03/05/2010 – CLIPPING EDUCACIONAL

 

NOTÍCIAS – FIQUE POR DENTRO

O ESTADO DE SÃO PAULO – 03/05/2010
Tabus ainda marcam aula de educação sexual

Segundo professores, objetivo da disciplina na escola é desconstruir mitos antigos

Mariana Mandelli

Tabelinha funciona? Existe uma idade certa para transar pela primeira vez? Tem perigo de a pílula não funcionar? Masturbação faz mal para saúde? Apesar de viverem cercados por informação de acesso fácil, os jovens continuam com os antigos mitos sobre o sexo na cabeça. Desconstruí-los continua sendo o principal objetivo das aulas de educação sexual nas escolas.

No entanto, o desafio não é só quebrar tabus e desfazer clichês. Obstáculos como a falta de professores especializados e a resistência dos pais em discutir o tema reforçam um cenário complicado. Casos recentes e polêmicos, como a "pulseirinha do sexo" e o recolhimento do livro paradidático Mamãe como eu nasci?, de Marcos Ribeiro, pela Prefeitura do Recife, revelam a dificuldade latente em discutir o assunto no ambiente escolar.

De acordo com o Ministério da Educação, a discussão sobre sexualidade deve constar no currículo da escola (leia mais nesta página). E os educadores defendem a ideia de que ela é um ambiente privilegiado para isso. "A escola é o lugar oportuno para o debate, para a obtenção dessa informação. O tema deve ser incorporado ao projeto pedagógico e o professor deve deixar de lado suas opiniões pessoais e passar apenas conhecimento", explica a pesquisadora da Fundação Carlos Chagas Sandra Unbehaum.

Contudo, a própria formação dos professores não aprofunda o tema da educação sexual. "Há falha no preparo do docente. Ainda vivemos um período em que, quando muito, a disciplina é oferecida de forma optativa", afirma a professora da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo Cláudia Vianna.

Para os especialistas, os mesmos tabus permanecem por gerações porque há muita informação disponível, mas pouca reflexão. "Ao mesmo tempo em que a mídia libera muita coisa sobre o assunto, a sociedade permanece conservadora", diz o pesquisador do câmpus de Araraquara da Universidade Estadual Paulista (Unesp) Paulo Rennes Ribeiro.

Conteúdos

As escolas separam diferentes temas para serem discutidos de acordo com a faixa etária. Para os alunos do fundamental I (1º ao 4º ano), a reprodução permeia a temática das aulas. Entre os mais velhos, do 5º ao 9º ano, aparecem as transformações no corpo. Já as discussões sobre a primeira vez costumam surgir no ensino médio. Cenas de filmes, peças que reproduzem o corpo humano, reportagens de jornais e revistas e livros paradidáticos, que abordem questões como homossexualidade, métodos contraceptivos e gravidez na adolescência, estão entre os materiais mais utilizados
em sala.

"Temos
de trabalhar também com as dúvidas que eles trazem", diz a coordenadora pedagógica do Colégio Humboldt, Janice de Pontes. "Precisamos informá-los para que eles possam fazer escolhas conscientes. É uma questão de cidadania."

No Colégio São Luís, escola católica na região central de São Paulo, além da discussão do assunto nas disciplinas da grade, existe um dia especial destinado à educação sexual. O Dia de Formação ocorre em uma chácara, onde os alunos passam o tempo em atividades que debatem o sexo. "Com as meninas, focamos mais nas questões emocionais e de relacionamento, como namoro e beijo. Já com os meninos, os temas mais falados são, por exemplo, masturbação e higiene", conta a coordenadora pedagógica do 8º ano, Rosana Solha.

Para a psicóloga e especialista em sexualidade Ana Cláudia Maia, as aulas devem abordar também ideais estéticos e temas ligadas ao bullying. "Questões como: "meu corpo é adequado?", "eu sou bonito?" ou "sou galinha se ficar com dois na mesma noite?" devem ser discutidas sem juízo de valor."

Timidez. Piadinhas, brincadeiras de mau gosto e risadas nervosas em debates sobre sexo são comuns. Para evitar constrangimentos, o Colégio Albert Sabin separa as turmas em meninos e meninas e utiliza uma caixa onde os alunos depositam perguntas sem se identificarem. "Assim, o ambiente não os intimida e os mais envergonhados participam", explica a diretora pedagógica Giselle Magnossão.

Os professores defendem que, para conversar sobre sexo com naturalidade, é preciso ter vínculo afetivo com a turma. "É impossível começar um curso desses se a turma não se conhece", diz a professora Cândida Gancho, do Colégio Bandeirantes. Para a professora de Filosofia do Colégio Oswald de Andrade, que atua no Grupo de Promoção da Saúde da escola, os jovens se soltam mais quando o debate foge do lugar comum. "Temos de situar as questões do sexo na vida deles, discutindo também a identidade de quem está se desenvolvendo muito rápido."


MEC classifica sexualidade como tema transversal


Ministério não impõe um modelo de ensino e dá autonomia aos Estados e municípios

Mariana Mandelli

A sexualidade é classificada como tema transversal pelo Ministério da Educação e consta nos parâmetros curriculares nacionais, que são as diretrizes para os conteúdos ensinados nas escolas. Por ser um assunto complexo, o MEC não impõe um modelo de ensino e dá autonomia aos Estados e municípios, que podem criar aulas específicas ou incorporar o conteúdo às grades.

