07/12/2010 – CLIPPING EDUCACIONAL

NOTÍCIAS – FIQUE POR DENTRO

FOLHA DE SÃO PAULO - 05/12/2010
Revolução na educação pública 

Apenas com o apoio da população poderemos cobrar da classe política as medidas imprescindíveis para atacar de frente esse grave problema

JAIR RIBEIRO  

Sinceramente, não entendo por que mais pessoas não se sentem revoltadas diante das condições da educação pública neste país. Somos uma nação em que cerca de 50% das crianças brasileiras da 5ª série são semianalfabetas. Dos 3,5 milhões de alunos que ingressam no ensino médio (antigo colegial), apenas 1,8 milhão se formam. Como consequência, todos os anos nós jogamos milhões e milhões de adolescentes despreparados no mercado de trabalho, sem qualquer perspectiva de ascensão social e econômica. Isso não lhe causa indignação? Essas estatísticas refletem décadas -ou melhor, centenas de anos- de descaso com a educação. Nós, brasileiros, políticos e sociedade civil, simplesmente não priorizamos a educação. Com isso, impedimos que o país melhore a sua desigualdade social, reduza a violência ou mesmo consiga sustentar uma taxa de crescimento mais estável. As estatísticas recentes demonstram que o sistema não apresentou uma melhora significativa nos últimos anos. Nesse ritmo, jamais atingiremos o nível de educação dos países desenvolvidos em 2022, como propõe o governo.

Mesmo porque trata-se de uma meta móvel: até lá, os demais países terão avançado substancialmente mais. Precisamos de uma verdadeira revolução na educação pública brasileira. Os Estados Unidos a fizeram em 1870, ou seja, há 140 anos! Em uma década, dobraram o investimento na educação pública e universalizaram o ensino. Em 1910, todas as crianças tinham acesso a uma escola de período semi-integral. Outro exemplo conhecido é o da Coreia. Na década de 70, iniciaram uma verdadeira revolução na qualidade da educação pública. Com isso, saíram de um PIB per capita abaixo do brasileiro para um dos mais altos do mundo em menos de duas gerações. O modelo mais recente é o chinês. Muito se fala nos investimentos em infraestrutura, mas pouco se divulga o enorme esforço educacional chinês, do ensino primário aos cursos de doutorado.

Mas o que podemos fazer? Primeiro, conscientizar a população em geral para o verdadeiro desastre que é nossa educação pública. Apenas com o apoio da população poderemos cobrar da classe política as medidas revolucionárias (já amplamente conhecidas dos experts em educação) imprescindíveis para atacar de frente o problema. Em segundo lugar, envolva-se pessoalmente. Educação pública é uma questão por demais relevante para se deixar apenas na mão do Estado. Há inúmeras ONGs de excelência que contribuem para a melhoria do quadro educacional brasileiro (por exemplo, o Instituto Ayrton Senna, a Fundação Bradesco ou mesmo a nossa Parceiros da Educação, para nomear algumas). Participe delas, como voluntário ou mantenedor. Quanto mais envolvido com a realidade da educação pública, mais consciente você estará dos nossos desafios. Precisamos de mais aliados nessa revolução! JAIR RIBEIRO, empresário, é co-coordenador da Associação Parceiros da Educação, ONG que promove a parceria entre escolas públicas e empresários.




FOLHA DE LONDRINA - 03/12/2010 - LONDRINA (PR) 
Aprovação automática e meritocracia 

Parece um contrassenso retirar do ensino público a exigência de desempenho dos alunos

A aprovação automática é uma forma de garantir bons números no setor da educação Como o aluno não fica retido na série, independentemente do quanto aprendeu ou não aprendeu, os indicativos sempre demonstrarão que o setor anda bem das pernas Trata-se de uma verdadeira maquiagem da realidade educacional Sem reprovação, é mais difícil medir a qualidade do trabalho dos professores e equipes pedagógicas das escolas E o sistema gera um efeito colateral Com a certeza de que não serão reprovados, alguns alunos perdem a ''motivação'' para se dedicar aos estudos E fica ainda mais difícil para o professor controlar a indisciplina, uma vez que a carta na manga representada pela ameaça de reprovar o estudante é retirada do corpo docente. Por isso, a educadora Esther Grossi classificou a aprovação automática como um ''desastre'' A declaração foi feita durante entrevista concedida à repórter Érika Gonçalves e publicada ontem por este jornal Para ela, o estudante que vê os colegas de classe aprendendo os conteúdos e não consegue acompanhar passa por um trauma mais grave do que o da própria reprovação.

Outra bandeira defendida pela educadora é a necessidade de ensinar a criança a ler e escrever na idade correta Para isso, desenvolveu uma metodologia cujo objetivo é promover a alfabetização num prazo que varia de três a cinco meses A abrangência é uma provada efetividade do método, uma vez que o projeto Correção de Fluxo Escolar na Alfabetização, mantido pelo Ministério da Educação, está presente em 249 municípios, totalizando 203 mil alunos. Em tempos de debate sobre a importância da meritocracia - que consiste na priorização do desempenho para definir quem deve ocupar determinada posição em cada organização ou governo - parece um contrassenso retirar do ensino público a exigência de desempenho dos alunos Desta forma, o que criamos são estudantes desmotivados e descompromissados E isso com certeza afeta a qualidade de ensino atual e do futuro Qualidade que hoje já está muito abaixo do que é considerada ideal.


FOLHA DE SÃO PAULO - 03/12/2010
 
Educação, um desafio para Dilma 

No ensino fundamental, no curto prazo, são necessárias medidas eficazes de gestão e de pedagogia adequadas à condição dos professores

JOÃO BATISTA ARAUJO E OLIVEIRA

A falta de propostas e debates na campanha eleitoral torna imperativa a reflexão sobre a agenda da educação. Pouco se falou além de construção de creches, escolas técnicas e de genéricas menções à valorização do professor. Embora nossos presidentes nunca tenham manifestado especial interesse pela área, PSDB e PT, partidos dos dois últimos ocupantes do Planalto, sempre a defenderam como sua bandeira. No caso do PT, a situação é mais peculiar. Dos três ministros da pasta no governo Lula, só o atual conseguiu esboçar uma política para educação e, em grande parte, o fez sem a simpatia de parcela significativa do seu partido. Isso sugere que falta visão articulada para a área. E também significa que o primeiro desafio de Dilma Rousseff será definir quem comandará o órgão. Ao novo ministro caberá formular essa agenda, fora de apetites ideológicos, corporativistas ou clientelistas. Não é tarefa fácil. Mesmo que a opção seja pela manutenção de Fernando Haddad, que promoveu avanços importantes, a primeira grande pergunta é sua opinião sobre as propostas em curso, consolidadas sob o nome de Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE).

O primeiro passo da agenda da educação é melhorar o que está aí: o ensino fundamental, o médio e o superior. No fundamental, no curto prazo, são necessárias medidas eficazes de gestão e de pedagogia adequadas à condição dos professores. Se valer a experiência internacional, as soluções propostas no PDE não provocarão as mudanças esperadas. No longo prazo, só há esperança se vingarem políticas para atrair jovens talentosos para o magistério, decisão que deve ser associada a estratégias adequadas de formação, estágio probatório e certificação de professores. Até lá, teremos apenas remendos. No ensino médio, o Brasil insiste numa política equivocada, com o único intuito de preparar para o vestibular; no caso do ensino técnico, a política que vigora privilegia profissões que não existem mais e que são oferecidas por instituições incapazes de se adaptar às novas demandas do mercado.

O preparo dos alunos que chegam ao ensino médio é insuficiente para os desafios próprios desse nível. A única solução conhecida é a diversificação das modalidades desse ensino, como ocorre em quase todos os países desenvolvidos. O ensino superior caracteriza-se pelos excessos: de alunos, de vagas, de deserção, de ineficiência, de regulamentação. O nó górdio reside na desregulamentação: das profissões, dos currículos, dos mecanismos de credenciamento das instituições Todas essas mudanças esbarram nos apetites ideológicos, corporativistas e clientelistas associados à trajetória da educação no país e do próprio MEC. Restam ainda dois problemas a resolver, que, apesar da interface com o ministério, vão além de seus limites.

