20/07/2010 - CLIPPING EDUCACIONAL

 

NOTÍCIAS – FIQUE POR DENTRO


FOLHA DE SÃO PAULO - 20/07/2010
 
Recado do Enem
Editorial

Devem ser analisados com cautela os rankings de desempenho das escolas no Exame Nacional do Ensino Médio do ano passado, que acabam de ser divulgados. Como a prova -usada por parcela das universidades e faculdades públicas para selecionar alunos- não é obrigatória, a maior ou menor adesão de estudantes ao processo seletivo tende a influenciar o resultado dos colégios. Um alto índice de abstenção, por exemplo, pode contribuir para que apenas uma "elite" de alunos de determinada escola seja responsável pelo retrato de seu desempenho educacional. Se problemas intrínsecos de comparação não bastassem, o exame de 2009 foi atípico. O último Enem teve a maior abstenção da história -quase 40% dos inscritos. O vazamento das questões forçou o adiamento do teste. Universidades importantes desistiram de aproveitá-lo em seus processos seletivos -e muitos estudantes se desmotivaram. Com tantos fatores a embaralhar a performance individual das escolas, tornam-se ainda mais significativas as constâncias encontradas no Enem nos últimos anos.

São públicas, em maioria esmagadora, as piores escolas no exame. E ainda que variem bastante os nomes dos centros de excelência no topo do ranking a cada ano, eles são, em regra, particulares. As exceções são as escolas públicas que conseguem selecionar seus alunos, por meio de testes. Esses centros de excelência podem se dar ao luxo de escolher os melhores estudantes, o que cria um ciclo virtuoso para a qualidade de seu ensino. Da mesma forma se constata um ciclo de mazelas nas escolas estaduais e municipais das regiões mais pobres. A difícil tarefa de gestores públicos, diretores e professores é fazer com que seus alunos consigam superar condicionamentos externos aos muros da escola. Exames como o Enem têm permitido identificar métodos que contribuem para isso, ao elevar o aproveitamento dos estudantes. Resta levar esse conhecimento aos professores e diretores de cada escola pública. E incentivá-los -financeiramente, inclusive- a perseguir o objetivo de melhorar o desempenho de seus alunos.


FOLHA DE SÃO PAULO - 20/07/2010 
Mais perversão na educação brasileira

A maioria pobre não somente financia a educação superior mas também subsidia a educação básica privada da minoria social privilegiada

NAOMAR DE ALMEIDA FILHO 

Na sociedade contemporânea, cada vez mais complexa e diversificada, formação universitária aparece como fator de ascensão social. Neste Brasil de absurdos e iniquidades, educação superior supostamente implica uma profunda perversão social. Eis o argumento: no nível básico de ensino, aos pobres, por seu reduzido poder econômico, resta a rede pública, com precária infraestrutura e docentes desmotivados por baixos salários. Ao contrário, as camadas médias e altas da sociedade, por capacidade financeira própria, financiam a educação de seus jovens em escolas privadas, com melhores condições de vencer o filtro competitivo do vestibular. Nas universidades públicas, recebem gratuitamente educação superior de qualidade, enquanto os pobres são obrigados a pagar caro em instituições privadas. Essa análise oculta dois equívocos e uma falácia. O primeiro equívoco refere-se ao conceito de gratuidade, como se pudesse existir alguma atividade, realizada com eficiência, sem custos estruturais e operacionais.

A universidade pública, dada sua missão social de excelência acadêmica, é cara e longe está de ser gratuita. É, de fato, pré-paga pelo orçamento público, constituído por impostos, taxas e também por contribuições sociais. O segundo equívoco é achar que, "por capacidade financeira própria", as classes abonadas preparam seus jovens para ter acesso à universidade pública. Isso não é verdade. No Brasil, importante parcela das despesas educacionais retorna às famílias com maior nível de renda sob a forma de descontos e restituição de impostos; dessa forma, enorme (mas oculta) renúncia fiscal subsidia a educação privada de seus filhos, o que lhes facilita predominar na educação superior pública. A falácia encontra-se na premissa de que o Estado é sustentado por toda a sociedade, igualmente. A estrutura tributária brasileira é, em si, importante fator de desigualdade social. Proporcionalmente à renda, os pobres contribuem para custear a máquina estatal, em todos os níveis e setores de governo, mais do que contribuintes de melhor situação econômica.

Dados do Ipea revelam que os mais pobres pagam 49 % de sua renda em impostos, enquanto os mais ricos contribuem com apenas  26 % da sua receita. Ciclo vicioso, tripla perversão social. A maioria pobre não só financia a educação superior mas também subsidia a educação básica privada da minoria social privilegiada, que, não fossem as ações afirmativas, ocuparia a maior parte das vagas públicas. Do ponto de vista da reprodução social, a formação daqueles oriundos da classe social detentora de poder político e econômico se dá, nas universidades públicas, em carreiras de maior retorno financeiro e prestígio social. Por analogia ao conceito de mais-valia, a ideia de mais-perversão pode ser útil para entender e ajudar a superar a iniquidade social que tanto nos envergonha. O estancamento da renúncia fiscal de despesas escolares contribuirá para resgatar a dívida social da educação, entrave ao desenvolvimento econômico e humano de nosso país. NAOMAR DE ALMEIDA FILHO, doutor em epidemiologia, pesquisador 1-A do CNPq, é reitor da UFBA (Universidade Federal da Bahia) e membro do Observatório da Equidade do CDES (Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social).


JORNAL DA TARDE – 20/07/2010
Português tem a pior nota do Enem 2009

Fábio Mazzitelli

O desempenho na área de Linguagens e Códigos puxou para baixo a média final dos estudantes no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) do ano passado. Essa parte específica do exame foi a única em que nenhum colégio conseguiu atingir média de 700 pontos, numa escala de 0 a 1000. Entre as escolas da capital, o melhor desempenho ficou com o Colégio Vértice, com 686,70 pontos.

Nas questões de Linguagens e Códigos, foram medidas, essencialmente, as habilidades dos jovens em língua portuguesa e interpretação de textos, já que no Enem de 2009 não houve prova de idioma estrangeiro – será feita só neste ano. Nas outras grandes áreas do conhecimento, a maior nota da capital ficou sempre entre 700 e 800 pontos.

O Vértice, que obteve a melhor média geral do País, encabeça as notas de Matemática, Ciências da Natureza e Ciências Humanas. Em redação, a melhor média foi do Colégio Batista Brasileiro.

A pontuação abaixo de 700 em Linguagens foi encarada como sinal dos tempos “pós-modernos” pelos educadores de escolas com os melhores desempenhos. Para eles, com os jovens cada vez mais conectados em redes sociais, a linguagem desenvolvida na internet se distanciou rapidamente da língua culta, empobrecendo o vocabulário e também prejudicando a capacidade de interpretar textos mais longos, caso do Enem.

“Está tudo muito abreviado, curto, e eles deixam de produzir textos. É tudo copiado: control c, control v”, afirma Maria Martinez, diretora pedagógica do Batista Brasileiro. “Não aceitamos trabalhos copiados da internet. As próprias escolas, às vezes, entregam material pronto para o aluno, que só tem o trabalho de responder, não de elaborar o texto”.

Diretor do Vértice, Adílson Garcia reconhece que há dificuldade do jovem em adquirir hábitos de leitura e, com a propagação da forma de comunicação informal da internet, são comuns os ruídos nos diálogos entre estudantes e professores nas escolas.

“O aluno reage dizendo ‘mas você não entendeu o que eu quis dizer? Não tenho obrigação nenhuma de entender o que ele quis dizer (com as abreviações do mundo virtual). Tudo isso acaba roubando um tempo da prática da linguagem formal”, diz Garcia. “Provavelmente, há outras causas”.

Uma das propostas do novo Enem, reformulado no ano passado, era justamente avaliar a capacidade de raciocínio lógico, interpretação de textos e leitura crítica do mundo do estudante. “Linguagens acaba interferindo em outras áreas, como história, geografia e até na área de exatas por causa da leitura. É uma área a ser desenvolvida”, acredita Miguel Arruda, coordenador do ensino médio do Colégio Santo Américo.


DIÁRIO CATARINENSE - 20/07/2010
 
Exame revela abismo

O Enem revela um abismo entre a qualidade do ensino púbico e privado no Brasil, afirma o pró-reitor de Ensino da Universidade do Sul de Santa Catarina (Unisul) Mauri Luiz Heerdt. De acordo com o especialista, os resultados são tão perceptíveis porque a estrutura da política brasileira não permite que se faça uma gestão continuada nas escolas públicas. Heerdt avalia que além de não existir uma política educacional clara no país e no Estado, não há projetos que priorizem resultados a longo prazo. – É possível melhorar a educação pública. Para isso, é preciso valorizar os professores, elaborar projetos pedagógicos eficientes e adotar gestões ágeis e conscientes de que tipo de alunos as escolas públicas querem formar.