Na rede estadual de São Paulo, a educação sexual é abordada nas discussões sobre saúde nas aulas de ciências e biologia. “Temas como a prevenção de doenças sexualmente transmissíveis e da gravidez precoce são muito discutidos”, afirma Eleuza Guazzelli, da Coordenadoria de Estudos e Normas Pedagógicas.

A rede municipal paulistana também trabalha o assunto com a Secretaria da Saúde. Há parceria entre as pastas para criar materiais de conscientização. Além disso, os médicos do programa ‘Aprendendo com Saúde’ orientam os alunos nas escolas.
 


O ESTADO DE SÃO PAULO – 03/05/2010
Enem será obrigatório para quem pedir Fies


Medida vale paras primeiro semestre de 2011; Ministro convocou coletiva de imprensa

O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) passará a ser obrigatório aos estudantes que desejam solicitar o financiamento estudantil do Fies, programa do governo federal. A medida, publicada nesta segunda-feira no Diário Oficial da União, vai valer para quem ingressar na faculdade no primeiro semestre de 2011.

O ministro da Educação, Fernando Haddad, fará uma entrevista coletiva às 16 horas, em Brasília, para detalhar as alterações no financiamento. A portaria de hoje trata das regras para a inscrição no Fies, mas ainda não informa a abertura do prazo de inscrição. Também não há informações sobre possível condicionamento do benefício a um bom desempenho no Enem. Os pedidos serão feitos apenas pela internet.

Conforme o Estado informou no início de abril, o ministro Fernando Haddad também quer criar um fundo para substituir o fiador no financiamento. No início do ano, o MEC anunciou modificações no programa. Além da taxa de juros, que caiu para 3,4% em todos contratos, médicos ou professores formados poderão pagar o financiamento com trabalho em escolas públicas ou no Programa Saúde da Família (PSF).


O ESTADO DE SÃO PAULO – 03/05/2010
Enade é remarcado para 21 de novembro

Mudança foi feita para não coincidir com provável data do Enem

Paulo Saldaña

O Ministério da Educação (MEC) mudou a data do Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade) deste ano. Agora, a prova será realizada no dia 21 de novembro, às 13 horas no horário de Brasília.

Inicialmente, o Enade havia sido marcado para 7 de novembro. Entretanto, coincidiria com o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), previsto para os dias 6 e 7 daquele mês. Apesar de os exames não serem realizados pelos mesmos alunos, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) preferiu não realizá-las no mesmo dia para facilitar a organização. A alteração foi publicada nesta segunda-feira no Diário Oficial da União.

Cerca de 450 mil estudantes do final do primeiro e do último ano do ensino superior deverão fazer a prova. A relação de carreiras a serem avaliados não mudou. Farão a prova em 2010 estudantes dos cursos de bacharelado em Agronomia, Biomedicina, Educação Física, Enfermagem, Farmácia, Fisioterapia, Fonoaudiologia, Medicina, Medicina Veterinária, Nutrição, Odontologia, Serviço Social, Terapia Ocupacional e Zootecnia. E, pela primeira vez, também serão avaliados estudantes dos cursos superiores de Tecnologia em Agroindústria, Agronegócios, Gestão Hospitalar, Gestão Ambiental e Radiologia.

O Enade, antigo Provão, faz parte do sistema de avaliação da qualidade das instituições de ensino superior do Ministério da Educação. O objetivo é saber quanto a instituição agregou de conhecimento ao aluno. Além da prova, compõem a nota da universidade fatores como infraestrutura e corpo docente. Instituições com nota baixa são analisadas e podem até fechar.

De acordo com o MEC, estão habilitados ao Enade os estudantes ingressantes que, até o dia 2 de agosto, tiverem concluído entre 7% e 22% da carga horária mínima do curso e os estudantes concluintes que tenham concluído pelo menos 80% da carga horária mínima do currículo. Para os cursos superiores de tecnologia com carga horária mínima de até 2 mil horas, serão considerados ingressantes aqueles que tiverem concluído entre 7% e 25% da carga. Serão considerados concluintes aqueles que até o dia 2 de agosto tiverem concluído pelo menos 75% do currículo.

O MEC informa que a aplicação de provas em municípios onde há polos de apoio presencial credenciados pelo MEC. Com isso, o atendimento aos estudantes de cursos de graduação na modalidade de educação a distância avaliados em 2010 será ampliado.

Problemas

Ano passado, a prova, aplicada na primeira semana de novembro, foi marcada por queixas de estudantes escalados para fazer os testes longe de casa e casos de universidades que ofereceram até pen drives de brinde para quem participassem da prova.

Houve ainda críticas a questões com conteúdo político-partidário, como a que trazia o comentário do presidente Luís Inácio Lula da Silva que classificou a crise financeira mundial como uma "marolinha". Ao todo, o Enade teve ao total 54 questões anuladas nas provas.

