21/06/2010 – CLIPPING EDUCACIONAL

 

NOTÍCIAS – FIQUE POR DENTRO

O ESTADO DE SÃO PAULO – 21/06/2010
De geração em geração, a escola permanece

Colégios tradicionais de São Paulo abrigam por décadas membros das mesmas famílias

Mariana Mandelli

Os 140 anos do Colégio São Luís, na zona central de São Paulo, estão plenamente entrelaçados com os últimos 140 anos da família Toledo Ridolfo. Aos 47, o advogado José Olinto, ex-aluno da escola, lembra, entre tantas recordações, que, por mais de 127 anos, todos os homens da família estudaram lá.

"Até a década de 1970, o São Luís só aceitava meninos. Se minha mãe não tivesse ingressado depois, a história de nossa família teria parado ali", lembra. "Além disso, meu avô, que também estudou lá, pediu a mão de minha avó nas escadarias da igreja do colégio." O Padre Faria, que deu aula para José Olinto, celebrou seu casamento e batizou seus filhos, que hoje são a quinta geração da família a ingressar no colégio.

O motivo da escolha de um mesmo colégio por décadas, segundo as famílias, é unânime: os valores transmitidos pela instituição. Na opinião da psicóloga Ida Kublikowski, do Núcleo de Família e Comunidade da pós-graduação da PUC-SP, os pais se sentem seguros ao escolher um ambiente familiar para os filhos. "É uma forma de manter tradições e valores, uma espécie de certeza de que as crianças vão vivenciar as boas experiências que eles tiveram", afirma. "Tradição não é letra morta: tem muita vida."

Os métodos pedagógicos e a preocupação em inovar o currículo também são fatores levados em conta. "É importante que a instituição seja antenada, porque as crianças acabam passando mais tempo lá que em casa", afirma o advogado Octavio Moura Andrade, de 33 anos, ex-aluno do Santo Américo.

O pai de Octávio se formou em 1968 no colégio. Agora, são os filhos do advogado, Victoria, de 10 anos, e Guilherme, de 4, que lá estudam. Para Octavio, o Santo Américo conseguiu estar sempre à frente de seu tempo. "Em 1989, eu já tinha aula de informática, com uns computadores que hoje são arcaicos. Meus filhos agora têm aula de robótica, por exemplo."

Tempo. Nas escolas que vivenciaram o conturbado século 20, as transformações pedagógicas e estruturais foram grandes. "No meu tempo, mulher não podia pintar a unha e homem não podia usar calça jeans na escola", lembra o engenheiro mecânico Mário Gerd Liebrecht, de 67 anos, ex-aluno do tradicional Colégio Visconde de Porto Seguro, fundado em 1878.

Entre seus avôs, pais, filhos, tios, sobrinhos e primos, ele calcula que passaram pela escola no mínimo 15 familiares seus. A família de Mário, de origem alemã, escolheu o Porto Seguro justamente para preservar as tradições, já que a escola tem raízes no país europeu.

Vínculo. A amizade que nasce entre as famílias e os funcionários dos colégios, segundo os pais, dá a tranquilidade de que seus filhos não serão tratados como "números de matrícula", mas sim como crianças com nome e sobrenome.

"A maioria dos meus amigos de hoje ainda é a turma do colégio", conta a publicitária Andréa Maccaferri, de 33 anos. Ela e o marido, Paulo Maccaferri, de 36, estudaram no Colégio Franciscano Nossa Senhora Aparecida, fundado em 1937. O filhinho dos dois, Thiago, de 3 anos, já está matriculado lá.

"Queremos que o Thiago aprenda e carregue esse valor de amizade com ele", afirma Andréa. Os pais de Paulo, Solange e Ricardo, de 64 e 70 anos, respectivamente, e avôs de Thiago, também foram alunos do Consa.

O vínculo da família com a escola requer cuidados para não funcionar como pressão, já que o sobrenome é velho conhecido da direção. É o que aconteceu com a orientadora pedagógica Tiyomi Misawa, de 60 anos, do Colégio Santa Maria. Ela estudou na escola nos anos 1960 e matriculou as duas filhas. Seu neto, Victor, de 12, hoje estuda na escola. Alguns professores dele deram aula para sua mãe. "Ele não se sente pressionado, mas não dá para negar que sinta uma cobrança maior, que é natural."

UMA RELAÇÃO CONSTRUÍDA EM DÉCADAS

Tradição

Muitas famílias acabam permanecendo na mesma escola porque afirmam que
a instituição consegue manter valores e disciplina.

Amizade

O vínculo que nasce entre a escola e as famílias também é outro aspecto de destaque. As boas memórias dos tempos de colégio motivam os pais a matricularem os filhos na mesma instituição em que estudaram.

Cobrança

O fato de os mesmos professores darem aula para membros de uma mesma família por gerações pode pressionar os novos alunos a terem um desempenho melhor que o de seus antecessores.

Inovação

Em instituições antigas, as adaptações pedagógicas e curriculares, somadas a
reformas de infraestrutura, são essenciais.
 


FOLHA DE SÃO PAULO –21/06/2010
Educação financeira não é prioridade

Antes da educação financeira, deveríamos garantir na escola o ensino da ética e da cidadania

GUSTAVO CERBASI

É QUASE unânime a percepção de que adultos que foram orientados quanto ao bom uso do dinheiro fazem escolhas mais equilibradas, gastam menos com juros e, portanto, consomem com mais qualidade. Às vezes, também assumem as rédeas da construção de um futuro sustentável e poupam para ter uma vida tranquila ao se aposentar.

Ciente dos evidentes ganhos decorrentes da educação financeira, a sociedade comprou a ideia da necessidade de incluir o tema no currículo escolar de nossas crianças.

