30/04/2010 - CLIPPING EDUCACIONAL

NOTÍCIAS – FIQUE POR DENTRO


FOLHA DE SÃO PAULO - 30/04/2010
Avaliação oculta desigualdade nas redes municipais de ensino 
Apesar da média razoável, muitos estudam em escolas com baixo desempenho

FÁBIO TAKAHASHI DA REPORTAGEM LOCAL / PAULO PEIXOTO DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE 

A rede municipal de ensino de Belo Horizonte tem uma avaliação acima da média nacional. O número, porém, oculta a discrepância que há entre as escolas Emídio Berutto e Maria das Neves, ambas na região leste da periferia da cidade. A primeira está próxima do padrão de países desenvolvidos. A segunda não chega nem à média brasileira. Discrepâncias como essa ocorrem em todo país, aponta pesquisa inédita do movimento Todos pela Educação, que reúne empresários, educadores e gestores.

A constatação é que, ainda que a rede como um todo tenha média razoável, muitos alunos estudam em escolas com baixo desempenho. Em Belo Horizonte, a diferença entre as notas da melhor e da pior escola é de 49%; em Vitória, de 51% -as maiores desigualdades do país. Como exemplo da diferença, na capital capixaba o pior colégio teve nota 3,5, e o melhor, 5,3. A meta nacional é 6 (situação semelhante a países desenvolvidos). A média hoje é 4,2. O estudo analisou a situação das capitais (1ª a 4ª séries) que estão acima do desempenho nacional segundo o Ideb, índice federal que considera desempenho dos alunos em português e matemática, além das taxas de reprovação e abandono. A menor discrepância aparece em Boa Vista, com 17%. Em São Paulo, é de 39%.

Finlândia - Nos países com bons indicadores educacionais, como a Finlândia, quase não há diferença entre escolas, aponta o estudo. "A garantia a uma educação de qualidade deve ser para todos, independentemente de qualquer aspecto", afirma o texto do Todos pela Educação. "Muitos secretários, ao verem uma média razoável, se acomodam e não analisam a situação individual das escolas. É preciso reduzir o apartheid que existe dentro das próprias redes", diz o presidente-executivo do movimento, Mozart Neves.


FOLHA DE SÃO PAULO - 30/04/2010
Escolha familiar amplia diferença

NAÉRCIO MENEZES FILHO ESPECIAL PARA A FOLHA
 

A diferença entre os indicadores educacionais de escolas que pertencem a uma mesma rede é grande em muitos casos. O problema ocorre quando ela é muito elevada. Na cidade de São Paulo, por exemplo, algumas escolas têm um Ideb [Índice de Desenvolvimento da Educação Básica] duas vezes maior que outras. O que explica isso? 

O Ideb das escolas depende da taxa de aprovação e das notas dos seus alunos na Prova Brasil. As notas dos alunos dependem de três fatores básicos: o nível socioeconômico dos pais, a qualidade da escola e a capacidade de aprendizado dos alunos. O peso desses fatores é bastante desigual. As escolas explicam no máximo 25% da diferença de notas entre os alunos de uma cidade como São Paulo. Os outros dependem do nível socioeconômico e da capacidade de aprendizado. Além disso, esses efeitos se reforçam o tempo todo. Quanto melhor for a escola inicialmente, mais ela atrairá famílias com nível socioeconômico mais alto e, portanto, maior será a diferença entre as notas dessa escola e das demais. Isso ocorre com muita frequência no caso das escolas técnicas, que criaram no passado uma reputação de ensino de qualidade. Por isso, elas atraem os melhores alunos, das famílias mais preocupadas com educação, que têm que passar por um processo rigoroso de seleção. Os aprovados obtêm ótimas notas nos exames de proficiência, o que reforça a reputação das escolas.

Para aumentar a equidade entre as escolas, é preciso atuar tanto na escola como nas famílias. A qualidade do ensino na escola depende principalmente da capacidade do diretor de gerir os recursos escolares. O bom diretor é aquele que sabe motivar e cobrar os professores, lidar com os problemas de violência, fazer avaliações sistemáticas dos alunos e cuidar do aprendizado dos alunos mais fracos. Esses diretores permanecem bastante tempo na mesma escola e formam uma equipe estável de professores de ótimo nível. Esses diretores existem. É necessário levá-los para as escolas mais fracas. Quando o trabalho desses diretores começar a surtir efeito, os pais irão perceber que as coisas estão melhorando e os colocarão nessas escolas. Isso vai diminuir a desigualdade entre as escolas ao longo do tempo.
Mas esse é um processo de longo prazo.