FOLHA DE SÃO PAULO - 03/05/2010
Nem qualidade nem mérito
 
Desde a redemocratização, indiferente à urgência da reforma política, ampla, geral e irrestrita, a educação não conseguiu avançar
EDUARDO PORTELLA

ESTÁ MAIS do que comprovado que o projeto de um Brasil maior jamais se efetivará sem a educação. Sem ela em todos os níveis, porque nela todos são prioritários. Certa vez, tentei revalorizar o pré-escolar e não encontrei o apoio que esperava dos pedagogos de plantão e dos ombros coroados, que me convidaram para abrir e renovar, na forma da lei, a experiência, o saber e a imaginação. Contra-argumentava que, mesmo não sendo tão sistêmicas, essas instâncias inaugurais e a família decidiam a sorte do sistema. Corrigiriam os números insuportáveis de repetência e de evasão pública e privada. Mas essa é outra história, felizmente perdida no tempo. O grave é que, desde a redemocratização, indiferente à urgência da reforma política, ampla, geral e irrestrita, a educação não conseguiu avançar. Chegou a tragar alguns nomes qualificados. As salas de aula inadequadas, a falta de bibliotecas atualizadas e os materiais escolares fraudados foram prosperando, em ritmo bem mais veloz do que o país.

A autossuficiência, que é própria da ignorância e da vaidade, não se fez de rogada. O capítulo do salário docente vem sendo verdadeira aberração. Tornam-se cada vez mais necessários os enlaces da consciência dialógica. Volto a insistir: educação sem qualidade não é educação, é caso de polícia (nunca pensei que um dia na minha vida, tão a contragosto, viesse a recorrer à polícia). Hoje se fala em qualidade, sobretudo aqueles sonegadores, como se a qualidade não fosse um valor diferenciado e socialmente encarnado. Como se fosse apenas um slogan eleitoral. Precisamos urgentemente repensar o Brasil, com Celso Furtado, Raymundo Faoro, Carlos Guilherme Mota, Samuel Pinheiro Guimarães. Chega de amadorismo, de palpites desarticulados. A qualidade e o mérito, avaliados com os vícios do sistema, reprodutor de privilégios intermináveis, nunca reformam ou transformam. Apenas reforçam as iniquidades persistentes.

Será que essa gente não se cansa de ser os gigolôs do que seriam políticas públicas? É certo que a aliança de ética e política sempre foi uma aspiração fracassada. Mas já é hora de dar um basta. Esse esforço conjugado de renascimento, para ser realista, terá de transpor o limite partidarista. Falta, não me canso de repetir, educação à cultura, e cultura à educação. Edgar Morin, que havia denunciado a natureza humana como paradigma perdido, ao predicar pela inclusão de um elenco de sete saberes nos sistemas de educação conhecidos, que vão do liceu à universidade, reclama agora a compreensão crítica em uma trajetória que vai do conhecimento até o antropoético. A racionalidade aberta, que impulsiona o entendimento da complexidade, estaria ausente dos nossos currículos escolares, e mais amplamente acadêmicos, apontando para o vazio inaceitável. Tudo isso parece igualmente estranho a nossos gestores educacionais e culturais. Somente a interdisciplinaridade pode abrir o que ficara guardado na caixa-preta da história.

Na Espanha, que dispõe de uma tradição educacional mais forte que a nossa, com um volume de ofertas pedagógicas bastante amplo, o ministro da Educação acaba de apresentar à discussão do governo, dos especialistas e da sociedade um "pacto educativo", destinado a corrigir as inadimplências do sistema. É um pacto transpartidário, que reúne governo e oposição por uma política de Estado, com 148 ações específicas, mobilizando múltiplos agentes sociais. Como a brasileira, a sociedade espanhola é sensível a esse tipo de mudança, imune à barganha partidária e provavelmente à sujeira dos candidatos de "ficha suja". A educação, se bem planejada e executada, poderia certamente promover uma limpeza geral, e deixar o processo pedagógico fluir. E o Brasil também.

EDUARDO PORTELLA, 77, escritor e professor emérito da UFRJ, membro da Academia Brasileira de Letras, é presidente do Comitê Caminhos do Pensamento e do Fundo Internacional para a Promoção da Cultura, da Unesco. Foi ministro da Educação, Cultura e Esportes (governo João Figueiredo) diretor-geral-adjunto da Unesco (1988-1993) e prente da Conferência Geral da Unesco (1997-1999).

A NOTÍCIA - 03/05/2010 - JOINVILLE SC
Mal na foto das bibliotecas 

Joinville tem o menor número de bibliotecas para cada 100 mil habitantes no Estado, aponta censo do Ministério da Cultura. Prefeitura argumenta que espaços públicos para leitura e pesquisa na cidade não foram contabilizados.

Joinville é a cidade catarinense com o pior índice de bibliotecas por 100 mil habitantes (0,20). Esta foi a avaliação do 1º Censo Nacional das Bibliotecas Públicas Municipais. A cidade com melhor índice no Estado é Balneário Camboriú (0,97). No Sul do Brasil, Curitiba tem o melhor índice: 2,97. Já Santa Catarina é um dos Estados que se destacam no censo: é o segundo no ranking nacional, com índice de 4,52. A pequisa, desenvolvida pelo Ministério da Cultura, mostra que Joinville tem apenas duas estruturas públicas – a Biblioteca Rolf Colin, no Centro, e a Professor Gustavo Ohde, em Pirabeiraba – para atender a uma população de quase 500 mil moradores. A coordenadora das bibliotecas públicas da cidade, Alcione Pauli, afirma que a pesquisa deixou de contabilizar espaços em instituições de ensino e entidades públicas na cidade, que estão disponíveis para o acesso da população à pesquisa bibliográfica.

