07/06/2010 – CLIPPING EDUCACIONAL

 

NOTÍCIAS – FIQUE POR DENTRO 

FOLHA DE SÃO PAULO - 07/06/2010
Medos e problemas da vida universitária

Jairo Bouer 

JÁ CONTEI que voltei a fazer um curso de graduação no ano passado? Pois é! Estudei, fiz vestibular, passei e reencontrei uma série de problemas da universidade pública brasileira. Prometi tratar do tema na coluna. Já escrevi sobre a dificuldade para escolher o curso e o desinteresse inicial de alunos. Agora, na reta final da segunda fase, a desistência de mais uma colega chamou a atenção. Por que tanta gente cancela ou tranca a matrícula nos primeiros anos do curso? Será só escolha equivocada? Não! É bem mais complexo do que isso! Do ponto de vista da universidade, muita coisa deixa a desejar. A qualidade das aulas e dos professores é irregular. Tem os bons, mas também os muito desmotivados, cansados. Às vezes, a estrutura física e os recursos materiais não atendem às necessidades das turmas. Currículos pesados e pouco espaço para "experimentar" também emperram a formação. Mas, talvez, o que mais chame a atenção é a insistência em um modelo tradicional: aulas expositivas e cobrança dos conteúdos em trabalhos ou provas burocráticas. Será que ensino e aprendizagem na universidade evoluíram tão pouco?

Do ponto de vista do aluno, muitos mudam de cidade para estudar, o que pode ser importante para o crescimento pessoal. Mas, longe da família, nem sempre a adaptação é fácil. Adicione-se a isso períodos de estresse por cobranças. Assim, quadros de depressão, ansiedade, angústia e abuso de álcool podem ganhar força. Isso sem citar falta de dinheiro, sobrecarga para quem faz estágios e cursos abertos mal planejados, entre outros tantos fatores. Na semana em que a colega voltava para a sua casa, a universidade oferecia quase 700 vagas de remanejamento (não preenchidas ou de desistentes). Será que, no futuro, as mesmas questões vão continuar a existir?

FOLHA DE SÃO PAULO - 07/06/2010
Entrar em universidade pública é mais difícil em SP

Estado
tem a maior concorrência do país em unidades federais e estaduais. São 14 alunos por vaga, ante 8 da média nacional; presença pequena de federais é principal causa

ANGELA PINHO - DE BRASÍLIA

Após cinco anos e meio de cursinho, a estudante paulista Mariá Paschoaleto, 24, resolveu morar a quase 4.000 km de casa pelo sonho de aprender medicina. "Sempre dei preferência a universidades mais próximas, mas nem sempre a concorrência dos vestibulares ajudava", diz ela, hoje na UFAM (Universidade Federal do Amazonas). Como Mariá, outros enfrentam dificuldade em conquistar uma vaga em São Paulo. O Estado é o que tem menos vagas por estudante nas universidades públicas. Em 2008, ano com dados mais recentes, havia 14 alunos no último ano do ensino médio em São Paulo para cada vaga em universidade federal ou estadual no Estado. A média nacional é de oito alunos -excluindo SP, sete.

A disparidade se deve principalmente à pequena presença das universidades federais no mais rico Estado do país, embora, recentemente, a rede tenha vivido um aumento expressivo. No governo de FHC, o número de vagas federais em São Paulo no vestibular subiu 43%; no de Lula, 260%, com a ampliação de unidades já existentes e a criação da UFABC (federal do ABC). O Estado ainda tem as federais Unifesp, UFSCar (em São Carlos) e ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica). Mesmo assim, a comparação com outros Estados revela que o abismo persiste. Para cada vaga em universidade federal em São Paulo, há 70 estudantes concluindo o ensino médio. A média nacional é de 13 estudantes -11, excluindo SP. No Rio, cada vaga federal é disputada por nove alunos do ensino médio. Trata-se de uma vantagem da condição de antiga capital, diz Maria Helena Capelato, do departamento de história da USP.

GRANDES ESTADUAIS - O ministro Fernando Haddad (Educação) reconhece a distorção em São Paulo e diz que o governo Lula procurou corrigi-la por meio da ampliação da rede federal no Estado e do Prouni, programa que oferece vagas gratuitas em cursos privados -28% são em instituições paulistas. Ele atribui a baixa proporção de vagas públicas ao fato de o Estado contar com grandes universidades estaduais -USP, Unesp e Unicamp- e cita o fato de que, em 1996, foi retirado da Constituição o dispositivo que determinava a instalação de universidades nas cidades de maior densidade populacional. "Pelo fato de São Paulo ser um Estado considerado rico, historicamente o governo nunca olhou para a região com vistas à expansão da rede federal", diz.

 

UOL EDUCAÇÃO - 07/06/2010
Educação em prisões é tema de seminário internacional em Brasília

Da Redação*
Em São Paulo

O
Ministério da Justiça e o MEC (Ministério da Educação), em parceria com a OEI (Organização dos Estados Ibero-americanos), promovem o seminário internacional Educação em Prisões: convergências e perspectivas a partir desta segunda-feira (7) em Brasília. O evento segue até quinta (10).

Com previsão de aproximadamente 400 participantes, o encontro tem como objetivo firmar carta de intenções com os compromissos assumidos para a continuidade do processo de educação em prisões no Brasil.

Desde o dia 25 de maio, é obrigatória a instalação salas de aula nos presídios “destinadas a cursos do ensino básico e profissionalizante”. Em 2009, a Plataforma Brasileira de Direitos Humanos Econômicos, Sociais, Culturais e Ambientais (Dhesca Brasil) publicou um relatório sobre o tema que apontava que menos de 20% da população carcerária tinham acesso a algum tipo de atividade escolar. O estudo alerta ainda que 70% dos detentos não possuem ensino fundamental completo e 8% são analfabetos.

Segundo a pesquisa, a principal dificuldade para oferta do ensino em prisões está no fato de que o acesso a esse serviço é visto como “privilégio” e não como direito.

