Viagens para aposentados

08/05/2006 – CLIPPING

JORNAL DA TARDE – 08/05/2006
Por trás das notas baixas 

Fraco rendimento escolar em crianças saudáveis pode ser sinal de uma disfunção cerebral 

Márcio Oyama 

A criança cresce e se desenvolve normalmente: brinca com os amigos, assiste à televisão, desenha bem, aprende novos jogos, tem até fama de esperta. Mas, na escola, é um desastre. Não aprende nada direito, escreve mal, com uma letra terrível. Assim, não demora muito para que pais e professores passem a taxar o aluno de preguiçoso, indisciplinado, distraído, 'burro'.

Esses pais e professores não sabem, mas podem estar cometendo um erro gigantesco. A tal criança tem grande chance de ser vítima de dislexia, um distúrbio cerebral genético que, em seu grau mais elevado, compromete seriamente a leitura e a escrita. Quem sofre dele não consegue ler uma palavra sem trocar as letras.

"O cérebro recebe um código e devolve outro. Um 'b', por exemplo, pode ser lido como um 'p'. Chamamos isso de troca visual", explica a psicóloga Maria Mônica Nico Bianchini, especialista em diagnóstico de dislexia e coordenadora de Divulgação da Associação Brasileira de Dislexia (ABD).

No dia em que falou ao JT, Maria Mônica havia acabado de diagnosticar o problema em um menino, na sede da associação, localizada na zona oeste da cidade. "O pai da criança quase enfartou na minha sala. Ficou muito emocionado. Disse que sempre tratou o filho como preguiçoso, 'vagabundo'."

A mesma desinformação que levou o pai a cometer um erro tão grave faz com que a dislexia seja freqüentemente acompanhada de um doloroso histórico de rejeição, que abala seriamente a auto-estima do paciente. "Esta é a principal e mais séria conseqüência do problema", diz Mônica.

Tão séria a ponto de, em alguns casos, minar o futuro de uma criança. "Já atendi quatro meninos da Febem que haviam caído na marginalidade por causa da dislexia. Como iam mal na escola e eram reprimidos em casa, acabaram buscando um grupo que os aceitasse", relata a psicóloga. Em Londres, uma pesquisa mostrou que 50% da população carcerária local sofre do distúrbio.

Segundo Maria Mônica, estudos internacionais apontam que a dislexia atinge de 10% a 15% da população mundial e é mais identificada em homens do que em mulheres, numa proporção de 3 para 1. O problema aparece tanto em crianças quanto em adultos e seu diagnóstico precisa ser feito por um especialista (leia abaixo). A ABD reserva 30% de seu atendimento à população carente, mas há fila de espera. O valor do tratamento pago pode ser dividido em parcelas. O telefone da associação é o 3258-7568.

Cara a cara 

Luciany C. J. Vettori, mãe de Pedro, de 12 anos, que sofre de dislexia 

Como você descobriu que o seu filho Pedro tem dislexia?

Descobri o problema assistindo a um programa na televisão. Era uma reportagem sobre o distúrbio. Aí, comecei a encaixar as peças e vi que meu filho poderia ser disléxico. Resolvi procurar uma psicóloga, que me encaminhou para a Associação Brasileira de Dislexia.

Quantos anos ele tem?

O Pedro tem 12 anos.

E desde quando ele apresenta os sinais da dislexia?

Desde os quatro anos. Passamos oito anos de sofrimento, porque não sabíamos o que ele tinha. Eu e meu marido já fizemos de tudo para tentar solucionar o baixo rendimento escolar do menino. Procuramos um professor particular, mas não adiantou. Então, decidimos mudar o Pedro de colégio. Até de cidade nós mudamos. Nada disso resolveu.

As vítimas da dislexia geralmente sofrem muito na escola, por causa da desinformação sobre o problema entre os professores e até os diretores. Muitos educadores ainda não sabem identificar estudantes disléxicos, não estão preparados para isso. Assim, não informam os pais, que não tomam as providências. Foi assim com o Pedro?

Sim. Eu acabei descobrindo o distúrbio sozinha. O Pedro sofreu muito com colegas e com a desinformação dos professores. Ele era chamado até de 'malandro'. Os professores também diziam que era muito preguiçoso.

Onde vocês moram hoje?

Moramos no sul de Minas Gerais, numa cidade chamada Conceição do Rio Verde. Mas tivemos de vir para São Paulo para procurar um tratamento especializado. Soubemos que só na ABD poderíamos ter um diagnóstico mais completo.

Como será o tratamento?

Teremos de fazer na nossa cidade mesmo, porque não podemos vir com freqüência para São Paulo. 

Busque ajuda com um especialista

O diagnóstico da dislexia não é tão simples e exige exames específicos 

O diagnóstico da dislexia só pode ser feito por um profissional especializado. A Associação Brasileira de Dislexia (veja telefone no texto acima) é a única entidade no Estado a realizar o exame multidisciplinar para a detecção do distúrbio.

O orientador educacional Mário Ângelo Braggio, coordenador de Relações com o Sistema Educacional da ABD, alerta: não é só porque o seu filho está demorando para começar a ler ou já tem dificuldade na escrita que pode ser disléxico. "Qualquer troca de letra não é dislexia. Há uma série de características que acompanham o problema." Entre elas, estão a disgrafia (letra ilegível), a discalculia (distúrbio de interpretação da matemática) e o Transtorno de Déficit de Atenção (TDA). "Uma criança disléxica é aquela que já atingiu a idade de alfabetização e ainda não consegue escrever."

Braggio trabalha em uma escola que atende alunos com dislexia há 11 anos, o Externato Nossa Senhora Menina (tel.: 6965-2083), na Mooca. Atualmente, a instituição tem 78 estudantes especiais.

Os adultos também podem descobrir, depois de muitos anos, que sofrem do problema. A psicóloga Maria Mônica Nico Bianchini, da ABD, soube apenas aos 40 anos que tinha o distúrbio. Na época, já trabalhava na associação e nunca havia desconfiado ser disléxica. Ela explica que a intensidade do distúrbio varia de severa, média e leve - a dela é leve. A mais grave é detectada na infância e as formas mais amenas, na fase adulta. O tratamento pode ser feito com um psicopedagogo ou um fonoaudiólogo, que 'treinam' o cérebro para ler corretamente. No entanto, não existe cura. 

