que estará em vigor nos próximos 10 anos. A sociedade tem, agora, um instrumento para ultrapassar o fácil e cômodo discurso da educação como redentora dos problemas do país. 

Este já virou senso comum. Políticos, governantes e a sociedade em geral o repetem como um mantra: ''A educação precisa ser prioridade''. No entanto, há ainda uma distância significativa entre o discurso e a realidade. Atualmente, temos no Brasil aproximadamente 14 milhões de analfabetos. Cerca de dois terços             da população não possuem o ensino fundamental completo. E, segundo dados de 2007 do próprio Ministério da Educação (MEC), apenas 12,81% dos brasileiros da faixa etária de 18 a 24 anos cursam o ensino superior. E menos de 50% da população de 15 a 17 anos cursam o ensino médio. 

A falta de investimentos sólidos na área tem comprometido tanto o acesso à escola, quanto a qualidade da educação ofertada aos brasileiros. Para materializar em políticas públicas o discurso mântrico da importância da educação, uma das principais definições da Conferência foi o da ampliação gradativa dos recursos a serem aplicados no setor. Hoje o Brasil aplica 4,7% do produto interno bruto (PIB) na área. O novo Plano Nacional de Educação prevê um aumento de 1% ao ano, em relação ao PIB, como forma de atingir, no mínimo, 7% do PIB até 2011 e, no mínimo, 10% do PIB até 2014. 

Outro destaque da Conferência foi a definição das bases para a construção de um Sistema Nacional Articulado de Educação. Este possibilitará que as políticas da área da educação deixem de ser políticas dos governos estaduais, municipais ou da União para se consolidarem como uma política estratégica do Estado brasileiro. Por meio de um Plano Nacional e um Sistema Nacional Articulado de Educação, o país estabelecerá metas, diretrizes e responsabilidades para os executores do Plano. Caberá à sociedade a tarefa de acompanhar e fiscalizar a sua aplicação, por meio dos mecanismos de participação social, como os conselhos estaduais e municipais de Educação. 

A Conferência aprovou outras medidas importantes. Entre elas, a necessidade da implantação do Piso Salarial Profissional Nacional (PSPN) e de planos de carreira para professores e funcionários; eleições diretas para diretores de escolas, a constituição do Fórum Nacional de Educação, a regulamentação do ensino privado, o fortalecimento dos conselhos de educação, além da reserva de 50% de vagas de acesso ao ensino superior para estudantes oriundos das escolas públicas, respeitando em cada Estado, o percentual de negros e indígenas. Saí da Conae com a convicção que, de fato, a sociedade brasileira pode estar construindo um novo país. Luiz Carlos Paixão da Rocha é professor da Rede Estadual de Educação do Paraná e diretor estadual de Imprensa da APP-Sindicato
 

ESTADO DE SÃO PAULO – 20/04/2010
Inflação do aluguel perde força e avança 0,50% na 2ª prévia de abril 

Matéria-primas no atacado influenciam taxa menor; medição é quase a metade do aumento de 0,91% apurado há um mês 

ALESSANDRA SARAIVA 

RIO - A segunda prévia do IGP-M subiu 0,50% em abril, quase a metade do aumento de 0,91% apurado em igual prévia do mesmo indicador em março. O resultado, anunciado nesta terça-feira, 20, pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), ficou dentro das estimativas dos analistas do mercado financeiro ouvidos pelo AE-Projeções, que esperavam uma elevação entre 0,40% e 0,56%, e foi igual à mediana das expectativas. 

A FGV informou ainda os resultados dos três indicadores que compõem a segunda prévia do IGP-M de abril. O Índice de Preços do Atacado (IPA-M) subiu 0,38% na prévia anunciada há pouco, após avançar 1,10% em igual prévia do mesmo índice em março. 

Por sua vez, o Índice de Preços ao Consumidor (IPC-M) teve alta de 0,50% na segunda prévia deste mês, em comparação com o aumento de 0,64% na segunda prévia do mês passado. Já o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) registrou taxa positiva de 1,25% na segunda prévia do indicador deste mês, após registrar elevação de 0,37% na segunda prévia de março. 