UOL EDUCAÇÃO - 07/06/2010
Programa da capes financiará propostas de atividades extracurriculares na rede pública

Da Redação*
Em São Paulo

O
MEC (Ministério da Educação) lançou na última sexta-feira (4) o programa "Novos Talentos", que é desenvolvido pela Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior). Por meio de atividades extracurriculares, a ação pretende promover a inclusão social e o desenvolvimento da cultura científica nas escolas de educação básica da rede pública. A ideia é estimular a realização de cursos e oficinas ou atividades equivalentes no período de férias das escolas públicas ou em horário que não interfira na frequência escolar.

A Capes pretende desenvolver as atividades em universidades públicas, laboratórios e centros avançados de estudos e pesquisas, museus e outras instituições, como empresas públicas e particulares. É uma forma de aprimorar e atualizar os professores e os estudantes.

Instituições públicas de educação superior têm até 23 de julho para encaminhar propostas de oferta de atividades. O currículo da educação básica deve ser articulado com perspectivas educacionais, científicas, culturais, sociais ou econômicas (arranjos produtivos locais) inovadoras. Os projetos serão analisados, acompanhados e avaliados pela Capes, por meio de ambientes virtuais e visitas in loco.

O programa Novos Talentos foi criado pela
Portaria da Capes nº 112, de quarta-feira, 2, publicada no Diário Oficial da União de 4 de junho, Seção 1, página 8. Mais informações no edital, no e-mail novostalentos@capes.gov.br e pelos telefones (61) 2022-6568 e 2022-6564.

*Com informações do MEC 

REVISTA GESTÃO UNIVERSITÁRIA – EDIÇÃO 226
O monge, o executivo e a Administração
 

Luiz Eduardo da Silva Amaro

Dentre os assuntos campeões de audiência na área da Administração, tem-se certamente a liderança. Junto com motivação, vendas e estratégia, liderança forma um quarteto campeão de faturamento, envolvendo cursos, palestras, consultorias e livros que movimentam bilhões de dólares ao redor do mundo todos os anos. Vários estudiosos dizem que esses quatro assuntos são os mais demandados justamente porque pouco pode ser afirmado sobre eles de maneira categórica. Ou seja, prestam-se a todo tipo de picaretagem. O livro do momento, no Brasil, quando o assunto é liderança, chama-se O Monge e o Executivo, uma obra de pouco mais de 130 páginas que se lê em um dia e que figura na lista da revista Veja há cinco anos, tendo vendido cerca de três milhões de exemplares, 15 vezes mais do que nos Estados Unidos! Apesar de custar apenas 19,90 nas livrarias, seu autor, o consultor americano James Hunter, diante do sucesso em terra brasilis, tem-nos visitado regularmente, cobrando 400 reais de quem quiser ouvi-lo falar sobre um tema que admite poucas verdades.

Apesar de nossa precária memória auditiva, não tem faltado ouvintes, que, já tendo lido a obra, vão atrás de novas pérolas sobre o assunto. Para isso, aliás, seguindo a receita fácil do sucesso, Hunter lançou, em 2006, a continuação do seu best-seller - Como Tornar-se um Líder Servidor -, de mesma faixa de preço, mas tiragem bem menor, o que não causa nenhuma surpresa, porque o como sempre faz menos sucesso do que o o quê. Enquanto este aborda conceitos, classificações e quadros explicativos, só necessitando serem misturados a um enredo de fácil entendimento para entusiasmar o leitor médio, sem exigir dele qualquer ação ou compromisso, o como requer disciplina e sacrifício para se sair da zona de conforto ou, como diria Freud, sobrepujar o “princípio do prazer”.

Aliás, o médico austríaco é justamente o vilão da história. Sua teoria da psicanálise é descrita e taxada, em pouquíssimas linhas, como puro “determinismo”, porque, segundo Hunter, condicionaria o destino dos adultos, de forma definitiva, a experiências e traumas da infância, além de negar nosso livre-arbítrio, conceito filosófico que, na literatura descartável sobre motivação e liderança, geralmente é sinônimo do sempre ilusório “querer é poder”. O mocinho, para Hunter, é Abraham Maslow, psicólogo americano fundador, na década de 1950, juntamente com o também psicólogo e educador Carl Rogers, da Psicologia Humanística, um contraponto “otimista” à psicanálise freudiana. Maslow é autor da “hierarquia das necessidades”, uma teoria da motivação conhecidíssima entre alunos de Administração, que admite depender o comportamento humano de certas necessidades que se manifestam quando insatisfeitas.

Usando a hierarquia das necessidades de Maslow, Hunter defende a ideia de que só chegaremos à auto-realização como líderes e, por extensão, como seres humanos, se formos servos de nossos liderados, fazendo o bem sem olhar a quem. Valendo-se de um truque manjado, mas que sempre funciona – invocar figuras excepcionais para ilustrar receitas fáceis no papel, mas dificílimas na prática -, o autor recomenda seguir os ensinamentos e exemplos dados por Jesus, Gandhi e Luther King. Serve-se, assim, para benefício próprio e sem a menor cerimônia, de homens que refundaram, para os mais diferentes povos, a noção de solidariedade humana. Hunter apenas se esquece de frisar um detalhe: os três foram assassinados, pagando o preço de seus atos com suas próprias vidas, coisa que ninguém iria querer para si, muito menos um presidente ou executivo de empresa, por mais altos que fossem os bônus de final de ano.

Como administrador e professor de Administração, creio não ter aprendido nada com O Monge e o Executivo, que, na lista de Veja, aparece na seção autoajuda e esoterismo, dois termos pouco simpáticos à Administração, uma área do conhecimento que há muito sonha em ser reconhecida como ciência. Se você ficou curioso(a), leia o livro. Aliás, aproveite e leia outro: Pequeno Tratado das Grandes Virtudes, do filósofo francês André Comte-Spomville. Depois tire suas próprias conclusões.