Mas, divergindo da opinião predominante e abrindo mão do fisiologismo que deveria ser inerente a minha profissão, discordo da ideia de que a educação financeira deva ser prioridade na escola. Talvez não estejamos preparados para isso. Para um programa funcionar bem no processo educacional, por mais estruturado que seja, temos que ter professores bem preparados no tema.

Finanças é mais do que fazer contas e controlar gastos. Estariam nossos professores realmente capacitados a debater assuntos como qualidade de consumo e projetos de longo prazo? Qual a motivação ou a capacidade de convencimento deles? Nesse ponto, creio que nossa sociedade está no caminho certo, promovendo o debate nos meios de comunicação. Aprender por curiosidade, e não por compromisso, é um meio interessante de disseminar o assunto e formar uma cultura.

Além disso, é questionável priorizar temas cujas bases não foram devidamente preparadas. Antes da educação financeira, deveríamos garantir nas escolas o ensino da ética e da cidadania. Sem isso, formaremos jovens gananciosos, individualistas e propensos a se corromper, qualidades que conhecemos muito bem na gestão pública que nos governa.

O brasileiro simplesmente não consegue pensar e agir coletivamente, e isso é uma falha de nossa educação. Com bases éticas e cidadãs, os futuros adultos estariam mais propensos a lidar com a doação e filantropia, pilares importantes da educação financeira.

Também antes da educação financeira, sinto a necessidade de desenvolvermos os conhecimentos de filosofia entre nossas crianças. Já presente no currículo escolar, o assunto recebe pouco importância e é tratado como conhecimento avulso.

Deveria ser mais estimulado, pois cidadãos conscientes são aqueles capazes de questionar seus valores, duvidar de argumentos vendedores e quebrar paradigmas na construção de sua carreira e de sua sociedade. Uma visão mais crítica da realidade em que vivemos certamente agrega valor a nossas ideias e aumenta o potencial de ganhos em nossa carreira.

Outra prioridade é a educação para o empreendedorismo. Antes de aprender a lidar bem com o dinheiro que ganhamos, devemos ser capazes de produzir riquezas. É lamentável imaginar que muitas famílias estimulem seus filhos a serem apenas bons empregados, ignorando que carreiras formais dificilmente vão além dos 60 anos. A vida pode ir bem mais longe.

Empreender é saber fazer planos, é encontrar meios de sustentar a vida sem depender da conveniência e da vulnerabilidade da carteira assinada. É saber convencer nossos pares de que somos capazes de fazer bem aquilo que ainda não nos deram oportunidade de fazer. Empreender não é simplesmente montar um negócio próprio, mas sim fazer algo diferente. Empresas que contam com funcionários de visão empreendedora têm um time de agregadores de valor, e não de burocratas.

O currículo escolar de hoje busca tempo e recursos para ensinar mais um idioma, mas tecnologia e mais qualidade de vida às crianças. Se, nessa competição dos conhecimentos, encontrarmos espaço para que nossos jovens sejam mais éticos, cidadãos, questionadores empreendedores, talvez já tenhamos dado um grande passo para que esses jovens construam uma cultura mais madura de bom uso do dinheiro.

Enquanto isso não acontece, seria muito bom que a educação financeira estivesse ao menos presente de forma interdisciplinar. Que tal começar com um debate entre pais e professores no próprio ambiente da escola?

GUSTAVO CERBASI é autor de "Casais Inteligentes Enriquecem Juntos" (ed. Gente) e "Mais Tempo, Mais Dinheiro" (Thomas Nelson Brasil).
Internet:
www.maisdinheiro.com.br




FOLHA DE SÃO PAULO – 21/06/2010
Einstein vai à escola 

Teorias da relatividade e física quântica entram no currículo do ensino médio

RAFAEL GARCIA
DE SÃO PAULO

Albert Einstein pode ser o cientista com nome mais conhecido entre pessoas leigas, mas a maioria dos estudantes deixa o ensino médio sem saber o que foi seu trabalho.

Uma inovação nos programas escolares, porém, pode mudar isso, levando a física moderna à sala de aula.

Em 2009, a proposta curricular da Secretaria de Educação do Estado de São Paulo incluiu tópicos antes ignorados, como as teorias da relatividade de Einstein e a física de partículas.

A implantação da iniciativa vem esbarrando na falta de professores qualificados, mas um grupo de educadores pioneiros está tentando levar a ideia à frente.

Neste ano, começaram a ser publicados alguns cadernos de trabalho sobre física moderna para alunos de escolas públicas. E está previsto para o ano que vem o lançamento da primeira coleção de livros didáticos para o ensino médio já com os temas.

"O debate sobre inclusão da física moderna no ensino básico remonta aos anos 1960. O problema é [...] a dificuldade de transpor os conteúdos mais modernos para serem ensinados a adolescentes", diz Mauricio Pietrocola, que articulou a produção desse material didático no Núcleo de Pesquisa em Inovação Curricular, da USP.

MATEMÁTICA

Teorias como a relatividade geral, a explicação mais completa sobre a força gravitacional, envolvem matemática sofisticada demais para o ensino médio. Por isso, a maioria dos currículos não inclui física produzida muito além do fim do século 19.

Pietrocola, porém, afirma que nem sempre é preciso recorrer à aritmética para explicar os conceitos. "Um erro que é preciso evitar é usar em aulas de física uma matemática que não tenha objetivo de interpretar e criar nada."

