28/05/2010 – CLIPPING EDUCACIONAL
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FOLHA DE SÃO PAULO - 28/05/2010
"Ranking é só base para escolha de faculdade", diz editor-assistente de lista mundial
MARCOS FLAMÍNIO PERES DE SÃO PAULO
"Qualquer pessoa que usasse rankings como única base para tomar decisões sobre onde estudar seria um idiota." Quem diz isso é Phil Baty, editor-assistente do mais prestigioso e influente ranking mundial de universidades, publicado anualmente, desde 2004, pelo londrino "Times Higher Education". No final do ano passado, o THE anunciou o rompimento com a empresa QS --que coletava e fornecia dados para o guia-- e pôs em xeque a metodologia usada até então.
Isso causou um trauma num mercado valioso, que gira milhões de dólares ao ano. Por exemplo, a renomada London School of Economics que, pela classificação do THE, caiu de 11º, em 2004-5, para 67º, em 2009-- conta com pelo menos 70% de alunos estrangeiros. A questão é: esses alunos, que investiram suas economias para fazer um curso de graduação (o primeiro ano lá sai por 13.700 libras, R$ 39 mil), se nortearam num ranking errado? E governos, fundações e órgãos financiadores, que usam esses rankings para orientar políticas de ensino superior, gastaram mal suas polpudas verbas? Isso é o que Baty tenta responder na entrevista abaixo e também o que esperar do novo ranking, previsto para agosto --já com a nova parceira, a Thomson Reuters. Baty prevê que as instituições brasileiras irão se beneficiar da nova metodologia. Mas a grande surpresa será a relativa queda de EUA e Reino Unido e o avanço da Ásia.
FOLHA - Por que o THE rompeu o contrato com a QS? Os dados não eram confiáveis?
PHIL BATY - Tivemos que admitir quer o ranking da QS não se ajustava a seus fins. Tinha erros e inconsistências demais para ser uma ferramenta sólida e confiável para o século 21. A metodologia e a análise de dados não eram fortes o bastante. A responsabilidade pesa toda sobre nossos ombros, e estamos muito conscientes de que políticas nacionais e decisões multimilionárias foram influenciadas por nosso ranking.
FOLHA - Então os muitos estudantes de todo o mundo que se utilizaram deles para investir em sua formação podem ter feito a escolha errada e gasto mal seu dinheiro?
BATY - Rankings são um ponto de partida útil, mas não podem lhe dizer se você irá gostar de seu professor, o que será ensinado em cada curso, quantos livros há na biblioteca, se é preciso pegar fila para usar um computador ou se seu orientador é preguiçoso. Mas admito que os rankings de 2004 a 2009 provavelmente não forneceram um retrato correto, como deveria ter sido feito. Não tenho dúvida de que algumas instituições receberam avaliação mais alta do que mereciam, enquanto outras foram injustamente penalizadas.
FOLHA -E quais medidas estão sendo tomadas para resolver isso?
BATY - Haverá uma sensível melhora do tão falada 'avaliação pelos pares', que respondia por cerca 40 % nos rankings anteriores. Ela era, na verdade, uma simples pesquisa de opinião junto aos acadêmicos e, além disso, com um número muito pequeno de pessoas. A amostragem era pequena demais e o peso, alto demais.
FOLHA - E o que irá mudar?
BATY - Em vez de perguntar simplesmente 'qual é a melhor?', pediremos às pessoas para avaliarem a qualidade do ensino e da pesquisa em sua área, em sua região e em escala global. Além disso, a pesquisa está sendo feita em sete línguas, incluindo o português. Outra mudança importante é a forma como medir a excelência acadêmica, que representava 20% do total da pontuação. Era um ponto fraco muito sério, pois não levava em conta as práticas de citação de trabalhos acadêmicos, que são muito diferentes entre as disciplinas. Isso premiava desproporcionalmente as ciências, em que as citações contam mais. Também não sei se era justo dar muito crédito à proporção de estudantes estrangeiros em um dado campus, pois não há nenhum meio de avaliar a qualidade desses estudantes. E devemos reduzir o peso dado à relação aluno-professor, pois essa não é uma garantia muito boa para o ensino de qualidade.
FOLHA - Mas nas avaliações das universidades brasileiras esse é um dado que tem sempre muito peso...
BATY - Não acho que esse critério possa dizer muita coisa sobre a qualidade do ensino. Claro que os estudantes querem aprender em um ambiente onde têm contato próximo e frequente, mas isso não diz se os professores são bons ou ruins ou sobre o padrão de ensino dos cursos. Também é muito difícil coletar esses dados de forma justa e assegurar que estejam corretos. Pode haver muita manipulação nesses dados.
FOLHA - Por que a série histórica apresenta oscilações gritantes, casos da Universidade da Califórnia, em Berkeley (de 2º lugar, em 2004, para 39º em 2009) e da Universidade de São Paulo (284º em 2006, 175º em 2007, 196º em 2008)?
BATY - Um dos problemas com o ranking da QS era sua volatilidade, pois uma universidade não melhora ou piora sensivelmente em apenas dez meses.
FOLHA - O prestígio mundial de universidades como Harvard, Yale ou Oxford tem influência sobre os avaliadores do ranking?
