27/07/2010 – CLIPPING EDUCACIONAL

NOTÍCIAS – FIQUE POR DENTRO

FOLHA DE SÃO PAULO - 27/07/2010 
Educação sem remédio

FERNANDO DE BARROS E SILVA 

SÃO PAULO - Os indicadores positivos estão na moda no Brasil, mas o país sempre insiste em nos lembrar que o buraco é mais embaixo. Imagine que você está lendo a seguinte recomendação médica: "Tomar com o estômago vazio 1 hora antes da refeição ou 2-3 horas após a refeição". E que deve responder depois a seguinte pergunta: "Se você fosse almoçar às 12h e quisesse tomar a medicação antes do almoço, a que horas deveria tomá-la?".

De cada quatro pessoas, uma é incapaz de responder corretamente a uma questão como essa. É o que conclui a pesquisa do neurologista Ricardo Nitrini, após entrevistar 312 adultos alfabetizados (com graus diferentes de instrução formal) que acompanhavam pacientes no Hospital das Clínicas, em São Paulo. Como mostrou reportagem da Folha no domingo, entre as pessoas com até sete anos de estudos, quase 60% não conseguiram entender o que liam. Foram, em tese, alfabetizados, mas não compreendem o significado do que está escrito. São "analfabetos funcionais".

O IBGE contabilizou, em 2008, 21% de analfabetos funcionais no país. Seriam aqueles com menos de quatro anos de escolaridade. Vários estudos, porém, apontam que o índice de analfabetismo funcional é, na realidade, bem mais alto. Quantos brasileiros entram e saem do ensino médio (o antigo colegial) sem alcançar o  estágio da compreensão elementar de um texto? O crítico literário Antonio Candido escreveu em 1970 (lá se vão 40 anos!) um ensaio muito importante: "Literatura e Subdesenvolvimento". Ali, equacionava o drama do analfabetismo e dizia que, numa sociedade como a nossa, a alfabetização não iria criar na mesma proporção leitores de literatura, mas, antes, "atirar os alfabetizados, junto com os analfabetos, diretamente da fase folclórica para essa espécie de folclore urbano que é a cultura massificada". São linhas incrivelmente atuais. De lá para cá, será que o problema se agravou ou estamos melhorando?

O TEMPO - 27/07/2010 - BELO HORIZONTE (MG) 
A decadência da escola, essa frágil instituição 

FÁTIMA SOARES RODRIGUES

Houve tempo em que a escola era lugar de encontro, espaço de aprendizagem e troca de experiências: de vida e de cultura. Era considerada a extensão do lar, isto é, nela eram enfatizados e colocados em prática os valores adquiridos em casa, como respeito, higiene, honestidade, afeto e solidariedade.


Ela continua sendo, porém, há tempos que a primeira educação, provinda do lar, foi terceirizada, sendo delegada a outros a transmissão dos valores que deveriam ser adquiridos no berço. E aos pais coube a tarefa de defender seus filhos em qualquer hipótese, exercendo sua autoridade por meio do endosso das ações dos filhos, ainda que essas ações não condigam com os valores morais que deveriam ser transmitidos pelos pais. E, assim, assistimos horrorizados a educandos desafiando educadores. Utilizam frases do tipo: "Você sabe com quem está falando? Sou filho de ‘fulano de tal’, que vai meter um processo em você e até tirá-lo da escola". E vimos, estarrecidos, professores doentes, sem motivação para lecionar, ou sem condições de exercer o magistério, pois qualquer advertência ao aluno ou suspensão dele pode resultar em perseguição.

Quantas
agressões ao ambiente escolar são desferidas pelos próprios alunos: pichações, incêndio de lixeiras e tantas outras. Salvemos as nossas escolas. Seja pública, seja particular, é dela que herdamos os aprendizados, os amigos e as melhores recordações do nosso evoluir físico, social e profissional na sociedade!