A dificuldade de despir os conceitos físicos complexos de sua estrutura formal, porém, não intimida cientistas que têm publicado livros de sucesso para leigos.
Maria Cristina Abdalla, pesquisadora do Instituto de Física Teórica da Unesp, lançou em 2006 o paradidático "O discreto charme das partículas elementares". O livro vendeu 8.000 cópias, virou programa de TV e sai agora numa tiragem em DVD: mil cópias que serão distribuídas pelo MEC. "A gente vive hoje em um mundo que tem celular, GPS, tomografia computadorizada. A sociedade tem de ser informada sobre o conhecimento que cria isso", diz Abdalla.
Até assuntos pouco relacionados a aplicações práticas, porém, como a relatividade geral de Einstein, chamam a atenção dos alunos, diz Guaraciaba Tetzner, professora de escola estadual. "Eu mesma não gostava tanto de física antes de entrar na física moderna."

Física moderna ainda não aparece no vestibular 

DE SÃO PAULO

Quando se pensa em termos práticos, é difícil saber o quanto a relatividade e a física quântica podem ser incorporadas ao vestibular, que exerce pesada influência sobre currículos escolares.

A matemática avançada dos trabalhos de Einstein, por exemplo, torna difícil inclui-los em provas como a da Fuvest, que demanda aritmética e traz poucas questões puramente conceituais.
Se as escolas esperarem o vestibular começar a cobrar física moderna para inclui-la no currículo, a mudança pode não ocorrer. "Até a gente ter certeza de que isso está sendo realmente aplicado no programa das escolas, não é possível cobrar", diz Valmir Chitta, físico do conselho de graduação da USP, que dita o conteúdo da Fuvest.
Já há porém uma instituição da USP que se ajusta às mudanças na proposta curricular: a Estação Ciência. O centro de ciências interativo da Lapa (zona oeste de SP) passa por uma modernização que pretende agregar temas da física moderna.
"A Estação Ciência sempre trabalha muito próxima das escolas", diz Helio Dias, que assumiu em fevereiro a direção do espaço.

FOLHA DE SÃO PAULO – 21/06/2010
Dicas para evitar problemas de postura 

1 - Quando a criança estiver sentada, seja à mesa para as refeições, enquanto escreve em sala de aula, diante do computador ou mesmo no vaso sanitário, ela tem que estar com os pés bem apoiados no chão ou em um banquinho.

2 - A tela do computador deve estar à altura dos olhos da criança, nem acima nem abaixo.

3 - Mochilas muito pesadas, nem pensar. O peso deve estar bem distribuído nas costas da criança e, por isso, ela deve levar a mochila presa pelos dois ombros.

4 - A altura da mesa deve permitir que a criança repouse o antebraço sem tensionar os ombros, possibilitando que, ao escrever, o aluno mantenha a coluna ereta, sem pender para nenhum lado.

Fonte: Maria Guimarães Drumond Grupi, psicóloga, pedagoga e diretora do berçário e pré-escola Ponto Omega

FOLHA DE SÃO PAULO – 21/06/2010
Cai valor de mensalidade em faculdade particular

Entre 1999 e 2009, o valor médio cobrado recuou de R$ 532 para R$ 367. Queda, constatada por sindicato da categoria, foi motivada por maior concorrência e menor expansão de matrículas

RICARDO GALLO DE SÃO PAULO

A combinação de concorrência acirrada entre universidades e estagnação na entrada de novos alunos derrubou as mensalidades ao nível mais baixo em dez anos. De 1999 a 2009, o valor médio caiu 31% -de R$ 532 para R$ 367-, aponta levantamento do Semesp (sindicato das universidades particulares de São Paulo) com 1.084 instituições de todo o país. A redução não leva em conta ainda a inflação do período, que foi de 104,3%, de acordo com o INPC/IBGE. Dados do Ministério da Educação mostram que, de 1999 a 2008, o número de instituições particulares de ensino superior mais que dobrou -foi de 905 para 2.016.

Nos últimos anos, as universidades disputam os estudantes pelo bolso. Os anúncios em jornais e no metrô são um bom termômetro -mais que a qualidade de ensino, o chamariz é quanto se paga. "Mensalidades a partir de R$ 104,14", diz um deles, da Faculdade Sumaré. Foi lá que a  operadora de telemarketing Bruna Ribeiro, 24, foi parar. Neste ano, ela entrou em pedagogia, que lhe custa ainda menos do que o anúncio propalava -R$ 94 por mês, graças a convênio com uma entidade. "Claro que o preço contou." Descontos assim fazem o preço despencar. A UniABC promete 25% de abatimento na primeira mensalidade.

NOCIVO - Embora pareça benéfica aos alunos, o fenômeno dos preços baixos é nocivo para o setor, diz o sindicato. Quem pratica os menores preços em geral são instituições de menor porte, que deixam de investir em pesquisa, laboratório, professores etc. "Quando entram em guerra de preços, as empresas acabam esquecendo da sua margem mínima para operar e, com o tempo, vão para o buraco. É um tiro no pé", disse Rodrigo Capelato, diretor-executivo do Semesp. Principalmente porque o maior alvo da disputa -os estudantes- deixou de crescer. Entre 2007 e 2008, o número de novos alunos avançou apenas 0,6%. Para se equilibrar, uma instituição deve cobrar mensalidade média de R$ 450, diz Carlos Monteiro, consultor em ensino superior. A mensalidade da FGV (Fundação Getulio Vargas), uma das instituições mais bem avaliadas do país, é de cerca de R$ 2.400. Mackenzie e PUC cobram uma mensalidade média de R$ 1.100. Segundo Capelato, essas universidades não reduziram mensalidades porque têm seus nichos conquistados, já firmaram suas identidades e não precisam disputar alunos no mercado. Monteiro sugere às instituições alongar os prazos de pagamento para além do curso, em vez de jogar os preços no chão, tática que pode levar à insolvência ou à absorção por grupos maiores, tendência nos últimos anos. Segundo o Ministério da Educação, 29 instituições desapareceram em 2008. Há 2.251 no país, de acordo com o último censo do MEC.