BATY - Um dos problemas em utilizar um critério de reputação é que ele é inteiramente subjetivo e pode ser baseado em estereótipos e mesmo
FOLHA - Então existe um componente inercial nas avaliações? As grandes universidades ajudam para isso ao construírem suas marcas?
BATY - Não tenho dúvida de que universidades que construíram suas marcas, por meio de marketing e relações públicas, levam vantagem no critério de reputação usado no ranking. Para lidar com isso e evitar o subjetivismo, estamos perguntando sobre a reputação apenas a acadêmicos sêniores, que têm mais experiência para se ater à realidade e fazer um julgamento mais correto. Mas, no longo prazo, não acredito que universidade possa manter uma marca e uma reputação fortes se entrarem em conflito com a realidade.
FOLHA - Essa é a razão por que há tantas diferenças entre rankings como o do 'Times Higher', Xangai Jiao Tong e Webometrics?
BATY - O Xangai Jiao Tong é relativamente bem respeitado por ser transparente, mas é criticado por ser muito focado em aspectos facilmente medidas, o que pode favorecer instituições fortes em ciências e pesquisa. Não acho que seja referência segura para um público mais amplo. Quanto ao Webometrics, se trata muito mais de uma mera curiosidade do que um parâmetro sério.
FOLHA - O THE recebe algum tipo de suporte financeiro de governos ou instituições privadas?
BATY - Ele é totalmente independente. A revista do THE tem experts em todas as áreas da educação superior, com uma história de quase 40 anos de fornecimento de informações ao setor de educação superior.
FOLHA - Mas sofre algum tipo de pressão política ou mesmo financeira de instituições ou governos?
BATY - Obviamente, muitas instituições têm visões muito fortes sobre o que deveríamos mudar na metodologia, e sofremos pressão nesse sentido. Mas o fato de sermos independentes nos preserva de sermos influenciados por grupos de interesse, instituições e países. Aliás, suspeito que neste ano o Reino Unido não irá tão bem no ranking --e, como somos uma instituição britânica, isso nos preocupa
FOLHA - E as instituições americanas? Também serão afetadas no ranking deste ano como efeito da crise financeira?
BATY - As duas tradicionais superpotências da área foram duramente atingidas pela crise, em termos de financiamento público, o que é motivo de grande preocupação. É difícil prever se isso irá se refletir no próximo ranking, porque as mudanças metodológicas tornam difíceis a comparações com os rankings anteriores. Mas os EUA certamente verão sua supremacia na educação superior ser seriamente desafiada. Suponho que o novo ranking também deverá espelhar o crescimento das universidades asiáticas. Emergentes como o Brasil podem aparecer mais no palco global --claramente, há muita pesquisa de qualidade sendo feita aí.
FOLHA - Uma crítica recorrente ao ranking da THE é a de anglocentrismo _em 2009, as 20 primeiras instituições vinham de EUA (13), Reino Unido (5), Canadá (1) e Austrália (1).
BATY - Não há dúvida de que instituições dos países anglófonos têm sistemas de educação superior excelentes e de classe mundial, mas concordo que os rankings podem ter sido anglocêntricos demais.
FOLHA - O que o sr. conhece das universidades brasileiras?
BATY - Como é uma corporação global, a Thomson Reuters tem cerca de 50 mil pessoas ao redor do mundo, inclusive na América do Sul e nos países do Bric. Recentemente, destacou em artigo a excelência da pesquisa em seu país.
FOLHA - Mas no artigo é apenas citada a quantidade de papers, sem avaliar sua qualidade. Aliás, essa é uma crítica comum aos rankings...
BATY - Mas ele não irá avaliar a qualidade da pesquisa só pela quantidade de papers publicados, mas também seu impacto e sua influência. Isso será feito verificando quantas vezes os papers de pesquisadores brasileiros são citados por seus congêneres em todo o mundo.
FOLHA - Rankings não podem ser vistos como agência de avaliação de risco, como Fitch ou Moody's, que erraram feio ao não detectarem os indícios da crise financeira mundial?
BATY - Não aceito essa hipótese. Rankings são muito diferentes de 'ratings'. A questão crucial, para mim, é que estamos muito abertos a suas limitações. Deixamos claro que os dados usados são indicadores. Seria idiota tomá-los como uma espécie medida inatacável gravada na pedra. Não há ranking definitivo --as pessoas que os fazem terão sempre de fazer julgamentos, e rankings nunca irão capturar o intangível.
A NOTÍCIA – 28/05/2010
Educação na base da insistência
Tiago Luis Pereira
Um colega que dá aulas de história para o ensino médio vive me falando sobre um dos maiores desafios que encontra no dia a dia docente: a dificuldade de boa parte dos alunos em apreender conceitos fundamentais para o desenvolvimento do conteúdo. Na aula sobre a Grécia antiga, por exemplo, é preciso falar inúmeras vezes sobre as diferenças entre as cidades-estados que compunham a civilização grega e as concepções modernas de Estado e nação, à qual os alunos estão habituados. Conta ele que, mesmo quando lhe parece que já se explicou o suficiente sobre o assunto, certos aspectos do conteúdo sempre permanecem sem a devida compreensão. Fato que sempre o deixa frustrado.