NAÉRCIO MENEZES FILHO é coordenador do Centro de Políticas Públicas do Insper.
 

O ESTADO DE SÃO PAULO – 29/04/2010
Inscrição para vestibulinho dos cursos técnicos nos CEUs começa sexta-feira 

Serão oferecidas mais de 1.400 vagas para cursos noturnos no segundo semestre deste ano 

Começa nesta sexta-feira, 30, o período de inscrições do processo seletivo para o 2º semestre de 2010 dos Cursos Técnicos nos Centros Educacionais Unificados (CEUs). Os interessados devem preencher a Ficha de Inscrição Eletrônica e imprimir o boleto bancário para pagamento da taxa de inscrição (R$ 20) no site do Vestibulinho ETEC até as 15h do dia 21 de maio. 

Para ingressar em um dos cursos, o candidato deve apresentar declaração que está matriculado na 2ª ou 3ª série do Ensino Médio ou ter concluído o ciclo. Outros documentos também aceitos são declaração que está matriculado, a partir do 2º semestre, na EJA, dois certificados de aprovação em áreas de estudos da EJA ou boletim de aprovação do ENCCEJA, emitido e enviado pelo MEC, ou certificado de aprovação do ENCCEJA em 2 (duas) áreas de estudos avaliadas. 

Mais informações sobre o Vestibulinho ETEC pelos telefones (11) 3471-4071 (Capital e Grande São Paulo) e 0800-772 2829 (demais localidades) e pelo site. 

Ensino 

Por meio do convênio entre a Prefeitura de São Paulo, o Centro Paula Souza e a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo serão oferecidas mais de 1.400 vagas para o segundo semestre deste ano. 

Os interessados podem optar por cursos noturnos de Administração, Comércio, Contabilidade, Informática, Logística, Eventos, Marketing, Secretariado e Transações Imobiliárias. Todos são realizados pelo Centro Paula Souza e têm duração de um ano e meio. As aulas serão noturnas, ministradas por professores das Escolas Técnicas Estaduais (Etecs), administradas pelo Centro Paula Souza 

No 2º semestre de 2010 o número de CEUs com Ensino Técnico chegará a 23: Alto Alegre, Alvarenga, Azul da Cor do Mar, Butantã, Caminho do Mar, Cantos do Amanhecer, Capão Redondo, Inácio Monteiro, Jaçanã, Jaguaré, Jambeiro, Lajeado, Parelheiros, Parque Anhanguera, Parque Bristol, Parque São Carlos, Parque Veredas, Paz, Quinta do Sol, Sapopemba, Três Lagos, Vila Rubi e Vila do Sol. 

GAZETA DE ALAGOAS - 29/04/2010
A morte do ensino médio

CARLOS CAJUEIRO 

Estamos completando a primeira década do terceiro milênio vivenciando “inovações” na área educacional, no mínimo, indesejáveis. Ficamos perplexos com o que estamos encontrando na mídia local! “Venha concluir ou fazer o seu segundo grau em apenas três, dois meses ou um mês”. Ora, nós educadores sabemos que o objetivo do ensino médio é formar humanidades e que é humanamente impossível a efetivação da aprendizagem dos conteúdos programáticos das três séries em apenas 90, 60 ou 30 dias. Mas a epidemia de facilitadores da obtenção do certificado do ensino médio em nosso Estado está grassando livremente, como a chuva caindo das nuvens. O assunto é digno de uma investigação jornalística. 

Registre-se aqui a saudosa lembrança do maior educador do Estado de Alagoas, o padre Teófanes Barros, fundador do Colégio Guido de Fontgalland e do Centro de Estudos Superiores  de Maceió: “Ao aluno, todas as oportunidades, porém, nenhuma facilidade”. Os educadores verdadeiros sabemos fazer a lídima interpretação dessa assertiva. Tem-se conhecimento de que os alunos desses cursos milagreiros vão prestar exames em determinada escola de um dos Estados de Sergipe e Pernambuco, que seriam credenciadas pelo MEC para tal fim. Tem-se conhecimento, ainda, que todos os que vão, voltam 100% aprovados e felizes para sempre. Em estatística, isso é chamado de evento certo. O que é que está acontecendo gente? Tudo isso vem ocorrendo livremente, sem a manifestação necessária e esperada das instituições e/ou autoridades constituídas. Sem a formação necessária do ensino médio, o que podemos esperar dos futuros profissionais de nível superior egressos do esquema milagreiro supra mencionado?