Descontos "maquiam" queda no preço 

Estratégia das escolas é oferecer preço mais baixo para quem paga em dia ou é associado a entidades parceiras. Na Faculdade Flamingo, aluno que paga até o dia 1º do mês tem 30% a menos; mensalidade de R$ 488 fica R$ 341,60

DE SÃO PAULO

Não se vê universidade anunciar por aí que reduziu o valor da mensalidade. A estratégia é outra: dar descontos expressivos para quem pagar em dia ou for associado a entidades ou empresas parceiras. Assim, o preço cai. Na Faculdade Flamingo, por exemplo, pagar até o dia 1º de cada mês rende 30% de desconto. A mensalidade do curso de administração cai de R$ 488 para R$ 341,60. A Sumaré cobra metade do preço no primeiro ano. Quando chegar ao segundo, a operadora de telemarketing Bruna Ribeiro terá de pagar R$ 188,84 pelo curso de pedagogia - hoje, são R$ 94,22. Os descontos só valem para pagamento em cheques pré-datados, o que faz o aluno ter mais "compromisso", diz a gerente de marketing Fabiana Coutinho. "Com boleto, ele deixa para depois, paga outra conta." A preferência pelo cheque ajuda a manter a inadimplência baixa, sustenta ela, e isso mantém a instituição viável.

A faculdade tem convênio, por exemplo, com o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra). A mensalidade média na Sumaré é de R$ 300; há 15 mil alunos. Segundo Fabiana, a disputa com as concorrentes se dá em anúncios em jornais gratuitos e no metrô. "Na TV, não, que é muito cara." O foco são as classes C e D. Na guerra dos preços, a Anhanguera também aposta em parcerias para reduzir a mensalidade. A rede cobra em média R$ 280 por aluno. A Anhanguera tem 173 mil alunos e 56 unidades no país. O grupo dá preferência ao "atacado", de acordo com Antonio Costa, vice-presidente de marketing da faculdade. É o caso de operadoras de call center e dos servidores da Prefeitura de Campinas, que têm descontos.

SEM RISCO - Mais estáveis economicamente, os grandes grupos são os únicos que podem praticar preços menores sem correr risco, diz o consultor Carlos Monteiro, porque têm mais alunos e cursos. De acordo com o Semesp, 82% das instituições privadas de ensino superior do Brasil têm menos de 2.000 alunos matriculados.

Aluno deve ficar atento ao nível das faculdades 

DE SÃO PAULO

Mais do que ao valor cobrado pela mensalidade, o aluno deve ficar atento à qualidade do ensino oferecido pelas instituições. Uma ferramenta disponibilizada pelo MEC permite consultar o desempenho das faculdades no IGC (Índice Geral de Cursos), que vai de 1 a 5. Notas 1 e 2 significam reprovação. 

UniABC e Flamingo obtiveram nota 2, Sumaré, 3, e Santa Rita, PUC e Mackenzie, 4. A média das unidades da Anhanguera é 3. A FGV tem conceito 5.

ZERO HORA – PORTO ALEGRE (RS) – 21/06/2010
Eleições e educação
 

Mariza Abreu

A Emenda Constitucional 59/2009, que extinguiu a Desvinculação das Receitas da União (DRU) para a educação e ampliou a obrigatoriedade do ensino para a idade de quatro a 17 anos, dispõe que o novo Plano Nacional de Educação (PNE) deve articular o sistema nacional de educação em regime de colaboração e fixar meta de aplicação de recursos públicos em educação como proporção do Produto Interno Bruto (PIB). A Constituição de 1988 fixa a repartição de competências entre União, Estados e municípios pela oferta da educação, determina a organização dos sistemas de ensino em regime de colaboração e atribui à União função supletiva e redistributiva e papel de coordenação da educação nacional. Trata-se, pois, de aperfeiçoar o sistema nacional de educação já existente no país.

Primeiro, é preciso aumentar o gasto público com educação em relação ao PIB e a participação da União no financiamento do setor, que foi de 23,8% em 1995, baixou a 18,2% em 2004 e retornou ao patamar de 23% em 2007/08. Em relação ao PIB, o gasto público com educação manteve-se em 4% entre 1995 e 2005, elevando-se a 4,7% em 2008.

Segundo, ao aperfeiçoar o regime de colaboração, são fundamentais espaços inter-federativos deliberativos. No Rio Grande do Sul, lei de 1995 criou o grupo de assessoramento formado por Estado e municípios. No país, foram criadas a Comissão Intergovernamental do Fundeb (lei de 2007), com MEC, secretários estaduais e municipais de educação; o Grupo de Trabalho Permanente do Transporte Escolar (GTP-TE/Portaria MEC de 2008), com governo federal, prefeitos, secretários estaduais e municipais de educação; Comitê de Governança do novo Enem, com MEC, universidades e secretários estaduais de educação. O Programa Nacional do Transporte Escolar (Pnate) influenciou a construção do Peate/RS e o debate daqui foi levado ao GTP-TE, cujo trabalho resultou no Projeto de Lei 3.417/2008.

Para avançar, é preciso novos espaços inter-federativos. Por que não conselhos representativos dos três entes federados no FNDE e Inep, órgãos do MEC? Quando o tema é financiamento, os municípios devem se representar por prefeitos e secretários de educação, como no GTP-TE. Por fim, riscos a evitar. A centralização no governo federal do planejamento e formulação das políticas e descentralização da execução. A partidarização ou sindicalização: presença em conselhos, fóruns e conferências de setores mais mobilizados em lugar da maioria da população. Em tempos de eleições e novo PNE, é hora de avançar rumo à educação de qualidade para todos.

