23/04/2010 – CLIPPING EDUCACIONAL

NOTÍCIAS – FIQUE POR DENTRO

O ESTADO DE SÃO PAULO – 23/04/2010
Professor ruim reprime potencial de bom aluno, mostra estudo

Teste que controla para a variação genética entre estudantes destaca papel do professor 

Um professor ruim pode impedir que uma criança atinja seu pleno potencial. Essa é a conclusão de um estudo realizado pela Universidade Estadual da Flórida e publicado na edição desta semana da revista Science e que, segundo os autores, pode pôr fim ao debate sobre qual a influência predominante na educação, a qualidade do ensino ou a genética do aluno. "Quando as crianças recebem uma instrução melhor, elas tendem a se desenvolver em sua trajetória ótima", disse a psicóloga Jeanette Taylor, principal autora do trabalho. "Quando a instrução é menos eficiente, o potencial não é otimizado e as diferenças genéticas não se manifestam".  A psicóloga e seus colegas analisaram os desempenho de pares de gêmeos fraternos e univitelinos. Os univitelinos têm a mesma constituição genética e os fraternos, em média, partilham apenas metade dos genes. Os pesquisadores analisaram 280 pares de gêmeos univitelinos e 526 de fraternos, no primeiro e segundo ano de escolas de diversos ambientes sociais.

Usando as notas dos testes de fluência oral dos gêmeos, que avalia a capacidade de leitura, estimaram quanto da variação na capacidade de leitura era causada por fatores genéticos. Em seguida, usaram a nota média dos demais estudantes da classe para fazer um índice da qualidade dos professores. O resultado foi de que o potencial genético estimado dos estudantes só era atingido quando o índice de qualidade do professor também é alto. "Quando a qualidade do professor é muito baixa, a variação genética é reprimida, enquanto que, quando a qualidade é muito alta, a variação genética floresce". Os autores destacam que outros fatores, como colegas de classe e os recursos físicos da escola também podem influenciar o resultado, mas que ignorar o impacto da qualidade do professor em favor de outros fatores seria "uma oportunidade perdida". 

GAZETA DO POVO - 23/04/2010
Longe da escola, mas não dos estudos
 

Programas específicos impedem que alunos doentes afastados temporariamente da sala de aula sejam prejudicados

ANA CAROLINA NERY 

Uma fratura, catapora, pneumonia e dias e dias em casa ou internado em um hospital. Em situações em que os afastamentos da escola não são previstos, que na maior parte das vezes ocorre por problemas de saúde, os pais têm papel fundamental e devem recorrer à instituição para que o aluno não seja prejudicado com a perda de conteúdos e provas. O estabelecimento de ensino, por outro lado, deve oferecer programas de auxílio a esses estudantes, para evitar defasagens. “Nem sempre o estudante tem essa noção. Há casos em que ele é prejudicado pela negligência da família, que não procura esse programa”, afirma o diretor do Colégio Estadual Barão do Rio Branco, Paulo Billó. Segundo ele, a instituição não tem registros de reprovação ou abandono do ano letivo por consequência de afastamento. Os alunos do Barão do Rio Branco, assim como de todos os colégios da rede estadual do Paraná, são auxiliados pelo Serviço de Aten­di­mento à Rede de Escolarização Hospitalar (Sareh), com representantes em vários hospitais do estado. Se o caso não for de internamento, os professores vão até a casa do estudante. 

De maio de 2007, quando foi criado, até o fim  do ano passado, cerca de seis mil alunos foram atendidos em hospitais pelo Sareh, que conta com uma pedagoga hospitalar e três professores em todas as disciplinas. “Queremos manter o interesse do aluno pelo estudo. O acompanhamento é organizado entre pais e pedagoga, com tarefas propostas pela escola”, diz a chefe de gabinete da Secretaria de Estado da Educação, Cinthya Menezes.

Escolas particulares - Não há uma legislação que obrigue as escolas particulares a terem um programa de apoio aos estudantes afastados, segundo o Sindicato das Escolas Particulares do Paraná (Sinepe-PR). “Mas a escola que não tem deve cuidar de cada caso, pois todas elas têm a obrigação de dar condições para que o aluno continue estudando e seja aprovado.” No Colégio Santa Teresinha do Menino Jesus cada caso é avaliado para determinar o que será feito para o aluno. A escola oferece, sem custo extra, atendimento domiciliar e em hospital, e, neste último caso, segue normas da Secretaria de Estado da Saúde. “Além disso, tudo o que é trabalhado em sala de aula pode ser encontrado no portal de internet da escola, assim como indicações de fontes de pesquisa. O conteúdo também pode ser levado pela própria família e há atividades de contraturno, para casos simples”, diz a diretora pedagógica, a Irmã Lúcia Mangolim. Ela explica que, se ainda houver defasagem, é oferecida assistência pedagógica extra.