O resultado acumulado do IGP-M é usado no cálculo de reajuste nos preços dos aluguéis. Até a segunda prévia de abril, o IGP-M acumula aumentos de 3,29% no ano e de 2,61% em 12 meses. O período de coleta de preços para cálculo da segunda prévia do IGP-M do quarto mês do ano foi do dia 21 de março a 10 de abril. 

Matérias-primas no atacado puxam taxa menor do IGP-M 

A deflação nos preços das matérias-primas brutas no atacado (-0,44%) comandou a taxa menor da segunda prévia do IGP-M. Segundo o coordenador de Análises Econômicas da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Salomão Quadros, houve vários exemplos de quedas e desacelerações de preços no atacado que ajudaram a manter em desaceleração a taxa da segunda prévia de abril; mas o comportamento de preços das matérias-primas brutas foi destaque entre os produtos usados no cálculo da inflação atacadista. "Foi uma mudança muito forte; os preços das matérias-primas brutas subiam 1,61% na segunda prévia de março", lembrou o economista. 

De acordo com Quadros, um dos produtos que mais contribuíram para a taxa negativa de preços de matérias-primas brutas no atacado foi a laranja - que saiu de uma elevação de 28,39% para uma queda de 15,81% entre a segunda prévia de março e a segunda prévia de abril. O especialista lembrou que a oferta deste produto foi afetada por rumores de uma quebra de safra na Flórida (EUA). Isso elevou o preço do item por semanas no mercado doméstico brasileiro. 

"Parece que a quebra de safra que houve não foi tão intensa como as suspeitas apontavam; agora, a oferta começa a se regularizar, e os preços estão caindo", afirmou Quadros. Outros produtos que também estão ajudando a manter em queda os preços das matérias-primas brutas são aves abatidas frigorificadas, e cana de açúcar, que mostram quedas de 2,91% e de 1,22% respectivamente. 

Entre os bens intermediários no atacado, Quadros comentou que a inflação dos materiais para manufatura também está enfraquecendo (de 1,31% para 0,99%). Isso porque estes produtos estão sofrendo "ondas" de aumentos de preços, beneficiados pelo reaquecimento das demandas nos mercados interno e externo, no cenário pós-crise. "Estamos agora em uma curva menos acentuada desta onda, por assim dizer, e agora os preços estão subindo menos; mas isso não significa que não vão voltar a subir de forma intensa, nos próximos meses", alertou. 

Já nos bens finais, o especialista informou que houve quedas e desacelerações de preços em alimentos in natura (de 11,01% para 6,34%); e em alimentos processados (de 0,36% para -0,05%), o que também ajudou a manter baixa a taxa da segunda prévia do IGP-M de abril. 

Na análise da movimentação de preços entre os produtos no atacado, na segunda prévia do IGP-M deste mês, as altas de preço mais expressivas foram registradas em leite in natura (9,54%); feijão em grão (22,30%); e batata-inglesa (32,65%). Já as mais significativas quedas de preço, no atacado, foram apuradas em farelo de soja (-14,88%); laranja (-15,81%); e soja em grão (-3,47%). 

Varejo 

No varejo, o IPC-M acumula elevações de 3,25% no ano e de 5,07% em 12 meses - sendo que o IPC-M representa 30% do total do IGP-M. 

Segundo a FGV, a desaceleração na taxa do IPC-M, na passagem da segunda prévia do IGP-M de março para igual prévia do mesmo indicador em abril (de 0,64% para 0,50%), foi influenciada principalmente por um retorno à deflação nos preços de transportes (de 0,66% para -0,64%). Isso porque esta classe de despesa foi beneficiada por quedas de preços em combustíveis, como álcool combustível (-13,82%), e gasolina (-0,75%). Além disso, o preço de tarifa de ônibus urbano parou de subir (de 0,93% para 0,00%), no período. 