FOLHA DE SÃO PAULO – 20/06/2010
Programa qualifica docente e melhora nota de estudantes

Evolução no desempenho dos alunos ocorreu após empresários adotarem escolas públicas em São Paulo

Resultado só apareceu, porém, quando grupo passou a capacitar professores, em vez de investir só em obras
 

FÁBIO TAKAHASHI
DE SÃO PAULO
 

Por anos, empresários que "adotaram" escolas públicas em SP gastaram milhares de reais em reformas de salas de aula, compras de computadores e obras em quadras. As notas dos estudantes, porém, seguiam empacadas.

Há três anos, o programa decidiu mudar. A capacitação dos professores passou a ter mais destaque, os alunos tiveram mais recuperações.

O resultado apareceu neste ano. Na avaliação estadual divulgada em fevereiro, que considera notas em português e matemática, 90% das escolas participantes da parceria superaram a meta da Secretaria da Educação no Idesp (índice do governo).

"As condições de trabalho estavam melhores, e as pessoas, mais felizes. Mas o impacto só veio mesmo quando focamos o pedagógico", afirma Jair Ribeiro, executivo da CPM Braxis e um dos coordenadores do programa, o Parceiros da Educação.

O pouco impacto da infraestrutura das escolas nas notas já apareceu em outros levantamentos. A Folha, por exemplo, constatou que CEUs e escolas de lata tinham desempenhos semelhantes na Prefeitura de SP.

PAISAGISMO

Adotada pelo Grupo ABC, que tem o publicitário Nizan Guanaes como presidente, a escola Francisco Brasiliense Fusco, no Campo Limpo (zona sul de SP), teve o telhado reformado, o que tirou pombas e ratos dos corredores.

A sala de informática, que tinha dez computadores antigos, passou a ter 40 modernos. Nizan, que também é colunista da Folha, chamou profissionais que trabalharam no projeto da sua própria casa para a reforma.

Limpo e com arquitetura nova, o colégio era um daqueles que não decolavam nas notas. De 2007 para 2008, o índice da quarta série recuou. Naquele ano, a formação de docentes se intensificou. E o Idesp subiu 50%.
Como as demais escolas do programa, ela passa por avaliações da Fundação Cesgranrio, que apontam exatamente quais são as dificuldades dos professores, o que motivam cursos específicos.

Em matemática, as maiores demandas nos colégios são em geometria, operações e lógica. Em português, produção de textos. "Os professores têm dificuldades básicas", diz Lúcia Fávero, diretora-executiva do projeto.

A atuação nas escolas não é totalmente pacífica. Segundo profissionais da ONG, alguns professores veem interferência em seu trabalho.

Há 82 escolas "adotadas". O programa espera chegar a 500, quase 10% da rede. "É impossível o Estado dar atenção individualizada. Queremos potencializar os recursos públicos", diz Ribeiro, um dos coordenadores.

Segundo ele, as empresas participantes - como Pão de Açúcar, Bradesco e Porto Seguro - não têm benefício financeiro. O gasto anual médio é de R$ 100 mil. E as companhias convivem com dificuldades da rede pública, como falta de professores.

No último dia 27 à tarde, quando a Folha visitou a escola no Campo Limpo, três classes estavam sem aula, por falta de professor.
 

FOLHA DE SÃO PAULO – 20/06/2010
Parceiros da Educação: aplaudir ou lamentar?

Projeto suscita reflexões sobre a atribuição do Estado na educação

SILVIA COLELLO
ESPECIAL PARA A FOLHA

Temos que aplaudir quando segmentos da sociedade se preocupam com a educação pública, comprometendo-se com formação integral dos alunos e, consequentemente, com fortalecimento da sociedade democrática.

É o caso do Parceiros da Educação, no qual empresários lidam com as dificuldades do ensino, investindo em quatro frentes: infraestrutura, gestão, desempenho pedagógico e integração da escola com a comunidade.
Se é verdade que contribui para a boa imagem das empresas, é igualmente verdadeiro que as maiores beneficiadas são as escolas. Os resultados são imediatos e muito significativos. Em sete meses de 2009, houve aproveitamento 34% maior dos alunos do ensino médio.

No fundamental, o índice aparentemente tímido de 8,9% na evolução geral das disciplinas incorpora o crescimento notável de 70% nas médias de língua portuguesa nas duas primeiras séries.

Dois fatores parecem explicar essa eficiência. Em primeiro lugar, as intervenções dos Parceiros da Educação, balizadas pelo diagnóstico da escola, costumam incidir sobre necessidades da instituição ou dos alunos.
Em segundo, a natureza das intervenções, que recentemente vem priorizando o apoio pedagógico, em especial, a formação do professor.

Embora não se desconsidere contribuições à infraestrutura, é na qualidade da prática de ensino que o investimento se faz mais significativo.

Independentemente dos méritos, o projeto suscita reflexões sobre a responsabilidade do Estado na garantia da educação básica. Embora não pretenda se configurar como uma medida assistencialista, não seria um modo de remediar o fracasso do poder público na promoção do ensino de qualidade?
Uma vez dependentes do setor privado, não estariam as escolas à mercê das iniciativas de boa vontade que podem ser canceladas ao final dos cinco anos previstos? Finalmente, resta lamentar pelas escolas que não tiveram este tipo de benefício: até quando vamos nos conformar com escolas pichadas, instalações precárias, desajustes administrativos e professores desmotivados?

SILVIA M. GASPARIAN COLELLO é docente da Faculdade de Educação da USP

O ESTADO DE SÃO PAULO 19/06/2010
Metade dos municípios brasileiros ainda não tem plano de educação

Capital paulista é uma das cidades que não possuem o planejamento formalizado. Metas de médio e longo prazo para o setor são importantes para garantir que prioridades sejam política de Estado e não mudem a cada novo governo, afirmam especialistas

Mariana Mandelli 

Quase metade dos municípios brasileiros não tem plano municipal de educação. Das 5.565 localidades, 2.427 - ou 44% - não apresentam um conjunto de metas educacionais a serem cumpridas pelo poder público. Os dados são da Pesquisa de Informações Básicas Municipais (Munic) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgada neste ano.