PORTAL TERRA EDUCAÇÃO - 19/07/2010

Falta de mão de obra qualificada é momentânea, diz Haddad 

A carência de profissionais qualificados no Brasil para suprir a demanda por mão de obra é momentânea, afirmou o ministro da Educação, Fernando Haddad. O forte crescimento do País, com expansão da economia na casa dos 7% em 2010, pôs mais em evidência o antigo problema de escassez de trabalhadores em áreas como engenharia e tecnologia da informação. Em entrevista à Reuters, o ministro defendeu a política do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de investir com a mesma ênfase em educação básica, no ensino superior e em escolas técnicas federais. Ele lembrou que o atual governo foi criticado pela opção de dar o mesmo peso aos investimentos em educação superior e profissional. "Já estávamos antevendo (carência de mão de obra). A oferta e a demanda por trabalhadores qualificados vão se encontrar muito brevemente", disse. "Acho que (a mão de obra) é um problema de curto prazo e que se resolve rapidamente. Nós dobramos as vagas de ingresso nas universidades federais", afirmou, referindo-se ao período de 2003 para cá. "Temos as condições para formar trabalhadores para superar essas dificuldades momentâneas." Dados do Ministério da Educação (MEC) indicam que as vagas em universidades federais subiram de 109,2 mil para 222,4 mil. Nas escolas técnicas públicas, as vagas triplicaram para 524,4 mil em 2009, segundo o ministro. Os cursos de graduação com maisprocura são geologia, engenharia e licenciatura, sobretudo matemática, "áreas que exigem atenção maior do poder público", segundo o ministro. O orçamento do MEC para 2010 é de 60 bilhões de reais, 16 por cento acima de 2009 e o dobro de 2006. O investimento público em Educação no País deve ser de 5 por cento do PIB este ano, ou quase R$ 170 bilhões. "Teríamos um desafio de chegar em 7% (do PIB)", disse Haddad.

Qualidade de ensino - Formado em Direito e doutor em Filosofia pela Universidade de São Paulo (USP), Haddad concorda com a ideia de que "se a criança tiver uma boa formação de base, ela consegue progredir muito mais facilmente". "Por isso, nos fixamos muito nas metas (de qualidade) dos anos iniciais do ensino."

Ele disse que a melhora do planejamento nas escolas públicas, com planos individuais de ações do MEC em mais de 5 mil municípios. As escolas com Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) abaixo da média nacional têm apoio técnico e financeiro. A cada dois anos, o trabalho é avaliado. O Ideb médio na educação básica no Brasil avançou de 3,8 em 2005 para 4,6 em 2009, em uma escala de zero a 10. A meta é chegar até 2021 a uma nota 6, segundo Haddad. A evolução nos últimos quatro anos significa que a criança do quintoano tem hoje a proficiência que em 2005 tinha a criança do sétimo ano. Na etapa que antecede a universidade, os dados indicam que o ensino privado está bem à frente do público. No Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2009, divulgado nesta segunda-feira, aparece apenas uma escola da rede pública entre as 10 melhores do País. O ministro Haddad falou à Reuters antes da publicação do resultado do Enem.

Volta à escola pública - Haddad costuma visitar escolas públicas quando viaja a trabalho. Ele se considera de uma geração que viveu a "derrocada da escola pública até 2001". Isso, segundo ele, o levou a estudar em colégio particular, como seus filhos. O ministro falou com entusiasmo da análise individual das escolas públicas adotada há alguns anos. Antes, a avaliação era por amostragem. "O que se sabia era que as escolas públicas, em média, estavam muito aquém das particulares, então houve uma migração das pessoas que podiam pagar o estudo. Hoje acontece o inverso, de volta da classe média à escola pública." Ministro desde julho de 2005, Haddad disse estar "pensando em cuidar um pouco da minha vida" em 2011, ao ser questionado sobre seu futuro na vida pública. Uma importante tarefa ainda sob seu comando é o Plano Nacional de Educação (PNE) para o decênio 2011-2020, que será enviado ao Congresso Nacional neste semestre.


PORTAL APRENDIZ - 19/07/2010

Falta de currículo trava EJA no Enem, diz especialista

Sarah Fernandes 

A falta de parâmetros curriculares para o ensino médio na Educação de Jovens e Adultos (EJA) foi um dos fatores responsáveis pelo baixo rendimento de escolas dessa modalidade no ranking do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2009, divulgado nesta segunda-feira (19/7) pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). A avaliação é do especialista em EJA da organização não governamental Ação Educativa, Roberto Catelli. O primeiro colégio de EJA ocupa posição número 2.752, com nota 599,87, em uma escala de zero a 1.000. “EJA no ensino médio é uma coisa muito nova. Em geral o foco da modalidade é na alfabetização e nas séries iniciais”, avalia Catelli. “Além disso, existe pouco material didático, os existentes são de baixa qualidade, e o recurso repassado para a EJA é menor do que para o ensino regular”. Outro fator responsável pelo desempenho insatisfatório das escolas de EJA no Enem é a falta de professores. “Já é difícil conseguir professores para as séries iniciais, para o ensino médio é muito mais. Já vi escolas onde todas as matérias de ensino médio de EJA eram ministradas pelo mesmo professor”, conta Catelli.

Essa dificuldade também é verificada pela professora de EJA Adriana Silva, que faz formações de professores para essa modalidade de ensino. “Existe mais atenção para os alfabetizadores e para os educadores de séries iniciais. Não há uma formação específica para se trabalhar com EJA, menos ainda para o ensino médio”. A falta de um currículo para essa modalidade é um dos entraves na sala de aula, segundo Adriana. “Os professores de EJA de ensino médio só tem uma referência: a educação regular. Nisso se desconsidera toda a história de vida do aluno e todas as suas demandas específicas”.

Participação - O número escolas de EJA que fizeram o Exame Nacional do Ensino Médio em 2009 aumentou 16% em relação ao ano anterior. “Desde 2009 o Enem passou a certificar a conclusão da Educação de Jovens e Adultos, substituindo o Enceja [Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos], o que aumenta a participação”, avalia Roberto Catelli, da ONG Ação Educativa.

A prova do Enem de 2009 contou com 2.426.432 candidatos, dos quais 37% declararam estar concluindo o Ensino Médio em 2009 e 56% serem egressos. O Exame foi composto por uma redação e por provas objetivas divididas em quatro áreas: linguagens; ciências humanas; ciências da natureza e matemáticas. O número de escolas de ensino médio regular que participaram do Enem aumentou 5%, passando de 24.253 em 2008 para 25.484 em 2009. Participaram 93% das escolas que oferecem de ensino médio, de acordo com o Censo Escolar 2009.


O ESTADO DE SÃO PAULO - 19/07/2010 
Agora prova é comparável ao longo do tempo’, diz ex-presidente do Inep

Entrevista com Reynaldo Fernandes, professor da USP e ex-presidente do Inep 

Luciana Alvarez 

Presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais quando esta última edição do Enem foi aplicada, o professor Reynaldo Fernandes elogia a evolução da prova.

No início, o Enem não tinha ranking, não era usado para entrar em universidades. As mudanças são positivas?
Sim. O Enem começou com 150 mil inscritos e foi crescendo até ter escala suficiente para dar resultados por escola. O ranking é consequência: a imprensa põe os mais altos na frente e o resultado vira ranking. Mas o ranking não veio de nenhuma mudança no Enem.

E o fato de ele ter virado um vestibular?
O Enem começou a ser usado pelas universidades por ele mesmo; foram as universidades que o adotaram. Os usos foram mudando porque ele cresceu e ganhou credibilidade. Mas a grande mudança do exame foi mesmo com o novo Enem.

Que vantagens têm o novo Enem?
O Enem foi sendo aprimorado: ganhou escala, robustez, e agora, com a Teoria de Resposta ao Item (TRI), é possível acompanhar as notas no tempo. Antes, não se podia comparar as edições. Daqui para frente vamos comparar pessoas que fizeram provas diferentes; o Enem poderá servir como prova de ingressantes no Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade), poderemos ver a evolução das escolas.

Em escolas de São Paulo, a proporção de alunos que fizeram o Enem foi baixa. Isso pode afetar os resultados?
Não vi os resultados, não sei quantos alunos de cada escola fizeram o Enem - e isso precisa ser estudado com calma. Mas já passei muito tempo analisando essas correlações. Sempre vai ter algum caso em que as mudanças afetam, mas em geral os resultados são muito robustos.

O ESTADO DE SÃO PAULO - 19/07/2010

Sindicato sugere avaliação ampla e sem ranking

Sieesp é contra o uso de notas para criar comparação  

Insatisfeito com a transformação das notas dos alunos no Enem em ranking de escolas, o Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino no Estado de São Paulo (Sieesp) sugere um modelo de avaliação mais amplo, que possibilite uma evolução interna em vez da comparação. O exame anual, feito pelo Instituto de Avaliação e Desenvolvimento Educacional desde 2008 para escolas sindicalizadas que se interessem, mede, por exemplo, a participação da família e o "efeito escola" - responsabilidade do colégio no desempenho do aluno. "Cada escola tem identidade própria e atende grupos com condições socioeconômicas diferentes", diz a diretora técnica da prova, Regina Cançado. "Presta Enem o aluno que quiser - não são todos, não é por amostra estatística. Portanto, o resultado das escolas não pode ser comparado", critica Regina. 
 

