A égua de minha vida
Autor: Adalésio Vieira
Minha vida é uma égua
Égua braba e misteriosa
Eu sou um peão teimoso
Que na espora tira prosa
Mas na luta com essa égua
Já passei horas penosas
Já fui até arrastado
Por estradas espinhosas
Trago o corpo assinalado
Com marcas por todo lado
De tanto coice levado
Desta égua perigosa.
Minha vida é uma égua
Égua braba e traiçoeira
Que já me deu muitos tombos
Já me deu muita canseira
Na minha luta com a vida
Já levei tanta rasteira
Não há quem pare no lombo
Desta égua puladeira
Só a luta me redime
Do fracasso que me oprime
Quando penso que estou firme
Estou rolando na poeira.
Tem gente que vem ao mundo
Com sorte, ventura e graça
Sorrindo em berço de ouro
E assim pela vida passa
Navegando em mar de rosas
Bailando no vai da valsa
Tem tudo sem ter trabalho
Pois tudo lhe vem de graça
Comigo a vida é injusta,
É tudo na força bruta
Com cansaço e muita luta,
Com suor e muita raça.
Eu não invejo essa gente,
Nem cobiço a sua glória
Só usei desse argumento
Para contar minhas memórias
Se eu domar esta potranca
Meu nome fica na história
Meu espírito de luta
Garante a minha vitória
Na luta que me consome
Glorificarei meu nome
Pois o homem que é homem
Faz da luta a sua glória.
Às vezes eu me distraio
Logo vem uma nova esfrega
É mais um tombo que eu caio
É mais um pulo da égua!
Se a sorte faz a costura,
A vida descose as pregas
Quando Deus manda a ventura,
Vem o diabo e a carrega
Meu sofrer não me amargura
Ao contrário até me alegra
Minha alegria perdura
Na eterna luta sem trégua
Se Deus me ajudar com a sorte
Vou lutar até a morte
Com fé nos meus braços fortes
Eu amanso esta égua!!!