Os jovens têm um poder de comunicação muito grande. E a prática do esquema milagreiro já   está se difundindo rapidamente entre eles. Dentro de pouco tempo, com certeza, quase todos irão buscar a solução milagrosa e pouquíssimos migrarão para o ensino médio tradicional. Parece razoável perceber a proximidade da morte do ensino médio, se as autoridades educacionais, a Assembleia Legislativa, a Câmara de Vereadores e o Ministério Público não tomarem as providências que o caso requer. É importante visualizar a desordem social que o fechamento das escolas de ensino médio acarretará. Mais desemprego e menos educação. Como educador, tenho certeza da função didática e pedagógica que a escola exerce na formação do caráter e da personalidade de cada jovem. Preocupa-me sobremaneira a escola que minhas netas encontrarão daqui a alguns anos. Espero em Deus que, em tempo hábil, sejam adotadas as providências cabíveis.
 

DIÁRIO CATARINENSE – 29/04/2010
Foco na educação

CARLOS ALBERTO CHIARELLI

Comemoramos, ontem, dia 28 de abril, uma data importante: o Dia Mundial da Educação. Tempo para uma reflexão sobre um dos mais importantes temas em pauta no país, que vive um momento de desenvolvimento e se torna uma economia significativa. Engana-se quem acha que a educação não ajuda a desenhar esse quadro. Sem ela, fica-se alheio ao que o futuro reserva, e se olvida a responsabilidade com o país. A Convenção sobre os Direitos da Criança prevê o papel da educação na formação de cidadãos reflexivos e ativos. Da mesma forma, prepara-nos para viver com responsabilidade e em paz, numa sociedade livre, compreendendo os direitos dos outros e respeitando o      ambiente. Por isso, valerá sempre discutir o papel fundamental do ensino para o sucesso do Brasil. E, nesse contexto, inovações tecnológicas devem ser lembradas. 

Entre elas, está a Educação a Distância (EAD), que vem preencher uma lacuna no espaço educacional em nosso país, hoje restrito aos poucos que concluem o ensino médio. Com ela, supera-se o difícil acesso às universidades públicas e elide-se o obstáculo do alto custo dos cursos em faculdades particulares. Até mesmo a barreira da falta de faculdades em cidades brasileiras mais distantes vê-se com ela superada. O Brasil é um dos países da AL com a menor percentagem de universitários.   

Apenas 9% dos brasileiros entre 18 e 24 anos cursam a universidade e só 2% chegam à universidade pública. É um dado alarmante, uma vez que tal percentual é muitas vezes menor do que o de países considerados subdesenvolvidos. No Equador e no Panamá, 30% estão na universidade. É nesse vácuo que a EAD faz-se indispensável para alargar o ensino em nosso país. Dados do Ministério da Educação mostram que, em 2009, o número de matrículas em EAD apresentou crescimento de 7%, se comparado com o ano anterior. A importância do EAD é ter nascido para permitir que mais pessoas tenham acesso a uma educação de qualidade.
 

CORREIO BRAZILIENSE – 28/04/2010
Cobertura de banda larga chegará a 92% das escolas brasileiras em 2010, afirma secretário do MEC

AGÊNCIA BRASIL 

O secretário de Educação à Distância do Ministério da Educação (MEC), Carlos Bielshowsky, disse que até o final deste ano 92% das escolas brasileiras terão acesso à internet. Ele apresentou as ações do governo brasileiro para promover o acesso à inclusão digital e a capacitação de professores na área de tecnologia durante a Conferência Internacional – O Impacto das Tecnologias da Informação e da Comunicação na      Educação. “Fizemos um acordo com as operadoras de banda larga e até o final do ano 92% das escolas brasileiras terão acesso à internet, isto significa a inclusão digital de cerca de 35 milhões estudantes”, afirma Bielshowsky. 