Entre os locais abertos à comunidade joinvilense e que não entraram no levantamento do Ministério da Cultura, ela destaca as do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Joinville (Ippuj), as ligadas à Fundação Cultural – Casa Museu Fritz Alt, Casa da Cultura, Museu de Artes, Museu de Sambaqui e Arquivo Histórico. Além disso, relaciona as bibliotecas da Univille e da Udesc, que têm suas estruturas para pesquisa abertas não apenas aos universitários, mas à comunidade externa. Em todas elas, só não é permitido o empréstimo das obras e documentos, apenas consultas no local.

Alcione conta que, entre os projetos feitos em parceria com o governo federal, está o Programa Arca das Letras, desenvolvido nas comunidades da Estrada Blumenau, Alto Quiriri e Morro do Amaral. Outro projeto é o Casa Brasil, que segue o mesmo foco da aproximação dos livros com a população e é desenvolvido nos bairros Jarivatuba e Jardim Iririú. Ela explica que a proposta destes projetos é chamar a atenção da comunidade para os espaços, que antes eram pouco acessíveis para a pesquisa e agora estão disponíveis e podem ser aproveitados pela população.

“O objetivo é fazer com que haja descentralização do acesso aos livros”, ressalta a coordenadora das bibliotecas públicas da cidade. Além da existência das bibliotecas de referência – Rolf Colin e Gustavo Ohde – a Prefeitura de Joinville pretende fazer um trabalho com as secretarias regionais. O projeto piloto será na sede da regional do bairro Vila Nova. A previsão é de que ainda este ano ela esteja atendendo aos moradores com livros que serão disponibilizados para pesquisa e leitura.

O censo do Ministério da Cultura, realizado em todos os 5.565 municípios brasileiros – em 4.905 municípios foram realizadas visitas in loco para a investigação sobre a existência e condições de funcionamento – serviu de base para que fosse lançado um projeto para melhorar e ampliar o número de bibliotecas no País. Alcione explica que Joinville faz parte do projeto de estímulo a melhorias nesse setor, por meio do Programa Cidade do Livros. A iniciativa estimula ações de educação desenvolvidas nas bibliotecas existentes como contação de histórias, integração dos acervos públicos com os escolares, disponibilização de acervo em braile e também a proposta de melhorias dos prédios onde ficam as bibliotecas. “Temos uma proposta de ampliação da Rolf Colin. Mas não queremos fazer desta biblioteca um elefante branco. A ideia é expandir e diversificar o acesso nos bairros”, reforça Alcione.
 

PORTAL IG EDUCAÇÃO - 02/05/2010
Recursos não garantem bom ensino, aponta estudo 
Ministério da Educação compara gasto dos Estados com cada aluno anualmente e os resultados do Ideb
Priscilla Borges, iG Brasília

Um levantamento realizado pelo Ministério da Educação demonstrou que recursos financeiros em caixa não garantem um ensino de qualidade às crianças e aos adolescentes do País. Segundo o ministro da Educação, Fernando Haddad, dinheiro explica apenas 50% dos resultados de desempenho de uma escola, cidade ou Estado. O restante depende de boa gestão, projetos pedagógicos consistentes e envolvimento. O estudo elaborado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) utilizou os últimos resultados consolidados e divulgados do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) para séries iniciais do ensino fundamental, de 2007, e o investimento feito por cada Estado (por aluno) naquele ano. A análise não se estendeu a municípios. O intuito era conferir a relação entre dinheiro e qualidade de ensino a partir de critérios estatísticos.

A comparação revela situações interessantes entre os Estados (veja gráfico). Há uma tendência de melhoria no desempenho a partir do aumento de investimentos. A relação, no entanto, não é tão direta. Pode-se perceber isso ao analisar o Distrito Federal, por exemplo, que é o Estado que mais gasta com educação – R$ 3,8 mil por aluno em 2007 – e tem boas notas, mas não a mais alta. O índice de desempenho mais alto é do Paraná. O Estado atingiu média 4,82, investindo R$ 2.637 por cada estudante. Para a secretária de Educação Básica do MEC, Maria do Pilar Lacerda, as lições paranaenses merecem ser seguidas. “É o bom exemplo porque tem muito recurso e ele é bem utilizado. O Estado tem características de boa gestão, que promove inovação e garantia do direito de aprender”, diz.

Na avaliação de Pilar, não há dúvidas de que o País precisa investir mais em educação. Opinião endossada pelo ministro Fernando Haddad em recente entrevista ao iG, que ainda defendeu melhorias na organização das redes de ensino. “O dinheiro tem de estar aliado a projetos pedagógicos consistentes”, frisa a secretária de Educação Básica. “Não por acaso 80% dos municípios prioritários do Ideb estão nos Estados mais pobres do País”, ressalta Pilar. Todos que ficaram abaixo da média brasileira no Ideb – que foi de 4,2 nas séries iniciais do ensino fundamental – recebem apoio extra do ministério. Na Bahia, o Estado que menos investiu em educação (R$ 1.614), estão 279 dos 1.827 municípios considerados prioritários pelo MEC. Apesar de ter o mais baixo investimento em educação, a Bahia não possui o pior Ideb - 3,22. O lugar com o índice mais baixo apontado pelo estudo do MEC é o Pará, que obteve nota 3,02 em 2007. As escolas paraenses gastaram naquele ano R$ 1.756 com cada aluno.