FOLHA DE SÃO PAULO - 26/07/2010 
A crise econômica e o resgate do ensino

No pós-crise, diminuíram as oportunidades no mercado financeiro e resgatou-se a economia real, que se baseia no crescimento da produção 

JOÃO FRANCISCO JUSTO FILHO

Como educador de uma escola de engenharia, o mercado financeiro causava grande frustração nos anos pré-crise. Naquele período, o mercado financeiro essencialmente monopolizava a contratação de egressos dos cursos de engenharia. Um egresso com essa formação poderia perfeitamente se posicionar nesse mercado, sendo uma evidência de sua versatilidade profissional. Entretanto, me questionava: por que ensinar conteúdos programáticos de um curso de engenharia se o estudante migrava invariavelmente para o mercado financeiro, ignorando grande parte da sua formação técnica? A crise tenha talvez dado a contribuição mais importante para resgatar o ensino universitário e endereçar essa questão. No pós-crise, diminuíram as oportunidades no mercado financeiro, ruindo o deslumbramento dos estudantes com a área. Resgatou-se a economia real, aquela que se baseia no crescimento da produção, inclusive produção intelectual. E, nesse contexto, a universidade desempenha papel central. Nessa nova economia, as melhores oportunidades surgirão nas áreas técnicas, e os estudantes terão de perseguir a compreensão dos conteúdos programáticos para estarem preparados para elas.

A raiz da crise talvez tenha sido exatamente o mecanismo de contratação do mercado financeiro. Nas últimas décadas, tornou-se comum contratar físicos, matemáticos e engenheiros, ampliando o horizonte cultural do mercado. Dessa forma, o mercado passou a conviver com profissionais capacitados em entender os fenômenos físicos e construir modelos. Essa cultura passou a ser usada para construir modelos para prever os movimentos das bolsas, os mercados de derivativos e as taxas de juros. Mas ocorreu um descolamento entre teoria e fenomenologia. Embora padrões de evolução dos índices do mercado possam ser previstos com certa precisão, o mercado não é regido pelas leis físicas usuais. A fenomenologia do mercado envolve eventos altamente não lineares, portanto, qualquer modelo simplificado apresenta previsões imprecisas e falha na previsão de eventos catastróficos. Os modelos do mercado se descolaram de um principio básico de qualquer modelo, seus limites de validade. A fenomenologia do mercado está associada à opinião dos investidores, confiança, perspectiva de lucro, eventos de difícil modelagem. Mas os teóricos do mercado falharam na percepção dos limites dos modelos e ignoraram uma lei de qualquer sistema da natureza, a lei do equilíbrio. Se entendessem isso, teriam notado que um crescimento contínuo dos índices das bolsas é fundamentalmente impossível. A crise deixará seu legado por décadas: ela mostrou os riscos de se apostar numa economia virtual, que se baseie em números abstratos, lucros fictícios e dinheiro inexistente. Aos educadores, ficou a percepção de que vale a pena continuar acreditando na sua profissão. JOÃO FRANCISCO JUSTO FILHO, doutor em engenharia pelo MIT (Massachusetts Institute of Technology, nos EUA), é professor da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo.



FOLHA DE SÃO PAULO - 26/07/2010 
O jovem e a angústia

RICARDO YOUNG 

Nos últimos dias o IBGE anunciou que o desemprego está caindo no país. Realmente é uma excelente notícia. No entanto, ainda falta muito para podermos comemorar o sucesso de oferecer trabalho a todos os brasileiros. Os jovens -faixa etária mais afetada pela falta de trabalho- ainda amargam índices de desemprego muito mais altos do que a média. Entre 16 e 25 anos o desemprego atinge quase 25%, ou seja, um em cada quatro jovens está sem trabalho, e são muito poucas as políticas públicas focadas na solução deste problema. Outra faixa etária que também encontra enormes dificuldades para ter acesso ao trabalho é a dos adolescentes de 14 a 16 anos, que, pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), apenas podem exercer a função de aprendiz.

Eu sou de uma geração em que os jovens começavam a trabalhar muito cedo -muitas vezes entre 13 e 15 anos já ocupávamos o tempo exercendo atividades remuneradas para ajudar a família ou, em muitos casos, para ocupar o tempo e não ficar "vadiando" pelas ruas. Desde a implantação do ECA, que em 13 de julho completou 20 anos, as empresas passaram a ter de respeitar normas especiais para a contratação de adolescentes. Dados do Ministério do Trabalho e Emprego mostram que o Brasil tinha em 2009 pouco mais de 150 mil jovens contratados como aprendizes, enquanto o Estado de São Paulo tinha somente 48.113 jovens nesta condição. Projeções do MTE apontam que somente São Paulo deveria ter 326.952 aprendizes, ou seja, quase sete vezes mais. Sem um grande trabalho de conscientização sobre a necessidade de se oferecer oportunidades para estes jovens não será possível reverter este quadro.