Segundo o secretário, o trabalho desenvolvido pelo MEC busca a “alfabetização digital” de professores e alunos, além de estimular a autonomia dos estudantes na formação do       conhecimento através dos laboratórios de informática e de promover novas estratégias pedagógicas com o uso de conteúdos digitais na sala de aula. “Queremos tornar a sala de aula menos aborrecida, mais atraente. Até o momento, implantamos laboratórios em 42.688 instituições, mas é idiotice fazer isso sem capacitar o professor e é isto que estamos fazendo. Em 2009 capacitamos 332.184 professores e faremos mais este ano”, destaca. 

Na rede pública, tecnologia atende 24 milhões de alunos 

As tecnologias na educação estão acessíveis a 24,8 milhões de estudantes das escolas públicas brasileiras. O número, que corresponde ao total de alunos atendidos pelo Programa Banda Larga nas Escolas, do Ministério da Educação, foi anunciado nesta terça-feira, 27, durante a conferência O Impacto das Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) na Educação. O encontro, promovido pela Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco), será encerrado nesta quarta-feira, 28. No seminário de abertura, o secretário de educação a distância do Ministério da Educação, Carlos Eduardo Bielschowsky, destacou a importância de uma reflexão no momento em que o país tem investido em TICs nas escolas públicas. “Não basta dar a infraestutura. É   necessário capacitar o corpo docente e oferecer conteúdos a serem trabalhados em sala de aula”, disse. 

Em 2009, 332 mil professores foram capacitados para trabalhar com as tecnologias em sala de aula. Até o fim deste ano, 303 mil terão participado de cursos de formação. Em outro programa, o Aluno Integrado, 75 mil estudantes acima de 15 anos serão formados para atuar como monitores nos laboratórios de informática das escolas. 

Bielschowsky destacou ainda o número de estudantes atendidos pelo Programa Nacional de Tecnologia Educacional (ProInfo Integrado), que atende 18,4 milhões de estudantes de escolas  públicas em todo país e deve chegar aos 30 milhões até o fim do ano. O secretário apresentou os programas do Ministério da Educação que levam a tecnologia à sala de aula, como o ProInfo Integrado, o Banda Larga nas Escolas, o Banco Internacional de Objetos Educacionais, o Domínio Público, o Projetor ProInfo e Um Computador por Aluno (UCA). Para o representante da Unesco no Brasil, Vincent Defourny, a capacitação de professores é fundamental no processo de introdução das TICs na educação. “É preciso transformar a sociedade da educação em sociedade do conhecimento”, ressaltou. “Há a necessidade de envolver estudantes gestores e também a família e a sociedade, que são parte da comunidade escolar.” 

FOLHA DIRIGIDA – 28/04/2010
Educação de Jovens e Adultos: as dificuldades enfrentadas para a inclusão no sistema de ensino

ALESSANDRA MOURA BIZONI 

Em um país com 14 milhões de analfabetos e 40 milhões de analfabetos funcionais, a Educação de Jovens e Adultos (EJA) pode se transformar em um importante programa de inclusão social. Definida como modalidade de ensino na Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) em 1996, a educação voltada para o público adulto ainda se estrutura e, por isso mesmo, é alvo de divergências conceituais. "Sabemos que escolas incapazes de lidar com problemas de desenvolvimento de alguns de seus alunos os ‘empurram’ para os cursos de EJA como quem quer se livrar de problemas que não consegue resolver. Isso é errado e não pode ser admitido", destaca César Callegari, presidente da Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação (CNE). O educador completa. "Entre os direitos e necessidades de jovens adolescentes, está o de conviver com outros jovens de sua idade. Não é porque sua forma de se expressar e aprender foge ao padrão considerado ‘normal’ que a escola tem o direito de decidir que ele deve ser retirado da sociabilização que ocorre em idade própria e submetido a um ambiente adulto composto por outros valores, outras atitudes e outras perspectivas". No início do mês, o Conselho Nacional de Educação (CNE) aprovou o parecer do projeto de resolução (que vai virar Resolução tão logo seja homologado) que determina a idade mínima para exames de EJA e para a matricula em cursos de EJA como 15 anos para o ensino fundamental e 18 anos para o ensino médio. 