Desigualdades repetidas na sala de aula - A comparação feita entre investimentos em educação e qualidade precisa ser cuidadosa. Os dados mostram que Minas Gerais, por exemplo, obteve o quinto melhor resultado no Ideb 2007: 4,58. Em termos de recursos gastos com ensino, a proporção não é a mesma. O estado mineiro investiu R$ 2.277 por cada estudante. A aparente excelência esconde fragilidades que não devem ser esquecidas, salienta Pilar. As diferenças de desempenho entre as regiões do Estado só aparecem na decomposição da nota. Os municípios mais pobres possuem índices de desempenho muito ruins. “Não podemos achar que só a gestão vai vencer os desafios da educação. A pobreza da sociedade precisa ser vencida. É preciso discutir a distribuição de renda e a diferença de oportunidades para mudarmos o cenário”, defende Pilar. Para a coordenadora do programa de educação do Unicef no Brasil, Maria de Salete Silva, a sociedade brasileira possui uma grande dívida na área da educação. “O investimento deve estar ao lado do direito de aprender universalizado. É preciso ter clareza sobre as enormes desigualdades do País. A zona rural é pior que a  urbana, a situação dos negros e indígenas é pior que a dos brancos, a situação do adolescente é pior que a da criança. A desigualdade deve mostrar o caminho do investimento”, diz.

O que mudar - Em junho, o Ministério da Educação vai divulgar uma pesquisa feita com as escolas que demonstraram o maior salto de qualidade entre o primeiro e o segundo resultados do Ideb. O Unicef, responsável pelo estudo, fez uma comparação entre as notas de 2005 e 2007. A partir daí, buscou identificar o que proporcionou a melhora no desempenho. Pilar adianta que as escolas declararam que só tiveram noção do próprio desempenho a partir da divulgação do Ideb. Até então, professores e diretores não sabiam avaliar o próprio trabalho. Além disso, o Plano de Ações Articuladas é apontado como fundamental para orientar o trabalho de escolas e municípios.

O PAR dá suporte aos municípios considerados prioritários pelo MEC. A verba extra liberada pelo ministério para essas localidades está condicionada à apresentação de planos de trabalho, com metas, ações e estratégias previamente definidas. “Sem políticas públicas de Estado, não há como mudarmos a realidade”, diz Pilar. Além de gestão eficiente, os especialistas apontam como fundamental para o sucesso da escola a construção de um projeto pedagógico com os professores e os funcionários – para que eles entendam o que estão fazendo e o porquê –, a participação da comunidade e o clima de otimismo. “É subjetivo, mas faz muita diferença o olhar da direção e dos professores sobre si mesmos e os alunos. Isso melhora a autoestima”, defende Pilar. Para Salete, a formação dos professores também precisa ser revista para garantir melhorias na educação. Ela acredita que os universitários não têm, durante a graduação, noção da realidade que os espera nas escolas. “Essa articulação precisa ser garantida. Muitas vezes, a formação continuada apenas tapa buracos da formação inicial.”


AGORA SP - 01/05/2010
Serventes dão lição quando professores faltam 

Léo Arcoverde
do Agora

Ao menos duas serventes estão substituindo uma professora de geografia de licença, e aplicando lições da disciplina, em pelo menos duas turmas da 5ª série da Emef (Escola Municipal de Ensino Fundamental) Oswaldo Aranha Cordeiro de Mello, em Cidade Tiradentes (zona leste de SP), segundo pais de alunos.

Sob a condição de anonimato, funcionários da unidade afirmaram que, na última terça-feira, a falta de professores provocou o cancelamento das aulas no período da tarde para uma turma da 5ª série e outra da 6ª série. Desde o início do mês passado, houve vários dias em que os estudantes dessas duas séries tiveram duas ou apenas uma das seis alunas previstas entre 13h30 e 18h30.

O auxiliar de enfermagem aposentado Roberto Aparecido Magilarelli, 59 anos, disse que o horário da aula de geografia do filho, anteontem, foi substituído por uma lição --copiar três páginas com assuntos da disciplina-- aplicada por uma agente escolar de nome Kátia. "Meu filho reclama que não tem com quem tirar dúvidas, já que existe uma lição sendo feita sem professora."  

"Inspetora só aplicou uma lição" 

A Secretaria Municipal da Educação disse que serventes "não dão aulas na rede municipal de ensino".

Segundo a pasta, anteontem, uma inspetora de alunos da Emef Oswaldo Aranha Cordeiro de Mello "distribuiu e recolheu" uma lição de geografia preparada pela professora da 5ª série que faltou porque estava participando de um congresso.

A pasta afirmou que não existe falta de professor na escola e que aulas de matemática deixaram de ser dadas nas últimas semanas porque a professora da disciplina assumiu "novas funções" na unidade. Na próxima segunda-feira, um professor assume seu lugar e dará aulas para as turmas A, B e C da 5ª série.

Com relação à última terça-feira, a secretaria confirmou que três professores faltaram. Sempre que isso ocorre, segundo a pasta, "a escola tem atividades pedagógicas planejadas, com acompanhamento da equipe técnica, a fim de não prejudicar o aprendizado dos alunos".

A pasta prometeu repor as aulas vagas.