Criar mais vagas para aprendizes é um desafio que deve ser enfrentado pelo empresariado. E melhorar a qualidade do emprego e do trabalho para jovens é um desafio que todos devemos encarar. A sociedade está destruindo as rampas de acesso dos jovens ao mercado de trabalho e oferecendo em contrapartida típicas "soluções de mercado". Tratamos os jovens como consumidores, incutimos os desejos, direcionamos as aspirações, estimulamos o livre arbítrio, mas não lhes damos as ferramentas de acesso ao mundo adulto. Precisamos rever nossos "ritos de passagem". Não há mais vagas para bancários, não há mais vagas para office boys e arquivistas, exigimos experiência para qualquer trabalho inexperiente, criamos verdadeiros moedores de carne em nossas ruas e vivemos nos perguntando: o que podemos fazer? É simples, podemos prestar atenção no que fazemos em nosso cotidiano e sermos responsáveis pela sociedade em que vivemos.


RICARDO YOUNG escreve às segundas-feiras nesta coluna 



ESTADO DE MINAS - 26/07/2010 - BELO HORIZONTE (MG)
Governo institui programa de assistência estudantil

Paulo Márcio Reis Santos, Advogado, professor universitário, mestre

Dia 20, foi publicado no Diário Oficial da União (DOU) o Decreto 7.234, que instituiu o Programa Nacional de Assistência Estudantil (Pnaes), a ser executado pelo Ministério da Educação (MEC). O programa espera democratizar as condições para a permanência dos jovens na educação superior pública federal, minimizar os efeitos das desigualdades sociais e regionais na educação superior, reduzir as taxas de retenção e evasão e contribuir para a promoção da inclusão social pela educação. A norma determina que o Pnaes deverá articular as atividades de ensino, pesquisa e extensão, para atender os estudantes matriculados em cursos de graduação presencial das instituições federais de ensino superior (Ifes). As ações assistenciais do programa serão desenvolvidas nas áreas de moradia estudantil, alimentação, transporte, atenção à saúde, inclusão digital, cultura, esporte, creche, apoio pedagógico e ao acesso, participação e aprendizagem de estudantes com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades e superdotação. Essas ações buscam viabilizar a igualdade de oportunidades aos estudantes, contribuir para a melhoria do desempenho acadêmico e agir, preventivamente, nas situações de retenção e evasão decorrentes da insuficiência de recursos financeiros.

O decreto prevê que os critérios metodológicos para a seleção de alunos beneficiados pelo Pnaes caberão às instituições federais de ensino. Prioritariamente, o Pnaes atenderá estudantes oriundos da rede pública de educação básica ou com renda familiar de até um salário mínimo e meio. Além desses requisitos, as instituições fixarão as condições para a percepção de assistência estudantil e os mecanismos de acompanhamento e avaliação do programa. As despesas com o programa correrão à conta das dotações orçamentárias anualmente consignadas ao MEC ou às instituições federais. O Poder Executivo deverá compatibilizar a quantidade de beneficiários com as dotações orçamentárias existentes, observados os limites estipulados na forma da legislação orçamentária e financeira.

Em que pese o ensino superior gratuito nas universidades federais, nem todos os estudantes concluem os cursos. A ausência do pagamento das mensalidades não afasta, contudo, os gastos com transporte, moradia, alimentação, material didático, cuidados com a saúde, lazer e equipamentos de informática. Os custos para a manutenção na faculdade acabam resultando no abandono dos estudos. Segundo o MEC, 40% dos estudantes que ingressam nas universidades públicas não conseguem concluir o curso. Essa evasão ocorre por fatores internos e externos ao sistema. Espera-se que a implementação do Pnaes reduza a evasão estudantil. Não há dúvidas de que essa democratização também permitirá a maior efetividade do princípio da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão, previsto pelo artigo 207 da Constituição Federal. 
 


PORTAL UOL EDUCAÇÃO - 26/07/2010 
Em SP, mais da metade das jovens com menos de 22 anos grávidas têm oito anos de escolaridade

Da Agência Fapesp em São Paulo

Um
levantamento realizado pela Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo com jovens que tiveram filhos antes dos 22 anos de idade aponta que mais da metade das jovens mães passaram ao menos oito anos na escola. Os dados obtidos tiveram como base informações de 908 adolescentes e seus parceiros atendidos na Casa do Adolescente de Pinheiros, localizado na zona oeste da capital paulista, entre agosto de 1997 e janeiro de 2010. De acordo com o levantamento, 54,7% das meninas consultadas completaram ao menos o primeiro grau. Oito (1,7%) eram universitárias. As adolescentes iniciaram a vida sexual aos 15 anos e tinham, em média, 17,5 anos de idade quando engravidaram. Do total de meninas só 14% informaram que tinham o desejo de engravidar.