JORNAL DA TARDE – 08/05/2006
Contos para alunos de escolas públicas 

Durante este mês, a cantora Elida Marques e os músicos Nina Beauth e Pedro Ribeiro se apresentarão para 2.400 alunos de escolas municipais do Alto do Tietê, Vale do Paraíba e Litoral Norte, contando as histórias de Hans Christian Andersen, o mais importante autor de contos de fadas de todos os tempos. O evento faz parte das Ações Culturais 2006 da Bandeirante, para fomentar o hábito da leitura entre os alunos. 

JORNAL DA TARDE – 08/05/2006

Prêmio de incentivo à alfabetização

Estão abertas as inscrições para a 2ª edição do Prêmio Além das Letras, que contemplará os 20 municípios com as melhores práticas em alfabetização de crianças matriculadas na rede pública. O término das inscrições é 30 de junho. O regulamento do concurso e mais informações podem ser obtidos no site www.alemdasletras.org.br . O prêmio tem como objetivo fazer com que as crianças de baixa renda sejam alfabetizadas plenamente nas escolas públicas. 

JORNAL DA TARDE – 08/05/2006
Alunos aprendem a respeitar deficientes 

Os professores do Colégio São Luís estão trabalhando, em diversas disciplinas, a consciência acerca das dificuldades enfrentadas por pessoas com deficiência. Nas aulas de educação física, por exemplo, brincar de cabra-cega ou rabo de burro se transforma num aprendizado e numa vivência diferente, semelhante à sensação de pessoas que não exergam. A iniciativa faz parte da Campanha da Fraternidade 2006, cujo tema é "Fraternidade e pessoas com deficiência". 

JORNAL DA TARDE – 08/05/2006
Jogos no ensino da matemática

O Colégio Domus Sapientiae criou uma sala ambiente de matemática para facilitar o processo de aprendizagem das crianças. O local conta com diversos jogos educativos. "Quando a criança joga, além de aprender a conviver e respeitar os colegas, ela desenvolve habilidades matemáticas", diz a coordenadora do Ensino Fundamental, Mônica Santoro. "O jogo também leva a criança a buscar soluções originais, como deve acontecer na resolução de problemas."

Estão abertas as inscrições para o Projeto Espaço de Orientação de Estudos, voltado a alunos do ensino médio da rede pública. São aulas de reforço escolar dadas pela USP, gratuitamente. As inscrições para a seleção - que terá duas fases - vão até dia 15 . Mais informações pelo telefone 6943-3530. 

JORNAL DA TARDE – 08/05/2006
Livro novo a preço de sebo 

Pontas de estoque vendem produtos novos, sem defeito: técnicos a partir de R$ 1 e clássicos por R$ 5,90 

LUCIANA MATTIUSSI

Pagar barato não significa apenas comprar livro usado. Nas lojas especializadas em pontas de estoque do mercado editorial é possível pagar preços similares aos cobrados pelos sebos, mas com a vantagem de ser por produtos novos. E o consumidor não precisa se preocupar se há problemas como a falta de uma página, por exemplo. Diferentemente do que ocorre nas pontas de estoque de roupas, os livros não apresentam defeitos.

A editora da Universidade Estadual Paulista (Unesp) abriu no final do ano passado uma loja em sua sede, no número 108 da Praça da Sé (Centro), para vender livros a partir de R$ 1. "Vendemos apenas livros novos e em boas condições. Se o comprador encontrar um defeito gráfico, ele pode trazer aqui para trocar", garante José Emílio Eloys, gerente de vendas da Editora Unesp. Ele ressalta, porém, que livros com rasuras e rasgados não são trocados.

Entre os títulos que custam R$ 1 estão a Revista de Ciências Farmacêuticas e a Revista de Odontologia, editadas pela Unesp. Também é possível encontrar livros por R$ 2, como Modernização e Pobreza - A Expansão da Agroindústria Canavieira e seu Impacto Ecológico e Social, de Manuel Corrêa de Andrade, e por R$ 3 (Um Eldorado Errante - São Paulo na Ficção Histórica de Oswald de Andrade, de Antônio Celso Ferreira).

A ponta de estoque da Unesp trabalha com livros próprios e direcionados para um público específico, formado em sua grande maioria por universitários. E são exatamente esses os motivos para os preços baixos. "Resolvemos fazer a ponta de estoque com livros que tinham poucos exemplares ou com baixa tiragem em estoque por serem muito específicos", explica o gerente de vendas.

Quem já deixou de estudar, no entanto, também tem opções para comprar livros novos mais baratos. Uma delas é a rede Papelivros (ver endereços no quadro). Apesar de serem livrarias normais, todas as lojas oferecem ponta de estoque, com preços a partir de R$ 2,90. "Arrematamos esses livros nas editoras para fazer a ponta de estoque. Há exemplares, inclusive, que são vendidos normalmente em outras livrarias. Um exemplo é o Código de Processo Penal Comentado por Carlos Frederico Coelho Nogueira. Aqui, ele custa R$ 29,90 e em outros lugares chega até R$ 200", comenta a encarregada da loja da Av. Brigadeiro Luís Antônio, Sandra Regina.

Por R$ 5,90, a Papelivros vende os clássicos Os Sertões, de Euclides da Cunha, Os Maias, de Eça de Queiróz, e Lucíola, de José de Alencar, além de peças de William Shakespeare, como Hamlet, Sonho de Uma Noite de Verão e O Rei Lear.

Sandra Salério, proprietária da ponta de estoque que leva seu nome, explica que um dos motivos que faz o preço de um livro cair é a quebra de sociedade entre o autor e a editora. "O autor opta por vender sua obra diretamente, o que faz com que o preço caia. Os livros também vêm de editoras ou livrarias que fecham", informa. Na Salério, a obra O Amor do Soldado, de Jorge Amado, está R$ 9,90 e o livro O Castelo de Âmbar, de Mino Carta, R$ 12,90. Curso Integrado de 1º e 2º Graus - Concursos e Vestibulares sai por R$ 39,90.

Ao cobrarem preços mais em conta, as pontas de estoque acabam atraindo um público que dificilmente teria condições de comprar livros, como é o caso da empregada doméstica Gildete Ribeiro Silva, 23 anos. "É tudo muito caro. Mesmo nos sebos há livros caros, ainda mais se levarmos em conta que muitas vezes o estado deles é ruim. Se não tivesse lugares como esse, nunca conseguiria comprar um livro", diz Gildete, que escolhia um título na Papelivros. Ela levou o romance As Outras, de Evelyn Lau, por R$ 5,90. Nas livrarias tradicionais, ele está por volta de R$ 43,50. 