Um destes se refere à inserção de milhões de jovens desescolarizados e sem formação profissional, para os quais são necessárias políticas que integrem emprego, renda e formação profissional. O outro é a primeira infância. J. Heckman ganhou o Prêmio Nobel de Economia demonstrando que o investimento mais produtivo em recursos humanos está nessa etapa da vida. Política de primeira infância não é sinônimo de creche, muito menos creche que funcione em condição precária. Engloba política de saúde, família, assistência social, emprego, reinserção profissional das mães e cuidados com as crianças, inclusive em creches de alta qualidade. A ambição de uma política de primeira infância deve ser a de assegurar a todas as crianças condições adequadas para atingir o seu potencial, independentemente da renda dos pais. É por aí que se corta o círculo vicioso de reprodução da miséria e se reverte o quadro de iniquidade que caracteriza nossa história. E agora, presidente Dilma?



GAZETA DE CUIABÁ - 03/12/2010 - CUIABÁ (MT)
 
A alfabetização e o construtivismo 

Elias Januário

Caro leitor, neste importante espaço aberto para assuntos educacionais, vamos oportunizar para refletir sobre as teorias e métodos de alguns dos grandes pensadores mundiais da educação, buscando com isso socializar o conhecimento e aprofundar nas teorias educacionais. Hoje vamos falar e conhecer um pouco do trabalho de Emilia Ferreiro, psicolinguista argentina, que desvelou os caminhos pelos quais os estudantes aprendem a ler e a escrever, fazendo seguidores em muitos países dos diferentes continentes. O Brasil foi um dos países fortemente influenciado pelos pensamentos e concepções - particularmente a partir da década de 1980, principalmente em decorrência da obra "Psicogênese da Língua Escrita" - que colocaram em questionamento os métodos de alfabetização até então usados.

Emilia Ferreiro passou então a ser considerada uma referência nacional nas discussões de alfabetização, tendo seu nome vinculado ao construtivismo, área de estudo trabalhada pelo suíço Jean Piaget, no que tange ao processo de aquisição e elaboração de conhecimento pela criança. O trabalho desenvolvido por Emilia Ferreiro, que estudou e trabalhou com Piaget, conduzem ao entendimento de que o aluno tem um papel ativo no aprendizado, ou seja, eles constroem o próprio conhecimento, por isso a palavra construtivismo. Nessa proposta, o foco é alterado, passando da escola, isto é, da alfabetização, do conteúdo ensinado, para a criança que aprende. Com isso a ótica do processo de alfabetização é invertida.

Também a construção do processo de leitura e escrita passa a ter uma perspectiva individual, embora aberta à interação social, na escola ou fora dela. Sendo assim, o estudante passa por fases com avanços e recuos, até que compreenda o código linguístico e passe a dominá-lo. Entre os aspectos estruturantes do construtivismo encontra-se na necessidade de respeitar o tempo e o desenrolar de cada criança, compreendendo que cada uma tem um desempenho diferente da outra e que o mais vagaroso não significa que seja inferior ou menos inteligente. Outra noção básica do construtivismo na alfabetização reside no fato de que o professor deve entender que o aprendizado não é provocado pela escola, mas pela própria mente da criança, fazendo com que ela chegue à sala de aula trazendo uma bagagem de conhecimentos.

Um dos esteios do processo de alfabetização de Emilia Ferreiro reside na recusa ao uso das cartilhas que, segundo ela, o entendimento da função social da escrita deve ser feita com a utilização de textos atuais, livros, histórias, jornais, revistas, entre outros. No entendimento da educadora, as cartilhas proporcionam um universo artificial e desinteressante ao estudante, enquanto na proposta construtivista de ensino o espaço da sala de aula se transforma totalmente, proporcionando um ambiente alfabetizador, onde o ritmo da aula é determinado pelos estudantes. A compreensão da escrita interiormente significa compreender um código social. Desse modo, a alfabetização passa a ser uma forma de se apropriar das funções sociais da escrita. Para os construtivistas, não se aprende aos pedaços, mas por mergulhos em conjuntos, sendo dessa forma na alfabetização muito mais produtivo utilizar textos cotidianos do que seguir uma cartilha.


O ESTADO DE SÃO PAULO - 02/12/2010
Brasil terá prova para avaliar alfabetização de crianças de 8 anos

Educação. Objetivo da avaliação - organizada pelo Movimento Todos Pela Educação, Fundação Cesgranrio, Instituto Montenegro e Inep - é verificar o patamar de alfabetização dos estudantes brasileiros; exame deverá ser aplicado no início do próximo ano

Mariana Mandelli, Felipe Oda / JORNAL DA TARDE

O Brasil terá uma nova prova para avaliar o nível de alfabetização dos alunos do 3.º ano do ensino fundamental - série em que, com 8 anos de idade, deveriam saber ler e escrever. O exame é uma parceria entre o Movimento Todos Pela Educação, a Fundação Cesgranrio, o Instituto Paulo Montenegro (do Ibope) e o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), ligado ao Ministério da Educação. A prova ainda não tem nome oficial, mas é chamada pelos organizadores de "Inafinho", em alusão ao Indicador de Alfabetismo Funcional (Inaf), que mede o nível de alfabetismo funcional da população adulta. O "Inafinho" não deve substituir avaliações já existentes - a ideia surgiu, segundo os organizadores, porque hoje não há um monitoramento público que avalie em que patamar está a alfabetização das crianças dessa faixa etária. A alfabetização até os 8 anos é uma das metas do Todos Pela Educação. A prova deveria ser aplicada até o fim deste ano, mas isso não foi possível pelo prazo apertado e por causa da transição de governos. Ainda não há data definida, mas, segundo o Estado apurou, o "Inafinho" deve ocorrer entre a segunda e a terceira semana de aula de 2011, para as crianças que acabaram de sair do 3.º ano - ou seja, que estão no 4.º. Repetentes também serão incluídos.

Devem participar cerca de 500 turmas de escolas públicas e particulares, de forma amostral - uma média de 5 mil alunos -,apenas de capitais brasileiras. A prova tem 20 questões de português, 20 de matemática e redação. A duração será de 1h30, meia hora para cada parte. Cada aluno deve fazer uma das provas, mas todos fazem a redação. Os resultados devem ser apresentados por regiões. Será a primeira vez que o Brasil terá noção de como caminha a alfabetização de seus alunos, mesmo que em escala pequena. "Estamos em fase de pré-teste, mas a prova está pronta", afirma Priscila Cruz, diretora executiva do Todos Pela Educação.

A Cesgranrio criou o exame e o manual de aplicação. "Vamos também corrigir a redação e analisar os resultados para divulgação", afirma Nilma Fontanive, coordenadora do centro de avaliação da Cesgranrio. Já o Inep cedeu algumas questões (chamadas de itens calibrados) e também a escala do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) para avaliar os resultados do "Inafinho". A aplicação ficará por conta do Instituto Paulo Montenegro, que está arcando também com os custos. "A prova tem uma escala pequena, mas queremos deixar um legado com potencial de ser ampliado", afirma Ana Lúcia Lima, diretora executiva do instituto.

Opiniões. Especialistas em avaliação dividem opiniões sobre o exame. Francisco Soares, da UFMG, apoia, mas diz que os resultados devem ser aplicados à realidade. "Só ter os números não adianta. Precisamos ter expressão pedagógica." Maria Helena Guimarães, ex-presidente do Inep, concorda. "A prova só tem sentido se os governos conseguirem, com ela, resolver déficits de aprendizagem", diz. A diretora geral do Centro de Educação da PUC-SP, Madalena Peixoto, destaca que a prova deve colaborar para resolver dificuldades individuais. "O aluno que for mal tem que receber reforço escolar", afirma. Já a especialista em educação Branca Jurema Ponce afirma que a prova é um instrumento legítimo do governo. "Se for usada como um diagnóstico para melhorar, ótimo. Mas a questão é delicada e o governo ainda receberá críticas caso a adote."