Das sete classes de despesa usadas para cálculo do indicador, três apresentaram decréscimos em suas taxas de variação de preços, da segunda prévia de março para igual prévia em abril. Além de transportes, é o caso de despesas diversas (de 0,15% para -0,06%); e de habitação (de 0,27% para 0,24%). Já os grupos restantes apresentaram aceleração de preços, ou deflação mais fraca. É o caso de alimentação (de 1,55% para 1,57%); vestuário (de -0,43% para -0,06%); saúde e cuidados pessoais (de 0,32% para 0,45%); e educação, leitura e recreação (de 0,12% para 0,13%). 

Entre os produtos pesquisados no varejo para cálculo da segunda prévia do IGP-M de abril, as altas de preços mais expressivas foram apuradas em leite tipo longa vida (8,90%); batata-inglesa (11,22%); e tomate (12,40%). Já as mais significativas quedas de preços foram registradas em álcool combustível (-13,82%); manga (-14,35%); e gasolina (-0,75%). 

Construção 

Na construção civil, o INCC-M acumula aumentos de 2,59% no ano e de 5,43% em 12 meses - sendo que o INCC representa 10% do total do IGP-M. 

De acordo com a FGV, a aceleração na taxa do INCC-M, da segunda prévia do IGP-M de março para igual prévia em abril (de 0,37% para 1,25%) foi influenciada por taxa de inflação mais forte nos segmentos de materiais, equipamentos e serviços (de 0,45% para 0,75%) e em mão de obra (de 0,28% para 1,80%), no mesmo período. 

Entre os produtos pesquisados, a FGV informou que as mais expressivas altas de preço na construção civil, na segunda prévia do IGP-M de abril, foram registradas em ajudante especializado (1,75%); servente (1,67%); e pedreiro (2,07%). Já as mais expressivas quedas de preços foram registradas em vergalhões e arames de aço ao carbono (-0,61%); ferragens para esquadrias (-0,23%); e massa corrida para parede - PVA (-0,66%). 

Produtos agrícolas 

Os preços dos produtos agrícolas no atacado subiram 0,59% na segunda prévia do IGP-M deste mês, em comparação com a alta de 2,92% apurada na segunda prévia do mesmo índice em março. A informação foi divulgada há pouco pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). De acordo com a FGV, os preços dos produtos industriais no atacado tiveram aumento de 0,32% na segunda prévia anunciada hoje, em comparação com a alta de 0,52% na segunda prévia de março. 

No âmbito do Índice de Preços por Atacado segundo Estágios de Processamento (IPA-EP), que permite visualizar a transmissão de preços ao longo da cadeia produtiva, os preços dos bens finais subiram 0,57% na segunda prévia de abril, após avançarem 0,91% na segunda prévia de março. Já os preços dos bens intermediários apresentaram aumento de 0,72% na prévia divulgada hoje, em comparação com a elevação de 0,97% na segunda prévia do IGP-M de março. Por fim, os preços das matérias-primas brutas tiveram taxa negativa de 0,44% na segunda prévia de abril, em comparação com a alta de 1,61% na segunda prévia de março.
 

Portal Universia – 19/04/2010
Acesso de índio à universidade ainda é pequeno

Somente 0,03% das vagas do Ensino Superior são destinadas a indígenas

LUCIANO TESTA

Neste Dia do Índio há pouco a se comemorar em termos de acesso dos povos indígenas ao Ensino Superior. O mais recente censo educacional realizado em 2008 pelo INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), do Ministério da Educação, mostra que o acesso os índios à universidade permanece muito baixo. Das 2.985.137 de vagas de Ensino Superior oferecidas pelas 2.252 instituições brasileiras, 1.093 foram destinada a índios, o que representa 0,03% do total. Essas vagas foram disputadas por 1.713 inscritos. Destes, somente 282 conseguiram ingressar. Além disso, a evasão é outro problema nessa equação que separa índios da universidade. De acordo com o Censo, apenas 13 conseguiram se formar. Com o objetivo de contribuir para a formação superior de povos indígenas, a Funai (Fundação Nacional do Índio) criou em 2004 seu primeiro convênio com uma universidade, na ocasião a UnB (Universidade de Brasília). Pelo acordo, a Funai repassa ao aluno um valor de apoio financeiro para que ele possa se manter na universidade. Neide Siqueira, coordenadora de apoio pedagógico da Funai, explica que os convênios feitos com as instituições de Ensino Superior visam proporcionar ao aluno condições melhores para que ele conclua o curso.