O ESTADO DE SÃO PAULO - 06/06/2010
O fórum do ensino privado



Obrigado por lei a lançar até dezembro o Plano Nacional de Educação para os próximos dez anos, o governo convocou uma "conferência nacional" para discutir o assunto, da qual participaram representantes dos mais variados setores da administração pública, dos sindicatos, movimentos sociais, ONGs e entidades da chamada "sociedade civil organizada". O encontro ocorreu há dois meses, foi apresentado como um "espaço democrático aberto", contou com a participação do presidente Lula e terminou com um documento que faz a defesa da expansão do dirigismo estatal e da imposição de restrições à liberdade de iniciativa no setor. A justificativa é que o ensino superior é um "bem público", motivo pelo qual a oferta de vagas por universidades privadas teria de ser feita somente por meio de um regime de concessão, a exemplo do que ocorre nas áreas de energia, petróleo e telecomunicações. Para os 3 mil participantes da Conferência Nacional de Educação, as universidades particulares visam ao lucro e, ao contrário das públicas, não se preocupariam com a qualidade dos serviços que prestam.

A tese que prevaleceu na conferência foi a de que, se a União tem a prerrogativa de "articular" o sistema educacional, ela também deveria "normatizar e controlar" as universidades privadas, além de estabelecer parâmetros para currículos e projetos pedagógicos.

Esse controle seria feito por uma agência reguladora e o setor educacional seria organizado como um "sistema nacional articulado", nos moldes do Sistema Único de Saúde. A ideia é criar um processo decisório compartilhado, por meio de um órgão normativo, integrado por representantes do Ministério da Educação (MEC), gestores estaduais e municipais, sindicatos e organizações sociais, mas não por representantes do ensino privado.

Como sabiam que a conferência convocada pelo governo enveredaria por esse caminho, as instituições privadas de ensino superior não só não compareceram ao evento, como também decidiram realizar um fórum da educação superior particular. Pretendiam com isso ser ouvidas pelas autoridades educacionais durante a elaboração do Plano Nacional de Educação. Mas, enquanto a conferência do governo teve ampla repercussão, o fórum ? realizado três semanas depois ? foi ignorado pela mídia. Embora sejam responsáveis por quase 80% da oferta de vagas do ensino superior do País e venham recebendo vultosas somas de fundos de investimentos para financiar sua expansão, as universidades privadas têm sido obrigadas a viver na defensiva com relação ao MEC, que desenvolveu mecanismos de avaliação ouvindo somente as universidades públicas. As instituições particulares são acusadas de "mercantilismo", de oferecer uma educação de má qualidade, de não fazer pesquisa científica e de não realizar as chamadas "atividades de extensão".

Há muito de verdade nessas acusações, mas elas não podem ser generalizadas. A pauta do fórum da educação superior, por exemplo ? que incluiu temas como sistemas de avaliação, indicadores de qualidade de ensino, capacitação docente, pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas e financiamento estudantil ?, foi discutida por representantes de reputadas instituições privadas de ensino.

A síntese dessas discussões foi apresentada sob a forma de uma carta de princípios, cuja redação teve por objetivo "desconstruir o discurso sutilmente elaborado dentro dos bastidores do MEC que exclui a iniciativa privada das reflexões sobre os mecanismos pelos quais elas são avaliadas". Evidentemente, o ensino superior privado tem muitas falhas, como também acontece com as universidades públicas. Com o fórum da educação superior particular, as entidades do setor substituíram uma postura defensiva por outra mais ativa, divulgando o que têm feito, com base no princípio da responsabilidade social do ensino, e deixando claro que também têm sugestões a dar para o Plano Nacional de Educação da próxima década.

O ESTADO DE SÃO PAULO - 06/06/2010
Demagogia no ensino superior

Das 13 universidades federais criadas nos dois mandatos do presidente Lula ? o que lhe permite afirmar que é o governante que mais investiu na expansão do ensino superior público desde a descoberta do País ? 2 chamam a atenção por terem sido especialmente criadas com o objetivo de reforçar sua imagem externa e reafirmar as "novas responsabilidades" que o Brasil vai assumindo no cenário internacional. Sediada em Foz do Iguaçu, na fronteira com a Argentina e o Paraguai, uma delas é a Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila), que está funcionando provisoriamente num prédio da Usina Binacional de Itaipu. A outra, que será erguida em Redenção, a 55 quilômetros de Fortaleza, é a Universidade Federal de Integração Luso-Afrobrasileira (Unilab). Com cerca de 27 mil habitantes, a cidade foi escolhida por ter sido a primeira a libertar todos os seus escravos antes da Lei Áurea, de 1888. Esse critério dá a medida das intenções do governo.

Como a criação das duas instituições decorreu mais de marketing político do que de critérios acadêmicos, as autoridades educacionais querem implantá-las o mais rapidamente possível, a fim de criar um fato consumado. Há o receio de que, se a oposição ganhar a eleição de outubro, o próximo governo possa cancelar essas iniciativas que, além de caras, primam pela demagogia. Ao justificar a criação da Unilab, assessores de Lula invocam a necessidade de resgatar uma "dívida histórica com a África" e reforçar a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), por meio de intercâmbio acadêmico e oferta de ensino superior gratuito a alunos vindos de Angola, Cabo Verde, Guiné Bissau, Moçambique, São Tomé e Príncipe e até do Timor Leste e de Macau. No caso da Unila, que pretende valorizar a adaptação de novos conhecimentos à "realidade regional" e os "elementos centrais da problemática latino-americana", os assessores de Lula enfatizam a necessidade de um "projeto político-pedagógico" destinado a aumentar a influência do País na região do Mercosul.

Das 5 mil vagas que a Unilab pretende oferecer em seus cursos de graduação, nas áreas de produção de alimentos, saúde pública, proteção ambiental, gestão de pequenos negócios e formação de docentes para educação básica, metade será para alunos brasileiros e metade para estrangeiros. O mesmo critério também será adotado na Unila, cujas aulas deverão começar no próximo semestre, com professores recrutados em toda a América Latina ? e não só no Brasil. Na Unila, cujos prédios começarão a ser construídos em setembro num terreno de 40 hectares, com base num projeto arquitetônico de Oscar Niemeyer, o reitor será sempre brasileiro, enquanto o vice-reitor virá dos países da região, com a condição de que tenha o título de doutor. O primeiro reitor será o cientista político Hélgio Trindade, da UFRGS, e o vice-reitor será o sociólogo uruguaio Gerónimo Sierra.