ÍNDICES DA EDUCAÇÃO BÁSICA - Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) Criado em 1990, é aplicado a cada dois anos. É amostral e serve para o sistema público e particular. É composto de prova de português e matemática. Avalia o 5º e 9º ano do ensino fundamental e o 3º ano do médio. Prova Brasil - É complementar ao Saeb. Avalia de forma universal o aprendizado de português e matemática apenas do fundamental - 5º e 9º anos - de escolas públicas. Provinha Brasil - Avalia a alfabetização do 2º ano das escolas públicas. Os resultados são para uso dos professores e não são divulgados. Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) - Agora transformado em vestibular, o Enem surgiu para avaliar o ensino médio brasileiro.


O ESTADO DE SÃO PAULO - 02/12/2010 
Atraso começa já no início da vida escolar

Entre as famílias com renda per capita de até 1/4 do salário mínimo, somente 43,9% dos alunos haviam concluído o 3.º ano no ensino fundamental na idade correta

Mariana Mandelli e Felipe Oda

Os alunos com as menores rendas estão atrasados em relação aos mais ricos já nos primeiros anos da educação básica, e não somente quando concluem essa etapa. Entre as famílias com renda per capita de até ¼ do salário mínimo, somente 43,9% dos alunos haviam concluído o 3.º ano no ensino fundamental na idade correta. Quando se observa as famílias com renda por pessoa superior a cinco salários mínimos, 80,4% das crianças haviam terminado na idade correta. No ano passado, apenas 37,3% dos jovens de 16 anos que fazem parte de famílias com renda per capita de até 1/4 do salário mínimo conseguiram concluir o ensino fundamental. Já entre as famílias que ganham acima de cinco salários mínimos, essa taxa sobre para 96,8% No caso do ensino médio, entre os mais pobres, somente 17,2% concluíram os três anos. Entre os mais ricos, esse número é de 93,6%.

Relatório. Os dados são do relatório De Olho nas Metas, divulgado ontem pelo Movimento Todos Pela Educação. “Temos de observar ainda as grandes diferenças que existem entre os Estados brasileiros, frutos da desigualdade social”, diz Priscila Cruz, diretora executiva da organização. Segundo ela, a educação não está funcionando como uma política compensatória das desigualdades, como deveria ser. Apenas 34,2% dos estudantes aprenderam o que deveriam em língua portuguesa no 5º ano – a meta do Todos Pela Educação era de 36,6%. Em matemática, a meta, de 29,1%, foi atingida por 32,6%. Retrato: 4,3% do Produto Interno Bruto (PIB) é aplicado em educação, sendo que a meta para este ano era de 5%. 14,8% dos alunos do 9º ano do fundamental aprenderam o que deveria em matemática. 11% dos jovens do 3º ano do ensino médio têm o aprendizado em matemática adequado para a série.
 


FOLHA DE SÃO PAULO - 02/12/2010
 
Educação básica só terá nível adequado em 2050, diz ONG

Estudo, divulgado ontem em SP, é do movimento Todos pela Educação. Meta do movimento é que 70% dos alunos tenham nível adequado de conhecimentos para suas séries até 2022
FÁBIO TAKAHASHI DE SÃO PAULO

Mantido o atual ritmo de melhora, a educação básica brasileira- do primeiro ano do ensino fundamental ao terceiro do ensino médio- atingirá um nível de qualidade considerado adequado apenas daqui a 40 anos.
A projeção é apontada por estudo divulgado ontem pela ONG Todos pela Educação. O movimento (formado por empresários, educadores e gestores) fixou como meta para 2022 que 70% dos estudantes tenham conhecimento adequado para a sua série, segundo avaliações federais (Prova Brasil e Saeb).

Pelas projeções dos técnicos, o patamar será atingido apenas em 2050, caso a velocidade de melhoria não aumente. Atualmente, o melhor desempenho aparece no quinto ano do ensino fundamental, em português, no qual 34,2% dos alunos alcançaram a nota esperada. O movimento defende cinco ações para que os objetivos sejam alcançados no tempo esperado. São elas: 1) implementação de currículo nacional (hoje há só diretrizes gerais); 2) valorização do professor (com melhores salários e formação); 3) penalização de gestores que não cumprirem normas ou metas da área; 4) avaliações de aprendizagem com mais informações às escolas; 5) melhores condições dentro da sala de aula. De positivo, o movimento aponta o aumento do investimento na educação básica e a expansão de matrículas de crianças de baixa renda.

OTIMISMO - Presente ao evento, em São Paulo, a secretária da Educação Básica do Ministério da Educação, Maria do Pilar, afirmou que ficou "otimista" com os dados. "Temos mais brasileiros na escola, vamos atingir a meta de matricular todas as crianças de 4 a 17 anos e há melhora em português", disse a secretária. "Mas, diante do tamanho do desafio, estamos apenas começando." Para Pilar, porém, um grande salto na qualidade do ensino depende da melhoria na distribuição de renda.

"As crianças [pobres] têm muitas dificuldades. A escola é importante, mas sozinha não consegue [o avanço]." Para o pesquisador Simon Schwartzmann, é preciso que o aumento do investimento na educação seja maior, para ampliar o números de escolas em tempo integral e melhorar os salários do magistério, para atrair jovens mais bem preparados. A secretária afirmou que em 2010 o programa federal de implementação de escolas em ensino integral beneficiou 10 mil escolas e, em 2011, chegará a 27 mil. O movimento anunciou que prepara para o ano que vem um exame, amostral, para alunos do segundo ano do fundamental, cujos dados poderão ser divulgados. Hoje, o MEC possui uma prova não obrigatória, mas só as escolas conhecem os desempenhos.


FOLHA DE LONDRINA - 02/12/2010 - CURITIBA (PR)
 
'Aprovação automática é um desastre' 

Ver os colegas aprendendo e não acompanhar é um trauma maior que o da reprovação; sistema permite que alunos concluam ensino médio sem saber ler e escrever

Érika Gonçalves - Reportagem Local

O debate sobre a qualidade de ensino, principalmente na escola pública, faz parte da rotina de comunidades escolares, especialistas e governantes Não faltam sugestões sobre o que deve ser feito para melhorar, mas poucas medidas são colocadas em prática Por outro lado, algumas iniciativas são polêmicas e podem até atrapalhar o processo Um exemplo é a aprovação automática, quando o aluno é aprovado independentemente de ter aprendido o conteúdo Esther Grossi, educadora e mestre pela Universidade de Sorbonne, em Paris, na França, classifica o método como um ''desastre'' Ex-aluna do pedagogo Jean Piaget, ela desenvolveu um método de alfabetização rápido, adotado em várias escolas para correção de fluxo escolar. Segundo ela, um problema é a nomeação de profissionais não especializados para o cargo de secretário da educação, nas diferentes esferas de poder E a pedagoga adverte, ainda, que a obrigação de ensinar é da escola ''Esse recurso de apelar para que os pais ajudem, em geral, é contraproducente, porque o pai não é bom professor para o próprio filho'', defende.

Como funciona o projeto de alfabetização em três meses?
Nós temos falado mais na alfabetização em poucos meses No projeto que estamos orientando estabelecemos o mínimo de três e o máximo de cinco meses O que é importante é que essa metodologia parte do que o aluno sabe sobre ler e escrever, as ideias que o aluno tem sobre a escrita Uma das grandes diferenças é que eu não chego e dou aula Primeiro vou saber o que o aluno está pensando.

Em quais estados o projeto já está em andamento?
Em todos os estados brasileiros, em um projeto chamado Correção de Fluxo Escolar na Alfabetização, do Ministério da Educação, em 249 municípios, totalizando 203 mil alunos.