JORNAL DA TARDE – 07/05/2006
Música clássica no CEU ajuda a democratizar a cultura 

LUANDA NERA

No próximo dia 11, quinta-feira, o CEU Paz, na Zona Norte, vai receber uma dose extra de cultura erudita. Cerca de 500 alunos de escolas públicas da região terão a oportunidade de assistir - a grande maioria deles, pela primeira vez - a apresentação de uma orquestra.

A proposta faz parte do projeto Toca Atitude, desenvolvido pela Votorantim em parceria com a Orquestra Bachiana Jovem e a Secretaria Municipal de Educação. O objetivo é promover a democratização cultural nas regiões periféricas da cidade.

"O grande desafio é estimular a procura por bens culturais. O projeto é a porta de entrada para muitos que ainda não conhecem esse universo", explica Daniella Eisenbraun, coordenadora de projetos culturais do Instituto Votorantim.

Composta por 35 jovens da periferia de São Paulo, sob a orientação dos professores Ênio Antunes e Laércio Diniz, a Bachiana Jovem é fruto do trabalho voluntário de professores da Bachiana Chamber Orchestra, regida pelo maestro João Carlos Martins. Segundo ele "este é o primeiro projeto que efetivamente propõe a descentralização para formação de novos públicos".

As apresentações do Toca Atitude já ocorreram nos CEUs Casa Blanca e Aricanduva. Estão previstas ainda mais 3 espetáculos na Capital e outros 3 em cidades do interior (Votorantim, Itapetininga e Mogi das Cruzes). O repertório inclui composições de Bach, Mozart, Beethoven, Villa-Lobos, Bizet e Carlos Gardel.

O projeto foi lançado no final de abril e os efeitos já são visíveis. Um deles é o interesse dos espectadores pelos cursos de música oferecidos nos próprios CEUs."Estamos criando novas platéias. Prova disso é que, imediatamente após cada apresentação, há uma média de 30 novas inscrições para as oficinas musicais. O impacto é visível", comemora Daniella Eisenbraun.

Jonathan Souza, 20 anos, toca violino na Orquestra Bachiana há dois meses. Mas sua trajetória é longa: aos 7 anos ingressou no Centro de Estudos Musicais Tom Jobim para aprender o instrumento e, há 3 anos, cursa a faculdade de música graças a uma bolsa de estudos.

Agora tem a chance de repassar para outros jovens um pouco do estímulo que sempre recebeu da família. "É muito gratificante ver as pessoas conhecendo a música pelo meu trabalho. É fundamental para a cultura do País. Não podemos aceitar só o que chega na periferia", analisa. 

JORNAL DA TARDE – 06/05/2006
Escola estadual é sucesso na Zona Leste 

MARIA REHDER 

Administrar a fila de espera por uma vaga de candidatos de regiões distantes como Guaianazes e Cidade Tiradentes; ter uma aluna que acaba de voltar de Portugal por ter vencido a Olimpíada Brasileira de Língua Portuguesa, e ser a 25ª colocada no Exame Nacional de Ensino Médio (Enem), que teve a participação de 15.976 escolas públicas do país. Essa é a realidade da Escola Estadual João Borges, localizada no Tatuapé, que tem mais de 1,8 mil alunos.

Na verdade, essas conquistas, que contrariam o preconceito de que escola pública não oferece ensino com qualidade, não foram os fatores que levaram a reportagem do JT a visitar a EE João Borges, mas sim, o relato de uma mãe de aluno.

"Há 4 anos, tive de tirar o meu filho da escola particular, pois enfrentamos problemas financeiros. Foi difícil, pois achava que encontraria uma escola inferior, sem falar do medo da violência. No entanto, o que encontrei foi algo diferente: uma escola organizada, com um atendimento pedagógico de primeira linha", diz Sirley Sá, secretária-executiva, mãe de Flávio Henrique, da 8ª série .

No início, Sirley conta que seu filho ficava isolado na escola. "O que mais me surpreendeu foi que as coordenadoras logo me procuraram para conhecer a realidade familiar dele. Ao conversar, descobriram que ele conhecia uma menina de outra sala e o transferiram, o que facilitou sua integração."

Hoje, Flávio tem ótimo rendimento pedagógico. "É incrível ver como as coordenadoras mantêm o contato conosco, além de garantir ensino de qualidade", avalia.

Segredo do sucesso

Coordenadora pedagógica da EE João Borges há 15 anos, Meres F. da Silva diz que nem sempre a escola foi este mar de rosas. "Antes a gestão era rígida, os professores não tinham liberdade", conta.

A mudança, segundo Meres, ocorreu há 8 anos , com a entrada da diretora Claudete A. de Palma. "Ao assumir, ela deixou claro que a prioridade seria a proximidade com as famílias e os professores seriam livres, mas teriam de se comprometer", afirma.

Alguns não aceitaram este modelo e saíram da escola. "Levamos 2 anos para implementar o novo projeto, que incluía dedicação integral, fator fundamental para bons resultados. Hoje, os professores sempre estão de olho nos alunos e elaboram em conjunto o conteúdo pedagógico, com ênfase na cidadania e temas atuais", diz.

Diretora supera desafios 

A diretora da EE João Borges, Claudete Palma, formada em pedagogia, história e sociologia, conta que o começo não foi fácil. "Vivi preconceito racial, fui ameaçada, mas como sou durona não desisti e deixei claro que quem não aceitasse uma escola aberta teria de sair", conta, ao mesmo tempo em que tira do bolso um papel com telefones de pais que seriam atendidos com hora marcada.

Claudete diz que muitos funcionários ultrapassam o horário de trabalho para conseguir atender aos pais. "Ninguém pode dizer que foi por falta de horário que não falou conosco. Sem falar da busca pelo envolvimento dos alunos para incrementar o conteúdo escolar." 

FOLHA DE SÃO PAULO – 08/05/200
Universidade aberta

O Ministério da Educação finalizou na semana passada a contabilização da primeira fase de oferta de cursos e pólos da Universidade Aberta do Brasil, que deve entrar em funcionamento a partir do próximo ano. Restam pontos a esclarecer, mas a idéia é uma novidade no panorama carente de inovação do ensino superior brasileiro.