Nas duas instituições não haverá cobrança de taxas e mensalidades e os alunos receberão bolsas para alimentação, alojamento e transporte. Na Unila eles serão selecionados com base numa prova que, além de não ser eliminatória, será realizada em seus respectivos países de origem. Na Unilab a ideia é conjugar políticas de "inclusão social" com "distribuição étnico-socioeconômica dos países da CPLP", tomando-se por base as notas obtidas no Enem pelos estudantes da região do Maciço de Baturité, onde se situa a cidade de Redenção.

Além da Unilab e da Unila, o governo estuda a criação de mais uma instituição "temática" ? a Universidade Federal da Integração da Amazônia Continental. Em matéria de ensino superior, o governo continua atirando para todos os lados. Tentou promover uma reforma universitária, em 2004, e fracassou. Tentou usar o Enem para unificar os vestibulares das universidades federais, em 2008, e desmoralizou esse mecanismo de avaliação. E, enquanto a maioria das universidades federais enfrenta déficit de equipamentos e de professores motivados, desperdiçam-se recursos escassos com iniciativas demagógicas.

 

O ESTADO DE SÃO PAULO - 05/06/2010
Cresce nº de alunos superdotados, mas acesso a ensino continua restrito

Registros no MEC passaram de mil para 5,6 mil em 5 anos, mas a OMS estima que o País tenha até 2,5 milhões de estudantes com altas habilidades. Falta de informação e estrutura precária da rede educacional impedem desenvolvimento de talentos

Bruno Boghossian

Apesar de o número de alunos superdotados registrados pelo Ministério da Educação (MEC) ter quintuplicado em cinco anos, passando de cerca de mil para 5,6 mil, apenas uma pequena parcela da população com esse potencial tem acesso ao atendimento especial, garantido por lei. A Organização Mundial da Saúde estima que entre 1,5 milhão e 2,5 milhões de alunos no País tenham altas habilidades em alguma área do conhecimento. "O aumento do número de registros indica que mais alunos estão tendo acesso a condições melhores de atendimento e estimulação. No entanto, os dados mostram que os jovens com altas habilidades no Brasil não estão sendo identificados", afirma Bárbara Delpretto, da Secretaria de Educação Especial do MEC.

Uma resolução do Conselho Nacional de Educação determina que todo aluno com esse potencial tenha acesso a uma formação complementar em unidades de atendimento especializado, seja em instituições pública, particular ou filantrópica. Educadores alertam que a falta de informação dos professores e a estrutura precária da rede pública de ensino formam barreiras que impedem o desenvolvimento de grandes talentos.

Uma das principais dificuldades é a identificação desses potenciais, uma vez que não só alunos com ótimo desempenho escolar são considerados superdotados. "A superdotação pode aparecer em qualquer área da habilidade humana ? desde o raciocínio abstrato mais complexo até o trabalho artesanal mais rústico", explica a doutora em Educação pela Universidade Federal Fluminense Cristina Delou. "O professor deve estar atento para identificar características como criatividade, raciocínio lógico e capacidade de aprendizagem, não só o desempenho escolar." Atenção especial. Garantir atenção especial pode contribuir para o desenvolvimento dos talentos dos superdotados. Alunos com capacidades de raciocínio fora do comum e gosto pela matemática, por exemplo, podem ser encaminhados a cursos em instituições de ensino superior para terem contato com conteúdos mais avançados. Aulas de piano são indicadas para crianças com alta sensibilidade musical e a prática de esportes, para desenvolver a inteligência sinestésico-corporal.

"O atendimento especializado é um acompanhamento para que a criança possa desenvolver a área em que tem maior destaque e interesse, além de solucionar dificuldades naquelas em que não se destaca", diz a presidente do Conselho Brasileiro de Superdotação, Susana Pérez. Ignorar esses potenciais, além de representar desperdício de talento e até de mão de obra especializada, pode desestimular a formação tradicional do aluno na sala de aula comum. "Os alunos que se destacam não conseguem avançar em seu próprio ritmo porque há uma série de colegas que seguem mais lentamente", explica Cristina. "Muitas vezes, o superdotado fica entediado, perde o interesse, se desmotiva e até abandona as aulas."

De acordo com educadores, alunos superdotados de escolas particulares têm mais chance de receber atenção especial se apresentarem sucesso em áreas do conhecimento acadêmico, como bom desempenho em provas e concursos. "Os colégios, em geral, não valorizam os atletas, os músicos e os líderes. Às vezes, se tornam até um tormento, porque a direção não gosta do movimento que eles lideram ou não tem um programa de esportes", avalia Cristina. No caso de outras habilidades, como as artes, os pais podem procurar atividades extra-classe para estimular os potenciais dos filhos. Já na rede pública, os alunos podem ser atendidos em centros especializados ou salas de recursos multifuncionais, mas nem sempre esses espaços estão disponíveis ou têm vagas para todos. "As escolas públicas sofrem com outras questões que as ocupam de modo intenso. Não há salas ou material apropriado para o atendimento especializado? e o aluno superdotado não aceita qualquer tipo de material. Ele quer mais", diz Cristina.



O ESTADO DE SÃO PAULO – 05/06/2010
Cresce nº de alunos superdotados, mas acesso a ensino continua restrito 

Registros no MEC passaram de mil para 5,6 mil em 5 anos, mas a OMS estima que o País tenha até 2,5 milhões de estudantes com altas habilidades. Falta de informação e estrutura precária da rede educacional impedem desenvolvimento de talentos  

Bruno Boghossian - Rio  

Apesar de o número de alunos superdotados registrados pelo Ministério da Educação (MEC) ter quintuplicado em cinco anos, passando de cerca de mil para 5,6 mil, apenas uma pequena parcela da população com esse potencial tem acesso ao atendimento especial, garantido por lei. A Organização Mundial da Saúde estima que entre 1,5 milhão e 2,5 milhões de alunos no País tenham altas habilidades em alguma área do conhecimento.