A metodologia é aplicável somente para crianças e adolescentes ou também pode ser usada com adultos?
Também pode ser usada com adultos, mas o grande esforço é com crianças porque achamos que precisamos cortar o mal pela raiz, alfabetizar quando é criança para depois não ter que corrigir Esse trabalho do Ministério é de correção de fluxo, ou seja, alunos com mais de 8 anos que estão na escola e não sabem ler e escrever Por incrível que pareça, em alguns lugares estamos trabalhando com alunos da nona série, de 16 anos, 18 anos, que não sabem ler.

A aprovação automática é uma das causas desse problema?
Essa aprovação é um desastre Tenho até um livro - ''Como areia no alicerce'' - no qual analiso o equívoco de fazer uma promoção automática quando o aluno não aprendeu aquilo que era esperado Não é porque ele recebe um boletim mostrando que foi reprovado que fica traumatizado Ele já está traumatizado porque passou o ano todo sem aprender e os colegas dele aprenderam.

Por que alguns governos insistem em manter esse método?
Há muitos governos que estão voltando atrás Nas secretarias de educação dos municípios e dos estados há uma ausência de conhecimento Deixar para o ano seguinte ou para os outros anos é pior, aí que ele (aluno) não aprende mesmo Nós temos hoje no Brasil 50 milhões de analfabetos São 35 milhões de analfabetos funcionais e 15 milhões de analfabetos totais.

A senhora acredita que esse panorama tem solução?
Solução tem, só que não pode ser nos métodos convencionais Tem que haver uma mudança na maneira de ensinar, à luz do que há de mais moderno, que são essas novas elaborações pós-construtivismo. Quando se fala em melhorar a escola pública sempre se destaca a necessidade de mais recursos e a importância da participação da comunidade Mas são poucos os lugares onde se coloca isso
em prática.

A
senhora acredita que realmente esse seja o caminho?
Sobre a questão da sociedade, na verdade, a escola tem uma competência específica Quem tem que ensinar na escola são os professores Esse recurso de apelar para que os pais ajudem, em geral, é contraproducente, porque o pai não é bom professor para o próprio filho É como você chamar um técnico para consertar sua geladeira e ele pedir que você, que é a dona, diga o que a geladeira tem E depois do diagnóstico, ainda diga o que deve ser feito Não, cada um na sua competência Ensinar é competência de um profissional E é por aí que temos que enfatizar que a escola cumpra com a sua obrigação, que é a de ensinar.

Tem que ter metas na escola, no primeiro ano vai aprender esse conteúdo, no segundo aquele outro Essa aprovação automática é uma catástrofe, porque realmente se faz de conta que esses alunos aprenderam e depois encontramos alunos analfabetos até na oitava série Como um aluno vai aprender ciências, história, geografia, matemática sem saber ler e escrever? O importante é que existem estudos muito promissores sobre como o aluno aprende, só que esse estudos ainda são restritos, porque são novos Mas a gente percebe que já há uma abertura Se existe algo que preocupa uma família é um filho que não aprende Outra coisa importante nessa nova metologia é a descoberta de que todos podem aprender Isso é revolucionário demais.


ESTADO DE MINAS - 02/12/2010 - BELO HORIZONTE (MG)

Matemática multiplica desafios de estudantes

Glória Tupinambás

Estudantes brasileiros em geral e mineiros em particular precisam de recuperação urgente quando o assunto é desempenho em matemática no ensino médio. Pesquisa divulgada ontem pelo movimento Todos pela Educação revela que mais de oito em cada 10 estudantes de Minas (84,8%) chegam ao último ano da educação básica com domínio dos números e contas abaixo do recomendável. Na rede pública de ensino, o cenário é ainda mais preocupante: 90,4% dos alunos que concluem o ensino médio estão abaixo das metas. Os números de Minas seguem a tendência do Brasil, que enfrenta uma realidade desafiadora. Nenhum estado atingiu as metas de aprendizagem em português e matemática para todos os níveis de ensino. No caso da matemática do 3º ano do ensino médio, 89% dos jovens do país estão abaixo da média esperada.

Os dados fazem parte de relatório do movimento Todos pela Educação, que criou cinco metas de acesso e qualidade no Brasil e acompanha os resultados periodicamente. Entre os indicadores analisados estão o acesso de crianças e adolescentes de 4 a 17 anos à escola, alfabetização até 8 anos de idade, aprendizado adequado à série, conclusão dos estudos na idade correta e financiamento público da educação. Uma das metas estabelece que, até 2022, pelo menos 70% dos estudantes deverão aprender o que é essencial para a sua série. Mas a entidade alerta: se o Brasil mantiver o ritmo atual, essa meta só será atingida em 2050.

O pior é que as metas sequer são muito ousadas. No caso da aprendizagem em português e matemática, o Todos pela Educação considera aceitável um desempenho de 60% nas avaliações do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), aplicado a cada dois anos pelo governo federal em escolas públicas e particulares. De acordo com esses patamares, a pesquisa divulgada ontem revela que o Brasil não atingiu os objetivos estabelecidos para o português apenas nos anos iniciais do ensino fundamental. No caso da matemática, o país ainda deixa a desejar nas séries finais do nível fundamental e no 3º ano do ensino médio.

Nas salas de aula, estudantes fazem coro à pesquisa e muitos apelidam a matemática de “bicho de sete cabeças”. David Felipe dos Reis, de 19 anos, que concluiu o ensino médio na rede pública no ano passado, faz parte do time dos que sofrem com as dificuldades no aprendizado das fórmulas e equações no ensino médio e agora enfrenta as consequências na disputa por uma vaga de agronomia em universidades. “Matemática é meu tormento. Cheguei a pegar recuperação no início do ensino médio. Quando saí da escola, achei que tinha um conhecimento bom, mas, na hora do vestibular, eu vi que não estou nada bem”, lamenta. Bárbara da Gama, de 19, também enumera os problemas. “Nunca gostei de matemática e, por isso, acho que nunca me interessei em aprender muito. O pior é que o mau desempenho na matéria se transforma numa bola de neve e prejudica outras disciplinas que dependem de cálculos, como a física e a química.”

Segundo o conselheiro do Todos pela Educação Mozart Neves Ramos, integrante do Conselho Nacional de Educação (CNE), o ensino médio merece atenção especial por ser o elo entre o ensino básico, as universidades e o mercado de trabalho. “Falta uma identidade a essa etapa da educação no Brasil. O currículo escolar não é atraente, o jovem não encontra uma escola que caiba na sua vida e faltam professores capacitados. Minas é um retrato do país, ambos com um ensino médio estagnado e com qualidade muito baixa”, explica Mozart. Entre as possíveis soluções para o problema, ele aponta investimentos na escola em tempo integral, inovações na grade de disciplinas oferecidas e valorização dos profissionais da educação.

RECURSOS Outro dado interessante da pesquisa diz respeito aos investimentos e gestão de recursos na área da educação. Minas gastou R$ 2.445 por aluno da educação básica, em 2009, valor abaixo da média nacional (R$ 2.948). O montante faz do estado o 13º em despesas com o ensino, atrás do Distrito Federal, com R$ 4.834 aplicados per capita, Roraima, Amapá, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Acre e Amapá, entre outros. Mas um ponto curioso é que, apesar de investir menos, os mineiros atingiram, nas avaliações, desempenho semelhante ao do Distrito Federal. “Minas investe quase a metade do DF, mas faz melhor gestão dos recursos. O estado faz um trabalho exemplar na alfabetização, mas ainda precisa vencer o desafio de aproveitar os ganhos na base para garantir resultados sustentáveis ao longo de toda a educação básica”, conclui Mozart. A Secretaria de Estado de Educação (SEE) informou que o orçamento da pasta é composto por pelo menos 25% da arrecadação de Minas e que o estado não recebe complementação de verbas do governo federal. Para comentar o resultado das avaliações de desempenho, a SEE indicou a diretora do Centro de Políticas Públicas e Avaliação da Educação (Caed) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Lina Kátia Mesquita, mas a especialista não foi localizada pelo Estado de Minas.