Recuperação - O acompanhamento é benéfico não só para manter o aprendizado em dia, mas também para elevar a autoestima dos estudantes. O educador Claudio Teixeira, coordenador de Educação e Cultura do Hospital Pequeno Príncipe, afirma que, apesar de não haver pesquisas científicas que comprovem a eficácia, percebe-se um retorno altamente positivo das próprias crianças, dos pais e da equipe médica, que sentem os bons efeitos na recuperação. “A adesão e reação ao tratamento são muito melhores entre os pacientes que continuam estudando. Enquanto os profissionais da saúde cuidam da doença, cuidamos da parte saudável, sempre dentro das possibilidades de cada estudante. Eles mantêm sua autonomia e não perdem o vínculo com o mundo lá fora”, diz. Além do currículo padrão das escolas, a equipe oferece várias atividades extras, como inclusão digital, artes plásticas, leitura, música e língua estrangeira.
 

JORNAL DA TARDE – 23/04/2010
Escolas adotam uniforme ‘fashion’
 

Mudança atende desejo dos pais por peças mais duráveis e dos alunos, por roupas mais modernas 

LUÍSA ALCALDE 

O antigo uniforme escolar - quase sinônimo de calça de helanca e camiseta básica de malha - ressurgiu moderninho este ano nos corredores de muitas escolas particulares da capital. 

O traje agora é confeccionado em diferentes tipos de tecidos, segue tendências da moda e tem peças mais seguras e duráveis. Também somaram-se a ele acessórios como cachecol, gorro, luvas, bonés e até roupão de banho, sunga e maiô para aulas de natação. Tudo com o logotipo do colégio. A Escola Viva, por exemplo, no Brooklin, zona sul, criou charmosos vestidinhos coloridos para a educação infantil. 

A mudança foi feita após a Associação Brasileira do Vestuário (Abravest) criar o Promovest (Projeto de Modernização do Vestuário Escolar), para repaginar as peças, há 1 ano e meio. “Era uma antiga insatisfação de pais, alunos e diretores”, diz Roberto Yokomizo, coordenador do estudo. 

Segundo ele, pais e diretores pediam peças duráveis, que não encolhessem e desbotassem com facilidade, seguras e sem diferenças de tons de cor. “Como a maioria das mães trabalha fora, um dos principais pedidos foi de roupas em tecido que pudesse ser usado na secadora ou que não precisasse ser passado a ferro”, comenta. 

Já os alunos, diz ele, pediam roupas com tendências “fashion” parecidas com as compradas em shoppings. “Hoje em dia, eles passam mais tempo nos colégios, em turnos integrais”, diz. Meninos queriam bermudões folgados e camisas polo. As meninas, peças mais justas e com elasticidade. 

O resultado foi a criação de uma norma com requisitos de desempenho e segurança homologada no fim de 2009 pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). “Não é uma imposição. Segue o fabricante que quiser.” 

Os botões dos casacos não devem soltar facilmente porque podem ser engolidos por alunos pequenos. Os zíperes têm de ter proteção interna para não machucar a pele das crianças. E o cordão do capuz das blusas foi transformado em elástico autoajustável. 

“Sempre nos preocupamos com o risco de o cordão ficar preso a um brinquedo no parquinho e causar acidentes sérios, como enforcamento”, diz Fátima Trindade, diretora do Colégio Pio XII, no Morumbi, zona sul. 

Além da norma, o grupo criou uma cartela de cores que deverá ser seguida pelos fabricantes para garantir a padronização de diferentes tecidos, além do compromisso de darem continuidade aos tecidos escolhidos. “Virava o ano e, na hora de os pais comprarem peças novas, não tinha a mesma tonalidade do ano anterior ou o tipo de tecido não era mais fabricado”, comenta Fátima. 

Os tecidos para as aulas de educação física ou esporte seguem agora as mesmas tendências tecnológicas dos uniformes dos atletas profissionais, com proteção antibactéria, por exemplo. 

OS UNIFORMES NA HISTÓRIA 

A moda de cada época sempre influenciou na escolha dos modelos adotados pelos colégios. No século XIX, a inspiração era a igreja. Uma fotografia tirada em 1888 mostra alunos do Colégio Caraça, tradicional escola de Minas Gerais, trajados com uma espécie de batina escura usada pelos internos inspirada nos modelos usados pelos padres. 

A imagem é uma das que estão no livro “A História do Uniforme Escolar no Brasil”, que tem como um dos autores o jornalista Furio Lonza e conta a evolução dessa vestimenta tendo como fio condutor a história do ensino brasileiro. 

A partir do século XX, os uniformes escolares ganharam sofisticação: os estudantes frequentavam as aulas de terno completo e gravata e as meninas usavam vestidos elegantes. 