PORTAL G1 - 19/07/2010 
Enem não é prioridade dos alunos, diz pior escola do Rio no Enem 2009

Escola de Macaé participou com turma de Educação de Jovens e Adultos. Coordenadora diz que discutirá exame com professores

Fernanda Nogueira do G1, em São Paulo 

A escola com a pior colocação no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2009 no estado do Rio de Janeiro é o Colégio Municipal Aroeira, em Macaé. Com 353,09 pontos, a escola teve dez alunos da Educação de Jovens e Adultos (EJA) no exame, dos 150 matriculados nos últimos anos do ciclo. Para a diretora da escola, Vera Lúcia Oliveira, o Enem não é prioridade dos estudantes do EJA, que estão mais empenhados em concluir o ensino médio. “São alunos trabalhadores. Não se prepararam para essa prova”, afirmou Vera. A escola oferece EJA desde 2003. Segundo Vera, a escola é bem estruturada. “Todos os nossos professores têm ensino superior. Temos sala de leitura para os alunos do EJA”, disse. A diretora afirma que, do 1º ao 5º ano do fundamental, a escola está bem colocada no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). “Tivemos 5,2. Atingimos a meta de 2015 e a média do município é de 5”, afirmou.

De acordo com a coordenadora de EJA de Macaé, Leila Clemente, a Secretaria Municipal de Educação pretende melhorar a qualidade do ensino no EJA. “Estamos investindo na formação dos professores e vamos discutir a questão do Enem”, afirmou. Para a educadora e superintendente-executiva do Instituto Unibanco, Wanda Engel, a qualidade do ensino no EJA não pode ser “apequenada” devido às dificuldades dos alunos. “No Brasil, não existe currículo único. Alguns estados fizeram currículos, mas, na maioria, cada professor dá uma coisa. Se o Enem fosse obrigatório, ao menos o conteúdo do exame seria dado a todos, no ensino médio regular e na Educação de Jovens e Adultos”, disse Wanda.

O ESTADO DE SÃO PAULO - 19/07/2010
Decepcionadas, famílias abandonam 'escolas top' 

'Cobranças excessivas' são principal fator problemático 

Luciana Alvarez

Depois de apenas dois meses de aulas neste ano, Ivone Neuber decidiu trocar seu filho Rodrigo de colégio. A primeira escola escolhida estava entre as cinco melhores do ranking do Enem de São Paulo e a expectativa era grande. Mas a boa classificação não significou satisfação com o ensino para a família. Na opinião de Ivone, a cobrança era exagerada para uma criança de apenas 11 anos. A gota d’água foi quando o calendário escolar impediria uma viagem em família. "Planejávamos conhecer as cidades históricas de Minas durante o feriado de Páscoa, mas o Rodrigo teria de ficar estudando, pois tinha nove dias seguidos de prova logo depois. Vi que ele estava angustiado", lembra a mãe. "Não é só na escola que se aprende. Uma viagem cultural também é importante."

"Todo mundo fala que é ótima, a gente teve de responder uma série de questionários para conseguir a vaga, mas outras escolas que não estão no topo do ranking oferecem uma formação mais adequada", afirma Ivone. Rodrigo hoje estuda na Escola Viva, onde seu irmão, Thomaz, já estava matriculado. Agora, ele consegue aprender sob menos pressão. "Aquele perfil de escola não era adequado para meu filho nem para minha família", diz. A publicitária Simone Ribeiro cansou de ser chamada na escola do filho, também entre as melhores da cidade, para ouvir reclamações sobre o comportamento de Fernando, de 15 anos. "Em três meses me chamaram cinco vezes para dizer que ele não se dedicava o suficiente", diz.


Para ela, porém, o problema era muito mais do colégio do que com Fernando. "Ele é extremamente criativo, inteligente, tem vários interesses, mas tem dificuldade de ficar sentado só vendo professor falar", explica Simone. A mãe não se conformou em sofrer a cobrança por muito tempo. A troca para o colégio São Domingos foi feita no meio do primeiro semestre deste ano. Em poucos dias na nova escola, Fernando já se mostrava mais interessado nos estudos. Mesmo se aproximando da fase de vestibular, a publicitária resolveu ignorar o ranking e se preocupar apenas com o tipo de pedagogia ao escolher a segunda escola do ano. Simone acredita que da segunda vez acertou na decisão, mas conta que a experiência trouxe muito sofrimento para ela e para o filho. "Errei ao buscar um suposto melhor para ele. Hoje, meu conceito de ‘melhor’ é outro", diz. "Quero que meu filho tenha uma boa formação, mas também que seja aceito e reconhecido como ele é." Fernando afirma ter gostado da mudança e diz que não se importa com a posição das escolas no ranking do Enem. "O ensino não vem só da escola, depende muito do esforço do aluno", argumenta. "Não é professor pegando no pé que vai ajudar."

 

O ESTADO DE SÃO PAULO - 19/07/2010
Pais devem se mobilizar e cobrar escola

Educadora acredita que assim a instituição pode revisar algumas das práticas pedagógicas

Fábio Mazzitelli - Jornal da Tarde  

A psicopedagoga Neide Noffs, professora da Faculdade de Educação da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), defende que os pais se mobilizem e cobrem das escolas no caso de nota baixa no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) ou queda acentuada de desempenho em relação ao ano anterior. Na visão da educadora, quanto mais organizada for essa cobrança, mais a escola se sentirá obrigada a dar uma resposta positiva e, quem sabe, revisar algumas da práticas pedagógicas. "O ideal é que os pais formem uma comissão para conversar com a diretora e com os professores para saber por que a escola foi mal. Cabe aos pais, junto com os filhos e o colégio, entender o que aconteceu", diz a professora. "Em alguns casos, a escola precisa rever a sua estrutura." A educadora afirma que as conversas com o filho sobre a rotina escolar, que sempre têm de existir, poderiam ser intensificadas no caso de um mal desempenho, com conversas diárias sobre o dia a dia nas salas de aula e também questões sobre faltas de professores e problemas na gestão do colégio, por exemplo. "Os pais têm de detalhar com a direção da escola em que áreas os estudantes estão mal e o porquê", indica. "É como um diagnóstico de saúde, em que você olha para o seu próprio corpo. A escola tem que olhar para dentro dela mesma."

A educadora da PUC só defende uma posição mais radical das famílias, como transferir o filho de escola, em último caso. "Antes de pedir uma transferência, a mãe deve pressionar a escola para melhorar. Afinal, o filho normalmente tem laços importante de amizade e o rompimento pode ser ruim", afirma. Esse tipo de cobrança e mobilização das famílias vale, de forma geral, tanto para as escolas particulares como para as públicas. Nesse último caso, entretanto, há mais dificuldades para a reversão de um resultado negativo. "Na escola particular, a motivação do corpo docente é naturalmente trabalhada. No ensino público, muitas vezes, faltam funcionários e não há o reconhecimento do esforço do professor. A gestão escolar é a variável que hoje mais pesa para que haja boas condições de ensino." 

 

O ESTADO DE SÃO PAULO - 19/07/2010
Pais não devem decidir escola só pelo Enem

Prova não mede diversos aspectos pedagógicos que precisam ser considerados na hora da escolha 

Luciana Alvarez  

Matricular o filho em uma escola bem colocada no ranking do Enem não significa necessariamente uma boa escolha. Especialistas alertam que o desempenho na prova do MEC pode ser um critério na hora da decisão - mas não o único - e lembram que escolas bem classificadas tendem a ser mais exigentes e competitivas. Decepcionados com o estilo de ensino adotado por colégios do topo da lista, alguns pais preferem "descer algumas posições" para encontrar um local que consideram mais adequado para seus filhos. A psicóloga e pesquisadora Renata Rufano orienta os pais a tomarem a decisão sobre a escolha da escola com cautela, após analisar quais os valores são mais importantes para eles. "Os pais têm de saber o que preferem: que o filho seja educado em um ambiente competitivo que busque a excelência ou acolhedor que aceite e trabalhe as diferenças." A partir dessa definição, devem procurar uma escola que tenha o perfil desejado.

Apesar de criticar o excesso de competição entre as instituições, Renata acredita que a divulgação dos rankings do Enem fez com que as escolas passassem a concentrar seus esforços em realmente ensinar um conteúdo, fato que ela considera positivo. Mas ela lembra que os pais, especialmente os com filhos pequenos, devem ter outras preocupações. "É muito importante que entendam o projeto pedagógico, como a escola lida com a adaptação, a alimentação, as birras, as mordidas. As famílias têm de olhar para questões de cada faixa etária", recomenda a psicóloga. A professora da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP) Silvia Colello afirma que muitos pais têm a ilusão de que vão pôr um filho desde o maternal na "escola certa" e "relaxar" para o resto do vida. "A escola tem de ser acompanhada ano a ano. Às vezes o filho não se dá bem com certo modelo", alerta a educadora. Para Silvia, deve-se ainda procurar informações sobre diversos aspectos desconsiderados pelo exame. "O Enem não testa valores, compromisso social, respeito à natureza e vários outros fatores relevantes. O melhor critério para um pai escolher uma escola é conhecer o conjunto do projeto pedagógico."