Respondo a ele comentando sobre dificuldade semelhante que eu mesmo encontro em explicar a alguns alunos a diferença entre o valor de certas notas musicais como uma semínima, uma colcheia e uma semicolcheia. Enquanto alguns poucos alunos captam as diferenças de maneira surpreendentemente rápida, a maioria precisa de várias e várias investidas até que meu falatório passe a fazer algum sentido.
A conclusão simples (e nem por isso menos importante) a que chegamos quando compartilhamos essas nossas experiências é de que a insistência e a repetição são elementos fundamentais para um educador, seja ele de qual área for. O êxito em ensinar algo, em acrescentar informação útil à formação de alguém em determinada área, depende de um feeling, uma sensibilidade para perceber qual a abordagem mais adequada a determinado assunto, e em que momento o aluno parece estar mais “aberto” para compreender uma matéria. E não se desenvolve essa sensibilidade trilhando caminho que não passe pela insistência, pela repetição obstinada, enfim, pela tentativa e erro.
Esse elemento simples e fundamental é reflexo de condição ainda mais elementar para a prática docente, sem a qual todo projeto de ensino nasce fadado ao fracasso. Trata-se da necessária esperança que deve contagiar aquele que ensina em relação ao aprendizado do educando. Não faz o menor sentido entrar numa sala de aula crente de que os minutos ali empregados serão puro desperdício. Talvez o resultado não seja o ideal (quase sempre é isso que ocorre), mas a alegria e a esperança depositadas no processo pedagógico devem superar essa frustração. Lembro da alegria estampada na cara de um professor meu quando ele notou que eu havia parado de cometer um erro grosseiro de português, que ele já vinha apontando havia bastante tempo. O que era aquela pequena evolução individual se comparada a todo o programa didático que ele preparou para mim e para os outros alunos? Pouco, sem dúvida, mas representou o resultado da obstinação dele em me corrigir, em me fazer evoluir. Desse ponto de vista, foi um detalhe muito valioso.
Em muitos casos, os rostos de uma classe também são termômetro para avaliar a eficiência do método de ensino escolhido pelo professor. Atenção, empolgação, dúvida, curiosidade são alguns exemplos das várias sensações que afloram nas feições dos alunos e que não podem ser simplesmente menosprezadas pelo educador. É preciso trabalhar para, no mínimo, diminuir a incidência das feições de tédio – o que não é nada fácil, admito. Mas num contexto social onde sobram elementos que dificultam o processo “ideal” de educação, a insistência quase obcecada se ergue como um elemento diferenciador entre os que se acomodam e os que permanentemente buscam o melhor.
GAZETA DE CUIABÁ – 28/05/2010
Conhecer para ensinar
Elias Januário
Ciências sociais é uma das áreas do conhecimento que nos últimos anos tem mantido um profícuo diálogo com a educação, procurando aprofundar nos processos de ensino e aprendizagem, objetivando uma qualidade cada vez melhor na formação educacional. O conhecimento, por parte do educador, dos processos biológicos, neurológico e culturais do ser humano contribui sensivelmente para a melhoria da qualidade do trabalho desenvolvido em sala de aula. Partindo dessa perspectiva, é fundamental que professor conheça as diferentes e diversas fases da memória e do aprendizado do estudante, bem como aspectos atinentes as suas práticas culturais, o que sem dúvida fará com que o docente ensine com mais qualidade.
É preciso ter consciência que o processo de aprendizagem é diferente em cada fase da vida (criança, jovem e adulto). Nos casos dos adultos, sabemos que com o passar do tempo, o processo de aprendizagem, em virtude das transformações hormonais, fica mais lento. Para tanto, o professor deve estar em contínua aprendizagem, mudando a sua relação com o saber e entendendo que é preciso voltar a ser aluno para aprender a ensinar em outra perspectiva. O professor deve ter o entendimento de que a escola é o lugar para a ampliação da experiência humana, onde as pessoas constroem conhecimentos a partir da linguagem e da imaginação.
Dessa forma, a escola deve preocupar-se com a formação humana, onde o aprendizado está estreitamente relacionado com o estudo, o registro e a pesquisa. E não basta apenas o contato com os livros, é preciso aprofundar na investigação, na complexidade e na problematização nas diversas áreas do conhecimento. Neste sentido, o estudo demanda dedicação, empenho, disciplina e rigor, para que se alcance resultados satisfatórios. E isso pode não ser tão agradável e leve como muitos esperam. Exige sim esforço e dedicação. A qualificação deve fazer parte do cotidiano do professor e a categoria deve lutar por esse direito de formação continuada, de qualificação em nível de pós-graduação, pois só assim terá acesso a níveis mais avançados de estudo e discussão das problemáticas que afetam as questões da escola e do processo de ensino e aprendizagem do aluno.
Planejar é um aspecto importante, sempre numa perspectiva crítica do que foi realizado no ano anterior, avaliando o que deu certo e o quais foram as limitações que necessitam ser superadas no próximo ano letivo. Retomar alguns pontos que ficaram fragilizados no ano anterior é fundamental nos ciclos iniciais, fazendo revisão. Buscar nas primeiras aula conhecer social e culturalmente o grupo, a origem dos pais, um pouco da trajetória também são caminhos para a construção do conhecimento e da consolidação de um ensino com mais qualidade. Conhecer para ensinar é fundamental em todas as profissões, mas indispensável na do educador, que deve estar em constante movimento e em contínua aprendizagem.