Atualmente, há pelo menos 16 conveniadas. "A Funai faz esse papel, libera bolsas de estudos para que o candidato indígena custeie suas necessidades enquanto estiver na faculdade, já que não há ainda hoje, pelo governo federal, um programa específico de apoio para a graduação desse povo", explica Neide. Ela diz também que por esse motivo, a fundação recebe anualmente um recurso vindo da União para a distribuição dessas bolsas de estudo. "Nosso intuito é que a situação de cotas para a população indígena melhore com o passar dos anos, mas ainda há uma necessidade muito grande de que as universidades abram mais vagas. Além disso, tentamos criar junto ao MEC essa política de ensino superior", diz Neide.

A UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), por exemplo, realizou neste ano seu primeiro vestibular destinado a indígenas brasileiros. A instituição ofereceu duas vagas para cada um dos cursos de Ciências Biológicas, Ciências Sociais, Enfermagem, Medicina e Odontologia, realizados em Belo Horizonte, e no curso de Agronomia, realizado no campus de Montes Claros. Segundo Carmena Polito Braga, pró-reitora adjunta de graduação da UFMG, as vagas para esses cursos não foram oferecidas por reserva de cotas. Elas são o resultado da abertura de novas vagas para cada curso. "Foram dois anos para a criação dessas vagas numa série de discussões que envolveram outros alunos indígenas da universidade, comunidades da região e professores que trabalham com comunidades indígenas. A partir disso, fizemos um diagnóstico de interesse entre a população indígena para saber qual era a área de maior necessidade, no caso a da Saúde", diz Carmena.

A universidade teve cerca de 220 candidatos inscritos pela Internet para este vestibular. Deste total, apenas 136 inscrições foram homologadas, já que muitos candidatos não enviaram a documentação necessária para a efetivação do registro. "Talvez pela falta de recursos para viajar e realizar a prova, tivemos apenas 79 candidatos, que concorreram por 12 vagas. A UFMG não ajuda financeiramente o candidato para que ele venha fazer a prova, só o auxiliamos depois que o aluno está matriculado", declara Carmena. A pró-reitora diz também que pelo convênio firmado com a Funai, os alunos receberão uma bolsa de R$ 300, além de moradia custeada pela Secad (Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade). Todos os alunos aprovados para este vestibular entregaram uma carta assinada no ato de sua inscrição, em que atestam que ao término do curso, voltarão às comunidades para atuar na área de sua graduação. Thais Juliana Palomilo, Pedagoga do Programa de Ações Afirmativas da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos), diz que os relatos mais frequentes são de alunos que pretendem voltar para sua aldeia e ajudar seu povo. "A maioria dos alunos que temos aqui têm o objetivo de se formar e voltar para suas comunidades. Eles relatam também a saudade que sentem de seus familiares, e o que pretendem fazer para ajudar seu povo", afirma ela.