ESTADO DE MINAS - 02/12/2010 - BELO HORIZONTE (MG)
 
Vai mal o ensino médio

Pesquisa revela que alunos não aprendem o essencial das séries cursadas

A escassez de professores de matemática para o ensino médio tende a se agravar nos próximos anos e esse é apenas mais um dos problemas que não podem mais deixar de ser enfrentados se o país pretende levar a sério a prioridade que precisa dar à qualidade da educação. Não é de hoje que se sabe do verdadeiro gargalo que vem se formando na faixa que vai do quinto ao nono ano do ensino fundamental. Ponto de passagem entre o ensino básico, o profissionalizante e o universitário, essa fase do processo educativo brasileiro é crucial e pode influir decisivamente nos avanços a serem obtidos nas etapas seguintes e também na competitividade do futuro adulto nos mercados de trabalho mais sofisticados. Relatório divulgado ontem pelo Movimento Todos pela Educação a respeito do nível de aprendizagem naquelas séries é pouco animador, principalmente quanto à absorção de conhecimentos de matemática.

A entidade criou metas de qualidade a serem perseguidas pela educação no Brasil até 2022, quando pelo menos 70% de todos os alunos do país deverão ter aprendido o essencial para sua série em cada matéria. O prazo é longo e, a rigor, é absurdo que essa proporção já não seja a de praxe em nossas escolas. Como a conquista do patamar projetado deve avançar um pouco a cada ano, os resultados projetados para 2009 (base da atual pesquisa) foram apenas parcialmente alcançados pelos alunos do quinto ano, mas revelaram que há muito trabalho a fazer com os do nono. Em português, os alunos do quinto ano ficaram abaixo do esperado, já que apenas 34,2% aprenderam o que deveriam, para uma meta de 36,6%.

Em matemática, os alunos dessa série mostraram bom desempenho, já que 32,6% atingiram o resultado indicado, superando a meta de 29,1%. O sinal de alerta mais urgente foi acionado pelos resultados do ensino de matemática no nono ano. Só 14,8% aprenderam o essencial da série que cursaram, desempenho bem abaixo dos 17,9% projetados pela entidade. Na escola pública, esse resultado é ainda mais preocupante, já que não alcançou menos da metade do projetado. Já em português, a meta de 24,7% foi superada. Se esses números são preocupantes, piores ainda foram os do ensino médio. É verdade que as metas de português (26,3%) foram batidas. Mas só11% aprenderam o que deveriam em matemática e, na escola pública, a situação é pior, já que o percentual não passou de 5,8%. O mais grave é que a meta era modesta, de apenas 14,3%. Não há atestado mais veemente de que algo precisa ser feito, sob pena de aumentar a perda de competitividade econômica do país, por falta de gente em condições de se qualificar para o trabalho.

Os dados do universo estudantil brasileiro parecem indicar que o problema não está mais centrado na falta de escolas e, sim, na qualidade do ensino. Especialistas alertam para a baixa atratividade da profissão de professor e para a falta de envolvimento dos adolescentes com currículos pouco atraentes. A esta altura, é perda de tempo procurar culpados e trocar acusações. É urgente repensar a questão da qualidade da educação em geral, particularmente do ensino médio, pois o que está em jogo é mais do que disputas de palanque.


GAZETA DE CUIABÁ - 02/12/2010 - CUIABÁ (MT)
 
Educação, caminho do progresso

Editorial

Formação profissional como consequência do ensino superior é o sonho de todos os estudantes. Independentemente da classe social é unânime o desejo de ingressar em uma faculdade, principalmente se ela for gratuita. Porém, no Brasil, a graduação universitária não é acessada por todos (como já sabemos) e vários motivos contribuem com as estatísticas aquém do ideal. Trabalho precoce na vida do estudante e falta de estrutura nas escolas de nível básico e médio são itens que muitas vezes desmotivam os jovens e atrasam o ingresso na universidade. Estudo divulgado recentemente pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) a partir de dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad/IBGE) mostra que em 2009, apenas 14,4% da população de 18 a 24 anos, justamente a faixa etária esperada para o ingresso à educação superior, estavam matriculados nesta etapa de ensino. De acordo com o estudo, este fato é decorrente dos entraves observados no fluxo escolar do ensino fundamental e médio, que tem elevada evasão e baixa taxa média esperada de conclusão.
O fato de ter que trabalhar fora para ajudar a complementar a renda da família constitui-se em um dos principais fatores para o atraso na vida escolar e até mesmo para a evasão escolar do estudante brasileiro. Muitos jovens começam a trabalhar aos 16 anos e passam a acumular atividades, colocando os estudos em segundo plano, exatamente o contrário do que se deve fazer para ter um futuro profissional promissor. Essa situação leva o estudante a terminar o ensino médio com idade superior a 17 anos, ingressando na universidade com atraso. O estudo do Ipea aponta ainda que o atraso difere de uma região para outra no país e também conforme a cor da pele. Enquanto que na região Sul 19% dos jovens na faixa etária analisada (17 a 24 anos) estavam frequentando o ensino médio em 2009, na região Nordeste o percentual era inferior a 10%.

Dependendo da localidade onde esses estudantes moram a diferença é ainda mais acentuada. Entre os jovens da zona rural, apenas 4,3% tinham acesso a cursos superiores no ano passado, contra 18,2% da população que vive na cidade. Já na comparação entre negros e brancos, a taxa era de 8,3% e 21,3%, respectivamente. Para tentar reduzir o número de jovens fora da escola, em séries inferiores em relação à idade e até mesmo para trazer de volta ao ambiente escolar quem havia abandonado os estudos, o governo federal implantou a Educação de Jovens e Adultos (EJA) para estimular jovens e adultos a frequentar a escola. Esta é uma iniciativa válida, porém, ainda há muito a se fazer para mudar a educação no Brasil, que precisa de escolas mais bem estruturadas, maior número de salas de aula e professores preparados. Pois só assim o país poderá usufruir do desenvolvimento pautado na educação e formação profissional.


GAZETA DO POVO - 02/12/2010 - CURITIBA (PR)
 
A opção democrática da educação

Muitos educadores defendem que a educação, por ser um direito de todos, deve ser pública e gratuita para todos

Ademar Batista Pereira

A iniciativa privada da escola particular brasileira é livre por força constitucional. No Brasil, as suas atividades tiveram início junto ao descobrimento do país. Os jesuítas fundaram e mantiveram as primeiras escolas sem nenhuma ligação com o Estado. Por vários séculos, a opção de educação formal esteve relacionada às diversas congregações religiosas, ou era puramente particular, ou seja, para quem podia pagar. Há pouco mais de um século, o Estado assumiu que a educação era um direito de todos e, portanto, deveria ser uma obrigação do poder público dar educação para todos, independentemente de classe social, poder aquisitivo, raça ou vinculação religiosa. Nos últimos anos, muito vem se discutindo sobre a qualidade da educação pública e muitos educadores, especialmente os ligados aos movimentos sociais, defendem que a educação, por ser um direito de todos, deve ser pública e gratuita para todos. Defendem, ainda, que a escola particular deve ser concessão do Estado, assim como rádio, emissoras de televisão, transporte público etc.