O ESTADO DE SÃO PAULO - 01/05/2010 
MEC quer realizar Enem nos dias 6 e 7 de novembro

Ministro Haddad disse mais uma vez que trabalha com essas datas; Enade também deverá ser adiado

SÃO PAULO - O ministro da Educação, Fernando Haddad, disse mais uma vez que trabalha com a ideia de realizar a edição 2010 do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) nos dias 6 e 7 de novembro. Segundo ele, as datas só precisam ser confirmadas pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). A afirmação foi feita durante um evento em Foz do Iguaçu, no Paraná. O Enem, que normalmente é realizado em outubro, teria seu calendário alterado por causa das eleições. A mudança também deve atingir o Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) de 2010, que já estava marcado para o primeiro fim de semana de novembro e, por causa do Enem, terá de ser adiado. Procurado pela reportagem, o Inep não confirmou as alterações, mas informou que trabalha com os dias 6 e 7 de novembro para o Enem 2010.

Segundo o MEC, o resultado das provas deve estar disponível na primeira semana de janeiro para ser usado por instituições públicas de ensino superior como forma de ingresso. Em 2009, 51 aderiram ao Sistema de Seleção Unificada (Sisu), que ofereceu 47,9 mil vagas. Em 2009, 4,1 milhões de estudantes se inscreveram no Enem e 3,2 milhões fizeram as provas. A expectativa é de que a edição deste ano tenha 6 milhões de estudantes inscritos. A data para o início das inscrições de 2010 ainda não foi fechada pelo Inep.

Em junho, o MEC fará uma nova rodada de inscrições do Sisu. Os alunos que tiverem interesse em disputar as vagas a serem oferecidas por instituições públicas de ensino superior vão usar a nota do Enem de 2009. As 51 instituições que participaram da primeira edição do sistema manifestaram interesse em permanecer no processo, mas ainda não é possível saber quantas vão participar da etapa de junho, já que nem todas fazem processos seletivos duas vezes ao ano.

O ESTADO DE SÃO PAULO - 01/05/2010
Só 29% das bibliotecas públicas têm internet 
Mapeamento divulgado pelo Ministério da Cultura mostra que 420 municípios não têm nenhum espaço público destinado à leitura
Rafael Moraes Moura

Na era dos livros digitais e da proliferação de sites com obras disponíveis para download, apenas 29% das bibliotecas públicas municipais disponibilizam internet para seus usuários. Algumas localidades não ingressaram sequer na era dos livros de papel: dos 5.565 municípios brasileiros, 420 não têm nenhum espaço gratuito destinado à leitura.

Os números foram reunidos pelo 1.º Censo Nacional das Bibliotecas Públicas Municipais, divulgado ontem pelo Ministério da Cultura. O mapeamento mostra que, de uma forma geral, o frequentador de biblioteca encontra uma série de carências nos centros de leitura do País.Entre setembro e novembro do ano passado,12% dos municípios estavam em processo de implantação de suas bibliotecas públicas, 8% não tinham planos de criá-las e 1% iriam reabri-las. O Maranhão lidera o ranking dos municípios sem espaços para leitura (62), seguido por São Paulo (51). "São dados desafiadores", disse a presidente do Conselho Federal de Biblioteconomia, Nêmora Rodrigues. Ela atribui o problema à pouca mobilização dos gestores. "Falta conscientização dos dirigentes para a importância da biblioteca."

Para o diretor de Livro, Leitura e Literatura do Ministério da Cultura, Fabiano Piúba, é necessário um trabalho de conscientização para que os prefeitos reconheçam a importância de oferecer um espaço de leitura. Ele comentou, sem citar nomes, que pelo menos cinco municípios sinalizaram que não tinham interesse em receber uma biblioteca. "Estaremos fadados ao fracasso social, econômico e educacional se não inserirmos a política de livro e leitura para o desenvolvimento do Brasil." O ministério lançou edital para investir R$ 30,6 milhões em 300 bibliotecas do País. O objetivo é atender a prefeituras e Estados, que devem se inscrever até 15 de junho para pleitear a verba. Variações regionais. De acordo com o censo, o retrato da leitura não é homogêneo no País. Os nordestinos, por exemplo, são os visitantes mais assíduos de bibliotecas. A média de frequência entre os usuários por lá é de 2,6 vezes por semana, mais que o 1,9 do índice nacional. O Nordeste também apresenta o maior porcentual de bibliotecas com funcionamento noturno - 46% delas abrem também à noite. Já as bibliotecas da Região Norte são as que menos emprestam livros - apenas 90 por mês. As do Sul são as mais informatizadas, com 45% dos espaços oferecendo internet para os usuários. No Sudeste estão os maiores acervos - 36% das bibliotecas reúnem mais de 10 mil volumes. O ranking regional e nacional de bibliotecas com essa quantidade de livros é liderado por São Paulo (51%). O censo do setor foi elaborado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), a um custo de R$ 3,7 milhões.
 

Acesso é precário para portadores de deficiência

Rafael Moraes Moura

Só 9% das bibliotecas públicas municipais têm serviços para pessoas com deficiência visual, segundo levantamento divulgado pelo Ministério da Cultura. Quando o universo em questão é o de pessoas com outras necessidades especiais, o índice é ainda menor: 6%. O estudo leva em consideração a acessibilidade (rampas e corrimões) e a presença de materiais como livros em braile e audiolivros.

No Estado de São Paulo, 15% das bibliotecas têm serviços para pessoas com deficiência visual e 18% para aqueles com outras necessidades. Por lei, todos os prédios públicos precisam ter acessibilidade.