Com a democratização do ensino no Brasil, nas décadas de 40 e 50, o uso do uniforme tornou-se obrigatório. A primeira escola no País a adotar o uso de uniforme foi o Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro, cujos modelos datam de 1850. Tratava-se de uma versão simplificada da farda militar. 

O Colégio Sion, em Petrópolis, no Rio, no começo do século 20, utilizava um modelo igual ao das escolas francesas. O uniforme da época indicava as estudantes que estavam aprendendo etiqueta e boas maneiras à francesa.

PORTAL TERRA EDUCAÇÃO – 23/04/2010
Dois bilhões de laptops podem ser insuficientes para educar

Randall Stross 

A fundação One Laptop Per Child (OLPC) é uma organização sem fins lucrativos que pensa grande. Desde 2007, vem vendendo computadores laptop de baixo preço e alta resistência a governos de países em desenvolvimento. O objetivo é permitir que cada uma dos dois bilhões de crianças nos países em desenvolvimento tenha um laptop. O avanço vem sendo lento. Cerca de 1,6 milhão de laptops produzidos sob os auspícios da organização foram distribuídos até o momento, disse Matt Keller, vice-presidente de operações mundiais da organização, sediada em Cambridge, Massachusetts. Hoje, as maiores concentrações de máquinas do grupo estão no Uruguai (cerca de 400 mil), Peru (280 mil), Ruanda (110 mil), Haiti e Mongólia (15 mil cada). Em 2006, o site da organização definia seu laptop como uma tecnologia que "pode revolucionar a maneira pela qual educamos as crianças de agora". Hoje, a organização já não fala em revolucionar. O site agora adota termos mais discretos, e propõe "desenvolver um recurso essencial crianças bem educadas e preparadas". "O maior obstáculo a que levemos nosso sonho adiante é o custo", diz Keller.

Até agora, 90% das máquinas distribuídas foram pagas pelos governos dos países destinatários, cujos recursos são extremamente limitados. Perguntei a Keller se os proponentes da ideia não haviam reconsiderado a meta de "um computador por criança". "Um laptop por classe" certamente não é um slogan tão inspirador, mas talvez seja melhor difundir mais os benefícios em curto prazo, ajudando uma proporção maior dos quase dois bilhões de crianças que não foram beneficiadas. Ele declarou que uma mudança como essa estava fora de questão. "Um para um, crianças e laptops a natureza interativa da experiência está no cerne daquilo que fazemos", ele disse. Quando uma criança é dona de um laptop, o horário escolar na prática cresce de algumas horas para 12 ou 14 horas diárias todo o tempo em que a criança estiver acordada, e não importa onde. Alguns pesquisadores da Microsoft na Índia estão estudando como permitir que as crianças usem         melhor os computadores já distribuídos, mesmo que esse uso seja compartilhado. Em um dos projetos, programadores da Microsoft desenvolveram um software que encaixava múltiplos cursores na tela, permitindo que estudantes competissem ou colaborassem para responder perguntas de múltipla escolha. A ideia foi bem recebida nas escolas, e a Microsoft deu ao produto gratuito o nome de MultiPoint. "Por brincadeira, apelidamos o projeto de 'um mouse por criança'", diz Kentaro Toyama, que dirigiu a empreitada durante os cinco anos que passou no grupo de tecnologia para mercados emergentes, parte da divisão de pesquisa da Microsoft na Índia. 

Toyama conquistou um doutorado em ciências da computação na Universidade Yale, se demitiu da Microsoft em dezembro e agora está pesquisando na Escola de Informação da Universidade da Califórnia em Berkeley. Ele vem realizando palestras em universidades norte-americanas sobre a "utopia tecnológica" que vê em iniciativas como a do projeto One Laptop Per Child, ou Classmate PC, da Intel, e até mesmo no MultiPoint. Ele diz que essas iniciativas se baseiam no mito de que "a tecnologia é o gargalo, nos países em desenvolvimento". Muitas outras coisas também representam gargalos, diz ¿ entre as quais limitações institucionais, situação econômica, infraestrutura básica de serviços e situação política. E tecnologia tampouco deve ser entendida como sinônimo de educação. "Inicialmente, tínhamos a ideia de que um computador seria capaz de compensar o absenteísmo ou mau treinamento dos professores", disse. "Mas estudos sobre o uso escolar de computadores pessoais mostram resultados na melhor das hipóteses contraditórios. A maioria demonstra que uma boa escola, com bons professores, tem usos positivos para computadores, mas não bastam computadores para consertar os problemas das más escolas". 