A divulgação por vários anos consecutivos dos rankings por escolas também acaba criando um círculo vicioso: as melhores instituições se tornam as mais procuradas e, por isso, podem selecionar os estudantes que quiserem. "Será que elas estão no topo do ranking pelo trabalho que fazem ou porque elas acabam selecionando os melhores alunos para trabalhar?", questiona a professora. Distorções. Para Silvia, outro problema do ranking é jogo de competição que ele criou entre as escolas. "Como dependem desse ranking para atrair novos alunos, as escolas fazem um jogo: incentivam os melhores alunos a fazer a prova e desestimulam os mais fracos. Elas acabam criando uma paranoia e impõem um clima de exclusão, não de educação." Esse tipo de iniciativa pode provocar resultados que não correspondem à realidade.

Os resultados gerais também podem sair distorcidos para colégios que aceitam todo tipo de aluno. "Uma escola que faz inclusão, que aceita estudantes com déficit de atenção, síndrome de Down, por exemplo, vai ter uma média mais baixa", explica a psicóloga Renata. Neste ano, as chances de terem havido distorções são ainda maiores por causa do grande número de abstenções. O vazamento da prova do Enem, divulgado pelo Estado, provocou o adiamento do exame e fez com que algumas das principais universidades - como USP, Unicamp e PUC - desistissem de usá-lo no processo seletivo. Com isso, a abstenção foi recorde, chegando a 46,9% no Estado de São Paulo.

FOLHA DE SÃO PAULO – 19/07/2010
Só pública que seleciona aluno lidera Enem

MEC divulga desempenho dos colégios de ensino médio no país; entre melhores, apenas 8% são da rede oficial

Para particulares, exame é a única prova nacional; Colégio Vértice (SP) assume o primeiro lugar do país 

ANGELA PINHO - DE BRASÍLIA 
ANTÔNIO GOIS - DO RIO
FÁBIO TAKAHASHI - DE SÃO PAULO
 

Para ser escola pública top no país, precisa fazer seleção de alunos e contar com condições raras no restante da rede, como professores com pós-graduação e aulas práticas. Também deve estar ligada a instituição de ensino técnico ou universidade.
O panorama será mostrado hoje pelo governo federal, com a divulgação das notas por escola no Enem 2009 (Exame Nacional do Ensino Médio).
Para educadores, as exceções do sistema público podem mostrar formas de melhorar o restante da rede oficial, que teve resultados inferiores aos da particular, mais uma vez.
Entre os 10% mais bem classificados (1.793), só 8% dos colégios são públicos, percentual igual ao do Enem anterior. Alteração do currículo e ampliação da jornada, dizem os pesquisadores, são iniciativas das tops públicas que poderiam ser replicadas.

P
ara a rede particular, o Enem é a única avaliação nacional que engloba todas as escolas. O colégio Vértice (SP) obteve a melhor posição do país.
A maior abstenção de alunos na história da prova do Enem pode ter interferido no resultado final das escolas.

As melhores públicas 

"99% dos alunos estão em um ensino médio indigente. Há uma quantidade excessiva de conteúdos no ensino médio. O currículo é quase enciclopédico"
GUIOMAR NAMO DE MELLO, educadora, ex-secretária de Educação de São Paulo (1982-1985)

"A parte educacional é tão importante quanto o controle rígido da frequência e das tarefas. A situação poderia ser melhor se tivesse um comprometimento maior das famílias"
VANDERLEA BARBOSA, coordenadora pedagógica do colégio municipal Castro Alves (Posse-GO), primeiro colocado entre as escolas públicas do país que não selecionam os alunos

FOLHA DE SÃO PAULO – 19/07/2010
Públicas top têm seleção mais disputada que USP

Escolas de aplicação de universidades são as melhores da rede oficial

Colégio da Universidade do Estado do Rio de Janeiro tem disputa por vaga superior a do curso de medicina da USP 


DE BRASÍLIA
DO RIO
DE SÃO PAULO
DA AGÊNCIA FOLHA
 

Espremidas entre colégios particulares, duas escolas públicas aparecem na lista das 20 melhores do país. Ambas são ligadas a universidades e a disputa por suas vagas é maior do que na Fuvest.

No colégio de aplicação da Universidade Federal de Viçosa (MG) -o melhor público do país e 7º no geral-, cada vaga é disputada por 13 alunos, concorrência da engenharia-USP. Os docentes trabalham só na escola e escolhem as metodologias; há aulas práticas em laboratórios.

No colégio de aplicação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, o segundo público do país, a seleção é mais acirrada que para medicina na USP. Na escola do Rio, mais de 5.000 se inscreveram para o sorteio de 60 vagas (disputa de 42 e 83 por vaga, respectivamente).

Quase todos os professores têm mestrado e doutorado e ganham como docente universitário. Os estudantes também contam com atividades extras, como artes, fora do horário normal de aulas.

Além de escolas ligadas a universidades, aparecem na lista das melhores do país escolas técnicas federais e estaduais. Em São Paulo, o melhor colégio público foi o instituto técnico federal.

No país, a mais bem classificada escola pública "convencional" (sem seleção de alunos) apareceu na 729ª posição geral, superada por 73 colégios públicos de elite. Ela fica em Posse (GO).

Para educadores, condições presentes nas escolas técnicas ou colégios de aplicação poderiam ser expandidas para o restante do sistema público, que não seleciona alunos -pesquisas mostram que a condição social e familiar do aluno é o principal fator que explica seu desempenho em avaliação.

Professor da Faculdade de Educação da UnB, Remi Castioni diz que poderia ser replicado o modelo em que o aluno aplica os conhecimentos em aulas práticas.

A diretora do Centro Paula Souza (responsável pelas escolas técnicas paulistas), Laura Laganá, sugere a ampliação da carga horária e um currículo com atividades profissionalizantes (como informática). "O currículo precisa atrair o aluno. Hoje, isso é difícil."
(AP, AG, FT E ELIDA OLIVEIRA) 

FOLHA DE SÃO PAULO – 19/07/2010
Nota considera média em 4 provas e redação

DE SÃO PAULO

As médias das escolas no Enem se baseiam nas notas dos seus alunos que concluíram o ensino médio em 2009.

Elas consideram o desempenho em quatro provas (ciências humanas, ciências da natureza, linguagens e matemática) e na redação. No total, são aplicadas 180 questões de múltipla escolha, em dois dias. A redação ocorre no segundo dia.

Para obter a média, é preciso que no mínimo dez alunos concluintes da escola tenham participado do Enem e que essa participação atinja ao menos 2% do total de concluintes daquele ano.

O Ministério da Educação divulga duas médias: a da prova objetiva -com a nota das questões de múltipla escolha- e a média total -que inclui a nota da redação.
Para fazer os rankings, a Folha leva em consideração a média total e não inclui as escolas de Educação de Jovens e Adultos (supletivos).

Em 2009, 2,4 milhões de alunos fizeram o Enem. As provas da edição 2010 acontecerão nos dias 6 e 7 de novembro deste ano e as inscrições já terminaram.

FOLHA DE SÃO PAULO – 19/07/2010
Comparar desempenho de pública e privada é injusto, diz secretária 

DE BRASÍLIA

A secretária de Educação Básica do Ministério da Educação defende ser injusto comparar o desempenho no Enem das escolas públicas e particulares, por receberem alunos com perfis socioeconômicos distintos.

"Não é pelo fato de ser particular [que a escola está no topo]. É preciso pensar quem essas particulares estão atendendo, qual a bagagem que esses meninos trazem", afirma Maria do Pilar Lacerda.

Pesquisas mostram que filhos de pais com maior escolaridade tendem a ter desempenho melhor no colégio.

Em relação às escolas de aplicação e técnicas, que ocupam os primeiros lugares entre as públicas, a secretária diz que o maior diferencial é a condição de trabalho dos professores.

No caso das primeiras, eles têm a vantagem de ser ligados a uma universidade.

E, em ambos os casos, geralmente costumam trabalhar em apenas um colégio, o que permite mais dedicação.

De acordo com o censo escolar de 2009, 16% dos professores de ensino médio dão aula em mais de um estabelecimento. A secretária afirma, ainda, que entre os demais há os que têm empregos em outras áreas. "É necessário tornar a carreira do professor atrativa o suficiente para que ele possa ter dedicação integral à escola", afirma ela.

Ela diz que o MEC trabalhou nessa direção ao, por exemplo, instituir o piso salarial do professor (R$ 1.024 para 40 horas semanais).

FOLHA DE SÃO PAULO – 19/07/2010
Melhor pública de SP está em expansão

Meta do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia é ampliar vagas em até 40% nos próximos 6 anos

Instituição oferece cursos de ensino médio e superior; vestibulinho chega a atrair 60 candidatos por vaga 


FABIANA REWALD
DE SÃO PAULO
 

Foram ao menos três mudanças de nome até que o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia passasse a ser chamado desta maneira, no final de 2008.