De acordo com o professor César Callegari, a LDB define 15 e 18 anos como idades mínimas para exames de EJA, mas não é clara quanto às idades mínimas para frequência aos cursos de EJA. "Lamentavelmente no Brasil, há jovens de 14 e 15 anos que deveriam estar frequentando o ensino fundamental regular mas que foram colocados em cursos de EJA. Nosso parecer e futura resolução vão coibir essa prática ao estabelecer que os cursos só poderão ser frequentados por jovens com 15 anos ou mais no fundamental e 18 anos ou mais no ensino médio. Acredito que o parecer será rapidamente homologado pelo MEC porque, em sua elaboração, mantivemos estreita interlocução com o ministério e não há mais qualquer aresta", observa o educador. Salientando a importância do assunto, César Callegari defende uma mudança de olhar em relação à EJA. "Um bom programa de EJA pode se transformar no mais importante programa de inclusão social por meio da educação. O Brasil tem 14 milhões de analfabetos e 40 milhões de analfabetos funcionais. É para eles que devem ser estruturados e oferecidos programas de EJA que os respeite, reconheça os seus saberes", acrescenta. 

Nesse sentido, o presidente da Câmara de Educação Básica do CNE observa que tais programas devem ser desenvolvidos por professores preparados para essa modalidade educacional e para esse público             — e não por professores alfabetizadores de crianças, como hoje normalmente ocorre — e contando com material didático e tecnologias apropriadas para essa faixa etária. "O uso do computador, da internet, da educação a distância, podem representar boas oportunidades de atender a esses brasileiros", assinala o professor. O presidente da Câmara de Educação Básica do CNE frisa, ainda, que no Brasil existem 1.800.000 jovens entre 15 e 17 anos que não frequentam escola. Desses, 1.300.000 tinham três ou mais anos de defasagem idade/série quando deixaram de estudar. "Para eles, bons programas de EJA são necessários e constituem a única alternativa para a retomada de seu percurso educacional. Inclusive com possibilidades de início de profissionalização", conclui o docente. Além da alfabetização - Professora do Núcleo de Educação de Jovens e Adultos (EJA) da Faculdade de Educação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e professora do mestrado de Educação da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UniRio), Eliane Ribeiro de Andrade afirma que a educação deve ser encarada como um direito do cidadão, qualquer que seja a sua idade e, para tanto, é necessário mudar o olhar sobre a EJA. 

"A LDB traz um artigo voltado para a EJA, que passa a ser vista como uma modalidade educativa, um modo de fazer educação diferenciado. Isso significa que é possível flexibilizar currículos, trazendo possibilidades presenciais e não-presenciais. Na EJA é preciso olhar o sujeito. Numa comunidade de pescadores, por exemplo, que passam 15 dias no mar, o ensino deve ser diferenciado", declara a professora da Uerj. Apesar dos avanços registrados nos últimos anos, Eliane Ribeiro acredita que ainda existe preconceito da sociedade com relação à EJA. "Sem dúvida nenhuma ainda há preconceito. A sociedade ainda não incorporou a educação como um direito que pode ser exercido ao longo de toda a vida. Os alunos de EJA sentem-se culpados por sua trajetória escolar. Não têm consciência de que é toda a sua situação de vida que os leva a deixar de estudar", pondera a professora da UniRio. Além disso, ressalta a educadora, a alfabetização deve ser apenas o primeiro passo para um processo de escolarização. "Antigamente, havia essa visão que a educação de adultos devia se restringir a ensinar a ler, escrever e contar. Conseguimos ampliar esse conceito. Acreditamos que a educação deve ser exercida ao longo da vida e qualquer um tem o direito de estudar a qualquer momento. Por isso, nosso desafio é trabalhar de forma integrada o sistema de ensino. A alfabetização se consolida através de um tempo maior de escolarização", completa a docente, lembrando que os programas de EJA procuram vir atrelados a programas de qualificação profissional e da área de saúde.

Capacitação e material didático - Ao lado de pesquisas de tecnologia de ponta, as salas          do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-graduação e Pesquisa de Engenharia, a Coppe/UFRJ, abrigam cursos de alfabetização. Vários servidores técnico-administrativos da UFRJ, efetivos e terceirizados, que convivem com doutores, pesquisadores e cientistas frenquentam os de EJA do Projeto Letramento da Coppe, criado em 2005. O projeto é desenvolvido no local de trabalho dos estudantes, com duas horas diárias de aula. Os alunos recebem todo o material pedagógico e participam de atividades culturais e de inclusão digital. Com o objetivo de alfabetizar e/ou incentivar a continuidade aos estudos de jovens e adultos que não o fizeram em idade regular, esse projeto facilita o acesso e oportuniza a finalização das primeiras etapas da educação básica. Atualmente, 22 alunos frequentam as duas turmas de alfabetização e letramento em andamento. Professora do Instituto de Matemática da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a professora Marisa Leal coordena o Curso de Especialização em Ensino de Matemática do IM/UFRJ e também o Grupo de Trabalho EJA (GT-EJA), vinculado ao Projeto Fundão do IM/UFRJ. Além disso, Marisa Leal é colaboradora na área de Matemática do Projeto Letramento de Jovens e Adultos da UFRJ. A educadora destaca a importância da formação de professores para o trabalho com EJA. "O que no nosso entender está faltando para que todos os esforços envidados alcancem os objetivos propostos é uma ação conjunta dos fóruns de EJA, das Secretarias Municipais e Estaduais de Educação e do MEC, visando à formação inicial e continuada de professores no campo da EJA", explica a docente. 