O ESTADO DE SÃO PAULO – 27/05/2010
Curso técnico a distância tem mesmo impacto no salário que o presencial
Estudo feito pela Fundação Getúlio Vargas para o Instituto Votorantim avaliou como ficou a vida de quem cursou algum tipo de ensino técnico. Pessoas com formação profissional têm 48% mais chances de conseguir trabalho, mostra a pesquisa
Carolina Stanisci, ESPECIAL PARA O ESTADO e Luciana Alvarez
Pesquisa divulgada ontem revelou que, ao contrário do que se imaginava, o impacto no emprego e no salário de quem cursou ensino técnico é igual nas modalidades do ensino presencial e a distância. O estudo A Educação Profissional e Você no Mercado de Trabalho foi conduzido pelo professor da Fundação Getúlio Vargas Marcelo Neri para o Instituto Votorantim e teve como objetivo verificar como ficou a vida de quem cursou - a distância ou não - algum tipo de ensino técnico, seja uma qualificação profissional de curta duração, ensino de nível médio ou curso superior para formação de tecnólogos. Para chegar aos resultados, o economista trabalhou com duas bases de dados do IBGE, a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2007 e a Pesquisa Mensal de Emprego (PME) dos últimos oito anos. Segundo a Pnad, 29 milhões de pessoas frequentaram alguma dessas modalidades de curso. "Não queríamos saber sobre a demanda pelos cursos, mas sim entender o impacto deles no mercado de trabalho. Por isso, não consideramos quem estava fazendo o curso na época da pesquisa, mas somente os que já haviam pelo menos passado por um, mesmo sem ter se formado", explicou Neri.
O panorama do setor surpreendeu o pesquisador em relação aos cursos a distância. Neri não imaginava que profissionais formados nessa modalidade tivessem rendimento e salário impactados da mesma forma que os oriundos do ensino presencial. "Pensei que tivesse alguma diferença entre quem faz curso a distância, mas não houve. É uma boa notícia." "O ensino técnico, sobretudo se for de boa qualidade, proporciona ao jovem altas possibilidades de emprego, e é ótimo que o ensino a distância também proporcione renda e salário", disse o supervisor nacional da Pesquisa de Emprego e Desemprego do Dieese, Sérgio Mendonça. Para a conselheira da Associação Brasileira de Educação a Distância (Abed) Marta Maia, trata-se de uma conquista. "Uma parcela da população que não tinha acesso ao aperfeiçoamento profissional, principalmente em cidades do interior do País, tem uma grande oportunidade de melhorar de vida com o ensino a distância. E, como esse ensino profissional a distância é muito recente, é uma ótima notícia saber dessa aceitação."
Para o diretor da Associação Brasileira dos Estudantes de Ensino a Distância (ABE-EAD), Leandro Chemalle, o resultado já era previsto. Para Chemalle, a modalidade já se provou bem-sucedida. "Os estudantes estão chegando ao mercado e a sociedade está vendo que a qualidade pode ser até superior que a dos formados na modalidade presencial", afirmou. "O ensino técnico é profissionalizante e não há necessidade de ser presencial."
Desde 2008 o governo federal oferece o programa Escola Técnica Aberta do Brasil (e-Tec Brasil), com 48 cursos a distância gratuitos, com apoio de polos presenciais em universidades e escolas. Atualmente há 20.580 alunos cursando.
Os Estados com maior proporção de pessoas com educação profissional são o Distrito Federal, Paraná e Rio Grande do Sul. Os que têm menor índice são Alagoas, Pernambuco e Maranhão. O rendimento de quem tem formação profissional também difere entre os Estados. PARA LEMBRAR - Lula e Serra expandem redes - A expansão das escolas e faculdades técnicas é uma bandeira tanto do governo federal quanto do Estado de São Paulo. Hoje, há 255 centros de educação profissional e tecnológica na rede federal e outros 99 estão
O ESTADO DE SÃO PAULO – 27/05/2010
Prefeitura de SP terá de aceitar diplomas a distância
JULIA BAPTISTA - Agência Estado
Justiça determinou hoje que a Prefeitura de São Paulo não pode recusar diplomas e certificados de cursos e programas a distância nos concursos públicos para o magistério. A ação foi movida pela promotoria do Patrimônio Público e Social da capital paulista. A prefeitura também está proibida de inserir cláusula restritiva em editais de concurso para o magistério em que aceita apenas diplomas obtidos em cursos presenciais, e de impedir a posse de candidatos aprovados em cargos de magistério sob o fundamento de que os diplomas não foram obtidos em cursos presenciais.
Segundo o promotor de Justiça Saad Mazloum, a prefeitura vinha impedindo e negando a posse de candidatos portadores de diplomas de curso a distância, sob a justificativa de que são válidos apenas os diplomas obtidos em cursos presenciais. Na sentença, o juiz Marcos de Lima Porta, da 5ª Vara de Fazenda Pública, argumenta que "diante da regulamentação federal, os diplomas de cursos superiores a distância, emitidos por instituições de educação superior devidamente credenciadas pelo Ministério da Educação (MEC) para esta modalidade, estão amparados pela lei e não se distinguem de diplomas de cursos presenciais". Em junho do ano passado, a promotoria havia conseguido uma liminar que obrigava a prefeitura a aceitar os diplomas obtidos por meio de cursos a distância.