Mas a tradição da instituição de formar bons alunos -que ainda mantém na portaria do campus da capital o nome Cefet, pelo qual é mais conhecida- continua a mesma há anos.

Localizado no centro, o campus da capital alcançou a maior média no Enem entre as escolas públicas do Estado de São Paulo. No país, ocupa a 35ª posição.

Seguindo um plano do governo federal, até 2016, o instituto, que oferece os ensinos de nível médio e superior, deve ampliar o seu número de vagas em até 40%.

A turma que prestou o Enem 2009 foi a última do chamado ensino médio puro, com três anos de duração.

Desde 2007, o IFSP deixou de oferecer essa modalidade e agora só há duas opções: fazer o ensino médio e o profissionalizante integrados -com duração de quatro anos- ou cursar só o técnico de nível médio -dois anos.
O instituto também tem o Proeja, um supletivo profissionalizante de nível médio.

CONCORRÊNCIA

O ensino médio integrado do instituto tem hoje 900 alunos. A meta é chegar a 1.020. Mesmo com os altos números, a concorrência chega a 60 candidatos por vaga (para o curso integrado da área de informática da capital).
O total de interessados tem crescido. Segundo o diretor-geral do campus, Chester Contatori, os bons resultados no Enem têm uma parcela de responsabilidade nisso.

Na opinião do diretor, o segredo do sucesso tem como principal fator a qualidade e a constante capacitação de sua equipe de profissionais de educação.

Ele repete constantemente que essa equipe inclui não só os professores como também os técnicos administrativos -de laboratório, de audiovisual, pedagogos, psicólogos e coordenadores, entre outros profissionais.

"Os psicólogos e pedagogos acompanham o desenvolvimento de cada aluno e identificam eventuais problemas", diz Contatori.

Os professores dão aula tanto no ensino médio quanto no superior e os laboratórios usados também são os mesmos. Contatori diz que grande parte dos alunos que faz o técnico acaba voltando para o campus como aluno da graduação e da pós ou como professor, anos depois.

FOLHA DE SÃO PAULO – 19/07/2010
Colégio estadual atrai alunos da rede particular

CRISTINA MORENO DE CASTRO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA 


Até alunos vindos de colégios particulares da região tentam vaga na Escola Estadual Prof. José Monteiro Boanova, no Alto da Lapa (zona oeste), a melhor estadual da cidade de São Paulo, sem contar as técnicas e de aplicação. No ranking de todas do município, está em 202º.

A diretora Marili Vieira diz que aceita todo mundo -embora quem venha de outras escolas públicas tenha prioridade- até que o limite de 40 vagas por sala de aula seja preenchido. A escola tem cerca de 800 estudantes.

Para ela, o diferencial dessa escola da década de 30 é o quadro de professores -80% efetivos (em toda a rede estadual, praticamente metade é de professores temporários), muitos dos quais há dez anos ali. Dos 50 professores da escola, cerca de 30 dão aula exclusivamente lá.

As turmas costumam se manter as mesmas desde o 6º ano do ensino fundamental e os alunos costumam ficar até o vestibular. "A professora conhece o aluno desde o 6º ano. Quando chega ao último ano do ensino médio, existe uma boa relação entre os dois, que garante uma continuidade no aprendizado", diz Marili.

Ela também elogia os alunos, que vêm, principalmente, de bairros mais distantes da região, como Jaguaré e Pirituba, e até de Osasco, município vizinho. "São bons, interessados". Graças a esse interesse, ela diz que o fato de sempre ocorrer alguma adesão dos professores do colégio quando há greve "só prejudica um pouco".

Os alunos de 3º ano têm aulas das 7h às 12h20 e alguns participam voluntariamente de grupos de estudos durante a tarde. Segundo a diretora, um terço dos alunos entrou em universidades públicas em 2009.

Problemas estruturais do prédio foram os únicos apontados pela diretora. A escola tem laboratório de informática e de biologia, além de sala de vídeo e uma biblioteca.

FOLHA DE SÃO PAULO – 19/07/2010
As melhores particulares 

"É um engodo o pai achar que está escolhendo no ensino infantil a escola que vai durar até o resto da escolaridade da criança"
QUÉZIA BOMBONATTO presidente da Associação Brasileira de Psicopedagogia

"É um erro associar o desempenho dos alunos apenas com o projeto da escola. É muito mais fácil ensinar alunos de famílias de alto capital do que crianças pobres"
FRANCISCO SOARES pesquisador da Universidade Federal de Minas Gerais e consultor

FOLHA DE SÃO PAULO – 19/07/2010
Vértice, de SP, é melhor do país pela 1ª vez

Escola, que nos últimos quatro anos foi a primeira particular da capital, chega ao topo do ranking do Brasil

Com o bom resultado nos exames do MEC, mensalidade do colégio subiu 40% desde 2006; 3º ano custa R$ 2.756
 

TALITA BEDINELLI
DE SÃO PAULO
 

Pela primeira vez desde que as notas do Enem passaram a ser divulgadas por escola, em 2005, o colégio Vértice, no Campo Belo (zona sul de SP), obteve a melhor colocação do país no exame.

No último Enem, a escola ficou em 9º. O colégio São Bento, 1º colocado desde 2005, agora apareceu em 3º.

Adílson Garcia, diretor pedagógico do Vértice, conta que no último ano a escola intensificou as atividades interdisciplinares, uma das características mais valorizadas pelo exame do MEC.

"Envolvemos mais a equipe de exatas, que sempre teve dificuldade de realizar um trabalho interdisciplinar."

Formado por um conjunto de pequenas casas, o Vértice tem apenas 64 alunos no último ano do ensino médio.

Neste Enem, 40% deixaram de participar da prova.

As classes são divididas em duas salas retangulares, com três longas fileiras, o que dificulta a formação da barulhenta "turma do fundão".
O ritmo de estudos é puxado. Os alunos do 3º ano têm em média 11 aulas por dia -entre 7h15 e 19h, com intervalo de 1h15 para o almoço.
"Alguns alunos sofrem mais. Vim para o Vértice na 8ª série, de uma escola com uma rotina menos estressante. No começo foi difícil", conta André Fontes Novo, 17, aluno do 3º ano da escola.

"Mas esse resultado mostra que estou no lugar certo."

Apesar de festejar a colocação da escola, o diretor pedagógico afirma que o trabalho desenvolvido no Vértice não tem como objetivo um bom resultado no Enem. "Encaramos [o sucesso] como consequência do trabalho."

PROCURA

O bom desempenho do Vértice no exame foi bastante positivo para a escola. Nos últimos cinco anos, o Vértice teve a melhor nota entre as escolas de SP. E isso impulsionou a procura por vagas na instituição.

Hoje, há 900 alunos em todo o colégio, um número quatro vezes maior do que os 174 estudantes de 1994, ano em que Garcia entrou na escola, que já existia há 18 anos.

Atualmente, há dez alunos interessados para cada vaga aberta no colégio.
A grande procura elevou as mensalidades. Nos últimos cinco anos, o 3º ano do ensino médio passou a custar 40% a mais -de R$ 1.958 para R$ 2.756. No período, a inflação foi de 18%.

FOLHA DE SÃO PAULO – 19/07/2010
Grávida, Andresa já inscreveu o filho no pré de 2014 do Vértice

DE SÃO PAULO

Eduardo ainda nem nasceu, mas há sete meses já está inscrito na turma da pré-escola de 2014 do Vértice.

O futuro aluno entrou na lista quando a mãe, Andresa Malisano, 34, estava com apenas um mês de gravidez.

"Seria uma coisa a menos para eu me preocupar. Desse jeito já garantia a vaga dele."

As vagas no ensino infantil da escola são preenchidas por ordem de chegada. Nas outras séries, só entram candidatos com bom histórico escolar e que se saírem bem em entrevistas e provas.

Andresa conta que quando foi fazer a inscrição do filho, duas das três turmas do pré de 2013 estavam cheias.

A filha mais velha, Luisa, 5, esperou um ano para ser chamada na escola. "Quando ligaram avisando que minha filha entrou, parecia que ela tinha passado na Fuvest. Ficamos muito felizes porque tenho amigos que esperam por uma vaga há três anos."

Andresa diz que o bom resultado no Enem contou na hora da escolha do colégio, apesar de o exame avaliar só o ensino médio, que recebe alunos com mais de 15 anos.

Mas ela afirma ter avaliado também outros quesitos, como a proximidade da casa dela e a proposta pedagógica. "O Vértice prepara o aluno para ser independente, resolver os próprios erros", diz.

Para Quézia Bombonatto, presidente da Associação Brasileira de Psicopedagogia, os pais devem tomar cuidado para não escolher, no ensino infantil, uma escola baseada no bom desempenho dela no ensino médio.