Vejo nessa tentativa um grande risco para a sociedade, pois à medida que a escola particular estiver vinculada ao Estado, perderemos a liberdade que as famílias ou comunidades têm em montar escolas para educar suas crianças. Essa posição vai contra a diversidade religiosa e cultural do Brasil. No atual modelo da escola particular, vigente desde a Constituição de 1988 e a Lei de Diretrizes e Base da educação (LDB) de 1996, a sociedade tem autonomia para montar, manter e estruturar uma escola que atenda a suas necessidades. As famílias também podem optar entre a escola igual para todos, a do Estado, ou uma escola particular que tenha seus valores sociais e/ou religiosos, de acordo com suas necessidades e princípios. Por isso democraticamente existem opções de escolas particulares para atender as diversas classes sociais, com serviços e mensalidades diferenciadas. A escola particular tem prestado um grande serviço ao Brasil, atuando da educação infantil à pós-graduação nas diversas áreas de conhecimento humano, além dos cursos profissionalizantes, de idiomas e escolas bilíngues. É verdade que a escola particular é paga, mas as famílias continuam tendo a opção de escolha: podem usar a do Estado, sem pagar diretamente, ou procurar uma opção particular. Se comparado com a escola pública, os resultados da escola particular são superiores, tanto na aprendizagem formal como o desenvolvimento das habilidades necessárias para a vida em sociedade. Isso se dá por duas razões: pela maior participação dos pais e responsáveis na vida escolar dos filhos, e pela escola, que transforma o valor investido em qualidade da educação.


O ESTADO DE SÃO PAULO - 01/12/2010
 
Dezesseis Estados não têm plano de educação 

Falta de planejamento prejudica investimentos na área, alertam especialistas

Mariana Mandell

Dos 26 Estados brasileiros mais o Distrito Federal, 16 não têm plano estadual de educação, que é previsto por lei. Isso significa que eles não apresentam um conjunto de metas que direcionem as políticas públicas na área por até uma década, o que, segundo especialistas, pode dificultar investimentos para a solução de problemas estruturais. O levantamento, realizado pelo Observatório da Educação, da organização não-governamental Ação Educativa, mostra que Acre, Amapá, Bahia, Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Maranhão, Minas Gerais, Paraná, Piauí, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Rondônia, Roraima, Santa Catarina, São Paulo e Sergipe não têm planos consolidados como lei e aprovados pelas respectivas assembleias. De acordo com a lei que cria o Plano Nacional de Educação (PNE), de 2001, todos os Estados devem elaborar seus planos com base no federal. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), de 1996, também prevê a criação de planejamentos estaduais na área.

Alguns dos Estados que não têm planos apresentam documentos internos de metas ou conjuntos de diretrizes, mas que não foram transformados em lei. É o caso do Acre, Bahia, Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo e Sergipe. Já o Amapá realizou, em abril, uma conferência para elaborar as diretrizes, que serão enviadas para aprovação. O Maranhão afirma ter finalizado seu plano em 2008, mas a troca de governo atrapalhou o encaminhamento. Há outras situações: o Paraná chegou a ter um projeto de lei, que não foi aprovado; Piauí afirma que está elaborando o seu; Rio Grande do Sul arquivou o documento e o de Santa Catarina, de acordo com o estudo, nunca foi enviado à assembleia. Já no caso de Roraima, a pesquisa aponta que o plano não teria sido aprovado pelo conselho estadual. Minas Gerais, Rondônia e São Paulo têm projetos prontos – o plano mineiro está tramitando; o rondoniense vai ser encaminhado e, o paulista, de acordo com a secretaria, está nas mãos do conselho estadual.

Para a atual presidente do Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed) e secretária estadual do Acre, Maria Corrêa da Silva, o fato de um Estado não ter aprovado um plano não significa que ele não tenha planejamento. “Há toda uma lógica de discussão, tramitação que atrapalha. Certamente cada Estado tem seu plano e razões específicas para não terem aprovado.” Controle. O Ministério da Educação não pune os Estados que não tem planos. A Secretaria de Educação Básica do MEC, por meio de sua diretoria de fortalecimento institucional e gestão educacional, orienta que eles esperem a aprovação do novo Plano Nacional de Educação, que deve trazer novas metas e exigirá adequações dos estaduais.

O MEC defende que a elaboração do plano seja democrática, refletindo, assim, uma política de estado e não de governo. Segundo a pasta, uma das grandes dificuldades é, portanto, transformar o planejamento estratégico de metas em lei. O atual PNE vence no fim deste ano – ele durou 10 anos. O MEC deve apresentar o novo plano, que deve vigorar pela próxima década, até o fim do mês de dezembro. É ele quem vai guiar as políticas públicas do País na área de educação. Necessidade. Especialistas em educação criticam a ausência de planos nos Estados. “O plano representa a ideia de onde se quer chegar, orientando a prática dos mais diferentes sistemas de ensino”, explica Rubens Barbosa, professor da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP).

“Sem ele, é complicado cada parte do sistema ter noção de sua responsabilidade em todo o processo.” Segundo o educador, no caso de São Paulo, não foram feitos muitos esforços para a consolidação do plano. “Em São Paulo, não se teve uma real intenção de se pensar numa educação planejada”, opina. Para o professor César Augusto Minto, especialista em educação da USP, os Estados não enxergam a importância do plano. “É ele quem dar um diagnóstico lúcido para o poder público de como será possível resolver problemas”, explica. “Mas, normalmente, os governos não gostam de planos, porque eles dão meios da sociedade cobrar o que deveria estar sendo feito. Falta criar essa tradição nos Estados.”

Já o professor Carlos Cury, da UFMG e da PUC-MG, destaca que alguns trechos das leis que obrigam a criação dos planos são vagos. “Eles não se expressam com a clareza que deveriam. A formulação é correta, mas não força interativa entre municípios, Estados e União.” PARA ENTENDER - 1.O que são os planos estaduais de educação? Os planos são conjuntos de metas aprovadas e transformadas em lei, que têm como objetivo orientar as políticas públicas na área, como investimentos, melhora em índices e criação de programas específicos de um Estado. 2.Como são criados? Normalmente, os planos nascem a partir de conferências abertas com a sociedade civil, entidades do setor e o poder público. São construídas metas que, depois de consolidadas, devem ser aprovadas e transformadas em lei.


O ESTADO DE SÃO PAULO - 01/12/2010
 
Relatório aponta baixo aprendizado de alunos do 5º ano em português e do 9º ano em matemática

Estudo
foi divulgado nesta quarta-feira pelo Movimento Todos Pela Educação

Estadão.edu, com Agência Brasil

Apenas um em cada três alunos do 5º ano do ensino fundamental sabe português e matemática de acordo com o esperado para a série. Entre os estudantes do 9º ano do fundamental, 26,3% sabem ler e escrever e 14,8% dominam matemática conforme o adequado para a série. As informações constam de relatório do Movimento Todos Pela Educação divulgado nesta quarta-feira, 1º de dezembro. A entidade criou cinco metas de acesso e qualidade da educação no Brasil e acompanha os resultados periodicamente. Uma das metas estabelece que, até 2022, pelo menos 70% dos alunos deverão aprender o que é essencial para a sua série.

Os patamares estipulados para 2009 foram parcialmente cumpridos. Os resultados em língua portuguesa dos alunos do 5º ano ficaram abaixo do esperado: apenas 34,2% aprenderam o que deveriam, enquanto a meta era chegar a 36,6%. Em matemática, 32,6% dos estudantes atingiram o resultado indicado, superando os 29,1% estipulados. Para os alunos do 9º ano do ensino fundamental, o cenário é inverso: a meta de português foi atingida, mas a de matemática não. Apenas 14,8% dos estudantes aprenderam o esperado para a série que cursavam – abaixo dos 17,9% estipulados pela entidade. Em língua portuguesa, 26,3% atingiram a pontuação adequada, superando a meta de 24,7%. No ensino médio, 28,9% obtiveram o resultado esperado em língua portuguesa (a meta era 26,3%) e só 11% alcançaram o aprendizado adequado para a etapa em matemática (a meta era 14,3%).

Centro-Oeste - A diretora executiva do Todos Pela Educação, Priscila Cruz, classifica como "central" a meta "Todo aluno com aprendizado adequado à sua série". "O ciclo 1 do ensino fundamental - do 1º ao 5º ano - está mais bem resolvido, ainda que distante dos 100%", diz. Priscila destaca o trabalho dos Estados da Região Centro-Oeste "Eles fizeram a lição de casa para o cumprimento das metas do ensino fundamental." No ciclo 1, o estipulado pelo movimento para 2009 era que 38,8% das crianças do Centro-Oeste soubessem ler e escrever - a Região atingiu 40,2% - e 30,6% dominassem o conteúdo de matemática esperado para o 5º ano - o número constatado foi de 36,2%. No ciclo 2, o movimento determinou como meta para a Região que 23,6% dos alunos soubessem matemática de acordo com o esperado para o 9º ano. Os Estados atingiram uma média de 27,8%. Em matemática, a meta era de 16%, mas o Centro-Oeste alcançou 15,6%.