O objetivo é aproximar o sistema de ensino superior público das redes estaduais e municipais de educação básica. Às universidades e centros federais cabe oferecer cursos superiores a distância, os quais serão ministrados com o apoio de pólos presenciais mantidos pelas prefeituras ou Estados. Nesses locais, os alunos recebem orientações de monitores incumbidos pelas universidades de transmitir o conteúdo pedagógico e fazer as avaliações. Até o momento, 37 universidades federais e dez centros de educação tecnológica apresentaram projetos de cursos; 360 municípios se propuseram a criar pólos de apoio.

A proposta deve ser incentivada. Ela ataca um problema central para a educação no Brasil -a formação de professores do ensino público básico- e o faz a partir de uma articulação que deve permitir às próprias universidades federais tomar conhecimento concreto das fraturas da educação pública no país.

O modelo proposto permite ainda que o professor freqüente o curso, seja de atualização ou de graduação, no próprio local onde atua. Essa descentralização é importante, visto que prefeituras e Estados não dispõem de condições de oferecer uma licença remunerada para que o docente se desloque para uma cidade onde haja uma universidade federal.

A principal vulnerabilidade diz respeito à sabida ineficiência da educação a distância. A freqüência mínima exigida nos pólos de apoio deve ficar em torno de 20% do curso. Aumentar esse percentual seria uma maneira de reforçar o vínculo do aluno com o conteúdo oferecido e reduzir o índice de desistência e dispersão.

FOLHA DE SÃO PAULO – 08/05/2006
Escola renomada resiste na "faixa de Gaza"

Referência em saúde pública da América do Sul impõe até toque de recolher por causa dos constantes tiroteios

SÉRGIO RANGEL –
DA SUCURSAL DO RIO

Tiroteios constantes, explosões de granadas, fachada metralhada, plano de recolher informal criado pelos próprios funcionários e quase todos estressados. Este é o clima tenso vivido diariamente por estudantes e funcionários, parte deles estrangeiros, da principal instituição de ensino de saúde pública da América do Sul.

Localizada na avenida Leopoldo Bulhões, conhecida pelos cariocas como ""faixa de Gaza" por causa do alto índice de violência, a Ensp (Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca) é alvo, quase que diário, de tiros. Reformada há cerca de dois anos, a fachada da escola hoje está crivada de balas de grosso calibre. Na quarta, o vidro da janela da biblioteca foi quebrado por um projetil. Na quinta, mais de 30 tiros foram contados pela reportagem da Folha na fachada da escola, que fica em frente à favela de Manguinhos, na zona norte.

""Ouvimos quase que diariamente tiros e histórias tristes das pessoas com medo", disse o angolano Miguel dos Santos Oliveira, 40, que faz doutorado em saúde pública. A Ensp recebe cerca de 120 alunos, sendo parte de países latino-americanos e africanos. ""Nasci num país que viveu anos em guerra, mas não tinha presenciado violência semelhante", disse Oliveira. Criada em 1954, a Ensp tem mais de 150 doutores no seu corpo docente. A escola forma gestores públicos em saúde e conta com 27 linhas de pesquisa.

A avenida Leopoldo Bulhões é palco de sucessivos tiroteios e interrupções de trânsito organizadas por traficantes. A via liga Benfica e Bonsucesso (zona norte).

Com cerca de 2 km de extensão, a ""faixa de Gaza" é cercada por três favelas (Manguinhos, Mandela e Parque Arará) e fica perto de outras áreas perigosas, como o complexo de favelas da Maré.

""O trauma é grande. No ano passado, quase mergulhei numa síndrome do pânico depois de ficar cerca de meia hora dentro de um prédio durante um tiroteio", disse uma funcionária da escola, que pediu para não ser identificada. Ela afirmou que o conflito teve início quando policiais tentaram acabar com um ""arrastão" feito por traficantes no início da noite na avenida, em outubro. Com o início do tiroteio, os traficantes pularam o muro da escola e lançaram granadas de dentro da instituição em direção aos policiais.

Por causa da violência na região, várias empresas deixaram a avenida. A última a sair foi a Embratel, há cerca de um ano.

A biblioteca é um dos lugares com mais marcas de balas. Um computador e alguns livros já foram atingidos. Um estudante chegou a encontrar uma cápsula no chão. O prédio já teve blindagem nas janelas, mas quase todas foram retiradas na última reforma.

Um ""estica'" (boca-de-fumo móvel) funciona distante cerca de dez metros do portão da Ensp. O delegado Jader Amaral, responsável pelo bairro, disse desconhecer o ""estica". Ele admitiu que a escola funciona numa área de risco, mas não tem como evitar os tiroteios. ""A repressão tem que existir. Não temos como deixar de combater o tráfico ou os roubos. Essa é a realidade", disse.

Diretor não fala

O diretor da Ensp, Antonio Ivo de Carvalho, não quis falar sobre os casos de violência. Ele enviou na sexta um comunicado aos funcionários e estudantes determinando que deixem a escola diariamente até as 17h. Ele convocou ainda uma reunião para hoje com a comunidade acadêmica da escola para discutir os últimos fatos na vizinhança.

Diretor da escola não quis falar sobre a situação
DA SUCURSAL DO RIO

O diretor da Ensp (Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca), Antonio Ivo de Carvalho, não quis comentar sobre a violência dentro da instituição.

Desde as 11h da última sexta-feira, a Folha entrou em contato com a assessoria de imprensa da escola para entrevistá-lo. A assessoria alegou que o diretor estava em algum compromisso e dificilmente poderia entrar em contato com a reportagem.

Embora tenha evitado comentar a situação publicamente, Carvalho enviou na sexta um comunicado aos funcionários e estudantes determinando que deixem a escola diariamente até as 17h. Ele convocou ainda uma reunião para hoje com a comunidade acadêmica da escola para discutir os últimos fatos na vizinhança.

Na quarta, Bruno Paulo Silva de Oliveira, o Bolinho (que seria gerente do tráfico), foi morto em confronto com policias na favela de Manguinhos, em frente à Ensp. No dia seguinte, um tiroteio levou pânico a funcionários e estudantes e interrompeu a circulação dos trens por cerca de uma hora na estação de Manguinhos.

Para tentar se aproximar da comunidade, a escola faz obras sociais no local, que vão de atividades de lazer à capacitação de moradores para o mercado de trabalho.