Somente no Estado de São Paulo, 284 dos 645 municípios não têm plano - incluindo a capital, que começa a consolidar o seu agora (mais informações nesta página), e outras grandes cidades como Araçatuba, Bauru, Campinas, Diadema, Ribeirão Preto, Rio Claro, Santos, São José dos Campos e Sorocaba.

Os planos municipais, estaduais e federal são considerados essenciais para efetivar e acompanhar políticas em todas as áreas da administração pública. Eles podem ser elaborados por consultorias, pelas secretarias ou com a colaboração da sociedade. "Esse número pode ser ainda menor porque existem muitos planos que foram aprovados mas não se traduziram em lei", afirma o presidente-executivo do movimento Todos Pela Educação, Mozart Neves Ramos.

Segundo especialistas em gestão da educação, o maior entrave causado pela ausência do plano municipal é a descontinuidade dos projetos a médio e longo prazo, já que, sem metas bem definidas, cada troca de governo rompe com o projeto do mandato anterior.

"Políticas educacionais devem deixar de ser de governo para ser de Estado. Educação não pode ser objeto de disputa, de eleição. Isso é criminoso", afirma Branca Jurema Ponce, vice-coordenadora da pós-graduação em Educação da PUC-SP.

A municipalização do ensino infantil, fundamental e médio, prevista na Lei de Diretrizes e Bases da Educação, de 1996, também é prejudicada pela falta de planejamento, que pode dificultar a concretização de investimentos.

"Além disso, não ter um plano significa evitar parcerias entre a rede municipal e estadual e impedir que a sociedade participe da discussão", afirma Samantha Neves, representante do Movimento Nossa São Paulo, que participou da discussão em São Paulo.

Acompanhamento. O Ministério da Educação tem um Programa Nacional de Capacitação de Conselheiros Municipais de Educação (Pró-Conselho) que estimula a criação de novos planos por meio de conselheiros e qualifica os gestores da educação. Os conselheiros são representantes da sociedade que fiscalizam o desempenho da secretarias de educação.

Maria Luiza Alessio, diretora de Fortalecimento Institucional e Gestão Educacional do MEC, afirma que muitos municípios não têm planos e seguem orientações dos governos estaduais por serem pequenos em termos populacionais. "Alguns preferem porque é inviável uma cidade com duas escolas desenvolver um plano." Mesmo assim, segundo ela, a necessidade de um plano municipal ainda existe. "O Brasil vive um momento propício para essa discussão", afirma Maria Luiza. "As conferências locais que discutiram o novo Plano Nacional de Educação foram essenciais para isso."

O Plano Nacional de Educação, que tem as metas a serem seguidas pela União, Estados e municípios, foi discutido neste ano na Conferência Nacional de Educação (Conae). O texto final, que deve valer para os próximos dez anos, está sendo elaborado e, segundo o MEC, deve ser encaminhado para votação na Câmara dos Deputados até o fim de julho. O atual PNE vence neste ano.

Segundo Carlos Eduardo Sanches, presidente da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), a elaboração do PNE é essencial para dar diretrizes aos planos municipais. "Eles se complementam. Muitas das metas do plano nacional não foram atingidas pela ausência de planos municipais e estaduais", explica. "O novo PNE pode impulsionar o debate."

FOLHA DE SÃO PAULO – 19/06/2010
USP aumenta em 85% gastos com terceirização 

Medida é estratégia para enfraquecer sindicato e paralisações, dizem grevistas

Juristas se dividem sobre a legalidade ou não da contratação de empresas privadas pelo setor público


TALITA BEDINELLI
DE SÃO PAULO
 

A USP aumentou em 85% os gastos com empresas terceirizadas na universidade nos últimos dois anos.

O crescimento da terceirização é, ao lado da questão salarial, um dos principais assuntos discutidos na atual greve de funcionários, iniciada em 5 de maio.

Para os servidores grevistas, a contratação de empresas privadas faz parte da estratégia da universidade de enfraquecer o sindicato e as greves, praticamente anuais.

A questão é polêmica: há juristas que consideram a contratação de empresas privadas pelo setor público inconstitucional; outros, não.

Desde 2008, os gastos totais da universidade subiram 25%. Já o gasto com a folha de pagamento dos servidores e professores, 23%.

No início da década de 1990, a USP tinha mais de 17 mil funcionários. Hoje, o números é menor que 16 mil. No período, criou-se a USP Leste. A USP não forneceu o total de servidores terceirizados.

A possibilidade de contratação externa aumentou, segundo os grevistas, depois que foi alterada a nomenclatura de alguns cargos. Marceneiro e pintor, por exemplo, viraram auxiliar de manutenção e obras.

Só podem ser contratados serviços externos para os quais não haja funcionários na universidade. Com a mudança da nomenclatura, a universidade passa a poder contratar pintores terceirizados, afirma o sindicato.

Com isso, há funcionários que exercem a mesma função, mas com salários diferentes. O piso de um vigia terceirizado é de R$ 909. Já o piso de um agente de vigilância concursado na USP é de R$ 1.210, mais auxílios que chegam a passar de R$ 500.

"A nossa principal luta hoje é contra a terceirização. Primeiro, porque eles querem nos substituir. Segundo, porque terceirizar tem sido o principal objetivo dos reitores para enfraquecer o sindicato ", diz Magno de Carvalho, diretores do Sintusp (Sindicato dos servidores).