Ao descrever o lado utópico dessas ideias de avanço via tecnologia, ele disse que "em resumo, todo mundo está em busca de um         atalho". Keller afirma, sobre a declaração de Toyama, que "não existe solução mágica, ele tem razão". Mas Keller argumenta que boa alfabetização e acesso à informação são pré-requisitos para o crescimento econômico e político, e que "a tecnologia pode ajudar a fomentar essas coisas". Entre os problemas de infraestrutura que a equipe de pesquisa da Microsoft viu na Índia rural está a baixa confiabilidade da rede elétrica. Isso levou outro grupo de pesquisa da empresa a oferecer aos agricultores de um distrito via celular e mensagem de texto a mesma informação que eles podem obter com o uso de computadores. Muitos dos laptops distribuídos pela fundação One Laptop Per Child estão equipados com paineis solares que recarregam a máquina em três horas e permitem quatro a seis horas de uso. Keller disse que no começo do ano que vem será lançado um novo modelo com consumo ainda menor de energia. As novas máquinas poderão ser carregadas rapidamente, por meio de uma manivela. Acionar a manivela por um minuto permitirá usar o computador por 10 minutos. 

Keller conta algumas histórias comoventes sobre suas visitas a aldeias que receberam laptops ¿ e sobre a facilidade natural que as crianças de todo o mundo demonstram no uso de laptops. "Estive em Ruanda, onde o laptop foi introduzido em um ambiente no qual antes não havia quaisquer aparelhos eletrônicos", conta, "e em três ou quatro dias havia meninos e meninas de oito e 10 anos usando os aparelhos de forma tão efetiva e eficiente quanto eu". Agora ele está tentando conquistar verbas do governo dos Estados Unidos para oferecer a todas as crianças do Afeganistão laptops com acesso à internet. Ao preço de US$ 250 por laptop, o projeto custaria US$ 750 milhões. Em Cabul, ele diz, o ministro da Educação afegão lhe disse que o projeto permitiria que "meninas estudem e se conectem da segurança de suas casas". É uma visão quase irresistível, mas um cético poderia apontar para as lições da História e lembrar que a tecnologia jamais funciona de forma isolada.

Tradução: Paulo Migliacci ME


PORTAL IG EDUCAÇÃO – 21/04/2010
Mais de 830 mil estudantes terão atendimento para superar defasagem escolar

Alunos do ensino fundamental de escolas públicas de 1.179 municípios que estão em séries ou anos incompatíveis com a idade cronológica terão de maio a setembro atendimento específico para superar a defasagem escolar. Segundo o Ministério da Educação, serão atendidos 833.315 estudantes do primeiro ao quinto ano nas cinco regiões do País. Segundo o coordenador-geral de tecnologias educacionais da Secretaria de Educação Básica (SEB) do MEC, Raymundo Machado Ferreira Filho, a correção de fluxo escolar será feita com o uso de tecnologias educacionais desenvolvidas pelos institutos Ayrton Senna e Alfa e Beto e pelo Grupo de Estudos sobre Educação, Metodologia de Pesquisa e Ação (Geempa). O MEC pré-qualificou estas tecnologias.

Antes de iniciar as atividades com os alunos, os institutos e o Geempa fizeram um diagnóstico detalhado da realidade de cada escola e organizaram a capacitação dos professores. A formação dos educadores, segundo o coordenador, está em fase de conclusão.

Durante as atividades com os alunos, entre maio e setembro, os professores serão         acompanhados pelas instituições executoras dos projetos. De outubro a dezembro, os institutos e o Geempa fazem a avaliação do processo de correção de fluxo escolar e entregam os relatórios ao MEC. De acordo com o MEC, o investimento na aplicação de tecnologias na correção do fluxo escolar é uma resposta aos pedidos formulados pelos municípios nos planos de ações articuladas (PAR), em 2007 e 2008. A prioridade no atendimento é das redes municipais com baixos índices de desenvolvimento da educação básica (Ideb), aferidos em 2005 e 2007.


FOLHA DE SÃO PAULO – 22/04/2010

Cresce falta de vagas no ensino infantil de SP
Atraso na entrega de escolas na rede municipal leva ao corte de lugares na pré-escola; matrículas em creches sobem, mas fila aumenta. Zerar deficit de vagas até o final de 2012 é uma das principais promessas de campanha do prefeito Gilberto Kassab (DEM
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FÁBIO TAKAHASHI DA REPORTAGEM LOCAL

 A fila de espera por um lugar em creches e pré-escolas na rede municipal de São Paulo ganhou 22 mil crianças a mais neste ano -o fim do deficit de vagas na educação infantil foi uma das principais promessas de campanha do prefeito Gilberto Kassab (DEM). A lista, que já tinha 101 mil nomes, chegou a 123 mil em março deste ano. Do novo contingente, 11 mil estão em busca de creche (0 a 3 anos) e outras 11 mil, de pré-escola (4 a 5). A fila por creche aumentou apesar de a prefeitura ter feito 7.000 matrículas a mais neste ano. Na pré-escola, porém, ela cresceu porque o governo fechou vagas em escolas com excesso de alunos. O corte ocorreu para reduzir o tamanho das turmas, eliminar o terceiro turno em algumas unidades e redistribuir a rede conveniada, que passou a priorizar creche. A ideia era compensar o corte com novas unidades, mas as obras atrasaram. Das 142 escolas anunciadas no ano passado (85 mil vagas previstas), só oito estão em construção. O resto deve ser entregue só em 2011.