"É um engodo [o pai] achar que está escolhendo a escola que vai durar o resto da escolaridade da criança." Mudança na diretoria, a compra da escola por um grupo educacional ou a saída de um coordenador podem mudar a instituição.
(TB e FRw)

FOLHA DE SÃO PAULO – 19/07/2010
Escolas com alta abstenção estreiam no top paulistano

Colégios em que muitos faltaram à prova subiram para os 20 melhores

Estudos mostram que quanto menos alunos fazem o exame melhor a nota do colégio; nove escolas lideram ranking 


RICARDO WESTIN
TALITA BEDINELLI
DE SÃO PAULO
 

Dos colégios particulares paulistanos mais bem colocados no último Enem, nove são novatos no ranking dos top 20. A maioria deles deu um salto gigantesco entre o Enem 2008 e o 2009.

O colégio Maria Imaculada (zona sul) trocou o 92º lugar pelo 7º. O Batista Brasileiro (zona oeste), o 116º pelo 14º.

Um ponto comum foram os poucos alunos na prova.

Estudos do Inep (instituto de pesquisas do MEC) mostram que as escolas tendem a ter melhor resultado quando menos alunos seus fazem o exame -são os menos preparados os que mais desistem.

De qualquer forma, uma pequena mudança de posição no ranking não significa que o ensino da escola melhorou ou piorou. Com vários colégios com nota parecida, um mero ponto consegue alterar bastante o ranking.

Na escola Lourenço Castanho (zona oeste), só 14% dos alunos participaram do Enem. Foi do 37º lugar ao 10º.

O último Enem teve a maior abstenção da história.

Dos inscritos, 39,5% faltaram - 1,5 milhão de estudantes. O Estado de São Paulo puxou essa porcentagem para cima.

O motivo foi o vazamento das questões. A prova, antes marcada para outubro, teve de ser adiada para dezembro.

CAUTELA


Os alunos se sentiram duplamente desestimulados. Primeiro, universidades desistiram de aproveitar o Enem em seus vestibulares, como USP e Unicamp. Depois, a nova data caiu bem na temporada de vestibulares.

"Desisti do Enem porque eu teria vestibular uma semana antes e uma depois. Eu iria me desgastar demais", afirma Bruno Machado, 18.

Machado, hoje no Insper (antigo Ibmec SP), era aluno do colégio Batista Brasileiro. Na escola, só 14 dos 41 estudantes prestaram o Enem.
"Antes do adiamento, quase 100% fariam a prova", diz Eliana Aun, do colégio Dumont Villares (zona sul), o 13º na lista das particulares.

No final, foram 30,5%. Mauro Aguiar, do colégio Bandeirantes (zona sul), acusou o MEC de "irresponsabilidade". Para ele, o ranking não reflete a realidade. A escola foi do 2º ao 4º lugar.

"A amostragem [de 2009] não foi significativa. Alunos excelentes não fizeram a prova porque queriam só a USP, que não usou o Enem", diz.

Para o diretor da Lourenço Castanho, Alexandre Abbatepaulo, o local das provas atrapalhou. "Muitos foram mandados para fazer prova no meio da favela".

O Inep diz que divulgou as notas da mesma forma que antes, com o número de alunos matriculados na escola e o número de quantos fizeram o Enem. Porém, reconhece que é preciso olhar as notas com cautela, já que o exame é voluntário.

Dos colégios top 20 de São Paulo, o que teve maior participação (77% dos alunos) foi o centro educacional Pioneiro, 10º lugar, escola da zona sul onde a maioria dos alunos descende de japoneses.

"Orientamos para que fizessem a prova, mesmo que só como forma de se testarem. Mas deixamos claro que a decisão final era deles", diz o diretor Fernando Isau.

Colaboraram FÁBIO TAKAHASHI, de São Paulo, e ANGELA PINHO, de Brasília


39,5%
foi o índice de abstenção na prova do Enem, o maior índice da história

13,73%
foi o índice de presença na prova dos alunos do colégio Lourenço Castanho (SP), que saltou 27 posições no ranking

FOLHA DE SÃO PAULO – 19/07/2010
Além do Enem 

"A posição [no ranking] não indica a diferença [entre as médias] de quem está acima e quem está abaixo. Às vezes, a diferença de muitas posições no ranking, a rigor, não indica uma diferença real de média"
OCIMAR MUNHOZ ALAVARSE professor da Faculdade de Educação da USP

"O ranking deve ser usado para olhar algumas escolas perto de casa que tenham uma nota razoável, mas não para tirar o filho de uma escola e colocar na outra porque naquele ano ela está com um ‘notaço’. A gente não sabe como vai estar daqui a três anos"
MARIA IRENE MALUF especialista em psicopedagogia 

2,4 milhões de candidatos prestaram a edição 2009 do Enem.

FOLHA DE SÃO PAULO – 19/07/2010
Só Enem não basta para escolher colégio, dizem educadores

Perfil da família e do aluno, projeto pedagógico e modo como escola avalia os alunos são pontos importantes

Professor lembra ainda que as médias das primeiras colocadas são muito próximas umas das outras

FABIANA REWALD
DE SÃO PAULO
 

A classificação das escolas no Enem é um dos critérios que costumam ser usados na hora de escolher um colégio. Mas não deve ser o único nem o principal critério, de acordo com educadores.

Ocimar Munhoz Alavarse, professor da Faculdade de Educação da USP, lembra que as médias obtidas pelas primeiras colocadas são muito próximas umas das outras.

Além disso, o resultado de cada escola é dado com base na média das notas dos alunos que participaram do exame. Ou seja, nem todos obtiveram aquele bom resultado.
Para a psicopedagoga Maria Irene Maluf, o peso dado à nota no Enem na escolha de um colégio de ensino médio deve ser de 10%. Os outros 90% devem se basear nas características da família e do estudante e nos objetivos que se tem para ele.

Não adianta o adolescente estudar em um colégio rígido demais se em casa ele tem uma educação mais liberal. Os pais não podem querer viajar com os filhos sempre aos finais de semana se a escola demanda muito tempo de estudo em casa. Por isso, a proposta pedagógica deve estar de acordo com os valores da família.

AVALIAÇÃO

Saber como os estudantes são avaliados também é importante. Há alunos que se saem melhor em provas orais, outros precisam ter a chance de fazer recuperação ao final do bimestre e há também aqueles que não se dão bem em trabalhos de grupo.

A formação dos professores é algo essencial. Além de checar se o docente tem curso superior e pós, é bom saber se dar aulas é a paixão dele ou um bico enquanto não arranja outro emprego.
Qualidade do material didático, estrutura, localização e a mensalidade são outros pontos importantes.

Além disso, a vontade do estudante também não pode ser deixada de lado. "Se a escolha é só dos pais, o aluno não vai se comprometer", diz Quézia Bombonatto, presidente da Associação Brasileira de Psicopedagogia.

FOLHA DE SÃO PAULO – 19/07/2010
Ranking baseado no Enem: informações e limitações

EDUARDO DE CARVALHO ANDRADE
ESPECIAL PARA A FOLHA
 

A divulgação do ranking das escolas baseado no Enem tem uma forte repercussão, não só na mídia. Pais pedem explicações aos diretores das escolas com fraco desempenho. Escolas bem ranqueadas alardeiam os seus resultados. Não é raro pais decidirem a escola infantil (!) dos filhos em função do ranking do ensino médio.

Mas o que ele nos informa sobre a qualidade das escolas? É possível que a contribuição de um colégio para o aprendizado dos alunos seja maior numa escola com pior posição no ranking.
Isto porque vários fatores, fora do controle das escolas, afetam o desempenho dos alunos como o seu "background" familiar e a sua habilidade inata.

O grande mérito das escolas líderes é a sua capacidade de selecionar e reter os alunos com maiores habilidades cognitivas, que são as testadas no Enem e nos vestibulares. Seus alunos se beneficiam com a reputação da escola, com o "network" dos ex-alunos e o aprendizado que se adquire ao conviver com colegas competentes.

No entanto, é possível que estas notas maiores sejam obtidas como fruto do uso de duas estratégias. Por um lado, evitar que os seus piores alunos realizem a prova, de forma a aumentar a média da escola. Como? Expulsando ou induzindo os piores alunos a abandonar a escola.

Também pode refletir um foco excessivo no que é pedido no exame, em detrimento de outras como a capacidade de trabalhar em grupo e de se expressar, também requisitadas no mercado de trabalho.
Por fim, cabe ressaltar que a confiabilidade do ranking se deteriora drasticamente caso uma parcela significativa dos alunos não realize o exame, não obrigatório.

Isto ocorre porque os alunos que prestaram o exame podem não ser representativos do corpo discente da escola. Em suma, a mensagem para os pais/estudantes é clara. Não foquem primordialmente a escolha da escola no resultado do Enem. É só uma das inúmeras informações que devem ser utilizadas neste processo.

EDUARDO DE CARVALHO ANDRADE, PhD em economia pela Universidade de Chicago e professor do Insper (ex-Ibmec São Paulo)

FOLHA DE SÃO PAULO – 19/07/2010
"Para quem não sabe aonde vai, qualquer caminho serve" 

MARIO SERGIO CORTELLA
ESPECIAL PARA A FOLHA

Para quem pode escolher, uma encrenca, e, acima de tudo, uma rima e trocadilho pobre: a escolha da escola.