CORREIO BRAZILIENSE - 30/04/2010
Pesquisa mostra que 445 municípios do país ainda não têm bibliotecas 
Agência Brasil

Pesquisa divulgada hoje (30) pelo Ministério da Cultura revela que em 445 cidades brasileiras ainda não há bibliotecas municipais. O índice representa 8% dos 5.565 municípios em todo o país. O estado com o maior número de cidades sem esses espaços para leitura é o Maranhão (61). O 1º Censo Nacional das Bibliotecas Públicas Municipais foi realizado pela Fundação Getulio Vargas (FGV) e encomendado pelo ministério.
De acordo com o levantamento, em 79% das cidades há bibliotecas municipais em funcionamento. Em 12%, elas estão em processo de implantação e em 1%, em fase de reabertura. O estudo foi feito entre setembro e novembro do ano passado. Em 2007 e 2008, 660 cidades não tinham bibliotecas municipais. O perfil dos estabelecimentos indica uma média de 296 empréstimos por mês e uma frequência média de usuários de 1,9 vez por semana. A área física é de 177 metros quadrados, em média, e a maioria das bibliotecas (99%) não abre durantes os finais de semana, só funciona de segunda à sexta, de manhã e de tarde.

Os dados mostram ainda que 91% dos locais não oferecem serviços a pessoas com deficiência visual. O índice das bibliotecas que não dispõem de serviços para portador de necessidades especiais chega a 94%. Além disso, 88% dos estabelecimentos não têm nenhum tipo de atividades de extensão, como oficinas e rodas de leitura em escolas. Segundo a pesquisa, 64% das bibliotecas municipais do país têm computador, 39% têm televisão, 28% têm videocassete, 27% têm aparelho de DVD e 24% ainda usam máquina de datilografia. Entretanto, 25% delas não contam com nenhum desses equipamentos. Apesar do número razoável de estabelecimentos com computadores, nem a metade (45%) tem acesso à internet. Desses, apenas 29% prestam esse tipo de serviço aos usuários.

Bibliotecas municipais têm quatro funcionários em média, a maioria sem formação específica

As bibliotecas municipais brasileiras têm em média 4,2 funcionários e a maioria (84%) é mulher. Entretanto, 52% dos trabalhadores desses estabelecimentos não têm capacitação para a atividade em bibliotecas. Os dados fazem parte do 1º Censo Nacional das Bibliotecas Públicas Municipais, divulgado hoje (30) pelo Ministério da Cultura. O levantamento, realizado pela Fundação Getulio Vargas (FGV), também aponta que a média de idade dos funcionários é de 41,2 anos e que 40% deles completaram apenas o ensino médio, enquanto 57% concluíram o ensino superior.
Já o perfil de quem freqüenta bibliotecas municipais no país indica que 65% dos usuários vão ao local para fazer pesquisa escolar, 26% para pesquisa em geral e 8% para lazer. Os assuntos mais pesquisados são geografia e história, literatura e obras gerais (como enciclopédias e dicionários). Segundo o estudo, 55% dos usuários frequentam as bibliotecas de uma a cinco vezes ao mês; 18%, de seis a dez vezes; 20%, de dez a 20 vezes, e 3% fazem mais de 20 visitas mensais. Do total de empréstimos por mês, 23% das bibliotecas registram de um a 30 volumes; 12%, de 30 a 90 volumes; 26%, de 90 a 300 volumes; e 19%, mais de 300 volumes. De acordo com o ministério, 9% não fazem empréstimos.
Em relação à quantidade de obras no acervo, 13% dos estabelecimentos têm até 2 mil volumes. O estudo também mostra que 35% têm até 5 mil volumes, 26% têm até 10 mil e 25% têm mais de 10 mil. A maioria das obras (83%) foi doada, enquanto 17% foram comprados. Em 29% das bibliotecas municipais, a programação cultural oferecida inclui a chamada hora do conto. Em 25%, os usuários podem participar de oficinas de leitura, 24% promovem rodas de leitura e 18%, palestras. Entretanto, 44% dos locais não oferecem nenhum tipo de atividade de extensão.

Tocantins é o estado com maior índice de bibliotecas por grupo de 100 mil habitantes 

Tocantins aparece como primeiro colocado no ranking de unidades da Federação com o maior número de bibliotecas municipais para cada 100 mil habitantes, com uma taxa de 7,73. Logo depois aparecem Santa Catarina (4,52) e Minas Gerais (4,14). Entretanto, Minas Gerais lidera em número absoluto de estabelecimentos, com um total de 831 bibliotecas municipais. Em seguida vêm São Paulo (673) e o Rio Grande do Sul (437). Os dados fazem parte do 1º Censo Nacional das Bibliotecas Públicas Municipais, divulgado hoje (30) pelo Ministério da Cultura. O levantamento aponta que as unidades federativas com as taxas mais baixas de bibliotecas para cada 100 mil habitantes são o Rio de Janeiro (0,86), Distrito Federal (0,76) e Amazonas (0,7). Já os que registram os menores números absolutos de estabelecimentos são o Amapá (11), o Acre (dez) e Roraima (sete).

No ranking de municípios com o maior número de bibliotecas para cada 100 mil habitantes, a cidade de Barueri (SP) aparece em primeiro lugar, com uma taxa de 4, seguida por Curitiba (PR), com 2,97, e Santa Rita (PB), com 2,35. Em números absolutos de estabelecimentos, o município de São Paulo (SP) lidera com 57 bibliotecas, seguido por Curitiba (55) e Brasília (20). Já as cidades com a menor taxa de bibliotecas para cada 100 mil habitantes são Salvador, com 0,06, Fortaleza, com 0,03, e Manaus, com 0,05. O levantamento mostra ainda que a Região Sul registra a taxa mais alta de bibliotecas para cada 100 mil habitantes (4), seguida pelo Centro-Oeste (2,93), Nordeste (2,23), Sudeste (2,12) e Norte (2,01).