Com isso, o total de matriculados em pré-escola recuou de 308 mil para 285,8 mil neste ano -22,2 mil vagas a menos. O relatório é o primeiro em que há corte de matrícula e alta do deficit. "Não acho bom criança fora da escola. Tanto que construímos 63 Emeis [pré-escolas]. Mas não posso deixar a escola um depósito, como era", disse à Folha o secretário da Educação, Alexandre Schneider. "Já melhoramos muito." Schneider disse que esperava que o plano de obras "caminhasse mais rapidamente". Segundo ele, houve dificuldade em encontrar terrenos disponíveis e conseguir as licenças para a construção. Sobre o aumento da demanda em toda rede, ele diz que a própria expansão faz a fila aumentar. "O pai começa a ver como possível a matrícula." "O sistema precisa de planejamento adequado. Houve erro na previsão", diz o pesquisador Rubens Camargo, da Faculdade de Educação da USP. "A prefeitura deve se organizar para não seguir nessa omissão", afirma o defensor público estadual Flávio Frasseto.

Sem trabalhar - Segundo o governo, nenhum aluno que estava na rede perdeu a vaga, mas o corte impediu que crianças entrassem no sistema e tornou mais difícil a vida de Eduardo, 4. "Ele está na fila há quase um ano. Não trabalho, não tenho onde deixá-lo", diz Rosilene dos Santos Silva, 32, do Jd. Felicidade (zona norte). Pesquisas indicam que quem cursa o infantil tem resultados melhores em toda a vida escolar. Segundo a prefeitura, a migração das crianças de seis anos do infantil para o fundamental neste ano não tem impacto na queda das matrículas (quase todas crianças dessa idade já iam para o fundamental).


PORTAL UOL EDUCAÇÃO – 19/04/2010
Universitários de São Paulo poderão atuar como voluntários nas eleições

ELAINE PATRICIA CRUZ

Estudantes universitários do Estado de São Paulo que se inscreverem como mesários voluntários nas eleições deste ano poderão reverter os dias de serviço prestados para a Justiça Eleitoral em horas de atividades complementares para as faculdades e universidades conveniadas com o TRE (Tribunal Regional Eleitoral). As horas trabalhadas nas eleições também poderão contar como critério de desempate em alguns concursos públicos que consideram o trabalho voluntário um diferencial. “As faculdades e instituições de ensino darão [aos alunos voluntários] horas como atividade complementar. Com isso, as instituições atenderão às diretrizes do Conselho Nacional de Educação, prestando contas como             atividade complementar, os alunos conseguirão as horas para completar os cursos que estão fazendo e o TRE terá um mesário qualificado e comprometido”, disse o juiz da 1ª Zona Eleitoral Aloisio Sérgio Rezende Silveira, presidente da Comissão do Programa de Mesário Voluntário. As instituições de ensino superior parceiras do tribunal ficarão responsáveis em divulgar o programa aos alunos, pegando os nomes dos voluntários e encaminhando-os ao TRE.

“A eleição é um ato de cidadania e cidadania pressupõe a informação do que aquele ato representa. O mesário recebe esse eleitor e precisa dar todas as informações e dar a segurança necessária para aquele ato de cidadania, que é muito importante. Um mesário, com essa qualificação [ensino superior], vai agilizar e dinamizar essa recepção [do eleitor]”, destacou o juiz. O programa Mesário Voluntário existe desde 2004 em São Paulo como uma alternativa para a convocação de eleitores. Só neste ano, cerca de 4,6 mil voluntários já se inscreveram como mesários em todo o estado. Agora, com a formalização da parceria com várias instituições de ensino superior paulistas, a idéia é diminuir ainda mais a necessidade de convocar pessoas para o trabalho eleitoral. Só em São Paulo, segundo a assessoria de imprensa do TRE, há necessidade de 300 mil mesários para o processo eleitoral.

Prioridade é dar qualidade para aluno, diz secretário

Titular da pasta de Educação diz que enfrentou problemas na construção de escolas. Schneider diz que é possível cumprir promessa de zerar déficit, só que levando em conta a demanda menor de 2008, época da campanha

DA REPORTAGEM LOCAL

O secretário da Educação, Alexandre Schneider, diz que sua prioridade é oferecer ensino de qualidade às crianças. O problema, afirma, foi o atraso na construção de escolas. (FT)

FOLHA - Por que caiu a matrícula?