O ESTADO DE SÃO PAULO, 27/05/2010
Baixa qualidade do ensino de matemática está na má formação do professor
Para Suely Druck, da UFF, docentes de educação básica recebem conhecimento muito incipiente
Agência Brasil
BRASÍLIA - O problema da baixa qualidade do ensino da matemática nas escolas públicas está centralizado na formação incipiente dos professores para o ensino da disciplina. O diagnóstico é da professora da Universidade Federal Fluminense (UFF) e pesquisadora do Instituto de Matemática Pura e Aplica (Impa) Suely Druck. O ensino da matemática e de ciências na educação básica foi debatido nesta quinta-feira, 27, durante a Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação,
Na avaliação de Suely, que é também coordenadora da Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (OBMEP), vários fatores contribuem para a deficiência do ensino da disciplina, desde o financiamento à descentralização da organização do ensino. "Mas a formação do professor é o cerne do problema e é o mais difícil de ser enfrentado Hoje temos uma quantidade muito grande de professores em sala de aula que não estão preparados para isso", defende. Para a especialista, o primeiro passo é "estancar" a má-formação em cursos de baixa qualidade.
Ela destaca que os estudantes de cursos de pedagogia, que vão lecionar para os alunos do 1° ao 5° ano do ensino fundamental, recebem um conhecimento muito incipiente de matemática durante sua formação. "É praticamente nada [o que eles aprendem]. A maioria vai dar aula de matemática, e a última vez que eles viram o conteúdo foi quando eram alunos do ensino médio", aponta. O professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Eduardo Mortmer ressaltou ainda que, dentro das graduações de matemática, química e física, há pouco interesse por parte dos estudantes em trabalhar como professor de educação básica.
"O sistema de ensino não consegue segurar o professor que se qualifica. Os mestres e doutores formados nessas áreas hoje vão lecionar no ensino superior", afirma. Atualmente, há carência de professores de áreas como química e física para atuar na sala de aula. Muitas vezes, a função é exercida por profissionais formados em outros cursos. Mortner apontou que, nos últimos 20 anos, 30 mil se graduaram em química, mas só 8 mil das 24 mil vagas para professor dessa disciplina são ocupadas por licenciados na área. Mortmer aponta os baixos salários oferecidos pela rede pública como principal motivo para afastar esses profissionais da carreira do magistério. "O governo hoje está gastando muito dinheiro para formar professores, mas isso não tem o retorno esperado porque eles não ficam no sistema", destaca.
CORREIO BRAZILIENSE – 27/05/2010
Concurso nacional para professores é visto com "preocupação" pela categoria
Agência Brasil
A ideia do Ministério da Educação (MEC) de criar um Exame Nacional de Ingresso na Carreira Docente está sendo vista com “preocupação” pela categoria. O modelo funcionará de forma semelhante ao novo Exame Nacional do Ensino Médio (Enem): os professores farão a prova e as secretarias de educação – municipais e estaduais - poderão utilizar a nota para selecionar os profissionais que irão trabalhar na rede pública de ensino. Para o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), Roberto Leão, a ideia é “em tese” interessante porque contribui para a formação de uma carreira nacional do magistério, antiga revindicação da categoria. Ele teme, entretanto, que o novo instrumento sirva para criar rankings nacionais de avaliação dos docentes.
“Isso é muito preocupante e nós não concordamos. Esse projeto deveria ter sido melhor discutido, ele não foi debatido como deveria”, critica. Alguns estados utilizam a avaliação de desempenho de alunos e de professores para estabelecer políticas de bônus ou aumento de salário para aqueles docentes que obtêm o melhor resultado, o que os sindicatos são contra. “Os estados e municípios não podem culpar o professor por todos os problemas da educação”, diz.
Segundo o ministro da Educação, Fernando Haddad, não há intenção de criar rankings. Ele destaca ainda que as notas obtidas pelo professores não serão divulgadas o que afasta a possibilidade de classificação. “O resultado é um exame exclusivo do professor”, disse à Agência Brasil. Haddad ressaltou que o exame “é endereçado a pessoas que queiram ingressar na rede, não para quem já está na rede pública”, por isso não há porquê os professores que já estão atuando temerem a avaliação. “A não ser que o professor queira mudar de rede porque, por exemplo, está insatisfeito com o seu salário. O objetivo do projeto é ampliar o horizonte do profissional. E uma prova é obrigatória para a entrada no concurso público”, afirma.
Em 2011, a prova será destinada a docentes que tenham interesse em trabalhar com alunos dos primeiros anos do ensino fundamental e da educação infantil. O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) será responsável pelo exame. A matriz dos conteúdos que serão cobrados na prova estará disponível para consulta pública no site do Inep ainda essa semana. Professores, universidades, estados e municípios podem opinar sobre o modelo da prova durante 45 dias. Logo depois, terá início o período de adesão das redes de ensino. Haddad acredita que o instrumento pode ajudar a melhorar as condições salariais dos professores da rede pública. “O objetivo é aumentar o salário do professor, porque o professor bem formado vai ser disputado. Todo mundo quer atrair para sua rede os professores que tenham condição de mudar a realidade da escola pública do Brasil. Todo o projeto visa a valorização da carreira”, defendeu o ministro.