CORREIO BRAZILIENSE - 30/04/2010

Para ministro da Educação do Paraguai, laptops por aluno não resolvem aprendizagem
 

Agência Brasil

Foz do Iguaçu - Assim como Uruguai, Argentina e Brasil, o Paraguai também implementa um programa para distribuir laptops, que devem ser utilizados em sala de aula, a alunos da rede pública. Para o ministro da Educação paraguaio, Luis Alberto Riarte, o maior custo desse tipo de programa não é econômico. O esforço está em garantir a estrutura necessária para que os computadores tenham efeito no aprendizado. “O custo real é deixar as escolas em condição para permitir a missão que temos. O erro que só comete é colocar a solução para o ensino no computador se não existe proposta pedagógica”, defendeu em encontro sobre educação na América Latina. Na avaliação do ministro, é preciso primeiro garantir a estrutura física, as ferramentas para uso em sala de aula e principalmente a formação docente. “A situação é muito particular no Paraguai pela precariedade da infraestrutura de algumas escolas”, apontou.

O Paraguai irá produzir os computadores que serão utilizados pelos estudantes. Antes é preciso organizar a demanda de produção. “São 1 milhão de alunos e mais 90 mil docentes. Temos que repor as máquinas todo ano e seremos capazes de atender os alunos que entram anualmente no sistema escolar, são cerca de 50 mil ao ano”, explicou. A distribuição dos computadores começará pelos professores. Riarte presenteou o ministro da Educação, Fernando Haddad, com um modelo do computador que será utilizado pelos alunos paraguais. No Brasil, as máquinas do programa Um Computador por Aluno (UCA) começaram a ser distribuídas este ano. Serão atendidos 300 mil alunos em cerca de 85 escolas públicas. Na Argentina, o governo irá distribuir 3 milhões de computadores para alunos do ensino médio. Já no Uruguai o governo conseguiu universalizar a ação para todos os estudantes da rede pública do ensino primário.

O POVO - 03/05/2010 - FORTALEZA CE
Bibliotecas municipais

Do texto de manchete, ``11 municípios do Ceará sem biblioteca`` (Editoria Brasil, página 28), da edição de sábado passado, dia 1º, do O POVO, causa espanto que algumas cidades do Estado, que alcançaram conquistas de cerca de 20 anos para cá, deixem de contar com esse tipo de equipamento. No caso específico dos mantidos pelas próprias prefeituras municipais. Ausentes em Icapuí, onde administrações modelos priorizaram a educação, a infância e saúde; assim como Tauá, registrando surto cultural polarizado pelo Museu dos Inhamuns. A ponto de os tauaenses terem sido anfitriões em 2007 do III Encontro Nordestino de Museus. Como terceira cidade, Forquilha, inclusive pelo fato de ser localizada na microrregião de Sobral, município tradicional na educação e cultura, contando até com a Universidade Vale do Acaraú (UVA).

A matéria registra dados do 1º Censo Nacional das Bibliotecas Públicas Municipais, realizado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e encomendado pelo Ministério da Cultura (MinC). Revela que faltam bibliotecas municipais em 420 cidades brasileiras. Ou seja, 7,5% dos 5.565 municípios do País. É necessário compreender que os recursos financeiros insuficientes de várias cidades limitam a capacidade dos gestores em dotá-las do máximo possível do que as populações merecem. Entretanto, deveriam existir alternativas.

Poderiam contar com o apoio de secretarias estaduais de Educação e Cultura, além dos ministérios correspondentes do Governo federal. Ou então, o apelo chegar até a Unesco, em Paris, justamente a agência da ONU que delibera sobre educação, ciência e cultura. Além disso, apesar de a televisão via satélite e a Internet alcançarem hoje os rincões mais distantes, a leitura impressa é fundamental ainda para que se assimilem as informações. Isso abrange populações que estão sendo alfabetizadas. A biblioteca municipal seria, portanto, um reforço do que foi aprendido nas escolas. Em determinados países com ideologias diversificadas, onde houve reformas educacionais profundas, dificilmente se descuidou da implantação de bibliotecas públicas.

A questão envolve nações que mudaram de alfabeto, como aconteceu na Turquia, em 1928, do árabe para o latino. É verdade que o latino era utilizado paralelamente nas escolas daquele país e suas possessões na Europa e Ásia desde 1635. Mas, foi a determinação do fundador da República Turca, Kemal Atatürk, que levou à mudança geral de letras e do direcionamento da escrita, da direita para esquerda, passando a ser da esquerda para direita. Uma proposta dessas na Turquia só poderia ser viabilizada com a implantação de bibliotecas, pelo fato de ter sido incluída toda uma população já fora de aulas. No Brasil, a questão é mais simples até porque, desde 1500, nunca se pretendeu erradicar o alfabeto latino, nem se fosse adotado o tupi-guarani.
 

Observação: as notícias deste clipping são
meramente informativas, publicadas em jornais
diários. Portanto, não expressam a opinião do SINPEEM.


A DIRETORIA

CLAUDIO FONSECA
Presidente

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