FOLHA DE SÃO PAULO – 08/05/2006
Governo desiste de eleição direta para reitor

Instituições querem enviar apenas o nome do vencedor para escolha, mas Advocacia Geral vê ilegalidade e pede lista tríplice

ANTÔNIO GOIS – DA SUCURSAL DO RIO 

No processo de eleição direta de seus reitores, as universidades federais terão que enviar ao presidente da República uma lista de três nomes para sua escolha. Essa exigência -em vigor hoje- havia sido excluída da última versão do projeto de reforma universitária do Ministério da Educação, mas teve que voltar porque a Advocacia Geral da União entendeu que seria ilegal submeter ao presidente apenas um nome.

Para compensar, o governo incluiu no projeto a possibilidade de que seja enviado, com a lista tríplice, um programa aprovado pela comunidade acadêmica a ser implementado pelo nome escolhido pelo presidente.

Pela legislação em vigor, os reitores das federais são escolhidos a partir de uma consulta feita à comunidade. Nessa consulta, por lei, o peso dos professores deve ser de no mínimo 70% dos votos, sendo o restante dividido entre alunos e funcionários. A universidade então envia os três nomes mais votados à Presidência, que pode escolher qualquer um, mesmo que não seja o mais votado.

O projeto que irá ao Congresso estipulará que o reitor terá que ser escolhido por meio de eleição direta, mas o peso que cada setor terá na eleição será definido pela própria instituição em seu estatuto. Com isso, há a possibilidade de alunos e funcionários terem maior poder de decisão na escolha de seus reitores.

"O presidente Lula tem o compromisso de sempre escolher o primeiro nome, mas a Advocacia Geral da União entendeu que seria ilegal excluir da lei a necessidade de envio de três nomes. Por isso incluímos no projeto a possibilidade de a comunidade enviar, com a lista tríplice, um programa a ser seguido pelo reitor escolhido. Foi essa a maneira que encontramos para cumprir esse dispositivo legal dos três nomes sem tirar a autonomia da universidade", disse à Folha o secretário de Educação à Distância do MEC, Ronaldo Mota.

Na opinião de Jacques Schwartzman, professor da Faculdade de Ciências Econômicas da UFMG e ex-membro da Câmara de Educação Superior do Conselho Nacional da Educação, a lista tríplice é necessária.

"O sistema de escolha por votação limita a opção do Executivo. Isso não é democrático porque os mantenedores devem ter influência sobre os caminhos da universidade, já que representam a sociedade. Outro problema é que, via de regra, com algumas exceções, só disputa a eleição quem tem capacidades histriônicas e políticas. Pouco importa a qualidade como administrador. A equipe do reitor também acaba por refletir a composição política que o elegeu, e não necessariamente os mais aptos", diz Schwartzman.

O presidente da Andifes (associação que representa os reitores das universidades federais), Oswaldo Baptista Duarte Filho, diz que a posição da entidade era em defesa da escolha do nome pela própria comunidade acadêmica.

"A Andifes já tinha se posicionado a favor da proposta de que a comunidade pudesse escolher por meio do voto seus próprios dirigentes, mas ainda não tivemos tempo para discutir essa nova versão do projeto [em que a necessidade de uma lista tríplice voltou]", afirma Duarte.

O texto do projeto de reforma universitária vem sendo debatido com a comunidade acadêmica desde dezembro de 2004. A versão final da proposta do governo já está pronta, mas ainda não há data definida para ser enviada ao Congresso Nacional.

O ministro da Educação, Fernando Haddad, no entanto, já antecipou algumas decisões do governo. A principal delas foi a garantia de que ao menos 75% dos recursos que a União tem que, obrigatoriamente, investir em educação terão que ser destinados às instituições federais de ensino superior. Hoje, são 70%.

 

Instituições pedem mais autonomia
DA SUCURSAL DO RIO 

Para os reitores das universidades federais, um ponto crucial para que a reforma universitária seja bem-sucedida na prática não está contemplado no projeto: a regulamentação de instrumentos de gestão que dêem mais autonomia para os reitores. O pleito de mais autonomia na gestão é endossado também pela SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência) e reconhecido pelo Ministério da Educação.

Hoje, por exemplo, um reitor não pode tirar recursos de uma área em que eles estão sobrando para colocar em outra na qual há carência sem esbarrar em limites burocráticos. Ele também não pode aproveitar recursos que sobram em seu caixa no final do ano para investimento no seguinte.

Outro exemplo citado por reitores é que, se um professor pedir demissão, a universidade não tem autonomia para preencher essa vaga, mesmo que isso não represente aumento nos custos.

MEC, SBPC e Andifes concordam que esses instrumentos não precisam, necessariamente, estar no projeto de reforma, mas é necessário regulamentá-los para dar mais agilidade à gestão das universidades federais.

"Do ponto de vista dos instrumentos de gestão para os reitores, há certamente muita coisa ainda a ser feita, mas isso pode ser resolvido por meio de decretos e portarias. Sabemos que é preciso diminuir essas amarras e isso poderá estar contemplado em decretos que ainda estão em discussão", diz Ronaldo Mota, do MEC.

"A questão da autonomia é, para nós, uma bandeira muito importante. Para isso, são precisos mecanismos mais flexíveis que nos permitam usar melhor os recursos. A universidade até já tem autonomia constitucional, mas, na prática, isso não ocorre", afirma o presidente da Andifes, Oswaldo Baptista Duarte Filho.

MEC estipula critérios para verbas
DA SUCURSAL DO RIO 

Na semana passada, o ministro da Educação, Fernando Haddad, disse em entrevista à Folha que o texto final enviado ao Congresso estabelecerá alguns critérios que deverão ser levados em conta no momento de decidir quais instituições terão mais verbas para programas de expansão.

Entre esses critérios, estão número de concluintes, diplomas expedidos, relação de alunos por professor, produção científica em revistas indexadas, registro e comercialização de patentes e oferta de cursos noturnos.

O secretário Ronaldo Mota diz que os recursos condicionados a esses indicadores não afetarão o funcionamento das escolas. "Haverá uma comissão composta de membros indicados pelo ministro e pelos reitores que decidirá como os recursos serão definidos, levando em conta esses e outros critérios que podem surgir -como a necessidade de investimento em cursos de licenciatura. Tais recursos, no entanto, não são os de gasto com pessoal ou de manutenção da universidade, mas sim o excedente que será investido na expansão do sistema", diz.

O presidente da Andifes (associação que representa os reitores das universidades federais), Oswaldo Baptista Duarte Filho, diz que o estabelecimento de critérios de eficiência não será novidade para universidades federais.