Outra necessidade da EJA, alerta a professora do IM/UFRJ, é a produção de material didático voltado para o público adulto. "O caminho percorrido pela equipe que compõe o GT-EJA tem como eixo norteador o diálogo entre o ensino, a pesquisa e a extensão. Nos reunimos semanalmente para estudos teóricos e elaboração de material didático para o ensino de Matemática na EJA", observa. Marisa Leal informa, ainda, que uma das ações mais recentes do MEC, através da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (SECAD) em relação à EJA foi a inclusão desta modalidade de ensino no Programa de Distribuição de Livro Didático -PNLA. "Já foram escolhidos, pelos professores de alfabetização de jovens e adultos, os livros de Leitura e Escrita. No segundo semestre deste ano os professores dos demais anos escolares farão a escolha dos livros. Esta ação mostra um dos grandes avanços da EJA. Outro fato positivo é a Conferência Internacional de Educação de Adultos, onde são discutidas as questões trazidas pelos fóruns. Mesmo com as dificuldades, percebemos que o campo da EJA tem se mostrado promissor na superação do analfabetismo e da baixa escolaridade em nosso país", finaliza a educadora.
 

FOLHA DE SÃO PAULO – 28/04/2010
Dia da Educação é comemorado hoje; pedagogo defende criação de Procon específico 

No Dia da Educação, comemorado nesta quarta-feira, especialistas que participarão do 17º Educador Congresso Internacional de Educação foram convidados para comentar a importância da data. O congresso acontece em conjunto com a 17ª Educar Feira Internacional de Educação e o 6º Educador Management Seminário de Gestão em Educação entre os dias 12 e 15 de maio, em São Paulo. Para Júlio Cezar Furtado, pedagogo, doutor em ciências da educação pela Universidade de Havana (Cuba) e mestre em educação pela UFRJ, a data deveria servir como motivo de mobilização e reflexão. "É um dia em que se tenta sensibilizar a sociedade para a questão da educação e deveria ser assumido pelos educadores. É um dia, teoricamente, dedicado à reflexão dos educadores e das famílias, para conscientizar sobre a necessidade de se ter uma educação de qualidade e, sobretudo, deixar claro o que é uma educação de qualidade. No Dia Nacional da Educação deveríamos clamar por um 'Procon' [órgão de defesa do consumidor] específico do setor". 

Nilbo Nogueira, doutor em educação pela PUC-SP e mestre em educação pela USP, pondera sobre a questão da aprendizagem e a tecnologia. "Se a metodologia não for alterada, não há milagre tecnológico que possa dar conta de todos os problemas educacionais." No 17º Educador, Nogueira apresentará em seu debate a palestra "Metodologia x Tecnologia: Questionamentos e Inovações para uma Nova Escola".

Mário Sérgio Cortella, doutor em educação pela PUC-SP, lembrou o legado deixado pelo educador Paulo Freire, cujas ideias são consideradas importantes até hoje. "Paulo Freire, falecido em 2 de maio de 1997, menos de uma semana depois do Dia Nacional da Educação, nos deixou inúmeras obras fundamentais, sendo que uma delas foi a 'Pedagogia da Esperança'; por outro lado, pouco tempo antes de nos deixar, houvera registrado algumas contundentes reflexões que foram publicadas postumamente sob o título 'Pedagogia da Indignação'. Ambas as palavras, esperança e indignação, cabem bem dentro do conceito de educação e, mais ainda, da educação escolar. Esperança ativa na construção da dignidade coletiva e indignação impaciente com qualquer ameaça à fraternidade decente. 