Qualidade - Para o sociólogo Simon Schwartzman, pesquisador do Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade (IETS), enfrentar o problema da qualidade da educação demanda mais investimentos públicos e o desmonte da "caixa preta que é a educação pré-escolar". Ainda segundo ele, alfabetizar plenamente todas as crianças até os 8 anos de idade é um "problema crucial", assim como a reforma dos currículos escolares. "Não podemos continuar com um currículo tão aberto, e isso está ligado diretamente à formação dos professores, que são mal pagos e desvalorizados. Aí entra outra questão: como está o ensino nas faculdades de Educação", questiona o ex-presidente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Relatório - O estudo do Todos Pela Educação também traz análises sobre o acesso da população de 4 a 17 anos à escola, a alfabetização das crianças até os 8 anos de idade, a conclusão do ensino médio até os 19 anos e os investimentos públicos em educação. No ano passado, uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) ampliou a obrigatoriedade do ensino no País. Antes, apenas o ensino fundamental era compulsório – dos 6 aos 14 anos. Até 2016, o País terá de incluir todas as pessoas de 4 anos a 17 anos na escola, desde a pré-escola até o ensino médio. O atendimento está próximo de ser universalizado na faixa de 6 a 14 anos de idade (99,7%). Porém, considerando a população de 4 a 17 anos, o acesso cai para 91,9%. A maior cobertura está na Região Sudeste (93,5%) e a menor, na Sul (89,5%).


O ESTADO DE SÃO PAULO - 01/12/2010
Em 11 anos, dobra taxa de conclusão do ensino médio de jovens de 19 anos 

Relatório do Todos Pela Educação aponta relação direta entre renda familiar e escolarização

Estadão.edu


A quantidade de jovens brasileiros que completam o ensino médio aos 19 anos praticamente dobrou no período entre 1999 e 2009. Nesse intervalo de tempo, a taxa de conclusão subiu de 25,4% para 50,2% - crescimento de 97,6%. Os dados, da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), foram compilados em um relatório do Movimento Todos Pela Educação divulgado nesta quarta-feira, 1º de dezembro. Segundo uma das cinco metas do Todos Pela Educação, até 2022, 90% dos jovens brasileiros de 19 anos deverão ter concluído o ensino médio. O estipulado para o ano passado era que 46,5% terminasse essa fase. A Região Sul registrou a maior taxa de conclusão em 2009 - 60,5% - enquanto 36,6% dos jovens de 19 anos da Região Norte terminaram o ensino médio.

Todos os Estados alcançaram as metas intermediárias de conclusão nesta idade. A maioria, porém, está no chamado "intervalo de confiança". As unidades federativas que superaram suas metas foram Alagoas, Bahia, Distrito Federal, Pará, Pernambuco, Santa Catarina e Tocantins. O relatório destaca a relação entre a taxa de conclusão e a classe social dos estudantes. Apenas 17,2% dos jovens de 19 anos de famílias com renda de até um quarto de salário mínimo concluíram o ensino médio em 2009. Já nas famílias com renda per capita superior a cinco salários mínimos, a taxa foi de R$ 93,6%.


O ESTADO DE SÃO PAULO - 01/12/2010
DF é a unidade da federação que mais investe por aluno ao ano, aponta relatório sobre educação 

No outro extremo, Bahia, Paraíba e Amazonas têm os menores valores por aluno

Estadão.edu, com Agência Brasil


O Distrito Federal é a Unidade da Federação que mais investe recursos públicos por aluno da educação básica ao ano: R$ 4.834,43. Roraima aparece em seguida, com R$ 4.365,37 gastos anualmente por estudante. Os dados fazem parte de relatório do Movimento Todos pela Educação divulgado nesta quarta-feira, 1º de dezembro. A entidade criou cinco metas de acesso e qualidade da educação no Brasil e acompanha os resultados periodicamente. A meta 5 refere-se ao investimento público na educação básica. A entidade defende que o País aplique pelo menos 5% do Produto Interno Bruto (PIB) na área, patamar que deve ser atingido até 2022. Os dados mostram que em 2009 o País aplicou 4,3% do PIB no setor - em 2000, eram 3,2%.

Segundo o professor da Escola de Pós-Graduação em Economia da Fundação Getúlio Vargas no Rio Samuel Pessoa, caso seja mantido o ritmo de crescimento no investimento em educação, o País atingirá a meta em três anos. "Nossa preocupação deve ser criarmecanismos para melhorar a governança dos recursos públicos e estabelecer uma relação em que 'X' de gasto redunde em 'X' de desempenho", diz. Os recursos públicos investidos em cada estudante cresceram nos últimos anos, mas ainda variam muito de acordo com a Unidade da Federação: 12 Estados investem menos do que a média nacional – R$ 2.948 ao ano por aluno.

De acordo com o relatório, o gasto educacional por aluno não tem relação com a Região do País ou com a renda média da população do Estado. Rio Grande do Sul, por exemplo, que tem renda média de R$ 774, investiu R$ 2.369,02 por aluno em 2009. Já Roraima, com renda média de R$ 553, aplicou R$ 2.410,95 por estudante, no mesmo ano. Se o Distrito Federal e Roraima lideram a lista dos que mais investem, na outra ponta, Bahia, Paraíba e Amazonas apresentam os menores valores por aluno: R$ 1.766,94; R$ 1.802,39 e R$ 1.868,07, respectivamente. O estudo do Todos Pela Educação também traz análises sobre o acesso da população de 4 a 17 anos à escola, a alfabetização das crianças até 8 anos de idade, o aprendizado adequado dos alunos por série e a conclusão do ensino médio até 19 anos.

Razão - Para cada R$ 1,00 aplicado na educação básica em 2009, o ensino superior recebeu R$ 5,20. Em 2000, essa razão era de R$ 11,1 investidos no ensino superior para cada R$ 1,00 destinado à educação básica. "Os investimentos ficaram mais equilibrados", diz a diretora executiva do Todos Pela Educação, Priscila Cruz. Os valores são baseados em estimativas do investimento público direto em educação por estudante com os valores corrigidos para 2008 pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Em 2000, as três esferas de governo destinaram R$ 1.448 para cada aluno da educação básica e R$ 16.002 para cada estudante do ensino superior. Em 2009, esses números foram de R$ 2.948 e R$ 15.452, respectivamente.


O ESTADO DE SÃO PAULO - 01/12/2010

'Situação é reflexo da pequena mobilização social', diz membro do CNE

ANÁLISE - MOZART NEVES RAMOS

Mariana Mandelli

O baixo número de Planos Estaduais de Educação (PEEs) reflete a pouca importância que os Estados deram ao PNE. Pelo visto, nada acontecerá a esses Estados que não cumpriram o dever legal. Além disso, dos dez PEE elaborados, cinco foram efetivados apenas de 2008 para cá. Outros estudos mostram que um número significativo dos municípios também não cumpriu esse dever tão estratégico para as políticas públicas educacionais. É apenas um retrato da atenção que nossos governantes dão para a educação. A ausência de PEEs é reflexo da pequena mobilização social que o atual PNE provocou. E não seria de outra forma, uma vez que o plano conta com 295 metas, muitas das quais sem indicadores adequados para mensuração. Sem falar nos recursos que não foram alocados para a sua execução: esperava-se que 7% do PIB fossem destinados à educação; hoje o Brasil atingiu 5% do PIB de investimento no setor, após o PNE ter completado dez anos de vigência. Felizmente, o novo PNE, que vigorará de 2011 a 2020, deve ser composto de poucas metas, mensuráveis e com recursos previstos para a sua execução, conforme assegura o ministro Fernando Haddad. Espera-se que até 2014 o País destine 7% de seu PIB para a Educação. É preciso agora que Estados e municípios façam seu dever de casa. Ao mesmo tempo, espera-se que a sociedade cobre dos governantes o cumprimento dessas metas.