Se distrair, pode ser a escolha da escória, a escolha da esbórnia, a escolha da esfola, a escolha da corriola e, até, a escolha da ampola (que não é rima boa e nem solução).

Ou, quem sabe, a escolha da sapiência, a escolha da excelência, da competência, da congruência, a escolha da decência. Qual delas? Escola carola? Escola gabola? Escola gaiola? Escola degola? Escola cartola?

Critérios? Nenhum basta por si. Não é suficiente nem o que leva em conta o número de aprovados no arcaico vestibular (uma mera corrida com barreiras, enquanto que vida é maratona, que exige ritmo e persistência, para além do preparo imediato); também não vale apegar-se somente aos indicadores oficiais de avaliação, pois há escolas que "treinam" discentes exatamente para fazer aquele tipo de exame.

O que vale, e muito? Conversar com outros pais que já passaram por esta fase de escolha; dialogar com crianças e jovens que vivenciam aquele lugar; visitar locais durante as aulas (pois a vida escolar pulsa com alunos presentes), passear pelo pátio, sala dos docentes (é alegre, enfeitada, tem mural com avisos inclusive do sindicato?), banheiros (lendo atrás das portas para ver se são só palavrões hormonais), laboratórios, biblioteca (com livros em ordem, mas sem estarem imóveis, como se fossem inanimados?), verificar o plano pedagógico e, sem dúvida, custo (nada é caro se vale o retorno oferecido).

O melhor? Lembrar do Gato no País das Maravilhas: quando Alice pede a ele ajuda, querendo saber para onde ia aquela estrada na qual estava, a réplica feliniana traz a pergunta mais funda a fazer diante de uma escolha: Para onde você quer ir? A menina, desolada, diz não saber, pois estava perdida. O gato fulminou: para quem não sabe aonde vai, qualquer caminho serve...

MARIO SERGIO CORTELLA, professor titular da Pós-Graduação em Educação da PUC-SP; foi secretário municipal de Educação de São Paulo

FOLHA DE SÃO PAULO – 19/07/2010
Melhores escolas por região 

Conheça as particulares que obtiveram as maiores médias no Enem 2009

Jardim São Paulo cria curso de atualidades
DE SÃO PAULO - A unidade Cataguases do Jardim São Paulo entrou na lista das 30 melhores escolas da capital e alcançou o topo na zona norte após duas grandes mudanças: criou aulas de atualidades e aumentou a carga horária.
Nos últimos dois anos, os alunos do ensino médio passaram a ficar o dia todo na escola uma vez por semana. Parte dessa ampliação do conteúdo, a aula de atualidades agora é oferecida para o 3º ano.
A unidade diz que, até hoje, sempre conseguiu matricular todos os alunos que se candidataram a uma vaga.

No Santa Cruz, as aulas duram 75 minutos
DE SÃO PAULO - O Santa Cruz, melhor particular da zona oeste, não faz preparação específica para Enem ou vestibular.
Segundo a direção, o colégio prioriza a formação humanística. Oferece, por exemplo, aulas de ética e de filosofia.
As aulas na escola duram 75 minutos, e não 50 minutos, como na maioria das escolas. "O tempo é o ideal para o conteúdo não ser fragmentado", diz o diretor Fábio Aidar Júnior.


Móbile tem um coordenador por série
DE SÃO PAULO - Além dos coordenadores pedagógicos, que orientam professores, o Móbile se orgulha de ter no ensino médio um coordenador educacional por série que se dedica só a ajudar os alunos.
O papel do profissional é dar orientações tanto para assuntos da escola quanto na escolha da carreira.
No vestibulinho do ano passado, o Móbile recebeu quatro candidatos ao 1º ano por vaga.

Colégio São Luís aumenta carga horária
COLABORAÇÃO A FOLHA - No 3º ano, Guilherme Pereira, 17, passa 44 horas por semana no São Luís assistindo a 47 aulas.
"Aumentamos o número de aulas no ensino médio porque queremos que o aluno estude no colégio, e não fora. Se ele chega em casa, vai para a internet, acessa as redes sociais, e acaba não estudando", diz o diretor, Jairo Cardoso.
O colégio também organiza grupos de estudo.


Agostiniano Mendel tem concorrência alta
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA - Primeiro colocado no Enem na zona leste, o colégio Agostiniano Mendel tem uma concorrência grande. "Todo ano sobram uns 90 que não entram, porque não tem vaga ou vão mal no vestibulinho", diz o diretor, padre Conde.
Há sete turmas de 3º ano, com até 40 alunos cada uma. Ao todo, são 3.400 alunos.
No ano passado, o colégio estava em 7º lugar na lista das escolas da cidade de São Paulo e caiu para 18º neste ano. Padre Conde não se abala: "Estamos melhores que nos anos passados", afirma.

FOLHA DE SÃO PAULO – 19/07/2010
Nota considera média em 4 provas e redação 

DE SÃO PAULO

As médias das escolas no Enem se baseiam nas notas dos seus alunos que concluíram o ensino médio em 2009. Elas consideram o desempenho em quatro provas (ciências humanas, ciências da natureza, linguagens e matemática) e na redação. No total, são aplicadas 180 questões de múltipla escolha, em dois dias. A redação ocorre no segundo dia. Para obter a média, é preciso que no mínimo dez alunos concluintes da escola tenham participado do Enem e que essa participação atinja ao menos 2% do total de concluintes daquele ano.

O Ministério da Educação divulga duas médias: a da prova objetiva -com a nota das questões de múltipla escolha- e a média total -que inclui a nota da redação. Para fazer os rankings, a Folha leva em consideração a média total e não inclui as escolas de Educação de Jovens e Adultos (supletivos). Em 2009, 2,4 milhões de alunos fizeram o Enem. As provas da edição 2010 acontecerão nos dias 6 e 7 de novembro deste ano e as inscrições já terminaram.

O ESTADO DE SÃO PAULO – 18/07/2010
Entre as 30 melhores na capital paulista, anuidade varia até 254%

Mesmo com grande disparidade de valores cobrados, diferença máxima na pontuação obtida pelos estudantes no exame fica em 12%
 

Fábio Mazzitelli, Carlos Lordelo, Paulo Saldaña, Carolina Stanisci, Luciana Alvarez                     

No grupo das 30 escolas da capital com melhor desempenho no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2009, os preços cobrados variam até 254% - enquanto a variação máxima de pontuação dos estudantes na prova fica em 12%. Embora haja uma correlação positiva entre pagar mais e obter mais pontos no exame, puxada principalmente pelo Colégio Vértice - o melhor de São Paulo e do País e também o mais caro da capital -, o dinheiro não compra, necessariamente, a qualidade do curso. Ou seja, a diferença entre as anuidades (valor das mensalidades e de outras taxas cobradas pelos colégios) e pontuação no Enem indica que não é só escola cara que tem bom desempenho.

Para chegar a essa conclusão, o Estado comparou as notas das escolas paulistanas no Enem aplicado no ano passado, divulgadas pelo Ministério da Educação, com as anuidades cobradas das famílias. Em números absolutos, a diferença de valores entre os 30 primeiros colégios paulistanos na última etapa do ensino básico pode chegar a R$ 25,7 mil no ano. Já a diferença máxima de pontuação é menos expressiva: 79,34 pontos, numa escala de 0 a 1000. É como se cada ponto obtido pelo estudante no Enem variasse de R$ 14,93 (Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo) a R$ 47,79 (Vértice) ao ano. "Sempre digo aos pais que não precisa escolher a escola do topo do Enem. Se pegar uma que esteja um pouco mais atrás e razoavelmente bem colocada, os pais podem investir o que pagariam no talento individual do filho, como em esporte ou música", afirma a psicopedagoga Neide Noffs, professora da Faculdade de Educação da PUC. "Um curso fora da escola é bom para que o jovem mantenha contato com outros grupos sociais."


Na avaliação do professor da Faculdade de Educação da USP, Ocimar Munhoz Alavarse, a escola particular tem um perfil de aluno muito mais homogêneo do que a pública, sendo mais fácil obter bons resultados. "O colégio particular obviamente tem mérito, mas a maior parcela da educação vem das famílias dos alunos", diz. Para o economista Cláudio Moura e Castro, especialista em educação, vários fatores influenciam o valor da mensalidade. "Os pais precisam considerar a variedade de serviços oferecidos pela escola. A mensalidade maior com um desempenho semelhante não significa que o colégio está roubando", afirma. Perfil. Ele ressalta, porém, que os pais precisam ver qual o objetivo da família na hora de investir em educação. Com a diferença entre a anuidade mais cara e a mais barata dos melhores colégios, é possível pagar um ano de curso no exterior, por exemplo.