Choque cultural - Além da dificuldade que muitos ainda têm em conseguir passar no vestibular, os índios se deparam com a mudança cultural e linguística encontrada dentro do campus. Para tentar ajudar nesse aspecto, há universidades que oferecem auxilio aos alunos, como é o caso da UFT (Universidade Federal do Tocantins). "Criamos um programa institucional de monitoria indígena. Escolhemos um aluno regular da universidade para se tornar orientador do colega indígena. Ao aceitar a tarefa, ele recebe uma bolsa de estudo e passa a ser orientado por um professor. Dessa forma, esse monitor acompanha o novo aluno em questões de língua  portuguesa e em outras áreas do conhecimento", explica Alan Barbiero, reitor da UFT, que também é presidente da Andifes (Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior). Barbiero acredita que não basta apenas dar espaço para a população indígena dentro da universidade. Segundo o dirigente, é importante garantir apoio pedagógico e financeiro para que eles possam ingressar na graduação. "Muitos alunos chegam à instituição sem conhecer muito da língua portuguesa. É preciso criar uma política de ensino para melhorar a educação básica nas aldeias, para que dessa forma eles tenham um tratamento igualitário e sem preconceito", defende Barbiero.

Para o advogado Vilmar Martins Moura Guarani, coordenador do Observatório de Direitos Indígenas, organização que trabalha para alisar o comportamento dos órgãos e instituições governamentais dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário em relação aos direitos fundamentais dos povos indígenas do Brasil, a inserção dos índios na universidade ainda é vista com muita deficiência. "Nas universidades ainda não se fala sobre legislação indigenista (marco legal que trata sobre a situação jurídica dos índios). As instituições não se abriram para esse conhecimento. Se fosse depender da formação que tive, não saberia nada sobre esse assunto", critica ele.

Guarani expõe que a questão do preconceito sofrido por alguns alunos dentro das instituições de ensino está relacionada com a região em que vivem. "O preconceito contra o indígena tende a ser maior nos lugares onde existe disputa de terra. Como não vim de uma área com esses aspectos, não sofri preconceito durante minha graduação", declara ele. Guarani diz também que não teve dificuldades para se adaptar ao Ensino Superior. "Mudei para Goiânia quando ainda cursava o 2º grau, então consegui me adaptar ao ensino sem muitas dificuldades quando ingressei na faculdade", resume ele, que atualmente faz mestrado em Direito Econômico e Socioambiental. Diferente do objetivo dos novos estudantes indígenas em voltar para suas comunidades, Guarani decidiu tratar de questões voltadas não só para sua antiga aldeia, mas também para todas outras. "Depois que me formei sempre ajudei de alguma forma o povo da minha comunidade. Em 1998, fui à aldeia ajudar a regularizar uma situação fundiária. Além disso, tento me interar de qualquer caso em que haja algum indígena envolvido para ajudá-lo a resolver".

PORTAL UOL EDUCAÇÃO – 19/04/2010
Universitários de São Paulo poderão atuar como voluntários nas eleições

ELAINE PATRICIA CRUZ

Estudantes universitários do Estado de São Paulo que se inscreverem como mesários voluntários nas eleições deste ano poderão reverter os dias de serviço prestados para a Justiça Eleitoral em horas de atividades complementares para as faculdades e universidades conveniadas com o TRE (Tribunal Regional Eleitoral). As horas trabalhadas nas eleições também poderão contar como critério de desempate em alguns concursos públicos que consideram o trabalho voluntário um diferencial. “As faculdades e instituições de ensino darão [aos alunos voluntários] horas como atividade complementar. Com isso, as instituições atenderão às diretrizes do Conselho Nacional de Educação, prestando contas como atividade complementar, os alunos conseguirão as horas para completar os cursos que estão fazendo e o TRE terá um mesário qualificado e comprometido”, disse o juiz da 1ª Zona Eleitoral Aloisio Sérgio Rezende Silveira, presidente da Comissão do Programa de Mesário Voluntário. As instituições de ensino superior parceiras do tribunal ficarão responsáveis em divulgar o programa aos alunos, pegando os nomes dos voluntários e encaminhando-os ao TRE.