FOLHA DIRIGIDA, 26/05/2010
Anpac apoia concurso anual para docentes
Renato Deccache
A criação de uma prova nacional cuja nota poderá ser usada por estados e municípios para selecionar professores para a rede pública foi bem recebida por quem monitora o respeito à lei nas contratações para o serviço público. Segundo o presidente da Associação Nacional de Proteção e Apoio aos Concursos (Anpac), Ernani Pimentel, o exame favorece os candidatos e deve melhorar o nível dos profissionais que ingressam nos quadros do magistério. Na visão do especialista, não há problema no fato de uma prova nacional vir a substituir os concursos realizados em cada cidade ou estado. "Ela vai ser um concurso anual, querendo mostrar que há uma estabilidade na oferta de vagas. Os candidatos a professores sabem que podem se preparar com tranquilidade pois todo ano haverá provas", afirma Ernani Pimentel.
O Exame Nacional de Ingresso na Carreira Docente foi lançado oficialmente por meio de uma portaria, publicada no Diário Oficial da União do último dia 24. As diretrizes iniciais do que será cobrado na prova, inspiradas em avaliações semelhantes aplicadas em países como Estados Unidos, Cuba, Inglaterra e Chile, já estão disponíveis para consulta na internet. Educadores podem fazer sugestões e comentários sobre que aspectos as questões devem priorizar. A prova é voluntária para os professores. Da mesma forma, secretarias estaduais e municipais de Educação não são obrigadas a utilizar a nota da prova em seus processos seletivos. Até por isto, também podem escolher a forma de uso do resultado. Ou seja, a ideia do Ministério da Educação (MEC) é fornecer subsídios para que os professores aprovados nos concursos sejam mais bem preparados.
A primeira edição do exame nacional será em 2011 e avaliará professores que atuam em turmas da Educação Infantil ao 6º ano do nível fundamental. Ainda não se sabe se ocorrerá no primeiro ou no segundo semestre. Para o presidente da Anpac, a qualidade da seleção dos professores deve melhorar, caso prefeituras e estados de todo o país utilizem a nota. "Em vez de cada prefeitura fazer sua prova e ter critérios, às vezes, pouco padronizados, o MEC fará uma prova que avaliará a competência de preparo de todos os candidatos. Vejo isto com bons olhos, pois, temos aí, um grande concurso e não vários concursos pequenos", frisa. A realização da prova para o magistério ficará a cargo do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), que já aplica outras avaliações de massa, como o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e o Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade). As diretrizes do exame já estão disponíveis no site do instituto.
Pelas regras, cada governo estadual ou municipal assinará um termo de adesão com o MEC, para usar a nota da prova nacional. Ainda não há definições sobre quais serão os termos deste acordo. Para o presidente da Anpac, seria importante a determinação de uma nota mínima, abaixo da qual o candidato não possa ser contratado. "Ele deveria ter uma nota mínima para ser um professor. Imagine se não existir isto? Teremos pessoas muito despreparadas dando aula", comenta Ernani. Um dos objetivos do exame nacional é permitir melhores condições de seleção de professores. Na avaliação do MEC, muitos municípios brasileiros, de pequeno porte, não têm condições de realizar concursos com a qualidade necessária, com o que concorda o presidente da Anpac.
"É muito difícil, para muitas cidades, ter professores bem preparados a nível de elaborar provas. E, realmente, eles acabam fluindo, em uma espécie de migração, para capitais ou cidades maiores onde podem ganhar mais,
CORREIO BRAZILIENSE – 27/05/2010
Especialistas defendem investimentos na formação de engenheiros para ampliar inovação nas empresas
Agência Brasil
Economista com experiência na área industrial e tecnológica, Carlos Américo Pacheco , professor da Universidade de Campinas (Unicamp) defendeu hoje (27) o alinhamento da política econômica com a agenda da inovação. Ele destacou que a inovação é um ato essencialmente econômico. “As empresas inovam para competir no mercado, não porque os governos querem. Há um diagnóstico atual de que é preciso criar a cultura da inovação nas empresas, mas esse não é o principal problema”, disse em palestra na 4ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação. Na sessão plenária para discutir o papel da inovação na agenda empresarial, a conclusão é de que os investimentos em pesquisa e desenvolvimento do Brasil ainda é pequeno, na comparação com os demais países do BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China), mesmo tendo aumentado para 1% do Produto Interno Bruto (PIB) – a soma dos bens e serviços produzidos no país - nos últimos anos.,
Outros desafios apontados foram o cenário econômico com instabilidade no câmbio, altos juros e pesada carga tributária. De acordo com Pacheco, uma das maiores dificuldades encontradas pelos empresários que já têm a cultura da inovação como uma prática é a carência de profissionais capacitados. “A formação em ensino superior no Brasil ainda é baixa. Faltam profissionais formados nas áreas de ciências em geral, mas faltam, principalmente, engenheiros.” O diretor do Centro de Pesquisas e Desenvolvimento (Cenpes) da Petrobras, Carlos Tadeu da Costa Fraga, disse que um ponto fundamental para o desenvolvimento da inovação nas empresas é fortalecer a engenharia.