"Na matriz de distribuição de recursos federais para as escolas, já havia indicadores de qualidade. Mas é bom que estejam no projeto pois já os levamos em consideração".

Jacques Schwartzman, ex-membro do Conselho Nacional de Educação, diz que o peso dado a cada indicador pode interferir em critérios de qualidade. "A escolha dos critérios não é neutra e expressa um entendimento sobre o papel da universidade e de seus caminhos desejados", afirma.

O ESTADO DE SÃO PAULO – 08/05/2006
Entidades pedem redução de pena aos detentos que estudam 

Além de mudança na lei, é preciso criar infra-estrutura de ensino e formar professores 

Renata Cafardo 

Na Penitenciária Feminina da Capital se escolhe entre comer, tomar banho ou estudar. As três coisas acontecem diariamente no mesmo horário, entre 16 horas e 20 horas. Quem faz questão de freqüentar a escola tem como opções lavar-se com água de balde e jantar comida fria à noite - caso a companheira de cela concorde em pegar uma marmita a mais.

A histórica falta de organização da educação em presídios no País impulsionou um movimento recente da sociedade civil. No mês passado, mais de cem entidades educacionais e de direitos humanos foram a Brasília exigir que projetos de lei pedindo a diminuição da pena pelo estudo - hoje isso só ocorre quando o preso trabalha - fossem debatidos.

Os governos também começam a se mexer. O Ministério da Educação (MEC) prepara diretrizes para a educação carcerária e, em São Paulo, está em construção um projeto articulado com a secretaria da educação para escolas de presídios. Há um certo consenso no País de que é preciso fazer mais pela educação dos 361,4 mil presos brasileiros.

Hoje, se há escola, como ocorre na Penitenciária Feminina da Capital, ela é mantida graças à boa vontade e à sensibilidade de educadores destacados para cuidar do local. As aulas servem apenas para preparar os alunos para exames feitos pelo governo e que lhes darão certificados. As mesmas provas podem ser feitas por outros adultos livres que estudam sozinhos, em casa, por exemplo. Por mais que freqüente a escola, ninguém recebe na prisão um certificado de conclusão de ensino fundamental ou médio.

Apesar de uma pesquisa divulgada recentemente mostrar que o nível de alfabetismo dos presos paulistas é superior ao da população em geral, os dados nacionais indicam que 70% deles não concluíram o ensino fundamental (1ª a 8ª série ). Em São Paulo, há 139 mil presos e 18 mil estudam.

MUDANÇA DE VIDA

"Se o nosso objetivo é ressocializar o cidadão, não dá para fazer isso sem educação. Ele vai sair da prisão sem a mínima orientação para mudar de vida", diz a responsável pela área educacional na Fundação de Amparo ao Preso (Funap), Lúcia Inês Siqueira. A entidade é ligada à Secretaria de Estado de Administração Penitenciária e cuida dos programas sociais nas prisões.

Fora a reestruturação das escolas (ver texto ao lado), especialistas enfatizam que é preciso ser aprovada a remissão da pena por estudo, o que seria um grande estímulo aos presos. Desde a Lei de Execução Penal, de 1984, é descontado um dia de pena por três de trabalho. "Se houver diminuição da pena para quem estuda, os presos vão preferir ir à escola do que costurar bola. Afinal, onde ele vai arrumar emprego de costurador de bola aqui fora?", diz a juíza da 16ª Vara Criminal de São Paulo, Kenarik Boujikian Felippe, da Associação Juízes pela Democracia, uma das entidades que assinam o manifesto pela remissão da pena.

Atualmente há dois projetos de lei na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados sobre o assunto. O Ministério da Justiça e o MEC preparam juntos um outro projeto que prevê um número maior de dias descontados quando o preso conclui um ciclo de estudo, como quatro séries do ensino fundamental ou o ensino médio.

PRESIDIÁRIA PROFESSORA

Na Penitenciária Feminina da Capital sobram carteiras em salas de aula enfeitadas com páginas da cartilha e paredes cor-de-rosa. Das cerca de 600 presas, apenas 127 estudam. Lá, funciona bem um modelo, elogiado por educadores, em que presidiárias atuam como professoras. Guadalupe Ledezma, de 37 anos e pena de 7, ensina as colegas a fazer conta de dividir. "Elas às vezes esquecem muita coisa no dia seguinte, mas é muito bom ver quando aprendem", diz. As professoras, orientadas pela pedagoga Elaine Araujo, podem tirar dúvidas nas celas à noite e têm liberdade para usar as gírias da prisão e fechar a porta durante as aulas.

"Fico sem graça de estudar com professora de fora", diz Selma, de 31 anos, presa por tráfico. Ela abandonou os estudos no ano passado porque não tinha uma professora detenta. Hoje, assiste as aulas do ensino médio de Taine de Mello, de 25 anos, que aguarda julgamento e, antes da prisão, estudava Fisioterapia.

A escola, que tem "intervalo para fumar" no meio das duas horas de aulas, é protegida pelas presas. Em rebeliões, ninguém depreda o prédio educativo, contam. Depois das aulas convencionais, são oferecidas ainda aulas de informática - a internet é proibida -, de canto e de línguas. Sandra Maria da Silva, de 34 anos, mexeu pela primeira vez num computador na prisão. Tem três filhos "lá fora" e acredita que o estudo vai permitir que ela ajude as crianças nas lições de casa.

"Tomo banho de balde mais tarde, mas preencho meu tempo de um bom jeito", diz Leonice de Camargo, que estava há 16 anos sem estudar quando foi presa.

Segundo a direção da penitenciária, a água é fechada às 19 horas porque nesse horário há troca do plantão das guardas e é preciso fazer a checagem das presas. As marmitas, ainda segundo a direção, são entregues nas celas e podem ser guardadas pelas companheiras que não estudam.

"O único direito que os condenados perdem é o de ir e vir", diz Mariangela Graciano , assessora da ONG Ação Educativa e autora de um mestrado na Universidade de São Paulo (USP) sobre educação na prisão.

A entidade, que também participa do manifesto em prol da remissão da pena, destaca que a oferta de escola deve ser justificada principalmente pelo direito à educação de qualquer cidadão.

Após 30 anos, SP planeja pedagogia específica 

O governo do Estado pretende instalar escolas formais nos presídios que podem começar a funcionar ainda neste ano. O projeto está sendo elaborado em conjunto entre as secretarias da Educação e de Administração Penitenciária, pela primeira vez depois de mais de 30 anos sem essa cooperação.