ALEXANDRE SCHNEIDER - Em 67 Emeis [pré-escolas], reduzimos de três para dois turnos, o que aumentou a jornada dos alunos de quatro para seis horas. Todos reclamavam que quatro horas eram insuficientes, do ponto de vista pedagógico e familiar, pois a mãe precisa trabalhar. Em 440, diminuímos os alunos por turmas. A média era 37, 40. Agora, 30. Aumentamos a rede, construímos 63 Emeis desde 2005, mas, pela reorganização, diminuíram as matrículas. A gente poderia continuar fazendo rodízio de classe, entupir as salas, manter os três turnos. Mas aí estaríamos fingindo que há uma escola, fazendo dela um depósito de crianças. Colocar criança na escola a qualquer custo foi o que gerou escola de lata, três turnos, rodízio de sala. O provisório que durou muito.

FOLHA - Quem está na escola pode estar melhor, mas outras estão fora.

SCHNEIDER - Há menos crianças fora da escola hoje do que em 2008. E estamos com oito escolas em construção. Também devemos lançar em breve um plano com mais 134 escolas.

FOLHA - As obras não deveriam ter sido entregues antes?

SCHNEIDER - A organização das escolas precisa ser feita em setembro. O ideal era que o plano de obras avançasse na velocidade da reorganização. Esperava que caminhasse mais rapidamente, mas tivemos problemas. E a demanda superou as expectativas, 30% das crianças na fila se inscreveram neste ano. A expansão causa aumento da demanda, o pai começa a ver como possível a matrícula.

FOLHA - Ainda é possível cumprir a promessa de zerar o déficit?

SCHNEIDER - No caso da pré-escola, certamente, e com seis horas para todo mundo, considerando a demanda de dezembro de 2008 [menor que a atual; a restrição não foi citada na campanha]. Nas creches será mais difícil, mas é possível.

Pré-escola ainda está distante da universalização

SALOMÃO XIMENES ESPECIAL PARA A FOLHA

A CIDADE de São Paulo chega ao fim da década oferecendo vagas em creches a apenas 23,6% das crianças com idade entre zero e três anos. Tal quadro de exclusão ganha contornos de ilegalidade quando lembramos que o atual Plano Nacional de Educação estipula o atendimento de 50% dessa população até 2010. Não à toa, 78 mil crianças estão cadastradas esperando a abertura de vagas em creches, e 45 mil aguardam oportunidade em pré-escolas. Muitas outras nem sequer são cadastradas. Esse é certamente o principal desafio do município no campo educacional. Os dados oficiais sobre matrículas e demanda fortalecem nossa convicção a respeito da insuficiência dos esforços da      administração municipal. Primeiramente, preocupa-nos a diminuição drástica, entre 2009 e 2010, do já insuficiente ritmo de expansão de novas vagas em creches -foram ampliadas 7.318 matrículas, sendo que em muitos distritos os dados registram estagnação e até redução. Outra preocupação é a redução global das matrículas em pré-escolas -em 2010 são 22.213 matrículas a menos nessa etapa.

No caso de São Paulo, a agenda de universalização do acesso à pré-escola precisa enfrentar uma dura realidade -a grande maioria das pré-escolas funciona em três turnos diários, com o chamado "período intermediário" (das 11h      matriculadas um tempo de escolarização às 15h), oferecendo à maioria das crianças incompatível com suas necessidades e direitos. Portanto, universalizar o acesso requer incluir quem está fora e eliminar o "turno intermediário". Isso implicaria, por baixo, 100 mil novas vagas para crianças de quatro e cinco anos. Os desafios requerem planejamento participativo de médio prazo, a ser expresso num plano público de expansão e qualificação da rede de educação infantil, que preveja maximização dos recursos e investimentos contínuos na rede pública estatal em detrimento da atual política de terceirização. SALOMÃO XIMENES , advogado e mestre em educação, é assessor da ONG Ação Educativa


Aumento da jornada beneficia aprendizagem

ZILMA DE OLIVEIRA ESPECIAL PARA A FOLHA

JÁ há muito conhecimento acumulado sobre como promover uma educação infantil de qualidade. O desafio de colocar tal conhecimento em ação nas políticas públicas da área está mobilizando São Paulo, município que tem a maior rede de creches e pré-escolas do país (denominadas CEIs e Emeis). Entre os pontos que assegurariam um incremento nas práticas pedagógicas nas instituições municipais de educação infantil está a presença de um processo continuado de formação dos educadores, o apoio para a construção em cada unidade de uma programação de atividades estimulantes da aprendizagem e do desenvolvimento das crianças e uma             organização dos tempos e espaços das instituições que possibilite às crianças ganhos nesse processo.