No caso dos parceiros das adolescentes, o levantamento mostra que 48,4% deles estudaram por mais de oito. Os jovens pais tinham 22 anos, em média, quando consumaram a gravidez. Segundo a Secretaria, os números são contrastantes ao apontar que escolaridade parece não funcionar como um fator de prevenção. Cerca de 61% dos entrevistados não usaram qualquer tipo de método contraceptivo no momento da relação sexual. O anticoncepcional via oral foi usado por 19% das mulheres, enquanto apenas 16% dos rapazes usaram preservativo. Apesar disso, os números de adolescentes grávidas decaem ano a ano. O Estado de São Paulo registrou queda de 36,2% no número de adolescentes grávidas em 2008, em comparação com o ano de 1998. Foram 94.461 jovens com idades até 19 anos grávidas em 2008 contra 148.018 em 1998. 

O ESTADO DE SÃO PAULO - 25/07/2010 
Bebê que convive com livros vai melhor na escola

Especialistas indicam contato com publicações desde os primeiros meses de vida; ONG vai lançar guia com indicação de 600 títulos 

Karina Toledo

Ler para um bebê que ainda não fala nem entende o que é falado pode parecer perda de tempo, mas diversos estudos mostram que, a longo prazo, a prática pode beneficiar o desempenho escolar. Além de adquirir gosto pela leitura, as crianças que têm contato com livros desde o berço chegam ao ensino fundamental com vocabulário mais rico e maior capacidade de compreensão e de manter a atenção nos estudos. Para ajudar na escolha do título mais adequado para cada idade e no desafio de manter as crianças pequenas entretidas, o Instituto Alfa e Beto (IAB) apresenta na próxima Bienal do Livro de São Paulo a Biblioteca do Bebê. Além de vários livros divididos por faixa etária, o local terá voluntários que ensinarão aos pais técnicas de leitura. As principais dicas estão reunidas em uma cartilha que será distribuída aos visitantes. "Não se trata de ler um conto de fadas para um bebê com menos de 1 ano. Os primeiros livros devem ter apenas imagens e o tempo para folheá-los deve ser breve", explica David Dickinson, especialista em alfabetização pela Universidade Harvard. Durante a bienal, ele apresentará estudos que relacionam a leitura precoce a um maior desenvolvimento da linguagem.
Uma dessas pesquisas mostra que as crianças de 3 anos que possuem o hábito de leitura em família apresentam, aos 10, desempenho escolar superior ao daquelas que não leem com frequência. "O importante é ler com regularidade, de preferência todos os dias, e tornar a experiência agradável", afirma Dickinson. Os pais, diz ele, devem usar as imagens do livros como base para iniciar uma conversa com a criança. "Faça perguntas sobre a figura ou sobre a história. Não se limite a ler as palavras e virar a página", explica. Esculpindo mentes. A interação com os adultos é fundamental para o desenvolvimento da linguagem e o aprendizado se dá pela imitação, diz o presidente do IAB, João Batista Oliveira. "Mas a linguagem oral tem um vocabulário restrito e uma sintaxe simplificada. O livro, por mais simples que seja, obedece as regras da linguagem escrita, que é a mesma que a criança vai encontrar na escola."


Se o vocabulário é o tijolo do pensamento, afirma Oliveira, a sintaxe é a argamassa. "Quanto maior o vocabulário e mais articulada a sintaxe, mais temos sobre o que pensar." Essa maior capacidade de raciocínio e compreensão favorece tanto o desempenho em disciplinas como português e matemática como nas demais. A capacidade de se manter focada em uma atividade também é beneficiada pelo hábito de leitura, afirma Dickinson. "Quando assistimos à TV ou usamos o computador, a tecnologia prende nossa atenção. Já quando lemos um livro, precisamos fazer esse trabalho sozinhos." Beatriz Koike, de 3 anos, parece fazer esse trabalho muito bem. "As professoras sempre comentam como ela presta atenção em sala e elogiam sua desenvoltura com as palavras", conta a mãe, Taís Borges.