Além disso, desde que os dados por escola do Enem começaram a ser divulgados há pouca variação entre as primeiras colocadas - por diferenças às vezes menores do que 1 ponto, colégios se alternam nas melhores colocações. "Tem famílias que mudam filho para quem tem Enem melhor. Isso é uma bobagem. O ensino não é isso", afirma Luiz Eduardo Cerqueira Magalhães, diretor do Colégio Santa Cruz, um dos mais bem colocados na capital. Adilson Garcia, coordenador do Vértice, comemora a liderança, mas afirma que as escolas respondem por 25% do desempenho - o restante vem dos alunos e das famílias. "Mesmo com mensalidades maiores ou menores, você percebe que todas atraem famílias que valorizam a educação. E, se têm dinheiro, não medem sacrifício." Na capital paulista, segundo o último Censo Escolar, a rede privada é maior que no restante do Brasil e corresponde a 17% das matrículas no ensino médio. No Estado, esse porcentual é de 14% e, no País, 12%.

O ESTADO DE SÃO PAULO – 18/07/2010
Falta de qualificação  

Causou estranheza, principalmente nos meios sindicais, a redução das verbas federais para custear treinamento profissional, num período em que um dos maiores desafios do Brasil está justamente na falta de mão de obra qualificada. Segundo estudo do Ministério do Planejamento, os gastos do governo federal, de 2003 a 2008, com programas de qualificação financiados pelo Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) foram de R$ 97 milhões por ano, 87% a menos que a média anual de R$ 768 milhões despendidos entre 1999 e 2003, no segundo mandato do presidente Fernando Henrique. O ano passado foi o de menores gastos (R$ 40,4 milhões), o que irritou o representante da CUT no Conselho Deliberativo do FAT (Codefat), Quintino Marques Severo. Dos 6 milhões de trabalhadores que receberam seguro-desemprego em 2009, apenas 200 mil frequentaram cursos de qualificação, o que, afirmou, "é um dado gritante". Para este ano, o Ministério do Trabalho tem previsão de gastar R$ 226 milhões nessa área, valor bem abaixo da média do governo anterior. Vê-se que o Planalto é muito mais sensível às reivindicações dos funcionários públicos do que às exigências de formação de mão de obra apta para atender às necessidades de desenvolvimento do País. Assim, quando tem de cortar despesas, o governo prefere podar as verbas do FAT para preparo e reciclagem de trabalhadores. A questão, porém, é mais grave.   

O poder público está obrigado, pela Constituição, a proporcionar educação fundamental a todos os brasileiros e, se o País avançou com a universalização do ensino, este deixa ainda muito a desejar quanto à qualidade. Especialistas insistem na necessidade de maiores investimentos públicos no ensino fundamental e médio? sem esquecer do aperfeiçoamento do ensino superior. Se o Brasil tivesse progredido mais na área da educação básica, isso facilitaria enormemente a qualificação profissional em outras etapas. Empresas que treinam mão de obra se queixam do baixo nível de escolaridade e de conhecimento técnico de trabalhadores inscritos em seus cursos, o que exige um esforço redobrado dos instrutores.

Quanto menos desenvolvida é a região, maiores são as dificuldades. Exemplo expressivo é o que se verifica na Hidrelétrica de Santo Antônio, em construção em Rondônia. Segundo o encarregado da obra, José Pinheiro, declarou ao Estado (11/6), o maior problema ali foi a falta de mão de obra local. A princípio, só 30% dos trabalhadores podiam ser recrutados na região, o resto teve de vir de fora. Hoje, depois de criados cursos de treinamento, essa proporção já se eleva a 90%. Não é preciso ir tão longe para comprovar o esforço que empresas de diversos setores vêm desenvolvendo para preparar mão de obra. Isso se dá tanto em atividades que exigem qualificação relativamente baixa como em nível mais elevado, tendo aumentado consideravelmente a demanda por tecnólogos, graduados por cursos de dois anos depois de concluído o ensino médio. Como resultado, multiplicam-se os cursos desse tipo oferecidos por escolas técnicas ou mantidos por universidades ou faculdades públicas e privadas ou por entidades empresariais, como o Sistema S.

Isso não quer dizer que os programas financiados pelo FAT sejam inúteis. Houve denúncias de desvio de recursos repassados pelo Fundo e que têm sido objeto de investigação pelo TCU e pelo Ministério Público. Mas não foi por essa razão que o governo cortou as verbas para esses programas, e sim porque simplesmente eles não figuram entre as suas prioridades. Já seria um grande passo se o governo se concentrasse mais no ensino fundamental. Quanto aos cursos técnicos de formação, treinamento e de educação continuada, o Ministério da Educação deve cuidar da fiscalização e do aprimoramento dos mecanismos de avaliação periódica. Cabe, enfim, às empresas e às instituições regulares de ensino, que não recebem subsídios, a importante tarefa de satisfazer a demanda atual do mercado de trabalho e ao mesmo tempo preparar-se para atender às necessidades do País no futuro.

FOLHA DE SÃO PAULO - 18/07/2010
"O país não gosta de premiar os melhores e penalizar os piores" 

DE SÃO PAULO

Nathan Berkovits, 49, professor do Instituto de Física Teórica da Unesp, acha que um clima de mais competição entre os pós-graduandos faria bem para o país. "O aluno americano sabe que vai ter de ser o melhor para conseguir emprego. Há muita pressão sobre ele, mas ele valoriza o estudo, se esforça", diz. "Não que todos os alunos brasileiros sejam relaxados, os melhores daqui são iguais aos melhores de lá. Mas, na maioria dos casos, a atitude é diferente." Segundo ele, a prática de "premiar os melhores e penalizar os piores", que no Brasil ganhou o apelido de meritocracia, faria bem ao país. "Entre todos os professores das federais, os salários são iguais, as horas-aula iguais. Não há uma maneira para diferenciar um pesquisador bom de um ruim." Mesmo prezando essa tradição americana -foi aluno em Harvard, e nas universidades da Califórnia e de Chicago- Berkovitz acabou deixando os EUA. Ainda em sua terra natal, casou-se com uma brasileira. Veio conhecer o país, gostou e ficou, mesmo depois de divorciado.

"Brasileiro trata estrangeiro até melhor do que trata o próprio brasileiro", diz. Isso talvez seja fruto de uma síndrome de inferioridade, apesar de ter impressão que isso está mudando, diz o físico, que chegou ao em 1994. Naturalizado desde 2002, não se considera mais americano. 


"O brasileiro acha estranho um estrangeiro querer morar aqui. Mas é um lugar bom para morar se você não é pobre, apesar da violência." O físico se incomoda com o frio de São Paulo. "As casas aqui são construídas para o calor. Nos EUA você não sente frio dentro de casa." Há onze anos, se casou com outra brasileira. Não pensa, por enquanto, em voltar. "Aqui não existe tanta pressão para fazer o que todo mundo está fazendo. Além disso, algumas coisas melhoraram muito, como o CNPq." Ele acha que o Brasil não sabe atrair bons cientistas de fora -processos de contratação em português ainda atrapalham numa área onde o inglês já é língua franca. (RM) 

 

FOLHA DE SÃO PAULO - 18/07/2010
"Quem gosta de estudar não é admirado no Brasil"

DE SÃO PAULO 

Guo Qiang Hai, 48, físico chinês que mora em São Carlos (SP) desde 1993, veio para o Brasil sem conhecer ninguém, atrás de uma bolsa na Universidade Federal de São Carlos. Desde 2003 é professor da USP. Adora o país, mas está preocupado. Tem uma filha de um ano com uma brasileira e acha que as escolas que ela vai frequentar não são tão boas quanto as chinesas. "Na China a escola é em tempo integral, o aluno sempre volta com tarefa. Se precisar, ele estuda no sábado."
Para Hai, a escola chinesa não é melhor apenas que a brasileira. Ele tem outra filha, que estudava na China até o ano passado. Com dificuldades em matemática, tinha um professor particular. Quando a menina se mudou com a mãe (também chinesa) para a Austrália, se tornou a melhor da turma na matéria. "Todos falam para ela "nossa, como você é inteligente'", conta Hai, rindo. "Além de o professor chinês ganhar bem, os alunos respeitam. Existe uma cultura que valoriza o conhecimento. Aqui não é bem assim. Na TV, parece que só se admira quem participou do Big Brother, tem dinheiro, é modelo. A sociedade não põe na cabeça das crianças que elas têm de estudar." Isso se reflete na qualidade da pesquisa brasileira, diz Hai. Ainda assim, ele diz que a valorização da ciência tem melhorado: "Em São Paulo, não falta financiamento".

Para o pesquisador é estranho sofrer pouca cobrança. "O docente aqui é funcionário público, não tem tanta pressão como nos EUA ou na China. Aqui existem muitos que se dedicam dia e noite, mas quem não faz nada continua na universidade." Existem problemas, mas é preciso ressaltar as qualidades do país, diz. "As pessoas são legais, é fácil fazer amizade. Eu gosto muito, gosto do clima. Só português eu achei meio complicado", brinca. Hai acompanha com otimismo as notícias de seu país. "Quando saí da China para a Europa, em 1988, ela era bem fechada. Hoje mudou muito. Ainda não existem jornais particulares, a TV é estatal. Mas você pode falar com os seus amigos o que quiser. Não é que nem a gente vê na televisão aqui." Diz se impressionar com o crescimento econômico chinês. "Todo mundo está querendo ficar rico. Deus é grana", brinca. "Se você tem dinheiro, faz o que quiser." (RM)




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