"O aumento do número de registros indica que mais alunos estão tendo acesso a condições melhores de atendimento e estimulação. No entanto, os dados mostram que os jovens com altas habilidades no Brasil não estão sendo identificados", afirma Bárbara Delpretto, da Secretaria de Educação Especial do MEC.

Uma resolução do Conselho Nacional de Educação determina que todo aluno com esse potencial tenha acesso a uma formação complementar em unidades de atendimento especializado, seja em instituições pública, particular ou filantrópica.

Educadores alertam que a falta de informação dos professores e a estrutura precária da rede pública de ensino formam barreiras que impedem o desenvolvimento de grandes talentos.

Uma das principais dificuldades é a identificação desses potenciais, uma vez que não só alunos com ótimo desempenho escolar são considerados superdotados. "A superdotação pode aparecer em qualquer área da habilidade humana ? desde o raciocínio abstrato mais complexo até o trabalho artesanal mais rústico", explica a doutora em Educação pela Universidade Federal Fluminense Cristina Delou. "O professor deve estar atento para identificar características como criatividade, raciocínio lógico e capacidade de aprendizagem, não só o desempenho escolar."

Atenção especial. Garantir atenção especial pode contribuir para o desenvolvimento dos talentos dos superdotados. Alunos com capacidades de raciocínio fora do comum e gosto pela matemática, por exemplo, podem ser encaminhados a cursos em instituições de ensino superior para terem contato com conteúdos mais avançados. Aulas de piano são indicadas para crianças com alta sensibilidade musical e a prática de esportes, para desenvolver a inteligência sinestésico-corporal.

"O atendimento especializado é um acompanhamento para que a criança possa desenvolver a área em que tem maior destaque e interesse, além de solucionar dificuldades naquelas em que não se destaca", diz a presidente do Conselho Brasileiro de Superdotação, Susana Pérez.

Ignorar esses potenciais, além de representar desperdício de talento e até de mão de obra especializada, pode desestimular a formação tradicional do aluno na sala de aula comum.

"Os alunos que se destacam não conseguem avançar em seu próprio ritmo porque há uma série de colegas que seguem mais lentamente", explica Cristina. "Muitas vezes, o superdotado fica entediado, perde o interesse, se desmotiva e até abandona as aulas."

De acordo com educadores, alunos superdotados de escolas particulares têm mais chance de receber atenção especial se apresentarem sucesso em áreas do conhecimento acadêmico, como bom desempenho em provas e concursos.

"Os colégios, em geral, não valorizam os atletas, os músicos e os líderes. Às vezes, se tornam até um tormento, porque a direção não gosta do movimento que eles lideram ou não tem um programa de esportes", avalia Cristina. No caso de outras habilidades, como as artes, os pais podem procurar atividades extra-classe para estimular os potenciais dos filhos.

Já na rede pública, os alunos podem ser atendidos em centros especializados ou salas de recursos multifuncionais, mas nem sempre esses espaços estão disponíveis ou têm vagas para todos. "As escolas públicas sofrem com outras questões que as ocupam de modo intenso. Não há salas ou material apropriado para o atendimento especializado ? e o aluno superdotado não aceita qualquer tipo de material. Ele quer mais", diz Cristina.

O ESTADO DE SÃO PAULO – 05/06/2010
Professores enfrentam tripla jornada para conseguir diploma

Em São Paulo, 1.350 docentes da rede pública cursam graduação em Pedagogia a distância pela Univesp

Carolina Stanisci
ESPECIAL PARA O ESTADO

Fábia Cristina Mortean de Medeiros, de 29 anos, passa longas horas fora de casa. Na maior parte do tempo está em três salas de aulas ? em duas, ela é professora e na terceira, aluna. Com uma rotina parecida com a de Fábia, 1.350 professores da rede pública de São Paulo cursam Pedagogia a distância e enfrentam uma jornada tripla para conquistar o diploma de ensino superior.

Pedagogia semipresencial, o curso de Fábia, foi a primeira graduação criada pela Universidade Virtual do Estado de São Paulo (Univesp), em parceria com a Universidade Estadual Paulista (Unesp), num projeto do governo estadual para expandir o acesso ao ensino superior.

Para professores como Fábia, foi uma solução. Ela não conseguiria frequentar todos os dias a aula à noite, pois já trabalha em duas escolas. Fábia se desdobra para conseguir fazer as lições pelo computador em casa e duas vezes por semana tem de marcar presença na aula.

"Gosto bastante de estudar. Todo dia falo para mim "não vou fazer mais nada", mas acabo fazendo alguma coisa", afirma. Alguma coisa, para Fábia, significa acordar às 6 horas em Teodoro Sampaio, no interior paulista, para dar aulas em uma escola técnica em sua cidade. Às 9 horas, ela já está a caminho do distrito de Planalto do Sul, a 30 km de distância, onde é coordenadora de outra escola.

Duas vezes por semana, a professora pega um ônibus para Presidente Prudente, a 120 km de Teodoro Sampaio, onde fica o polo presencial do curso. A aula vai das 19 até as 23 horas.

Rotina parecida à de Fábia enfrenta Patricia de Souza, de 23 anos. Ela mora em Itaberá, também no interior. Trabalha pelas manhãs em uma escola municipal, na área de educação infantil. À tarde, dá aulas para a 3.ª série do ensino fundamental em um colégio particular.

Duas vezes por semana, Patricia sai correndo da escola para pegar a tempo um ônibus para Itapeva, a 36 km de sua cidade. "Compensa o esforço, pois além de o curso me dar uma base para o trabalho, meu salário também vai subir." Como Fábia, se o curso não fosse virtual, Patricia não acompanharia as aulas. Ela já havia tentado cursar Pedagogia, mas não conseguiu: "Não dava tempo."

Fábia é exceção em sua turma, pois já tem curso superior. Fez Letras e pós-graduação em Literatura e Língua Portuguesa em instituições privadas. Mesmo assim, considerou importante se especializar no assunto com o qual trabalha.