Os pontos relativos à formação continuada e à programação curricular vêm tendo encaminhamento significativo. Em relação à reorganização dos tempos e espaços, outras medidas estão sendo tomadas. O crescimento da matrícula de crianças na faixa etária de zero a três anos nos CEIs, que têm um atendimento de dez horas diárias, tem como efeito a demanda por uma permanência maior das crianças de quatro e cinco anos nas Emeis. O aumento da jornada da Emei de quatro para seis horas diárias pode oferecer significativo   apoio às crianças e suas famílias. Essa ampliação do tempo de permanência na Emei abre possibilidades para trabalhar mais as aprendizagens básicas em espaços diversificados e apropriados para a brincadeira, as refeições, as atividades, o descanso e a conversa. No novo modelo, acertadamente, a redução do número de crianças por sala já está ocorrendo. O direito à proteção e à educação se concretizam pela adoção de políticas que impõem o esforço cotidiano da promoção das melhores condições para o desenvolvimento da criança.

ZILMA DE OLIVEIRA é pedagoga e membro do Conselho Municipal de Educação de São Paulo


GAZETA DE CUIABÁ – 22/04/2010
Educação e desenvolvimento nacional

HÉLCIO CORRÊA GOMES

O IBGE aponta (dados disponíveis de 2007/2008) que a escolarização nacional teve evasão escolar de 4,5%. Ela (evasão), junto com a má qualidade do ensino fundamental, traz perspectiva decenal nada promissora ao país. Fator que refletirá diretamente na qualificação da mão-de-obra - necessária ao desenvolvimento da nação. Segundo, o economista da FGV, Marcelo Néri teremos logo um apagão da mão de obra qualificada - se mantiver tal tendência. E intocável o perfil intelectual dos jovens nacionais. Tudo prejudicando os investimentos sociais e privados. Enfim, o sistema educacional encontra-se retroalimentando dos próprios dejetos ou defeitos.

O fragilizar do ensino fundamental reflete no ensino universitário. E coíbe no profissionalizante a apropriação do entendimento criativo e técnica avançada - disponível. Afinal, não se constrói o pensamento estruturado e reflexivo, que proporciona comportamento ético e científico sem a base filosófica ou religiosa. Além do que as universidades apenas aprimoram o pensar lógico com comportamental social. O aluno continua com seu pensar empobrecido ou fundado apenas na lógica concreta. E tem dificuldade imensa para aprimorar-se na lógica abstrata. E não há como no ensino superior obter junto com as técnicas capacidade mais     refinada de reflexão. O que redunda num profissional tecnicamente bom, mas sem compromisso com o futuro. Nas empresas tal bom técnico não economiza, não cria e mantém aquela lógica nefasta - que o que importa sou eu. E cada dia mais se tem na empresa nacional que importar tecnologia e pensamento de quem sabe viver em coletividade e possui alto compromisso humanitário.

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - Lei nº 9394/96 propôs mudanças significativas. Melhorou exercício da docência. Da formação continuada. Fixou conjunto de habilidades para se obter um aluno mais competente e humano. Têm parâmetros curriculares mais práticos ou adequados. Contudo, muito pouco em termos de volume necessário se fez de modo governamental. O governo federal agiu muito no marketing e continuou o Brasil entre os piores do mundo no ensino fundamental. A escola, ainda, continua a fabricar contingentes que mal sabem ler com coerência. O raciocínio lógico não está ao alcance da grande maioria dos discentes. E politicamente como formar conjunto de bons técnicos e criativos com tal situação educacional extremamente frágil. Os jovens, ainda, elegem os heróis no Big Brother 2010. As mocinhas vestem uniformes chiques das            novelas - adquiridos nos shoppings (regulares ou populares). Todos parecem com os pneumáticos - robustos e fortes, mas todos iguais nas qualidades e defeitos.

A propaganda do governo federal indica aumento nos índices do Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) como movimento apenas ilusionista. Enquanto no mercado só sobrevivem os técnicos que adquiriram méritos e sabem trabalhar em equipes com criatividade e inventividade, o Brasil continua promovendo automaticamente o aluno de série em série, do básico ao ensino superior. E produzindo por ciclos reiterados alunos sem saber pensar ou sequer escrever corretamente. E faz conjunto de técnicos que dificilmente podem suprir sua própria carência de conhecimento - além da técnica em si mesma, o que causa enorme prejuízo para sociedade. Tudo caminhando para um inevitável apagão da mão-de-obra hábil e necessária mercadologicamente - antevisto para 2020. E ficamos todos estacionados junto com o Ministério da Educação (MEC) no tempo retrogrado ou inútil. Dourando a pílula do ensino regular e profissionalizante. E esperando quiçá os resultados da catástrofe educacional e empresarial brasileira, cuja promessa antevista será de bons prejuízos ao Brasil - enquanto nação emergente.