Segundo ele, há postura de empreendedorismo entre os pesquisadores brasileiros, quesito também importante no cenário do desenvolvimento científico e tecnológico, mas o fator técnico é uma carência histórica no país. Ele também defendeu investimentos na educação básica. Fraga lembrou que, com 1,6 mil profissionais dedicados à pesquisa científica e tecnológica, a Petrobras investiu nos últimos três anos US$ 2,5 bilhões em pesquisa e desenvolvimento. Ele disse que as instituições de pesquisa e universidades brasileiras são as principais parceiras da empresa no processo de inovação. O foco da estatal não está só em petróleo e gás, segundo o diretor do Cenpes.
“Temos dois eixos complementares que são os biocombustíveis e outras fontes de energia renovável”, afirmou.
Representando a iniciativa privada na plenária, o presidente da Siemens no Brasil, Adilson Primo, afirmou que a geração da inovação depende, fundamentalmente, das empresas. Ele apresentou dados comparativos que mostram o aumento do volume de produtos de alto valor agregado na pauta de exportação dos países que ampliaram o investimento em pesquisa e desenvolvimento, como a Alemanha e o Japão. Com atuação na área de engenharia eletrônica, a empresa, de origem alemã, direciona sua produção majoritariamente ao desenvolvimento de equipamentos e sistemas de energia elétrica. Ele ressaltou que as multinacionais são as empresas que mais investem em ciência e tecnologia nos países desenvolvidos. Segundo ele, essas empresas têm investido massivamente nos parques industriais e tecnológicos de países do Bric. “Para aumentar nosso nível de inovação [do país], precisamos de uma política pública que aproveite essa janela de produtividade”.
CORREIO BRAZILIENSE, 27/05/2010
Escritores discutem novas formas de incentivar a leitura entre jovens e crianças
Daniel Ferreira/CB/D.A Press
Três escritores, cada qual com uma temática diferente, mas todos com um propósito em comum: encantar crianças, jovens e adultos com os mais diversos mistérios da literatura. Na tarde desta quinta-feira (27/5), os autores Bruno Berlendis, Fabrício Carpinejar e Marcelo Duarte falaram para mais de 50 educadores, da rede pública e privada, sobre as possíveis leituras do mundo. O evento aconteceu no auditório do Colégio Sigma e teve como foco principal a discussão de novas formas e caminhos de incentivar a leitura para jovens e crianças.
Foi em clima de descontração que os premiados escritores apresentaram seus percursos individuais no universo literário. Enquanto Bruno Berlendis se volta para as obras clássicas, Fabrício Carpinejar enfoca o direito à diferença. Já Marcelo Duarte destaca-se por seus guias dos curiosos. Após as apresentações, palestrantes e público discutiram, juntos, temas como as leituras obrigatórias dos clássicos nas escolas, o papel das adaptações na formação dos leitores e a importância dos pais na construção do hábito de leitura nos jovens.
Sobre o papel da escola nesse processo de formação, o bem-humorado Fabrício Carpinejar dá a dica: “É preciso entusiasmo. A sala de aula deve ser um espaço de criação, de improviso.” O escritor reforça a importância de o professor tratar o aluno de forma individualizada e sempre respeitar suas dúvidas e questionamentos. Para ilustrar sua trajetória pessoal como leitor e a importância de sua família nesta construção, Carpinejar contou uma história engraçada de sua infância. “Meus pais escondiam as fotos da família dentro de diferentes livros. A gente acabava lendo, porque queríamos desvendar o mistério. Por que eles colocaram estas fotos neste e não naquele outro livro? Qual é a relação que esta história tem? É claro que a gente nunca descobria, até porque não tinha uma relação lógica. Mas, pelo menos, a gente lia.”
Novos leitores - Marcelo Duarte contou sobre sua experiência como pai para mostrar a relevância da família nesta construção dos novos leitores. “Os filhos, normalmente, se espelham nos pais e em seus gostos, por isso é importante manter o hábito dentro de casa. Sou totalmente a favor da leitura na cama, inclusive como um momento de carinho trocado entre pais e filhos. É importante que a associação com a leitura seja de algo agradável”, defende.
Não à leitura obrigatória de livros predeterminados nas escolas. A opinião foi tida como consenso entre os participantes. “O problema é que a escola escolhe o livro e acha que vai agradar a todos os alunos. E se ele não quiser um clássico, mas sim Como treinar seu dragão? Acho que o mais importante é essa iniciação no mundo da leitura, não importa com qual”, reforça Marcelo.
Talvez seja exatamente por este motivo que livros como Harry Potter e Senhor dos Anéis ganharam grande aceitação mundial entre os jovens. Eles não foram impostos pelas escolas. “Além disso, esses livros são muito bons. São cheios de aventura, peripécias e outras coisas que os atraem. Não podemos manter um preconceito, pois muitos jovens se tornaram leitores por meio destes livros”, observou a educadora Lucília Garcez, mediadora da palestra. A professora da rede pública de Valparaíso Solange Ribeiro concorda com a posição dos palestrantes. “Eu acho que os jovens estão cada vez mais próximos da literatura. O problema é que a sociedade diz que eles só leem besteira. Não acho que seja por aí. A leitura de uma revista também é importante.” Além da imposição de determinados títulos, Lucília ressalta a incoerência de se aplicar provas acerca das leituras dos alunos. “A criança precisa ler com segurança emocional, sabendo que ela não está ameaçada, que não vai ser julgada por uma prova”, ressalta.