“A eleição é um ato de cidadania e cidadania pressupõe a informação do que aquele ato representa. O mesário recebe esse eleitor e precisa dar todas as informações e dar a segurança necessária para aquele ato de             cidadania, que é muito importante. Um mesário, com essa qualificação [ensino superior], vai agilizar e dinamizar essa recepção [do eleitor]”, destacou o juiz. O programa Mesário Voluntário existe desde 2004 em São Paulo como uma alternativa para a convocação de eleitores. Só neste ano, cerca de 4,6 mil voluntários já se inscreveram como mesários em todo o estado. Agora, com a formalização da parceria com várias instituições de ensino superior paulistas, a idéia é diminuir ainda mais a necessidade de convocar pessoas para o trabalho eleitoral. Só em São Paulo, segundo a assessoria de imprensa do TRE, há necessidade de 300 mil mesários para o processo eleitoral.

FOLHA DE SÃO PAULO – 19/04/2010
Escolas de SP usam recreio para aplicar jogos e brincadeiras antigas

TALITA BEDINELLI

Escolas particulares de São Paulo começaram a organizar a brincadeira das crianças no recreio. Para substituir a correria habitual do intervalo, elas estão oferecendo espaços onde os professores ensinam a brincar com jogos de tabuleiro ou com brinquedos antigos. Há as que oferecem até cantos de leitura. O objetivo é transformar o recreio em um momento de aprendizagem. "Quando a criança aprende a brincar, ela aprende a respeitar regras, a saber esperar, a respeitar limites. A gente quer trabalhar a convivência", diz Regina Di Giuseppe, coordenadora do colégio Santo Américo (zona oeste), que oferece atividades no recreio desde o ano passado.

Para a educadora Marisa Elias, do curso de pedagogia da PUC-SP, a ação das escolas é positiva, mas os alunos não podem ser obrigados a participar. "Não pode impor, recreio é liberdade. A criança não pode sair de uma sala de aula e ter que sentar na cadeira para jogar xadrez durante o intervalo." As escolas dizem que as atividades não são obrigatórias, mas a              maioria dos alunos participa. O Pentágono do Morumbi (zona oeste) há cerca de um ano passou a oferecer seis estações de brincadeiras: jogos de tabuleiro, jogos de mesa (como xadrez), música e coreografia, jogos de quadra, brincadeiras folclóricas e leitura. Os alunos vão para a que preferem. O cantinho de que Arnaldo Rosim, 6, mais gosta é o de jogos de tabuleiro. A mãe diz que ele levou o gosto para casa. "Hoje ele chama a gente para brincar e passa menos tempo no computador, brincando sozinho", afirma Luciana Rosim.

A iniciativa das escolas é justamente uma espécie de contra-ataque ao vício das crianças pelo computador. "A gente percebe que hoje eles passam a maior parte do tempo entretidos com jogos eletrônicos e têm dificuldade de iniciar uma brincadeira. Eles estão sempre à espera de alguém propor", diz Mitzi Moniz, coordenadora pedagógica do Pentágono. Maria Angela Carneiro, do Núcleo de Cultura e Pesquisas do Brincar da PUC-SP, conta que há pouco tempo fez um experimento em uma escola que coordenava: pediu que as crianças  propusessem uma brincadeira. Ela se assustou quando viu os alunos colocarem o pé na parede e dizerem que estavam brincando de tomar sol. "Isso demonstra que há uma falta de repertório de brincadeiras." No "Cantinho do Brincar" do Santo Américo, professores propõem desafios de grupo, brincadeiras com massinhas, concurso de karaokê e até assembleias --para ajudar as crianças a expor as preferências com mais clareza. Brincadeiras antigas estão entre as mais procuradas. "Cabra-cega é muito popular", conta a aluna Isadora Monteiro, 10.

Vigilância - Nas atividades oferecidas pelas escolas, os professores ensinam as regras dos jogos e também supervisionam as brincadeiras. Com isso, o número de brigas diminuiu, contam. Maria Angela, professora da PUC-SP, afirma, no entanto, que as crianças deveriam ter mais liberdade. "Elas acabam esperando que o professor dirija tudo e perdem a oportunidade de ter autonomia. Podem virar adultos inseguros, que não sabem tomar decisão", alerta.

Observação: as notícias deste clipping são
meramente informativas, publicadas em jornais
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A DIRETORIA

CLAUDIO FONSECA
Presidente

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