CORREIO BRAZILIENSE - 01/12/2010 - BRASÍLIA (DF)

Professor deve ser estimulado para melhorar ensino, defende Movimento Todos Pela Educação
 

Agência Brasil

Um conjunto de cinco propostas de atuação na área educacional foi apresentado hoje (1º) pela diretora executiva do Movimento Todos Pela Educação, Priscila Cruz, como essenciais para que o Brasil atinja um grau de excelência no setor, em 2022. São elas: currículo nacional; valorização dos professores por meio de formação adequada voltada tanto para atrair mais os jovens no aprendizado quanto para oferecer ascensão profissional aos educadores; fortalecimento do papel das avaliações com o uso das informações detectadas nos testes de avaliação para nortear as políticas públicas; responsabilização dos gestores em situação de baixo desempenho dos alunos; e melhora das condições para a aprendizagem, que prevê o reforço de aulas. Para Priscila Cruz, essas medidas deveriam ser adotadas, paralelamente, às cinco metas defendidas pelo movimento: toda criança e adolescente de 4 a 17 anos na escola; toda criança plenamente alfabetizada até os 8 anos; todo aluno com aprendizado adequado à sua série; todo jovem com o ensino médio concluído até os 19 anos; e investimento em educação ampliado e bem gerido.

“Se a gente quiser mudar o país tem de fechar a torneira do analfabetismo, tem, de alguma maneira, buscar fazer com que os indicadores sejam aplicados, disse Mozart Neves Ramos, membro do Conselho de Governança do Movimento Todos Pela Educação, ao informar que a entidade tem procurado sensibilizar o Ministério da Educação (MEC) para se atingir esses objetivos. Ele também defendeu que o ensino de ciências, por exemplo, deveria vir acompanhado de uma metodologia capaz de despertar no aluno a importância do aprendizado para a sua vida prática. Na avaliação Mozart, faltam professores com formação adequada porque há desinteresse pelas licenciaturas.”Muitos ingressam [em cursos superiores] com muitas deficiências do ensino médio”, disse, complementando que os que conseguem a habilitação optam por caminhos mais vantajosos economicamente.


CORREIO BRAZILIENSE - 01/12/2010 - BRASÍLIA (DF)

Pobreza dificulta aprendizado das crianças, diz secretária de Ensino Básico do MEC

Agência Brasil

O Brasil precisa continuar investindo na erradicação da pobreza para acabar com as desigualdades sociais e obter melhoria na qualidade do ensino, disse hoje (1/12), em São Paulo, a secretária de Educação Básica do Ministério da Educação ( MEC), Maria do Pilar Lacerda. Na avaliação da secretária, o fato de haver no país baixa aprendizagem de matérias como português e matemática está associada à condição de vida da maioria das crianças de 6 a 14 anos, embora sejam oferecidas a esses alunos vagas na rede pública de ensino. Além do impacto da renda, ela atribui o baixo desempenho à falta de formação dos pais. “Temos, praticamente, todas as crianças de 6 a 14 anos na escola, mas filhas de pais que não tiveram o direito à educação”, disse Maria do Pilar. Segundo ela, o país tem 40 milhões de brasileiros sem qualquer formação acadêmica, cujos filhos estão estudando. Apesar disso, a secretária mostrou otimismo quanto às mudanças que poderão ocorrer no futuro. Ela acredita que as novas gerações, com a melhoria de renda e o maior acesso ao ensino, estarão mais preparadas para ajudar na educação dos filhos. “A pobreza é um grande dificultador da vida escolar das crianças”, enfatizou a secretária, após participar da divulgação, em São Paulo do relatório De Olho nas Metas, que analisa a evolução do sistema educacional brasileiro. Esse é o terceiro relatório De Olho nas Metas, elaborado pela organização não governamental (ONG) Todos pela Educação em parceria com o MEC.

Nesse levantamento, foi constatado que, em 2009, apenas 34% dos alunos do 5º ano do ensino fundamental apreenderam português como deveriam, o que ficou abaixo da meta de 36,6%. Entre os estudantes do 9º ano do ensino fundamental, o bom aproveitamento atingiu 26,3%, superando a meta de 24,7%. Em matemática, porém, o índice atingiu apenas 14,8%, abaixo do esperado (17,9%). Na opinião de Maria do Pilar, manter os estudantes em regime de tempo integral é um das saídas para melhorar a formação das crianças. Segundo ele, o governo federal tem investido no Programa Mais Educação, com 10 mil escolas este ano. Em 2011, 27 mil, acrescentou. “Temos de ter essa meta de um turno só, com sete horas, no mínimo, e uma discussão do tempo e espaço na escola, o que significa discutir o currículo. O governo federal também está muito atento à formação de professores”, disse a secretária.


CORREIO BRAZILIENSE - 01/12/2010 - BRASÍLIA (DF)
 
Lula diz a estudantes que em uma década Brasil passará a exportar conhecimento 

Agência Brasil

Durante a cerimônia de premiação dos vencedores da etapa nacional da Olimpíada de Língua Portuguesa – Escrevendo o Futuro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que o Brasil está se preparando para que em uma década deixe de exportar apenas matérias primas, como minério de ferro e soja, para exportar conhecimento. Em tom de conselho aos jovens estudantes finalistas da Olimpíada Portuguesa, Lula ressaltou que estudar hoje trará mais facilidade no futuro para os jovens. “Não há espaço na vida de um jovem para desanimar. Vocês estão começando a vida agora e têm que aproveitar esse momento para estudar. Vão perceber como isso vai facilitar a vida de vocês daqui a dez anos. O Brasil não vai continuar exportando minério e soja. Vamos querer exportar conhecimento”, disse presidente.

Em seu discurso, Lula reafirmou várias vezes que a presidenta eleita, Dilma Rousseff, se comprometeu em dar continuidade aos programas desenvolvidos na área de educação e também de construir mais escolas técnicas e de tempo integral, além de ampliar o número de universidade federais. “Fizemos um pouco e a Dilma fará muito mais. Já concretizamos 10 mil escolas em tempo integral, com 2,2 milhões alunos. A Dilma se comprometeu a fazer mais 32 mil escolas em tempo integral neste país”, lembrou Lula. “Hoje inauguramos, de uma só vez, 30 escolas técnicas e 25 campi. Vamos terminar o mandato inaugurando 126 campi avançados neste país, interiorizando as universidades, fazendo 14 universidades federais novas e, ao mesmo tempo, estamos muito alegres porque uma das professoras que ganharam o prêmio é uma companheira que se formou pelo ProUni [Programa Universidade para Todos]”, disse o presidente.

Ao lembrar os programas lançados em sua gestão na área de educação, como o ProUni e o Programa de Apoio ao Plano de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni), além das mudanças feitas no Programa de Financiamento Estudantil (Fies), Lula afirmou que o país está corrigindo desigualdades na área educacional. “O ProUni já colocou mais de 704 mil estudantes na universidade, dos quais 40% de meninos e meninas negras. Possivelmente, o ProUni tenha na universidade mais alunos do que o Brasil tem desde que construiu a primeira universidade neste país. Uma demonstração de que estamos acabando, definitivamente, com a segregação de uma parcela da sociedade”, discursou Lula.

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Veja também o Boletim da CNTE:
http://www.cnte.org.br/index.php?option=com_content&task=category&sectionid=11&id=330&Itemid=85 

Observação: as notícias deste clipping são
meramente informativas, publicadas em jornais
diários. Portanto, não expressam a opinião do SINPEEM.


A DIRETORIA

CLAUDIO FONSECA
Presidente 

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