INCONSTITUCIONAL

Para Jorge Luiz Souto Maior, professor de direito do trabalho na USP, a terceirização de serviços no setor público é inconstitucional, pois deve haver concurso público (leia mais ao lado).

Já André Ramos Tavares, professor de direito constitucional da PUC-SP e do Mackenzie, considera que não. Mas aponta que a terceirização tem limitações: a universidade não pode terceirizar serviços para os quais ela foi criada. "Não poderia, por exemplo, contratar professores terceirizados."

GREVE

Há 11 dias, os funcionários grevistas invadiram a reitoria em protesto contra o corte de salário de grevistas.

Na segunda-feira, eles devem se reunir com a reitoria para negociar o fim da greve e da invasão.

TERCEIRIZAÇÃO DA UNIVERSIDADE 

R$ 100,5 mi
é a previsão de gastos com empresas de limpeza e vigilância em 2010 -85% a mais do que em 2008

R$ 2,5 bi
é a previsão de gastos com salários em 2010 -23% a mais do que em 2008

R$ 1.210
é o piso salarial de um vigilante da USP, que também ganha bolsa-alimentação, auxílio-creche e vale-refeição

R$ 909
é o piso salarial de um vigilante terceirizado, que também recebe vale-alimentação

Prática fere a Constituição, diz professor

DE SÃO PAULO

Jorge Luiz Souto Maior, professor de direito do trabalho na USP, diz que a prática é inconstitucional.

Folha - Pode terceirizar?
Jorge Luiz Souto Maior
- O artigo 37 da Constituição diz que a investidura de cargo ou emprego público depende da aprovação em concurso público. Exceção são as situações emergenciais, como calamidade pública ou epidemias.

Por que é feito, então?
No Brasil se tenta dar um jeitinho para tudo.
Existe um dispositivo também no artigo 37 que diz que a administração pode contratar obras ou serviços por licitação. E, nesses serviços, se vê a possibilidade de contratar uma empresa e ela prestar serviços. Só que isso não é possível porque a regra é a do concurso público.

Terceirizar diminui greve?
A terceirização em um contexto geral tem funcionado como estratégia de pulverizar trabalhadores.

Mas com a terceirização não sobra mais dinheiro para investir na educação?
Mas o ente público não é uma empresa que busca lucro. Ele precisa prestar um bom serviço. É preciso ter um bom material humano envolvido no contexto educacional. O argumento [financeiro] não pode justificar que se desrespeite a Constituição.

Fenômeno não é só nosso, afirma reitor

DE SÃO PAULO

Para o reitor da USP, se terceirização for inconstitucional, "o Brasil inteiro está inconstitucional".

Folha - Como o senhor vê a terceirização?
João Grandino Rodas
-É algo que precisa ser discutido. E depois de chegada a solução é que se vai observar o que é melhor. Não se acaba com a terceirização de um dia para outro nem o contrário.

A USP tem aumentado a terceirização?
Não tenho conhecimento nem analisei a questão específica da USP para dizer se aumentou. Mas isso não é fenômeno só nosso.

Há juristas que dizem que não é constitucional.
Não estudei a questão de forma profunda para poder responder. Agora, se realmente for inconstitucional, o Brasil inteiro está inconstitucional.

O senhor pretende repensar a questão?
Estamos examinando um monte de questões. Também esta.

Os funcionários dizem que é uma estratégia de desmobilizar o movimento.
Temos 16 mil funcionários. Portanto, mesmo se aumentasse os outros [terceirizados], temos uma massa enorme. Dizer que o enfraquecimento, se é que há, se deve a isso...


MOVIMERNTO NOSSA SÃO PAULO – 17/06/2010
Vereadores mantêm veto do prefeito ao projeto de lei sobre horário dos jogos de futebol


Três meses após aprovar proposta que estabelecia às 23h15 como limite para término das partidas, maioria da Câmara Municipal volta atrás e arquiva texto

 AIRTON GOES

Pelo placar de 37 votos favoráveis e cinco contrários, os vereadores de São Paulo aprovaram a manutenção do veto do prefeito, Gilberto Kassab (DEM), ao projeto de lei que limitava o horário das 23h15 para o término das partidas de futebol na cidade (PL 564/2006). A decisão, ocorrida na sessão desta quarta-feira (16/6), arquiva definitivamente a proposta de autoria dos vereadores Agnaldo Timóteo (PR), Goulart (PMDB) e Marco Aurélio Cunha (DEM).

O projeto havia sido aprovado pela Câmara Municipal há pouco mais de três meses (no dia 10 de março), por 43 votos favoráveis, com apenas dois contrários e três abstenções. Desta vez, porém, até um dos autores, o vereador Goulart, foi ao microfone defender à manutenção do veto do prefeito. “Solicito a manutenção do veto, para que a gente possa trabalhar no novo projeto que apresentamos”, argumentou o parlamentar, referindo-se ao PL 247/10 apresentado por ele e Agnaldo Timóteo no mês passado.

A nova proposta (PL 247/10), entretanto, nem cita a questão do horário dos jogos de futebol. O texto é uma adequação do Estatuto do Torcedor – Lei Federal 10.671, de 15 de maio de 2003 – à cidade de São Paulo.

Apenas cinco vereadores votaram pela derrubada do veto do prefeito: Celso Jatene (PTB), Claudio Fonseca (PPS), Cláudio Prado (PDT), Marco Aurélio Cunha (DEM) e Sandra Tadeu (DEM). Na avaliação de Marco Aurélio Cunha, o projeto de lei que limitou o horário para o término das partidas de futebol foi apresentado e votado na Casa de forma intempestiva. “Fui contra o veto [do prefeito] por uma questão de coerência, mas entendo a posição de outros vereadores”, contemporizou.