As primeiras iniciativas de escolas em presídios ocorreram nos anos 70, segundo a pesquisadora da ONG Ação Educativa, Mariangela Graciano. Professores da rede pública iam às penitenciárias para dar aulas, mas o modelo acabou por uma proibição de deslocar esses profissionais.

O novo projeto, explica a assistente técnica da secretaria da Educação, Huguette Theodoro da Silva, deve oferecer aos professores da rede a opção de lecionar nos presídios. O governo ainda estuda se serão criadas novas escolas nas prisões ou se elas funcionarão atreladas a outras do lado de fora. "Queremos evitar o estigma de ter um certificado de conclusão com o nome de um presídio", diz Huguette.

PROGRAMA PILOTO

O Ministério da Educação (MEC) tem projetos na mesma linha e organiza em julho um seminário no País para discutir as primeiras diretrizes nacionais da educação prisional. Um programa piloto do governo federal já começou em seis Estados - Paraíba, Goiás, Rio de Janeiro, Tocantins, Rio Grande do Sul e Ceará.

A idéia é capacitar professores e agentes penitenciários, além de estudar metodologias e materiais didáticos para o ensino de presos. "É preciso uma formação diferenciada para trabalhar com alguém que tem sua liberdade limitada, não acessa a internet e está em um ambiente não muito propício à aprendizagem", diz o diretor de Educação de Jovens e Adultos (EJA) do MEC, Timothy Ireland.

Tanto o ministério quanto o governo estadual apóiam a continuidade da utilização de professores presos. "São lideranças e elos entre o grupo e a aprendizagem", diz Huguette.

ABANDONO

A discussão sobre a educação penitenciária foi esquecida por anos no Brasil. São poucas ainda hoje as teses de mestrado ou doutorado sobre o tema. A própria Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) fala apenas da EJA, sem mencionar o ensino nos presídios. A educação é tida como obrigatória apenas na Lei de Execução Penal, de 1984. O Plano Nacional de Educação também prevê implantação em todo o sistema prisional de unidades de ensino.

Ainda são poucos os indicadores no País sobre o assunto. Não se sabe ao certo quantos presos estudam, por exemplo. No fim de abril, foi divulgado pela primeira vez um índice de analfabetismo dos presos paulistas, cujo resultado surpreendeu por mostrar que 75% dessa população tem boa compreensão de leitura e escrita. R.C.

O ESTADO DE SÃO PAULO – 08/05/2006
PUC debate direitos humanos na quarta 

A Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP) realiza quarta-feira, às 19 horas, uma palestra gratuita sobre direitos humanos. Quem dará a palestra é o coordenador-geral da Associação Latino-Americana contra a Violência praticada contra Crianças e Adolescentes, Guilherme Canela. O evento é aberto ao público em geral e ocorrerá no campus de Perdizes da PUC-SP.

O ESTADO DE SÃO PAULO – 08/05/2006

Santander inaugura sala na Unesp

O Santander Banespa e o portal Universia Brasil inauguraram um projeto de inclusão digital no campus de Guaratinguetá da Universidade Estadual Paulista (Unesp). A sala tem 15 computadores com conexão de internet wireless. Ela será aberta tanto à comunidade acadêmica quanto à população de baixa renda da cidade e servirá em projetos de educação a distância da Unesp.

O ESTADO DE SÃO PAULO – 08/05/2006
USP Leste organiza palestras sobre Copa 

O campus da zona leste da Universidade de São Paulo (USP Leste) promove este mês um ciclo de palestras sobre a Copa do Mundo. A primeira delas, que falará sobre o turismo durante a competição, é hoje. Mas os debates vão até o dia 30. Não há necessidade de inscrição prévia e a participação não é cobrada. Mais informações pelo telefone (0--11) 3091-1024.

O ESTADO DE SÃO PAULO – 08/05/2006
Alunos brasileiros vencem competição 

Dez alunos do ensino médio da escola da Fundação Bradesco de Osasco conquistaram o segundo lugar no Campeonato Mundial de Robótica Educacional, que ocorreu no fim de abril nos Estados Unidos. O projeto premiado é sobre a preservação das tartarugas marinhas no Brasil e foi destaque na categoria Pesquisa Científica. A Fundação Bradesco mantém escolas em todos os Estados.

O ESTADO DE SÃO PAULO – 08/05/2006
Aumentam recursos para merenda 

O governo federal aumentou este mês os recursos para merenda escolar. O valor per capita/dia do Programa Nacional de Alimentação Escolar para pré-escola e ensino fundamental passou de R$ 0,18 para R$ 0,22. O orçamento do programa agora é de R$ 1,5 bilhão, para atender 37 milhões de alunos. O repasse às escolas é feito aos Estados e municípios, com base no Censo Escolar.

O ESTADO DE SÃO PAULO – 07/05/2006
O idioma mais enxuto do mundo 

Língua da tribo pirahã, no Amazonas, não tem termos para números, verbos no passado ou mitos de origem 

Rafaela von Bredow Durante uma das primeiras visitas de Daniel Everett ao povo pirahã, no Brasil, quando ele ainda não era um "baigai" (amigo), membros da tribo quiseram matá-lo. Guerreiros se reuniram na margem do Rio Maici e planejaram o ataque, mas não perceberam que Everett, um lingüista, estava ouvindo e já compreendia o suficiente da cantilena cacofônica do povo do Amazonas para entender as palavras decisivas.

"Tranquei minha mulher e nossos três filhos em nossa cabana e fui imediatamente procurar os homens", recorda Everett. "Peguei todos os seus arcos e flechas, voltei à cabana e os tranquei." Ele não só desarmou os pirahãs como os surpreendeu, e eles o deixaram vivo. No dia seguinte, a família partiu sem problemas.

Mas a língua dos moradores da floresta havia fascinado de tal forma o pesquisador e sua mulher que eles retornaram. A partir de 1977, o etnólogo britânico da Universidade de Manchester passou sete anos vivendo com os pirahãs e comprometeu a carreira com a pesquisa de sua intrigante língua. Ele ficou tão indeciso sobre o que estava realmente ouvindo que esperou quase três décadas para publicar suas descobertas.

A pequena tribo caçadora e coletora, com uma população de apenas 310 a 350 membros, se tornou o centro de um debate acalorado entre lingüistas, antropólogos e pesquisadores do conhecimento.