FOLHA DE SÃO PAULO – 22/04/2010
Salários na educação paulista

É preciso considerar a bonificação por resultados e a política de valorização pelo mérito na remuneração dos professores de São Paulo

PAULO RENATO SOUZA

MATÉRIA publicada nesta Folha no dia 1º deste mês compara as remunerações iniciais dos professores nos Estados brasileiros. A manchete dizia que São Paulo caiu quatro posições nesse ranking, estando agora na 13ª posição. A propósito, é oportuno lembrar que a remuneração inicial de um professor com nível superior para 40 horas semanais em São Paulo é de R$ 1.835, o que é 80% superior ao piso nacional de salários, fixado pelo governo do presidente Lula. Algum observador mais superficial poderia estranhar que o Estado mais rico da federação não tenha um salário inicial maior do que Estados supostamente mais pobres. Os salários do setor público são dependentes das disponibilidades orçamentárias, e suas responsabilidades de prestação de serviços se relacionam ao tamanho de sua população.

Assim, o importante não é a relação dos salários com a arrecadação total dos Estados, mas com a arrecadação por habitante. Pode ser surpreendente para o leitor saber que São Paulo é o Estado com o quarto menor valor de arrecadação per capita do país, incluindo impostos e transferências. Dessa forma, o Estado de Roraima, apontado como o de maior salário inicial para professores, é também o de maior arrecadação por habitante entre todos os Estados, quase seis vezes superior à de São Paulo. Isso porque São Paulo contribui com mais de 40% das receitas federais, mas as transferências federais que recebe via Fundo de Participação dos Estados são insignificantes, ao contrário do que acontece nos Estados do Norte. Além disso, no caso dos ex-territórios, o             volume relativo dos aposentados é pequeno, pois os encargos antigos ficaram por conta da União. Essa análise mostra a superficialidade de quem ignora tal realidade e o engano que pode produzir na opinião pública.

Qualquer comparação entre unidades da federação que considere apenas as remunerações iniciais deixa de lado componentes que respondem a políticas de valorização do magistério baseadas no mérito e na qualidade do ensino, como ocorre em São Paulo. Assim, na remuneração dos professores paulistas, é preciso considerar a bonificação por resultados e a política de valorização pelo mérito. Trata-se de muito dinheiro que vai para o bolso dos professores e é ignorado nas análises sindicais simplistas. O Estado pagou como bônus neste ano um total de R$ 591 milhões para 177 mil professores, segundo a evolução do Idesp (Índice de Desenvolvimento da Educação de São Paulo) de cada escola, que leva em conta a avaliação dos alunos e o fluxo escolar. O valor significa 11% da folha anual de salários pagos a 80% do pessoal ativo do quadro do magistério. O bônus beneficia a todos os integrantes da equipe escolar, incluindo os professores em início de carreira -o que invalida as comparações de remunerações iniciais que não levem em conta esse componente. Em paralelo, a política de valorização pelo mérito acaba de proporcionar um aumento de 25% a mais de 44 mil integrantes do quadro do magistério. Esse avanço na carreira depende da assiduidade, do tempo de permanência na mesma escola e da nota obtida em exame de       promoção.

A cada ano -e todos os anos-, 20% do magistério será promovido. Como captar esse enorme benefício na carreira e nos salários comparando apenas as remunerações iniciais? A matéria relaciona apenas superficialmente os dados salariais com as responsabilidades do Estado na cobertura de suas redes de ensino público, ao destacar que São Paulo tem o segundo maior salário entre os que possuem redes com mais alunos. Isso é muito pouco para caracterizar as responsabilidades de São Paulo na educação pública, muito superiores às dos demais. No ensino fundamental, o Estado tem a mais alta proporção de matrícula pública, com 53% do total, muito distante dos Estados do Nordeste -alguns dos quais têm salários mais altos que São Paulo-, onde quase 80% das matrículas são em escolas municipais. No ensino médio, nossa taxa líquida de matrículas já beira os 70%, mais de dez pontos acima do segundo colocado. Consciente de seu papel de liderança na política educacional do país, o Estado de São Paulo vem desenvolvendo clara política de respeito e valorização de seu magistério, com ações direcionadas ao apoio ao trabalho em sala de aula, em estímulo a seu aperfeiçoamento e à retribuição justa pelo seu esforço e dedicação aos seus alunos.

PAULO RENATO SOUZA, 64, economista, deputado federal licenciado (PSDB-SP), é secretário da Educação do Estado de São Paulo. Foi ministro da Educação (governo FHC), reitor da Unicamp (1986 a 1990) e secretário da Educação do Estado de São Paulo (governo Montoro). 

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