Questionado sobre a mudança de posição da maioria dos parlamentares, Claudio Fonseca entende que não houve coerência entre as duas votações. “Na aprovação do projeto, foram apresentados diversos argumentos favoráveis ao texto e, agora, não houve argumentos que me convencessem do contrário. Tanto é que votei pela derrubada do veto.” 

Na época da votação do projeto (em março), vereadores e entidades da sociedade civil (que participaram de audiência publica realizada sobre o tema) defenderam a aprovação da matéria, argumentando, entre outras vantagens, que o limite para o término dos jogos iria favorecer aos torcedores, que poderiam chegar em suas casas mais cedo, e aos moradores das regiões próximas aos estádios de futebol.

O projeto de lei, que agora foi arquivado, mexeu com uma das principais polêmicas existentes no mundo esportivo. O tema envolveu, de um lado, as emissoras de rádio que atuam nos jogos e, de outro, a rede de televisão que detém os direitos de transmissão. Durante os últimos meses, o debate foi acompanhado atentamente pelos grandes veículos de comunicação.

GAZETA DO POVO – CURITIBA (PR) – 17/06/2010
Crise do ensino médio ameaça mão de obra

Mercado exige pessoas mais qualificadas, mas escolaridade média do jovem brasileiro está abaixo do necessário

Tatiana Duarte, enviada especial

São Paulo - Incapaz de colocar todos os seus adolescentes no ensino médio, o Brasil vive o risco de um verdadeiro “apagão” de mão de obra nos próximos anos, já que a conclusão do ensino médio, além de permitir ao aluno a entrada na faculdade, representa a possibilidade de acesso a melhores ofertas de emprego. Esta é uma das principais constatações de estudos feitos por vários especialistas e compilados em uma publicação lançada ontem em São Paulo, em parceria com o Movimento Todos Pela Educação e o Instituto Unibanco. De acordo com os dados apresentados, levantados pelo Instituto de Pesquisas Econômicas e Aplicadas (Ipea), em 2008 havia mais oferta de emprego para quem tem mais escolaridade. A concentração das vagas estava nos trabalhadores com uma média de 11 anos de escolaridade. Hoje, no Brasil, são necessários 12 anos de estudo para completar toda a educação básica – o ensino fundamental mais o médio. No entanto, entre os jovens brasileiros de 18 a 24 anos, a média de escolaridade é de 9,1 anos de estudo.

Segundo Wanda Engel, superintendente do Instituto Unibanco, é preciso investir urgentemente nesta etapa de ensino. “O ensino médio é uma bomba-relógio prestes a explodir. Em algumas regiões do país já temos déficit de vagas para mão de obra qualificada. Se não mudarmos esta realidade, o país vai parar de crescer”, alertou.

Entre 1991 e 2004, o número de matrículas no ensino médio mais que dobrou no Brasil: passou de 3,8 milhões para 9,2 milhões. Porém, o Brasil está 28 anos atrasado em relação ao Chile no acesso à educação. O país sul-americano já universalizou o acesso ao ensino médio, de acordo com o pesquisador Ricardo Paes de Barros, do Ipea. “Hoje, o jovem chileno que entra no mercado de trabalho passou em média 12 anos na escola. Se continuarmos aumentando apenas um ano de estudo por década, vamos demorar mais 30 anos para chegar aonde o Chile está hoje”, ressaltou. Paes de Barros ainda alerta para a parcela de jovens com idade entre 15 e 17 anos que estão fora da escola. De acordo com ele, entre 2000 e 2008 o país não conseguiu atrair para os bancos escolares uma taxa média de 18% de jovens nesta faixa etária. O pesquisador concluiu também que a taxa de frequência no ensino médio sobe porque o Brasil ainda se esforça para corrigir o atraso escolar. “Quando o fluxo do ensino fundamental estiver corrigido, o ensino médio vai parar de crescer”, complementou.

Causas - A publicação faz um diagnóstico da situação do ensino médio brasileiro, mas não aponta causas ou soluções. Estas questões estão sendo analisadas em uma outra etapa de estudos, que serão divulgados em novembro deste ano. Para a superintendente do Unibanco, um dos problemas que já podem ser verificados é que faltam atrativos para o adolescente buscar a escola. “É um problema de concepção. O ensino médio não está servindo nem para colocar os jovens para o ensino superior, nem para a formação técnica, e muito menos para dar uma formação geral aos nossos jovens”, disse Wanda Engel.

Na opinião do diretor de Concepções e Orientações Curriculares para a Educação Básica do Ministério da Educação (MEC), Carlos Artexes, a compreensão do fenômeno da crise do ensino médio não é linear e tem de se articular com outras etapas. “O ensino médio no Brasil, pelo próprio nome, que antes era chamado de ensino secundário, nunca teve caráter de prioridade”, disse. Para ele, a lei que exige a obrigatoriedade de frequência até os 17 anos de idade, a ser implantada até 2016, não mudará muita coisa se não houver adequação entre a proposta pedagógica do ensino médio com o plano de vida desses jovens. “Precisamos ouvi-los para saber o que pretendem, qual a escola que querem”, afirmou. A repórter viajou a convite do Movimento Todos Pela Educação e do Instituto Unibanco.

Observação: as notícias deste clipping são
meramente informativas, publicadas em jornais
diários. Portanto, não expressam a opinião do SINPEEM.



A DIRETORIA

CLAUDIO FONSECA
Presidente

http://twitter.com/sinpeem_oficial
http://twitter.com/pclaudiofonseca

 

          Veja também o informativo do Movimento Nossa São Paulo: www.nossasaopaulo.org.br  

 

 

 

 

 

 

 

Voltar Topo Enviar a um amigo Imprimir Home