Esquema. O curso da Univesp é 40% presencial e 60% a distância. Nas aulas presenciais, os estudantes contam com o apoio de um orientador que explica como usar o ambiente virtual. O material de apoio consiste em uma apostila com textos de doutores em Pedagogia. Os alunos também assistem a programas curtos produzidos pela TV Cultura.

No site, fazem atividades, leem textos complementares e têm até um diário de bordo, onde registram impressões sobre o curso. "O material está todo digitalizado no ambiente virtual. Brinco que se os alunos quiserem ir à praia, só precisam carregar o computador", afirma o coordenador do Núcleo de Educação a distância da Unesp, Klaus Schlünzen Júnior.

O único porém do curso é o acesso a livros de papel, como relata Cristiane, que é auxiliar de desenvolvimento infantil numa creche. No polo presencial de Tupã, não há biblioteca especializada em Pedagogia. Se ela precisa consultar alguma publicação, tem que fazer um pedido para uma biblioteca de outro polo.

O secretário do Ensino Superior, Carlos Vogt, diz que pretende ampliar o acesso a bibliotecas, mas sua maior aposta é no virtual. "Estamos constituindo acervos virtuais para que o aluno possa baixar o livro."

PORTAL G1, 05/06/2010
Xadrez vira trunfo contra baixo IDH em escolas da Baixada Fluminense 

Projeto Xeque-Mate leva jogo aos alunos do Ensino Médio. Cerca de seis mil alunos participam do projeto em Japeri

Bernardo Tabak
- do G1 RJ

O xadrez, um dos jogos mais antigos do mundo, está transformando a realidade de uma das cidades mais pobres do Rio. O município de Japeri, na Baixada Fluminense, tem um dos piores Índices de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M) do estado, o pior da Baixada. Agora, a prefeitura tenta mudar esse quadro através do xadrez. De acordo com a Secretaria municipal de Educação, cerca de 6 mil alunos do Ensino Médio participam do projeto Xeque-Mate, criado em 2009. “A gente acredita que pode melhorar o nosso IDH através de projetos como o Xeque-Mate”, ressalta a secretária de Educação de Japeri, Miriam Paz. A Fundação Cide (Centro de Informações e Dados do Estado do Rio de Janeiro), órgão do governo estadual, apresenta Japeri na 77ª posição no ranking do IDH-M do estado, de um total de 92 municípios.

Hoje, 15 das 30 escolas de Japeri integram o projeto, que tem alunos de 8 anos até mais de 30 anos, das classes de Educação de Jovens e Adultos (EJA). O objetivo é fazer com que, através do xadrez, os alunos tenham avanços no desempenho escolar e um melhor comportamento na relação com os colegas e professores. “Muitas vezes, é difícil fazer os alunos prestarem atenção às aulas. O xadrez é bom para a concentração, a paciência, a memória e a análise sintética”, observa Miriam, que tem 20 anos de magistério e é especialista em educação de crianças com dificuldade de aprendizagem.

Tabuleiro gigante - Para iniciar os estudantes, o projeto Xeque-Mate apresenta o jogo como uma brincadeira, sem enveredar pelas complexas estratégias e táticas do xadrez. Para isso, um enorme tabuleiro de plástico, com peças gigantes, permite que os alunos façam parte do jogo, literalmente. O tabuleiro atrai principalmente as crianças, que, descalças, pisam sobre o tabuleiro estendido no chão, e movimentam as peças com cerca de meio metro de altura. “Desta forma, conseguimos despertar o interesse dos alunos”, explica o professor de Matemática Marco Antônio Govêa, de 40 anos, coordenador do projeto. “Depois, os alunos conseguem transpor o jogo para o tabuleiro convencional, e começamos a aprofundá-los nas estratégias de movimentos do xadrez”, acrescenta ele.

Projeto conquista população de Japeri - Ao contrário de muitas outras crianças da idade dela, Gabriella Marins, de 9 anos, prefere o xadrez ao videogame. “Enjoei. Hoje, eu gosto mesmo é de jogar xadrez na escola e em casa”, conta ela. Já Everton Lima, 11, diz que, depois dos estudos, se divide ente o xadrez e o futebol. “Ensino xadrez aos meus amigos para poder jogar com eles”, revela o menino. O jogo virou mania a ponto de o tabuleiro ser disputado nos tempos vagos da escola. De acordo com os coordenadores do projeto, não só os alunos, mas os moradores de Japeri se empolgaram com a novidade. “Com as aulas, a gente despertou o interesse da população pelo jogo”, destaca Sheila Carmo dos Santos, uma das coordenadoras.

Aluna quer ser jogadora profissional - Aluna e jogadora de xadrez, Yasmin Alves Barbosa, de 9 anos, ganhou um tabuleiro de presente da secretária de Educação, Miriam Paz. Entre os adversários estão até o vigia do colégio. “Foi a Yasmin quem me ensinou a jogar”, recorda Jeancarlo de Morais, de 33 anos. “O Jean é um bom aluno, mas eu ainda ganho mais partidas”, orgulha-se ela, que melhorou as notas depois que começou a jogar. “Quando crescer, quero ser jogadora de xadrez”, sonha a menina. “O xadrez não tem raça, nem cor. Todo mundo pode jogar”, diz a secretária de Educação. “Hoje, algumas escolas ainda improvisam as aulas de xadrez nos refeitórios”, diz Miriam Paz. “Mas queremos chegar a todos os colégios até o final de 2011, com salas apropriadas para fazer com que os 16 mil alunos do Ensino Médio aprendam a jogar”, conta Miriam.

 

PORTAL IG EDUCAÇÃO - 05/06/2010
Inep: "Exame docente vai valorizar carreira"
 

Em entrevista ao iG, presidente do órgão que aplicará avaliação a futuros professores acredita que ela vai mudar profissão


Priscilla Borges, iG Brasília

Diante dos desafios de formar professores mais bem preparados, tornar a carreira mais atraente e valorizada, o Ministério da Educação decidiu criar uma avaliação que, mesmo antes de ser definida, tem gerado inúmeras polêmicas entre sindicatos e especialistas. Proposta do próprio ministro Fernando Haddad, o Exame Nacional de Ingresso na Carreira Docente nasce com a intenção de melhorar a seleção de futuros professores. A prova, que funciona como um teste de proficiência, será executada pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).