PORTAL APRENDIZ - 28/04/2010
Plano busca aumentar inserção de aprendizes 

DESIRÈE LUÍSE

Ampliar o número de aprendizes em pequenos municípios, implementar um sistema de avaliação e diversificar a oferta de cursos. Com base nestas e outras ações de estímulo, o Plano de Ação da Aprendizagem Profissional pretende aperfeiçoar a divulgação e o cumprimento da Lei de Aprendizagem (10.097) no país. Com versão prévia apresentada no final de março, o plano consolidado será oficialmente lançado em 14 de maio. “São ações emergenciais e estruturantes. O plano pretende ajudar para que a meta de contratações seja alcançada, mas também quer garantir o caráter permanente da aprendizagem no país”, afirma a assessora da Secretaria Executiva do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e coordenadora do plano, Ana Lúcia Alencastro. A Lei de Aprendizagem, de 2000, estabelece que empresas de qualquer natureza devem ter de 5% a 15% de adolescentes e jovens (entre 14 e 24 anos incompletos) aprendizes em seu quadro de funcionários. As funções devem necessitar de formação profissional – que pode ser realizada pelos Serviços Nacionais de Aprendizagem (Senai, Senat, Senac, Senar e Sescoop), escolas técnicas ou por organizações sem fins lucrativos.

Outra novidade do plano é a possibilidade de o jovem poder procurar uma vaga de aprendiz via Sistema Público de Trabalho Emprego e Renda,              instrumento que permite que trabalhadores se inscrevam para concorrerem a oportunidades de emprego, mas no qual a aprendizagem ainda não está contemplada. Ana Lúcia também ressalta outras ações: método de monitoramento de jovens egressos, o incentivo na contratação de jovens considerados vulneráveis socialmente e a implantação da aprendizagem nos órgãos da administração pública direta. Sobre esta última, um Projeto de Lei está parado na Casa Civil, sem perspectiva de ser enviado ao Congresso. “Poderíamos ter colhido melhores resultados se estivessem aprovado essa lei. A morosidade é maior do que a esperada”, diz a coordenadora. 

Resultados modestos - Durante a I Conferência da Aprendizagem Profissional, realizada pelo MTE em novembro de 2008, foi lançada a meta de atingir 800 mil contratos de aprendizes até o final de 2010. “Se todas as empresas cumprissem a lei, haveria em torno de 1,2 milhões de jovens em programas de aprendizagem. A meta de 2010 é o mínimo que podemos exigir”, ressalta a coordenadora. No entanto, a menos de um ano do prazo para o cumprimento da meta estipulada, foram contabilizados 323 mil aprendizes, que já se formaram ou continuam no processo de aprendizagem. Em fevereiro deste ano, havia 166 mil contratos vigentes, de acordo com o MTE. “Temos alguma resistência,     pois a lei é antiga e nunca chegou ao seu potencial. Tivemos dificuldade de articulação dos órgãos que fiscalizam as empresas. Esperávamos ter retirado os entraves nos últimos dois anos”, justifica Ana Lúcia. 

Os jovens até 24 anos são os que mais sofrem com o desemprego, de acordo com dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Na faixa etária dos 16 aos 20 anos, a taxa de desemprego passou de 7%, em 1987, para mais de 20%, em 2007. Na faixa dos 21 aos 29 anos, o desemprego mais que dobrou, passando de 5% para 11% no mesmo período. “Infelizmente ainda não conseguimos demonstrar a importância de cada um fazer a sua parte. Com a lei podemos dar um grande passo na formação de mão-de-obra, pensando no desenvolvimento econômico e social. Temos muito que fazer”, diz. A formulação e conclusão do Plano da Aprendizagem estão sob responsabilidade do Fórum Nacional da Aprendizagem Profissional. Criado durante a conferência, o grupo é constituído por integrantes do governo, sociedade civil, sindicatos, entre outros. O documento final deverá ser incorporado à Agenda Nacional de Trabalho Decente para a Juventude, em elaboração pelo governo brasileiro com o apoio técnico da Organização Internacional do Trabalho (OIT). 

Observação: as notícias deste clipping são
meramente informativas, publicadas em jornais
diários. Portanto, não expressam a opinião do SINPEEM.


A DIRETORIA

CLAUDIO FONSECA
Presidente0

http://twitter.com/sinpeem_oficial
http://twitter.com/pclaudiofonseca

 

 

 

 

Voltar Topo Enviar a um amigo Imprimir Home