FOLHA DIRIGIDA – 27/05/2010
"Interesses mercantilistas contaminam a EAD na rede privada"
Para Magna Corrêa, professores são mais exigidos na modalidade
Michelle Teixeira
Em se tratando de uma modalidade de ensino em franca expansão, como o ensino a distãncia, as preocupações no meio acadêmico não são poucas em relação à qualidade e, principalmente, às condições de trabalho docente. Em recente seminário realizado na sede do Sindicato dos Professores do Município do Rio de Janeiro e Região (SinproRio), educadores discutiram a temática e a diretora da Comissão de Educação Superior do Sinpro-Rio, Magna Corrêa, foi a mais veemente ao afirmar que a modalidade pode servir para proletarizar o trabalho do professor.
"Ao invés da EAD servir como ferramenta de democratização do ensino, permitindo que estudantes de todas as regiões do Brasil tenham acesso ao ensino superior e adquiram uma formação de qualidade, a sua aplicação está sendo feita de uma maneira não planejada. A Educação Superior privada, por exemplo, está afetada por uma visão mercantilista no processo de aplicação desta modalidade, que apesar de ser nova, empobrece as condições de trabalho dos professores e a qualidade dos cursos", denuncia Magna, professora de instituições privadas de ensino.
FOLHA DIRIGIDA - Qual análise a senhora faz da implantação do Ensino a Distância (EAD) no país?
Magna Corrêa - A implantação do ensino a distância nas instituições de ensino privada tem sido feita de forma legal, mas convivemos com a ausência do exercício do poder regulador do Ministério da Educação. Este é um serviço que está muito precário. A educação superior privada está afetada por uma visão mercantilista no processo de aplicação desta modalidade, que apesar de ser nova, empobrece as condições de trabalho dos professores e a qualidade dos cursos. Na conjuntura atual, a educação superior se tornou um atrativo de investimentos, sendo até considerado o sexto segmento da economia nacional e objeto de interesse de grandes corporações educacionais, que usam o ensino como estratégia para otimizar cursos e lucratividade máxima, através da redução da folha salarial. A EAD, na concepção original, é considerada uma modalidade pautada para a democratização do acesso à Educação, especialmente em um país extenso como o Brasil. Mas o problema é que a expansão com qualidade acabou atrelada a um aligeiramento dos conteúdos, à dificuldade de acesso a bibliotecas críticas e atualizadas, substituídas por laboratórios bem equipados, e à ausência de interlocução entre professores e alunos. A massificação e banalização do Ensino a Distância, muitas vezes resulta na frustração intelectual do aluno e tem o efeito às avessas, pois ao mesmo tempo que democratiza, contribui para acentuar a exclusão social do aluno, submetido a cursos, em sua maioria, de qualidade precária, que o desqualificam para o mercado, tão competitivo, próprio dos dias atuais.
De que forma a EAD interfere na desvalorização do professor?
A oferta de disciplinas online e de aulas telepresenciais tem repercussão direta nas condições de trabalho dos professores, submetidos a políticas de redução salarial, carga horária zerada e demissões em massa, praticadas nas instituições que operam com esta modalidade de ensino. Em face do ensino a distância não estar regulamentado ainda, as instituições acabam se pautando pela redução do valor da hora-aula do professor tutor, agora fixada em valores muito abaixo dos pisos da nossa convenção coletiva de trabalho (Sinpro-Rio).
A EAD é apenas um interesse financeiro das empresas?
Na atual conjuntura, sim. Do ponto de vista das instituições privadas de ensino superior, contaminadas por interesses mercantilistas, a EAD está sendo utilizado como personagem de economia de escala, proporcionando lucros extraordinários e problemas como superlotação de turmas e professores sobrecarregados. Isso ocorre porque na universidade privada não é a fiscalização da Universidade Aberta do Brasil (UAB) que supervisiona a EAD.
Como está a expansão da educação a distância?
Se não houver um freio no processo de credenciamento e fiscalização de cursos pelo Ministério da Educação, a tendência é que o ensino a distância se expanda cada vez mais. Somente agora já são 2,5 milhões de alunos matriculados em 1.750 cursos oferecidos na modalidade. O contingente maior está concentrado na área de Ciências Humanas e Sociais, especialmente nas licenciaturas voltadas para futuros professores. Ou seja, justamente nos cursos mais precários, onde já há falta de incentivo para a formação de professores, é que eles aplicam a EAD, o que faz intensificar mais a deterioração da classe docente.
Estes cursos cumprem o seu papel de formar profissionais preparados?
Com poucas exceções, a maioria dos cursos não atende aos propósitos do ensino a distância, de democratizar o acesso à educação superior com qualidade. O Sinpro-Rio ressalta a importância da UAB, mas a maioria dos cursos ofertados nas rede privada de ensino não se pautam pelos parâmetros acolhidos por ela (acesso a bibliotecas e laboratórios adequados, qualificação do corpo docente, limitação do número máximo de 25 alunos por turma e projetos pedagógicos consistentes).
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