O iG conversou com o presidente do Inep, Joaquim José Soares Neto, e com a coordenadora geral de instrumentos e medidas educacionais do órgão, Gabriela Moriconi, responsável pela prova. Neto, que também é professor universitário, acredita que a avaliação será decisiva para o futuro da carreira do professor. A importância que o órgão tem dado à prova é tão grande que uma diretoria do Inep será dedicada exclusivamente a ela. O objetivo do MEC é que estados e municípios, de acordo com os próprios interesses, possam utilizar os resultados desses exames – que serão feitos por quem quiser – para selecionar professores. A experiência acumulada do Inep seria utilizada de forma gratuita pelos governos estaduais e municipais. As regras, os conteúdos e o modelo da avaliação, que inicialmente será aplicada apenas para futuros docentes da educação infantil e séries iniciais do ensino fundamental, não foram definidos. O documento com as diretrizes pensadas pelo órgão de estudos e pesquisas do Ministério da Educação estará aberto a críticas e sugestões até 3 de julho. Até o fim do ano, Neto espera ter o projeto pronto para ser aplicado em 2011.


Vocês decidiram criar uma diretoria só para cuidar de avaliações da carreira docente. Por que?
Neto: Estamos nos especializando na área de avaliação de professores, pela importância que eles têm para a educação. É o principal ator do processo educativo e o Inep está dedicado a isso. Uma diretoria inteira do Inep ficará por conta disso. Acho que é importante esclarecer que estamos falando de avaliação para ingresso na carreira, não de professores que estão em exercício.

Muitas
entidades e especialistas reclamam que não foram ouvidas pelo MEC ou pelo Inep antes de a decisão de criar o exame fosse tomada. Como você vê essas críticas?
Neto: O momento para isso é agora. Estamos lançando uma discussão nacional, que não está fechada. Esse é um exame de ingresso na carreira. Ele não vai avaliar professores que estão em atividade. O papel das instituições agora é fazer propostas e críticas. O governo tem de exercer o papel de lançar propostas e colocá-las em execução. Nada será imposto, porque o exame é de adesão, tantos de estados e municípios quanto de candidatos. Tenho certeza de que essa discussão vai motivar mudanças na carreira do professor, aumenta a motivação dos futuros docentes, provocar pressão por melhores salários.

Qual a importância de avaliar o profissional que pretende ser professor e por que não analisar a formação dos que estão em atividade?
Neto: O Inep fará um exame técnico e com qualidade, que pretende auxiliar a seleção de bons candidatos, mostrando o perfil de professor que o País quer. Esse desenho ainda está totalmente aberto. As instituições que quiserem utilizar os resultados vão solicitá-los ao Inep. E a sociedade vai usar esses dados e debates da forma que ela achar melhor. Os municípios hoje que precisam contratar professores têm de organizar o concurso, o que exige experiência e recursos financeiros que muitas vezes eles não têm. Além disso, nós faremos chegar o exame em todas as regiões. Isso vai gerar mobilidade no País. Em relação aos professores em atividade, meu sentimento é de que esse assunto precisa ser mais discutido. Ele ainda não está amadurecido.

Existia uma demanda de estados e municípios para a criação desse exame?
Gabriela: Alguns estados e municípios queriam que o Inep fizesse uma avaliação que pudesse ajudá-los. Depois, houve a divulgação de um estudo que falava sobre a qualidade ruim dos concursos para professores feitos no País.

O Inep pretende divulgar os resultados desse exame por faculdade, como acontece hoje com os resultados do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) por escola? Esse retorno para as instituições não seria positivo para melhorar a qualidade de formação?
Neto: Acho que o papel do Inep é criar um exame de qualidade. Essa demanda será levantada pela sociedade.

Há algo na proposta elaborada pelo Inep que vocês acreditam que não deve ser retirado do texto original? Alguma ideia em especial?
Gabriela: Nós estudamos exames de diversos países antes de elaborar o documento. Em todas essas experiências, o conteúdo que o professor vai lecionar, as metodologias de ensino, o desenvolvimento humano e aprendizagem ficaram nas propostas de exames. Acredito que esses são pontos essenciais que não sairão do texto.

Vocês têm expectativas de que muitos candidatos participem da prova?
Neto: Pelas discussões geradas a partir de agora, imagino que sim. Muitas pessoas, sabendo que o exame vai até elas, se sentirão estimuladas a participar do exame. Os estados e municípios, por sua vez, se sentirão estimulados a aderir porque vão contratar pessoas de alto nível. Isso vai aumentar as possibilidades de emprego e a mobilidade das pessoas. Para mim, esse exame vai aumentar o prestígio da carreira.

AGORA SP - 04/06/2010
Programa alfabetiza jovens e adultos



Karina Chimenti
do Agora
 

Estão abertas as inscrições para o programa Alfabetiza São Paulo. A iniciativa é destinada a jovens e a adultos, a partir dos 15 anos, que não tiveram oportunidade de concluir o primeiro ciclo do ensino fundamental – equivalente às atividades da 1ª à 4ª séries – durante a infância.

Por ser gratuito e apresentar características flexíveis, como ter aulas apenas aos sábados, disponibilizar horários diversos para os participantes e não estipular um tempo máximo para a conclusão do curso, o programa tem atraído milhares de interessados desde a sua implantação, no segundo semestre de 2009.

O objetivo do projeto, além da alfabetização, é possibilitar que os alunos que concluírem o programa estejam aptos a continuarem os estudos a partir da 5ª série do ensino fundamental.

Dados fornecidos pela Secretaria Estadual de Educação mostram que, no ano passado, 1.538 classes do programa na capital e na Grande São Paulo atenderam cerca de 36 mil alunos.

O programa também funciona nas classes de alfabetização dentro das unidades da Fundação Casa (antiga Febem). O balanço aponta que cerca de 500 adolescentes que cumprem medidas socioeducativas foram alfabetizados com o projeto.