Beatriz ganhou seu primeiro livro quando ainda estava na barriga de Taís. "Aos 3 meses, comprei um livrinho de plástico para ela brincar na banheira. Depois, um de pano, com texturas diferentes. Aos 2 anos, ela começou a demonstrar interesse em histórias mais complexas." Hoje, a menina tem seu cantinho da leitura com 43 títulos. "Umas três ou quatro vezes por semana leio para ela à noite. Quando não faço, ela me cobra", conta Taís. O IAB vai lançar na bienal um guia com uma proposta ambiciosa: Os 600 Livros que Toda Criança Deve Ler Antes de Entrar para a Escola. Isso dá uma média de dois livros por semana entre 0 e 6 anos. Quem quiser cumprir a meta não pode perder tempo.  

 

FOLHA DE SÃO PAULO - 24/07/2010 
Os resultados do Ideb e do Enem

A divulgação pública das notas fornece informações sobre a qualidade da educação de cada escola

FERNANDO VELOSO

NESTE MÊS foram divulgados os resultados do Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) e do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) de 2009. O Ideb, criado em 2007, é um indicador que combina os resultados da Prova Brasil com a taxa de aprovação. Como todas as escolas públicas urbanas de 4ª e 8ª séries do ensino fundamental são avaliadas, é possível calcular o Ideb de cada escola. O Enem foi criado em 1998 com o objetivo de avaliar o desempenho dos alunos da 3ª série do ensino médio e daqueles que já tenham se formado e queiram ingressar no ensino superior. Embora seja calculado para cada escola pública ou privada, o Enem, diferentemente do Ideb, é um exame voluntário. A nota da escola no Ideb ou no Enem tem um papel importante de contribuir para que seja feito um diagnóstico dos problemas de cada escola e, com isso, permitir que sejam encontradas soluções adaptadas para o contexto local. Além disso, a divulgação pública das notas fornece informações sobre a qualidade da educação de cada escola e, com isso, pode gerar uma pressão por parte de pais e gestores para a melhoria dos resultados.


No entanto, várias dificuldades precisam ser levadas em conta na interpretação dos resultados. Primeiro, é preciso que o exame seja bem desenhado e avalie de forma adequada as competências que os alunos devem adquirir em cada série e nível de ensino. Outra dificuldade decorre do fato de que as notas podem variar devido às condições nas quais os exames foram feitos ou do grupo de alunos que fez o exame em um ano específico. No caso do Ideb, isso afeta particularmente o desempenho de escolas pequenas, que, muitas vezes, apresentam grandes variações nas notas em um período curto de tempo. No caso do Enem, o caráter voluntário do exame cria dificuldades para sua utilização na avaliação da qualidade das escolas.

Em 2009, o Enem teve taxa de abstenção muito alta. Uma reportagem publicada na Folha mostrou que escolas de São Paulo com abstenção elevada tiveram grande salto no ranking entre 2008 e 2009. Além disso, várias pesquisas mostram que as notas dos alunos são muito relacionadas às características socioeconômicas de suas famílias, como a escolaridade dos pais. Para que os responsáveis por bons resultados sejam premiados de forma adequada, é preciso que se utilize uma medida do valor adicionado pela escola ao desempenho do aluno. Estudos qualitativos realizados pelo MEC analisaram as características das escolas e redes de ensino que obtiveram resultados expressivos em comparação com escolas e redes similares em termos do perfil socioeconômico dos alunos e de sua localização geográfica. Embora as estratégias sejam distintas, os casos de sucesso envolvem uma combinação de determinados elementos, que também são compartilhados por escolas e redes que obtiveram bons resultados no Ideb e no Enem de 2009.

Um fator fundamental é a qualidade dos professores, que depende não só de sua formação, mas da sua dedicação e da capacidade de transmitir conhecimentos. Outra característica importante é o uso contínuo de avaliações internas e externas para acompanhar o desempenho individual dos alunos. A participação dos pais e da comunidade na escola é outro elemento comum nas experiências bem-sucedidas e contribui tanto para uma cobrança das escolas como para uma melhoria do ambiente de aprendizagem em casa. Além disso, é preciso ter uma boa gestão, seja por parte dos diretores no caso das escolas, seja por parte dos dirigentes educacionais no caso das redes. O grande desafio é replicar esses casos isolados de sucesso para todo o sistema educacional. Embora não existam receitas únicas, uma estratégia baseada na combinação de metas claras de aprendizagem, avaliação contínua, premiação de bons resultados e seleção e retenção de professores com base em critérios de mérito pode ser bastante efetiva para melhorar a qualidade da educação.

Observação: as notícias deste clipping são
meramente informativas, publicadas em jornais
diários. Portanto, não expressam a opinião do SINPEEM.

  

A DIRETORIA

CLAUDIO FONSECA
Presidente

 

 

 

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