Até Noam Chomsky, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), e Steven Pinker, da Universidade Harvard, dois dos teóricos mais influentes sobre o tema, continuam discutindo o que significam para o estudo da linguagem humana as descobertas de Everett.

O debate sobre o povo do Rio Maici vai direto ao cerne do enigma de como o Homo sapiens conseguiu desenvolver a comunicação verbal. A linguagem humana é única porque permite que os humanos montem pensamentos nunca antes construídos, com incessante criatividade. Os lingüistas geralmente focam no que os idiomas de todo o mundo têm em comum. Mas a língua dos pirahãs - e é isso que a torna tão importante - se afasta do que há muito se pensava serem as características fundamentais de todas as línguas.

SEM PASSADO NEM NÚMEROS

A língua é incrivelmente econômica. Eles raramente empregam qualquer palavra associada ao tempo e conjugações verbais de tempo passado não existem. As cores aparentemente não são muito importantes para os pirahãs - eles não descrevem nenhuma delas em sua língua. Seu idioma é provavelmente o único do mundo a não usar orações subordinadas.

Em vez de dizer "Quando eu tiver acabado de comer, gostaria de falar com você", os pirahãs dizem "Eu termino de comer, eu falo com você".

Causa perplexidade também que em suas vidas diárias os pirahãs não sintam a necessidade de números. Durante o tempo que passou com eles, Everett nunca ouviu palavras como "todos", "cada", e "mais".

Há uma palavra, "hói", que chega perto do numeral 1. Mas ela também significa "pequeno" ou serve para descrever uma quantidade pequena.

AQUI E AGORA

Everett chegou a uma explicação surpreendente para as peculiaridades do idioma pirahã. "A linguagem é criada pela cultura", diz o lingüista. Ele explica o cerne da cultura pirahã com uma fórmula simples: "Viver aqui e agora". A única coisa de importância que merece ser comunicada a outros é o que está sendo experimentado em cada momento.

"Toda experiência é ancorada na presença", diz Everett, que acredita que essa cultura não permite o pensamento abstrato ou conexões complicadas com o passado - o que limita a linguagem.

Viver no aqui e agora também se encaixa no fato de que os pirahãs parecem não ter um mito da criação para explicar a existência. Quando perguntados sobre suas origens, eles simplesmente replicam: "Tudo é o mesmo, as coisas sempre são".

O ESTADO DE SÃO PAULO – 07/05/2006
Estudante de Medicina atendia sem diploma 

A Polícia Civil de Paraíso (SP) abriu inquérito anteontem para investigar o universitário Marcelo Rosa da Silva, de 28 anos, que trabalhou por um mês atendendo pacientes no Centro de Saúde com registro falso de médico e sem diploma de Medicina. Segundo o delegado Gustavo Figueiredo, Silva é estudante do 6º ano da Faculdade de Medicina de Catanduva. A denúncia foi feita por pacientes. Em seu depoimento ao delegado, Silva disse que apenas fazia estágio no centro.

O ESTADO DE SÃO PAULO – 06/05/2006
Escola integral é fictícia, diz MP

Promotor cobra de São Paulo infra-estrutura para escola em Mirassol; pais em Lins querem tirar os filhos à força 

Chico Siqueira 

Numa ação inédita no Estado, o Ministério Público de São Paulo pede em liminar à Justiça a suspensão do programa Escola em Tempo Integral e o pagamento de indenização de R$ 7 milhões aos alunos da escola estadual Anísio Moreira, de Mirassol, no interior do Estado. Ao mesmo tempo, em Lins, pais ameaçam retirar os filhos de duas escolas de tempo integral da cidade por causa da falta de estrutura física e pedagógica nessas escolas.

Além de pedir a suspensão do programa na escola Anísio Moreira, o promotor da Infância e Juventude de Mirassol, José Heitor dos Santos, alega que os estudantes devem ser indenizados por danos morais porque não encontraram as mínimas condições físicas, materiais e pedagógicas prometidas pelo Estado e por conta disso passaram por situações de humilhação e constrangimento.

"Não é exagero. Nem os detentos condenados do Estado são tratados como esses estudantes. Eles estão se alimentando em pé, porque não tem cadeira. Eles não têm abrigo do sol e da chuva e, por falta de professores e materiais didáticos, são confinados num pátio sem orientação, num verdadeiro depósito de estudantes. Para agravar, correm riscos de sofrer danos à saúde porque o ginásio de esportes, com fissuras nas paredes, pode desabar", comenta, indignado, o promotor.

Santos disse que a escola em tempo integral é "fictícia" na maioria das escolas do Estado e que por isso pede na liminar a apresentação pelo Governo do Estado, em 30 dias, dos projetos com as disciplinas, conceitos pedagógicos e materiais das oficinas; e também cronogramas para obras na escola. Tudo sob pena de multa de até R$ 2 milhões.

"Como não há um projeto para esse programa, penso que ele não existe", afirmou. "Em 21 escolas do ABC e outras tantas do interior que pesquisamos, esse programa não existe na prática. O que fizeram foi apenas aumentar o horário de aula de cinco para nove horas, sem condições nas escolas e sem capacitar professores."

FORA DA ESCOLA

Em Lins, a Justiça negou liminar que pedia a suspensão do programa em duas escolas. A suspensão fora pedida por pais, revoltados com a qualidade das refeições e falta de espaço físico e de higiene para as crianças se alimentarem.

Mesmo com a decisão, os pais vão apresentar outro mandado de segurança e na próxima terça-feira vão comparecer em massa às escolas e levar os filhos para casa. Segundo Nivaldo Félix de Oliveira, pai de um aluno, muitas crianças pulam muros com mais de dois metros de altura para fugir da escola onde gangues atuam após as aulas teóricas. "Não há materiais e professores capacitados para aulas práticas, por isso as crianças ficam ociosas e as gangues dominam no pátio."

O ESTADO DE SÃO PAULO – 06/05/2006
USP abre um curso preparatório gratuito

A USP criou um cursinho preparatório para o vestibular gratuito. As inscrições para seleção de alunos ao Projeto Espaço de Orientação de Estudos estão abertas e vão até 15 de emaio. O curso foi criado pela Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária e tem 160 vagas. As inscrições devem ser feitas no Nasce, Rua Professor Antonio de Castro Lopes, 1309, e na sala 230 da Escola de Aplicação da Faculdade de Educação, Cidade Universitária.

SECRETARIA DE IMPRENSA E COMUNICAÇÃO

A Diretoria

Claudio Fonseca
Presidente do SINPEEM

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