Os alunos e professores que fazem parte do Alfabetiza São Paulo recebem um material didático específico fornecido pelo governo do Estado.

Para este ano, foi disponibilizado R$ 1,2 milhão para a produção de material didático do programa.

Cada aluno tem direito a receber quatro livros correspondentes a cada ano do primeiro ciclo do ensino fundamental.


Inscrição

O Alfabetiza São Paulo não tem um prazo limite para as inscrições. Os alunos que aderirem ao programa começarão a estudar imediatamente, de acordo com o tempo disponível, em qualquer mês do ano.

Para informações sobre o projeto entre em contato com a secretaria pelo tel. 0800-7700012. 

O ESTADO DE SÃO PAULO – 03/06/2010
Justiça garante vaga no ensino básico em 3 bairros

Cerca de 5,5 mil crianças nessas regiões aguardam vagas

Karina Toledo

A Defensoria Pública do Estado de São Paulo obteve sentença favorável, em primeira instância, em uma ação civil pública para garantir vagas em creches e pré-escolas para todas as crianças de 0 a 5 anos que residem nos bairros de São Miguel Paulista, Ermelino Matarazzo e Itaim Paulista.

Cerca de 5,5 mil crianças nessas três regiões aguardam uma vaga. Em toda a capital são mais de 123 mil. A Prefeitura pode recorrer.

O defensor público Leonardo Peixoto, da unidade de São Miguel Paulista, conta que o déficit de vagas na educação básica é, após a falta de moradia, o principal problema da região. “Eram tantas as ações individuais neste bairro e nos adjacentes que achamos melhor ajuizar uma ação coletiva.”

Ele afirma que a Prefeitura deve recorrer, mas espera que, se o processo chegar aos tribunais superiores em Brasília, a decisão favorável seja mantida. “O déficit de vaga é inconstitucional”, afirma.

Procurada pela reportagem, a Secretaria Municipal de Educação disse que não ia se manifestar

UOL EDUCAÇÃO - 02/06/2010
Jovens de até 20 anos têm menor capacidade de concentração

Do UOL Ciência e Saúde
Em São Paulo

Adolescentes
possuem o cérebro mais confuso e suscetível a distrações do que adultos, indicou uma nova pesquisa publicada no Journal of Neuroscience.

Segundo os pesquisadores da University College London até 18,8 anos os jovens têm mais dificuldades de concentração, o que vai melhorando gradualmente com a idade até atingir nível estável perto dos 20 anos.

Ao contrário do que os cientistas imaginavam, o cérebro não está completamente desenvolvido até os vinte e tantos anos. Seu funcionamento ainda é caótico, com grande atividade no córtex pré-frontal, responsável pela tomada de decisões e multitarefa, o que mostra que o cérebro opera com menos eficiência do que o de adultos.

Assim, os adolescentes precisavam usar mais o cérebro para se focar na atividade proposta na pesquisa que era indicar formas de letras que apareciam na tela em momentos com e sem distrações. Os jovens prestavam mais atenção nos objetos fora da atividade.

O estudo feito com 178 participantes de 7 a 27 anos constatou que a única melhora nas funções cognitivas de acordo com a idade foi na concentração. Ainda assim, o acerto médio foi maior que 90% em todas as condições.

O ESTADO DE SÃO PAULO - 02/06/2010
País precisará construir 25 bibliotecas por dia para cumprir nova lei


Lei determina que todas as instituições educacionais devem ter biblioteca até 2020

Agência Brasil

BRASÍLIA - Municípios e Estados terão muito trabalho para cumprir a lei sancionada na semana passada que determina que toda a escola deve ter uma biblioteca. O maior desafio está nos estabelecimentos do ensino fundamental: será necessário construir 25 bibliotecas por dia até 2020, prazo limite para adequação à medida. O diagnóstico é de um estudo realizado pelo movimento Todos pela Educação, com base em dados do Censo da Educação Básica de 2008. "Essa dificuldade é decorrente da falta de visão do Brasil sobre a importância da biblioteca. No mundo todo as bibliotecas são doadas por mantenedores que têm uma alegria imensa de poder doar um acervo", compara Luis Norberto, do Comitê Gestor do Todos pela Educação.

O déficit de bibliotecas no ensino fundamental é de 93 mil. Desse total, 89,7 mil são escolas públicas e 3,9 mil, estabelecimentos privados de ensino. Na educação infantil, apenas 30% dos colégios têm acervo e será necessário criar 21 bibliotecas por dia para cumprir o que determina a nova lei. A melhor situação é a do ensino médio, etapa em que o número de escolas sem biblioteca é de 3.471. Norberto defende que, além da ação dos gestores, será necessário o envolvimento de toda a sociedade no desafio. "A lei é uma direção, mas ela não faz nada. Nós, sociedade, é que devemos fazê-la funcionar. A tarefa não é só dos gestores, imagine se cada empresário doasse um acervo para uma escola, em dois anos o problema estava resolvido", diz.

Na comparação entre as redes de ensino, a situação é pior nos colégios municipais, que contam com menos bibliotecas do que as escolas estaduais. O estudo do Todos pela Educação chama a atenção para outro fator que pode dificultar o cumprimento da lei: faltarão profissionais qualificados para trabalhar nesses espaços. A legislação estabelece que as bibliotecas devem ser administradas por especialistas da área - os bibliotecários. Mas, segundo levantamento da entidade, hoje há um total de 21,6 mil profissionais habilitados, enquanto o país conta com aproximadamente 200 mil escolas de educação básica. Para Norberto, com a entrada obrigatória das crianças na educação infantil aos 4 anos, estabelecida por lei no ano passado, e a implantação das bibliotecas, os alunos vão aprender a ler mais cedo. "É uma mudança radical e positiva. Daqui a dez anos, as crianças vão estar alfabetizadas aos 8 anos, é um futuro muito melhor", afirma.

  

Observação: as notícias deste clipping são
meramente informativas, publicadas em jornais
diários. Portanto, não expressam a opinião do SINPEEM.


A DIRETORIA

CLAUDIO FONSECA
Presidente

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